Mariana, diante da constante ausência do marido, passou a se sentir cada vez mais sozinha. Sem a companhia dos amigos da Corte, só tinha agora os vizinhos da localidade para visitar. Por esta razão, sentia-se só.
Além disso, sempre que Otávio voltava para casa, invariavelmente os dois acabavam brigando. Sim, Mariana, estava cansada de viver na região. E ao ver seu marido, freqüentando livremente os salões da Capital do Império, sentia-se profundamente irritada com ele. Relegada a segundo plano, Mariana sentia-se desprezada e diante disso, seus acessos de ira, eram freqüentes. Por via de conseqüência, o alvo era sempre o Otávio.
Assim, sozinha, triste e desolada, Mariana acabou encontrando conforto ao lado de um amigo. Amigo este que a ajudou no momento em que ela mais necessitava de auxílio. Sim, o cavalheiro que lhe passou a fazer companhia, era Júlio. O mesmo rapaz que a defendeu quando estava sendo importunada por um sujeito mal encarado.
Júlio, porém, era gentil demais para se insinuar. Ainda mais, sabendo se tratar de uma mulher casada.
Além disso, de origem humilde, Júlio não se sentia em condições de igualdade com Mariana, para ousar cortejá-la. Ao contrário, respeitoso que era, sentia-se até constrangido quando ela lhe pedia para fazer um pouco de companhia e conversar.
Todavia, conforme o tempo foi passando, mais e mais os dois foram se aproximando. Mariana e Júlio ficaram tão amigos, que até os moradores do lugar comentavam. Contudo os comentários eram todos desairosos em relação a conduta de ambos.
Isso tudo em razão da confiança que Mariana mostrava a Júlio. Este ao se tornar seu amigo, passou a freqüentar a casa da família, quando Otávio não estava em casa.
Assim, estava armada a rede em que fatalmente Júlio, e toda a família de Mariana se veria enredada.
A forte amizade que ligava Júlio e Mariana, depois de algum tempo, foi descoberta por Otávio, que sentindo-se traído, humilhou de todas as formas possíveis sua mulher.
Ao perceber que estava grávida, Mariana não conseguiu convencer nem por um minuto seu marido, de que o filho que esperava era dele. Muito embora reconhecesse que a amizade entre ela e Júlio não era muito comum, jamais aceitou a alegação de que fora infiel. Ao contrário, como explicação para seu comportamento ausente no tocante a família, Mariana dizia que estava cansada de viver naquele mausoléu, e que se sentia muito só.
Porém, quando seu marido gritava exigindo explicações, ela dizia que tudo aquilo não passava de um equívoco. De uma armadilha que prepararam para os Carvalho.
Otávio porém, ao ouvir essas palavras, não ficou nem um pouco convencido. Nem mesmo diante das lágrimas de Mariana, se convenceu de que o ela dizia era verdade.
Não bastasse isso, a cidade ansiava em acompanhar o desenrolar dessa história. E assim foi.
Furibundo por se acreditar enganado, Otávio não pensou duas vezes em entregar sua mulher aos cuidados de uma senhora que morava na cidade.
Letícia e Rafael, ao terem que se despedir da mãe, não entenderam a razão de tudo aquilo. Muito embora não soubessem exatamente o que estava acontecendo, sabiam que algo de muito estranho havia ocorrido. Contudo, toda vez que perguntavam a Regina ou algum dos escravos o que estava acontecendo, nenhum deles lhes respondia claramente.
Para piorar, Otávio estava cada vez mais distante dos filhos. Arrasado, só conseguia pensar em sua suposta traição. Agressivo, cada vez que um de seus filhos se aproximava, reagia com uma profunda ira.
Por conta disso, diversas vezes Letícia e Rafael choraram. Não conseguiam entender o estava acontecendo.
