Poesias

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

SONHO DE VALSA - CAPÍTULO 9

Enquanto Marilu empreendia sua viagem pela Europa, Laura cada vez mais rebelde, mal conversava com os pais. Nos últimos tempos, só lhe interessava ficar sozinha ou com umas amigas estranhas que conhecera na escola.
As garotas, por adotarem um comportamento esquisito, eram evitadas pela maioria das garotas do colégio. Por serem novas no colégio, acabaram se aproximando de Laura, no intuito de fazerem novas amizades.
Em razão disso, os pais de Laura, ao descobrirem que a filha andava com estranhas companhias trataram logo de conversar com ela. 
Mas Laura não quis saber de conversa. 
Desabrida, disse aos pais que ela sabia muito bem o que estava fazendo, e que eles não tinham o direito de interferirem em suas amizades.
Mas Paulo e Rose, estavam deveras preocupados com a filha.
Após a discussão que tiveram por causa das férias, desde então Laura vinha adotando um comportamento provocativo com seu pai. Este, ao perceber que somente uma conversa não iria resolver as coisas. Ficou ainda mais apreensivo.
Por isso, nos últimos tempos, passou a cobrar um comportamento melhor de Laura.
A garota por sua vez, retrucava tudo o que seu pai dizia.
Por conta disso, as brigas entre os dois, passaram a ser cada vez mais constantes.
Decepcionada, Laura vivia dizendo aos pais, que fora esquecida por eles. Que eles não se importavam mais com ela. Que foi só Maria Lúcia sair de casa, que todo eles se esqueceram que ainda tinham uma filha. Argumentou ainda, que eles não tinham o direito de tratá-la daquela maneira. 
Por isso aceitou a amizade daquelas garotas. Segundo ela, foram as únicas que não lhes viraram as costas. Isso por que, suas antigas amigas do colégio, não estavam mais falando com ela.
Enquanto Laura falava, Seu Paulo procurou ouvir tudo atentamente. Mas, assim que ela cessou suas reclamações. Foi ele quem foi dizendo:
-- Curioso a senhorita me dizer isso. Por que, até onde eu fiquei sabendo, foi você quem afastou todas as suas amigas. Ainda na época que sua irmã estava naquela escola, variadas vezes, eu ouvi, em conversas delas com Marilu, que você estava impossível.
Mas, ao proferir estas palavras, Paulo acabou criando ainda mais uma confusão. 
Laura então, resolveu se queixar de Marilu:
-- Marilu. Marilu. Sempre ela. Por que ao menos uma vez na vida vocês não lembram que eu existo? Eu já estou cansada de ouvir vocês dois só falando dela. 
Ao terminar de dizer estas palavras, subiu as escadas e foi novamente se trancar no quarto. Lá, mais uma vez, passou horas remoendo sua raiva. Realmente, sentia raiva da irmã. Tudo por que, achava que Marilu era muito mais bem tratada por seus pais, do que ela. 
Sim, Laura sentia-se rejeitada. Constantemente relegada a segundo plano. Era assim que ela se sentia. 
Por isso, nos últimos tempos, passou a sair com aquelas garotas. Constantes vezes, chegou a sair de casa, sorrateiramente pela porta da frente, enquanto seus pais dormiam.
Saía durante a noite, para conversar e aprontar com suas colegas.
Certa vez, em uma de suas maquinações, acabou sendo vista por alguns garotos, filhos de conhecidos de seu pai. 
Ao perceber que foi reconhecida, Laura ficou apavorada. Isso por que, fatalmente, os rapazes iriam contar o que tinham visto.
Por isso, não perdeu tempo. Aconselhando-se com as colegas, resolveu que a melhor estratégia, seria ir até onde eles estavam e conversar com eles. 
Isso por que, se três rapazes, nascidos no seio da fina flor da sociedade, estavam ali, era por que não estavam bem intencionados. Assim, se revelassem a alguém, que tinham visto ela naquele lugar, acabariam se comprometendo também.
Diante disso, Laura foi atrás dos rapazes, certa de que não tinha com que se preocupar. E assim o fez. Educadamente, sentou-se entre os três e comentou que aquele ali não era um bom lugar para se freqüentar.
No que os rapazes concordaram. Atrevidos, chegaram até a comentar :
-- E o que você faz aqui, Laura?
-- Isso realmente não é de interesse de vocês. 
-- Então, o que é de nosso interesse? – retrucou um dos rapazes.
-- O vosso interesse é que ninguém saiba que estiveram aqui. Certo? Assim, eu não conto que vi vocês aqui, e vocês fazem o mesmo por mim. Está bem?
Nisso, um dos rapazes, percebendo que poderia ter alguma vantagem com a garota, foi logo perguntando:
-- E o que eu ganho com isso?
-- Você ganha seu sossego e tranqüilidade com seus pais. Sim, por que ter pai e mãe, pegando no pé, é muito ruim. Você não acha? – respondeu ela, calmamente.
Nisso, o rapaz que havia feito a pergunta, ficou totalmente sem jeito.
Para piorar, seus colegas começaram a rir da situação.
Contudo, diante do quadro apresentado, todos acabaram chegando a um acordo. Ninguém contaria nada, sobre o viram e o que faziam altas horas da noite fora de casa.
Portanto, assunto resolvido.
E assim, depois de algumas bebidas, os três rapazes foram ver um racha que estava acontecendo em uma das ruas da cidade.
Isso por que, a partir dessa época, a juventude passou a adotar um comportamento rebelde. Acostumados a verem os filmes de Hollywood, apaixonaram-se pela figura de James Jean – um grande ídolo da época, e modelo de rebeldia. Por isso, sempre que podiam, os jovens transviados da cidade, aproveitavam para pôr em prática, vários atos de rebeldia.
Isso para eles, era maravilhoso. Tudo por que, fazia com que se sentissem dentro de um filme. Era como se estivessem lado a lado, com o maior ídolo rebelde que já apareceu. Aliás, todos os jovens da época, sonhavam em conhecer o ator. Principalmente as mulheres.
E dessa forma, assim transcorreram as férias de Laura. 
Andando com as garotas moderninhas da escola, desde o final do ano passado, Laura, aprendeu muito com elas, sobre o comportamento dos rebeldes. Por conta disso, passou até a se vestir de forma um pouco diferente.
Isso por que, apesar de agora pertencer a um novo grupo, não poderia chamar a atenção dos seus pais, já que eles estavam atentos ao seu comportamento. Por isso, Laura precisava tomar cuidado. Não podia por tudo a perder.
Em razão disso, depois de algum tempo, andando com as meninas, resolveu adotar um comportamento mais pacífico com relação aos seus pais.
Assim, apesar de ainda se estranharem um pouco, Laura, procurando ocultar suas saídas noturnas, passou a cada vez mais, evitar confrontos com seus pais. Principalmente com Paulo, já que era ele quem mais implicava com suas amigas.
Assim, mesmo estranhando um pouco as atitudes da filha, o casal acabou acreditando que ela realmente estava se acalmando. Além do mais, se ela tinha se tornado agressiva com os pais, por causa do cancelamento da viagem, por que ela também não poderia esquecer tudo isso e deixar de lado as brigas?
Diante disso, satisfeitos com o novo comportamento da filha, os dois passaram a acreditar que ela estava mudando.
Com isso, dada a credulidade dos pais, Laura passou a ter cada vez mais liberdade para sair. 
Sem a vigilância de Paulo, Laura só tinha que tomar cuidado para que não fosse vista pelos vizinhos quando estivesse entrando ou saindo de casa.
Mas isso era só um detalhe. 

Luciana Celestino dos Santos 
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