Não conseguiam acreditar em tudo o que estava acontecendo. Sentiam falta de Mariana. Letícia, ao lembrar de seus passeios com a mãe pela cidade, recordou-se de um dia em que queria por queria uma coisa – não se lembra o que –, e foi severamente repreendida por Mariana. Isso por que agindo como uma criança mimada, a menina conseguiu tirar a mulher do sério.
Após, Letícia percebendo que os acontecimentos se precipitavam sem que ela ao menos compreendesse o que estava se passando, passou a ficar cada dia mais triste. Não queria saber de comer, estudar, muito menos de brincar com seu irmão. Não conseguia entender por que sua mãe tinha partido.
Certo dia, ao ver um estranho se aproximando da fazenda, pronto para falar com Mariana, Letícia ficou deveras assustada. Afinal de contas, o que um estranho poderia estar querendo com sua mãe?
Seu pai, ao perceber que Letícia tinha ouvido parte da conversa do estranho, ficou tão irritado que passou a bater na filha.
Regina – a preceptora das crianças, ao ver Otávio batendo em Letícia, tratou logo de intervir e repreendê-lo. Decepcionada com o comportamento dele, dizia:
-- Ela não tem culpa do que está acontecendo, e o senhor não tem o direito de descontar sua raiva nela.
Letícia, depois disso, só fazia chorar. Sentindo-se sozinha, pedia todo dia para Regina levá-la até onde sua mãe estava e deixá-la com ela.
A preceptora porém, não podia levá-la até onde a Mariana estava. Isso por que, havia sido proibida por Otávio, de comentar sobre o assunto.
Mas Letícia insistia com isso. E cada vez mais triste, desejava falar com a mãe.
Regina porém, não podia fazer nada.
Um dia porém, cansada de esperar por uma autorização de seu pai, Letícia decidiu ir sozinha para a cidade.
E assim o fez. Caminhando pela estrada, Letícia acabou aceitando a carona de um sitiante que a levou de carroça até a cidade. Ao lá chegar, desceu da carroça e agradeceu a carona. Depois, a menina foi diretamente bater na porta da senhora que sabia estar cuidando de sua mãe. Porém, por mais que batesse na porta e pedisse para entrar, ninguém atendia.
Diante disso, Letícia começou a gritar para que abrissem a porta.
A garota fez um escândalo tão grande que todos os passavam pela rua naquele momento, comentaram:
-- Só podia mesmo ser filha daquela mulherzinha, para se atrever a fazer um escândalo tão grande quanto este. Onde já se viu um coisa dessas?
Ouvir esta imprecação, só serviu para fazer a garota chorar.
Triste, Letícia não conseguia entender por que as pessoas tinham tanta raiva de sua mãe.
Contudo, não demoraria muito tempo para ela descobrir a razão de tudo.
Com isso, a peripécia de Letícia, ao ser descoberta por Otávio, não foi bem interpretada por ele.
Por esta razão, quando a menina finalmente apareceu em casa, foi logo punida.
Otávio, que há tempos estava irritado com Letícia, passou a bater nela sem nem dar a chance dela se explicar.
E assim, mais uma vez Regina teve que intervir na confusão. Ao ver a menina gritando, não podia ficar parada.
Isso para Otávio, foi a gota d’água. Irritadíssimo, respondeu:
-- Parabéns, Letícia. Conseguistes o que queria. Conseguistes me indispor com minha criadagem. Nem mesmo meus escravos me respeitam mais. Vosmecê não me respeita mais. O que mais você quer? Me desmoralizar publicamente, como o fez sua mãe? Às vezes eu me pergunto se você é mesmo minha filha. Vosmecê é tão diferente de mim. Por que será?
Ao ouvir isso, Regina mandou Otávio se calar. Não podia admitir que mesmo sendo seu patrão, ele falasse com Letícia daquela maneira.
Otávio porém, ao ver o comportamento de Regina, advertiu-a de que, caso se comportasse novamente daquela maneira, seria despedida.
Mas Regina não se intimidou. Ao contrário, disse que ele poderia fazer como achasse melhor. Porém, independente de qualquer coisa, levaria Letícia e Rafael com ela.
Otávio riu. Afinal de contas, como ela, sendo uma simples empregada, podia ser tão atrevida daquele jeito? Isso por que, ele era o responsável pelos dois e jamais aceitaria que seus filhos fossem levados dali.
E assim, o martírio perdurou por longos meses.
Letícia, angustiada pela falta de notícias sobre sua mãe, dormia e sonhava com ela. Ao sonhar, acordava chorando.
Regina, ao ouvir o choro de Letícia sempre ia até seu quarto consolá-la. Penalizada, a mulher não sabia mais o que fazer para acalmá-la.
Com isso, Letícia ficava a cada dia mais triste.
Rafael também se ressentia com a falta da mãe, mas foi Letícia, quem mais sofreu com o exílio de Mariana.
Nessa época, diversas vezes, Júlio foi até a fazenda onde moravam os Carvalho para tentar conversar com Otávio e lhe explicar que tudo aquilo não passava de uma intriga. Dizendo que o único erro de Mariana fora ser imprudente, comentou nada de mais sério havia acontecido. Além disso, insistiu para que Otávio acreditasse na esposa.
Otávio, porém, ao ouvir as palavras de Júlio, ficou profundamente irritado. Por conta de sua ira, chegou até a agredi-lo.
Júlio, porém, percebendo que era mais forte que Otávio, não tirou vantagem disso. Ao contrário, deixou que o homem extravasasse sua raiva.
Regina no entanto, sempre que percebia alguma confusão, pedia para que alguns dos escravos apartassem a briga. Após, insistia com Júlio para que saísse da fazenda.
O rapaz atendendo o pedido da mulher partia.
Com isso, definitivamente os céus que iluminavam a vida da família Carvalho se cobriu de chumbo.
Nisso, Letícia, em um de seus sonhos, pressentindo que em breve algo de decisivo aconteceria, mais uma vez saiu escondida de casa e foi tentar ver sua mãe. Angustiada, temia que esta fosse a sua última oportunidade de vê-la.
Foi então que ao chegar na cidade, a menina descobriu que ela estava em trabalho de parto.
Espantada, Letícia descobriu que sua mãe estava grávida. De posse dessa informação, passou a ligar os fatos. Pensando, pensando, chegou a conclusão, de que se o seu pai estava se empenhando tanto em esconder esse fato do restante da família, é por que havia algo de estranho naquela gravidez. Não obstante isso, ao se lembrar da visita do estranho, e de Júlio à fazenda, Letícia então concluiu: Se havia tanta gente insistindo para ver Mariana e falar com seu pai, é por que ela havia feito algo de errado. Porém, não conseguia entender o que poderia ser.
Mas não demoraria muito para descobrir o que era.
Na tarde daquele mesmo dia, sua mãe dera a luz a um menino. Porém, mais uma vez, Letícia não pôde se aproximar da mãe.
A garota ficou arrasada ao saber que não poderia ver o seu irmão.
Mal sabia ela que estavam pensando em se livrar da criança.
Não bastasse isso, dias após o parto, Mariana faleceu. Letícia ao ouvir essa notícia, entrou em desespero. Chocada com o ocorrido, a menina passou dias longe de casa.
Isso por que, na casa de um sitiante, a menina passou alguns dias. Porém, Letícia foi logo descoberta.
E Otávio ao saber onde ela estava, tratou de ir buscá-la. Irado, praticamente a levou arrastada para a fazenda.
Assim, sozinha, triste e desolada, Mariana acabou encontrando conforto ao lado de um amigo. Amigo este que a ajudou no momento em que ela mais necessitava de auxílio. Sim, o cavalheiro que lhe passou a fazer companhia, era Júlio. O mesmo rapaz que a defendeu quando estava sendo importunada por um sujeito mal encarado.
Júlio, porém, era gentil demais para se insinuar. Ainda mais, sabendo se tratar de uma mulher casada.
Além disso, de origem humilde, Júlio não se sentia em condições de igualdade com Mariana, para ousar cortejá-la. Ao contrário, respeitoso que era, sentia-se até constrangido quando ela lhe pedia para fazer um pouco de companhia e conversar.
Todavia, conforme o tempo foi passando, mais e mais os dois foram se aproximando. Mariana e Júlio ficaram tão amigos, que até os moradores do lugar comentavam. Contudo os comentários eram todos desairosos em relação a conduta de ambos.
Isso tudo em razão da confiança que Mariana mostrava a Júlio. Este ao se tornar seu amigo, passou a freqüentar a casa da família, quando Otávio não estava em casa.
Assim, estava armada a rede em que fatalmente Júlio, e toda a família de Mariana se veria enredada.
A forte amizade que ligava Júlio e Mariana, depois de algum tempo, foi descoberta por Otávio, que sentindo-se traído, humilhou de todas as formas possíveis sua mulher.
Ao perceber que estava grávida, Mariana não conseguiu convencer nem por um minuto seu marido, de que o filho que esperava era dele. Muito embora reconhecesse que a amizade entre ela e Júlio não era muito comum, jamais aceitou a alegação de que fora infiel. Ao contrário, como explicação para seu comportamento ausente no tocante a família, Mariana dizia que estava cansada de viver naquele mausoléu, e que se sentia muito só.
Porém, quando seu marido gritava exigindo explicações, ela dizia que tudo aquilo não passava de um equívoco. De uma armadilha que prepararam para os Carvalho.
Otávio porém, ao ouvir essas palavras, não ficou nem um pouco convencido. Nem mesmo diante das lágrimas de Mariana, se convenceu de que o ela dizia era verdade.
Não bastasse isso, a cidade ansiava em acompanhar o desenrolar dessa história. E assim foi.
Furibundo por se acreditar enganado, Otávio não pensou duas vezes em entregar sua mulher aos cuidados de uma senhora que morava na cidade.
Letícia e Rafael, ao terem que se despedir da mãe, não entenderam a razão de tudo aquilo. Muito embora não soubessem exatamente o que estava acontecendo, sabiam que algo de muito estranho havia ocorrido. Contudo, toda vez que perguntavam a Regina ou algum dos escravos o que estava acontecendo, nenhum deles lhes respondia claramente.
Para piorar, Otávio estava cada vez mais distante dos filhos. Arrasado, só conseguia pensar em sua suposta traição. Agressivo, cada vez que um de seus filhos se aproximava, reagia com uma profunda ira.
Por conta disso, diversas vezes Letícia e Rafael choraram. Não conseguiam entender o estava acontecendo.
Não conseguiam acreditar em tudo o que estava acontecendo. Sentiam falta de Mariana. Letícia, ao lembrar de seus passeios com a mãe pela cidade, recordou-se de um dia em que queria por queria uma coisa – não se lembra o que –, e foi severamente repreendida por Mariana. Isso por que agindo como uma criança mimada, a menina conseguiu tirar a mulher do sério.
Após, Letícia percebendo que os acontecimentos se precipitavam sem que ela ao menos compreendesse o que estava se passando, passou a ficar cada dia mais triste. Não queria saber de comer, estudar, muito menos de brincar com seu irmão. Não conseguia entender por que sua mãe tinha partido.
Certo dia, ao ver um estranho se aproximando da fazenda, pronto para falar com Mariana, Letícia ficou deveras assustada. Afinal de contas, o que um estranho poderia estar querendo com sua mãe?
Seu pai, ao perceber que Letícia tinha ouvido parte da conversa do estranho, ficou tão irritado que passou a bater na filha.
Regina – a preceptora das crianças, ao ver Otávio batendo em Letícia, tratou logo de intervir e repreendê-lo. Decepcionada com o comportamento dele, dizia:
-- Ela não tem culpa do que está acontecendo, e o senhor não tem o direito de descontar sua raiva nela.
Letícia, depois disso, só fazia chorar. Sentindo-se sozinha, pedia todo dia para Regina levá-la até onde sua mãe estava e deixá-la com ela.
A preceptora porém, não podia levá-la até onde a Mariana estava. Isso por que, havia sido proibida por Otávio, de comentar sobre o assunto.
Mas Letícia insistia com isso. E cada vez mais triste, desejava falar com a mãe.
Regina porém, não podia fazer nada.
Um dia porém, cansada de esperar por uma autorização de seu pai, Letícia decidiu ir sozinha para a cidade.
E assim o fez. Caminhando pela estrada, Letícia acabou aceitando a carona de um sitiante que a levou de carroça até a cidade. Ao lá chegar, desceu da carroça e agradeceu a carona. Depois, a menina foi diretamente bater na porta da senhora que sabia estar cuidando de sua mãe. Porém, por mais que batesse na porta e pedisse para entrar, ninguém atendia.
Diante disso, Letícia começou a gritar para que abrissem a porta.
A garota fez um escândalo tão grande que todos os passavam pela rua naquele momento, comentaram:
-- Só podia mesmo ser filha daquela mulherzinha, para se atrever a fazer um escândalo tão grande quanto este. Onde já se viu um coisa dessas?
Ouvir esta imprecação, só serviu para fazer a garota chorar.
Triste, Letícia não conseguia entender por que as pessoas tinham tanta raiva de sua mãe.
Contudo, não demoraria muito tempo para ela descobrir a razão de tudo.
Com isso, a peripécia de Letícia, ao ser descoberta por Otávio, não foi bem interpretada por ele.
Por esta razão, quando a menina finalmente apareceu em casa, foi logo punida.
Otávio, que há tempos estava irritado com Letícia, passou a bater nela sem nem dar a chance dela se explicar.
E assim, mais uma vez Regina teve que intervir na confusão. Ao ver a menina gritando, não podia ficar parada.
Isso para Otávio, foi a gota d’água. Irritadíssimo, respondeu:
-- Parabéns, Letícia. Conseguistes o que queria. Conseguistes me indispor com minha criadagem. Nem mesmo meus escravos me respeitam mais. Vosmecê não me respeita mais. O que mais você quer? Me desmoralizar publicamente, como o fez sua mãe? Às vezes eu me pergunto se você é mesmo minha filha. Vosmecê é tão diferente de mim. Por que será?
Ao ouvir isso, Regina mandou Otávio se calar. Não podia admitir que mesmo sendo seu patrão, ele falasse com Letícia daquela maneira.
Otávio porém, ao ver o comportamento de Regina, advertiu-a de que, caso se comportasse novamente daquela maneira, seria despedida.
Mas Regina não se intimidou. Ao contrário, disse que ele poderia fazer como achasse melhor. Porém, independente de qualquer coisa, levaria Letícia e Rafael com ela.
Otávio riu. Afinal de contas, como ela, sendo uma simples empregada, podia ser tão atrevida daquele jeito? Isso por que, ele era o responsável pelos dois e jamais aceitaria que seus filhos fossem levados dali.
E assim, o martírio perdurou por longos meses.
Letícia, angustiada pela falta de notícias sobre sua mãe, dormia e sonhava com ela. Ao sonhar, acordava chorando.
Regina, ao ouvir o choro de Letícia sempre ia até seu quarto consolá-la. Penalizada, a mulher não sabia mais o que fazer para acalmá-la.
Com isso, Letícia ficava a cada dia mais triste.
Rafael também se ressentia com a falta da mãe, mas foi Letícia, quem mais sofreu com o exílio de Mariana.
Nessa época, diversas vezes, Júlio foi até a fazenda onde moravam os Carvalho para tentar conversar com Otávio e lhe explicar que tudo aquilo não passava de uma intriga. Dizendo que o único erro de Mariana fora ser imprudente, comentou nada de mais sério havia acontecido. Além disso, insistiu para que Otávio acreditasse na esposa.
Otávio, porém, ao ouvir as palavras de Júlio, ficou profundamente irritado. Por conta de sua ira, chegou até a agredi-lo.
Júlio, porém, percebendo que era mais forte que Otávio, não tirou vantagem disso. Ao contrário, deixou que o homem extravasasse sua raiva.
Regina no entanto, sempre que percebia alguma confusão, pedia para que alguns dos escravos apartassem a briga. Após, insistia com Júlio para que saísse da fazenda.
O rapaz atendendo o pedido da mulher partia.
Com isso, definitivamente os céus que iluminavam a vida da família Carvalho se cobriu de chumbo.
Nisso, Letícia, em um de seus sonhos, pressentindo que em breve algo de decisivo aconteceria, mais uma vez saiu escondida de casa e foi tentar ver sua mãe. Angustiada, temia que esta fosse a sua última oportunidade de vê-la.
Foi então que ao chegar na cidade, a menina descobriu que ela estava em trabalho de parto.
Espantada, Letícia descobriu que sua mãe estava grávida. De posse dessa informação, passou a ligar os fatos. Pensando, pensando, chegou a conclusão, de que se o seu pai estava se empenhando tanto em esconder esse fato do restante da família, é por que havia algo de estranho naquela gravidez. Não obstante isso, ao se lembrar da visita do estranho, e de Júlio à fazenda, Letícia então concluiu: Se havia tanta gente insistindo para ver Mariana e falar com seu pai, é por que ela havia feito algo de errado. Porém, não conseguia entender o que poderia ser.
Mas não demoraria muito para descobrir o que era.
Na tarde daquele mesmo dia, sua mãe dera a luz a um menino. Porém, mais uma vez, Letícia não pôde se aproximar da mãe.
A garota ficou arrasada ao saber que não poderia ver o seu irmão.
Mal sabia ela que estavam pensando em se livrar da criança.
Não bastasse isso, dias após o parto, Mariana faleceu. Letícia ao ouvir essa notícia, entrou em desespero. Chocada com o ocorrido, a menina passou dias longe de casa.
Isso por que, na casa de um sitiante, a menina passou alguns dias. Porém, Letícia foi logo descoberta.
E Otávio ao saber onde ela estava, tratou de ir buscá-la. Irado, praticamente a levou arrastada para a fazenda.
Porém, ao contrário das outras vezes, Letícia enfrentou o pai. Dizendo que ele havia matado sua mãe, disse-lhe que jamais perdoaria tudo o que ele fizera a ela e sua mãe. Profundamente magoada, Letícia disse que o odiava, e que nada no mundo a faria mudar de idéia, quanto a esse sentimento.
Otávio, então, surpreso com as palavras ríspidas da filha, ameaçou lhe bater.
Letícia, então disse:
-- Pois então bata. Bata. Pode bater. Essa é a única coisa que o senhor sabe fazer mesmo, bater e maltratar as pessoas. Pode fazer o que quiser.
Otávio, porém, não bateu em Letícia. Ao contrário. Não suportando o vergonha por tudo o que estava acontecendo, tratou logo de arrumar suas malas e sair daquele lugar o mais depressa possível. Saiu e nunca mais voltou.
Letícia porém, ao saber disso, não se surpreendeu nem um pouco. Acostumada com a covardia de seu pai, nos últimos tempos, sentiu-se até aliviada quando ele partiu. Assim, não precisa mais aturá-lo.
Com isso, a despeito de seu desprezo por Otávio, o mesmo tivera o cuidado de antes de partir, deixar uma boa quantia de dinheiro nas mãos de Regina para que esta tivesse como cuidar de Letícia e Rafael, bem como viver no Solar dos Viajantes.
Todavia, ao contrário de antes, Letícia passava cada vez mais tempo na cidade. Isso por que, preocupada com o futuro de seu irmão, a garota tentou de inúmeras formas, protegê-lo. Temendo que ele tivesse o mesmo destino de sua mãe, ameaçava os moradores da casa onde a criança estava, de que se algo lhe acontecesse, estariam encrencados. Debalde, pois, depois de algumas ameaças, ela descobriu que a criança estava sob os cuidados do pároco da cidade.
Ao saber disso, porém, Letícia não ficou nem um pouco sossegada. Por isso, dia após dia, passou a elaborar um plano. Queria por que queria, retirar seu irmão da igreja.
De tanto pensar nisso, elaborou um plano. E foi assim, que na calada da noite, Letícia adentrou a igreja e sorrateiramente pegou o menino e fugiu.
De posse do menino, no entanto, Letícia sabia que não poderia voltar para casa. Se voltasse fatalmente a obrigariam a devolver a criança, e ela isso não podia admitir. Por esta razão, ao ter a criança nos braços e sabendo que teria boa acolhida, a menina foi direto para a casa de Júlio.
Nisso Júlio, ao ver a menina e o bebê diante de sua porta, temeroso de ser acusado de rapto, comentou que não poderia continuar na cidade. Acusado de ser amante de Mariana, disse a garota que não agüentava mais ouvir as acusações de que havia destruído um lar. Sentindo-se culpado, não conseguia suportar tudo o que estava acontecendo.
Letícia então comentou que se não tivesse arrebatado o menino, talvez ele fosse morto ou levado para bem longe dali. Quem sabe se seria bem cuidado, ou seria mais uma criança abandonada.
Júlio então, se convenceu. Recebendo Letícia e a criança com toda a deferência, comentou que talvez essa fosse a forma de se redimir da culpa que alegava ter. Por isso acabou aceitando cuidar dela e de seu irmão.
E foi assim que durante cinco anos Letícia viveu. Auxiliada por Júlio, a garota cuidou de Antônio como se fora um filho seu. Porém, dada sua tenra idade, era flagrante que ela jamais poderia ser a mãe do garoto, e assim, as pessoas quando a viam com o menino e Júlio, achavam deveras estranho o cuidado que ela tinha com a criança.
Foi esta a deixa para se descobrisse o paradeiro de Letícia e em pouco tempo a mandassem para um reformatório. Por conta de uma armadilha, mais uma vez a garota se vez se viu prejudicada. Como era menor de idade ainda, ficou durante algum tempo reclusa. Todavia, assim que arranjou uma maneira de fugir, fê-lo logo.
Porém não foi nada fácil. Constantemente vigiada, Letícia teve que fazer o possível para desviar a atenção dos funcionários do reformatório. Não bastasse isso, a menina tinha que enfrentar brigas e agressões. Diante disso, pode-se considerar esta, como uma das piores fases de sua tão curta vida.
Mas o sofrimento não durou muito tempo. Nem o assédio de um dos menores. Um deles, ao ser rechaçado por ela, tentou logo arrumar uma forma de se vingar. O que ele não contava é que ela conseguiria fugir antes.
E sim, Letícia fugiu. Fugiu e foi parar numa fazenda. Para a fazenda de um amigo.
E assim terminou o relato de Rogério.
Otávio, então, surpreso com as palavras ríspidas da filha, ameaçou lhe bater.
Letícia, então disse:
-- Pois então bata. Bata. Pode bater. Essa é a única coisa que o senhor sabe fazer mesmo, bater e maltratar as pessoas. Pode fazer o que quiser.
Otávio, porém, não bateu em Letícia. Ao contrário. Não suportando o vergonha por tudo o que estava acontecendo, tratou logo de arrumar suas malas e sair daquele lugar o mais depressa possível. Saiu e nunca mais voltou.
Letícia porém, ao saber disso, não se surpreendeu nem um pouco. Acostumada com a covardia de seu pai, nos últimos tempos, sentiu-se até aliviada quando ele partiu. Assim, não precisa mais aturá-lo.
Com isso, a despeito de seu desprezo por Otávio, o mesmo tivera o cuidado de antes de partir, deixar uma boa quantia de dinheiro nas mãos de Regina para que esta tivesse como cuidar de Letícia e Rafael, bem como viver no Solar dos Viajantes.
Todavia, ao contrário de antes, Letícia passava cada vez mais tempo na cidade. Isso por que, preocupada com o futuro de seu irmão, a garota tentou de inúmeras formas, protegê-lo. Temendo que ele tivesse o mesmo destino de sua mãe, ameaçava os moradores da casa onde a criança estava, de que se algo lhe acontecesse, estariam encrencados. Debalde, pois, depois de algumas ameaças, ela descobriu que a criança estava sob os cuidados do pároco da cidade.
Ao saber disso, porém, Letícia não ficou nem um pouco sossegada. Por isso, dia após dia, passou a elaborar um plano. Queria por que queria, retirar seu irmão da igreja.
De tanto pensar nisso, elaborou um plano. E foi assim, que na calada da noite, Letícia adentrou a igreja e sorrateiramente pegou o menino e fugiu.
De posse do menino, no entanto, Letícia sabia que não poderia voltar para casa. Se voltasse fatalmente a obrigariam a devolver a criança, e ela isso não podia admitir. Por esta razão, ao ter a criança nos braços e sabendo que teria boa acolhida, a menina foi direto para a casa de Júlio.
Nisso Júlio, ao ver a menina e o bebê diante de sua porta, temeroso de ser acusado de rapto, comentou que não poderia continuar na cidade. Acusado de ser amante de Mariana, disse a garota que não agüentava mais ouvir as acusações de que havia destruído um lar. Sentindo-se culpado, não conseguia suportar tudo o que estava acontecendo.
Letícia então comentou que se não tivesse arrebatado o menino, talvez ele fosse morto ou levado para bem longe dali. Quem sabe se seria bem cuidado, ou seria mais uma criança abandonada.
Júlio então, se convenceu. Recebendo Letícia e a criança com toda a deferência, comentou que talvez essa fosse a forma de se redimir da culpa que alegava ter. Por isso acabou aceitando cuidar dela e de seu irmão.
E foi assim que durante cinco anos Letícia viveu. Auxiliada por Júlio, a garota cuidou de Antônio como se fora um filho seu. Porém, dada sua tenra idade, era flagrante que ela jamais poderia ser a mãe do garoto, e assim, as pessoas quando a viam com o menino e Júlio, achavam deveras estranho o cuidado que ela tinha com a criança.
Foi esta a deixa para se descobrisse o paradeiro de Letícia e em pouco tempo a mandassem para um reformatório. Por conta de uma armadilha, mais uma vez a garota se vez se viu prejudicada. Como era menor de idade ainda, ficou durante algum tempo reclusa. Todavia, assim que arranjou uma maneira de fugir, fê-lo logo.
Porém não foi nada fácil. Constantemente vigiada, Letícia teve que fazer o possível para desviar a atenção dos funcionários do reformatório. Não bastasse isso, a menina tinha que enfrentar brigas e agressões. Diante disso, pode-se considerar esta, como uma das piores fases de sua tão curta vida.
Mas o sofrimento não durou muito tempo. Nem o assédio de um dos menores. Um deles, ao ser rechaçado por ela, tentou logo arrumar uma forma de se vingar. O que ele não contava é que ela conseguiria fugir antes.
E sim, Letícia fugiu. Fugiu e foi parar numa fazenda. Para a fazenda de um amigo.
E assim terminou o relato de Rogério.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
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