Poesias

terça-feira, 3 de agosto de 2021

SONHO DE VALSA - CAPÍTULO 2

Com isso, Rose, ao chegar no salão começou a preparar tudo para o trabalho.
Enquanto isso em casa, Seu Paulo, Maria Lúcia e Laura, se preparavam para mais um dia de afazeres. Enquanto as meninas colocavam o uniforme da escola, Paulo se preparava para mais um dia de trabalho.
Para irem a escola, as meninas tinham que usar um uniforme consistente em uma saia longa, uma camisa branca, sapatos brancos e meias longas. Para enfeitar o cabelo, invariavelmente usavam laços e outros adornos. Mas o uniforme era indispensável.
Nisso quando terminaram de se vestir, desceram as escadas e foram até a sala de jantar, tomar o café.
Ao terminarem o lauto café da manhã, subiram as escadas, escovaram os dentes, pegaram seus pertences, e seguiram cada qual seu caminho. Assim, enquanto as meninas, conduzidas pelo motorista da família, foram para a escola, Paulo, dirigindo seu carro, foi para seu trabalho.
Maria Lúcia e Laura, ao chegarem na escola, foram imediatamente abordadas por amigas em comum.
Como se poderia imaginar, o assunto do dia foi a inauguração do salão da mãe das garotas. Assim, como as meninas puderam ouvir de suas mães, a inauguração foi linda e o salão de Dona Rose seria um provável sucesso.
Envaidecidas, Maria Lúcia e Laura agradeceram os elogios e foram para suas respectivas classes.
E cada uma, em sua respectiva classe, ficou a ouvir as explicações dos professores, sobre o mundo que as cercava.
Enquanto Laura, ansiava para que se acabasse a tortura que era a aula de matemática, Maria Lúcia, ao contrário, se divertia ouvindo as peculiaridades de nossa história.
Interessada que era, sempre foi uma das melhores alunas da escola. Admirada, Maria Lúcia sempre foi exemplo de bom comportamento entre todas as garotas.
Assim, ao longo do ano letivo, enquanto Maria Lúcia se aplicava aos estudos, Laura ao contrário, só se preocupava em sair com as amigas e paquerar os rapazes que conhecia.
Por conta disso, constantemente, Laura chegou a se desentender com o pai. Paulo, conservador, reprovava o comportamento da filha mais nova.
Em razão disso, diversas vezes, impingia-lhe castigos por conta de seu comportamento imoderado.
Mesmo para suas colegas, Laura algumas vezes, ultrapassa os limites. De tão atrevida que era, chegava a incomodar até mesmo, suas colegas mais atiradas.
Mimada, vivia arrumando motivos para discutir com as colegas. Essas brigas poderiam se dar, pelos mais variados motivos, mas era sempre ela quem dava a última palavra.
Por isso, dado seu temperamento complicado, suas colegas de escola foram se afastando dela. Afinal de contas, Laura estava se revelando um ser humano insuportável.
Suas colegas viviam comentando entre si, que Laura estava ficando cada vez mais insuportável a cada dia que passava.
-- A Laura é muito chata.
-- É mesmo. Parece que ela tem o rei na barriga.
E assim, Cora, Susana e todas as suas colegas foram cada vez mais se afastando dela.
Sob a desculpa de que estavam de castigo, ou tinham outros compromissos, passavam cada vez mais a evitar o contato com Laura. Estavam cansadas de sempre ter que concordar com tudo o que ela dizia.
Contudo, a despeito disso, passaram a ter cada vez mais contato com Marilu.
Encantadas com a irmã mais velha de Laura, sempre que podiam, ou mesmo quando precisavam, buscavam sua companhia.
Por ser mais velha, sempre pediam a moça, que lhes explicassem alguma matéria na qual ainda restavam dúvidas. Pediam também conselhos, mas também gostavam de sua companhia.
Assim, de vez em quando, Maria Lúcia, combinava um passeio com as garotas.
Muito embora tivesse suas colegas de turma, nunca se descuidou de dar atenção as outras meninas. A propósito, no colégio em que as duas moças estudavam, não havia garotos, pois os mesmos, estudavam em outra escola.
Mas isso é um assunto para mais adiante.
Por enquanto, o que cabe mencionar, é que o sucesso do salão de Rose, proporcionou algumas coisas novas na vida das meninas.
Isso por que, enquanto Dona Rose trabalhava quase doze horas por dia no intuito de se estabelecer definitivamente, os lucros entravam sem cerimônia no caixa do salão. Assim, em menos de seis meses, todos os gastos que havia tido com o salão foram pagos com os dividendos do seu trabalho.
Tal fato, surpreendeu até mesmo ela, pois mesmo sendo muito otimista, coisa que sempre foi, Rose sabia que provavelmente, no primeiro ano de funcionamento do salão, os ganhos que conseguisse alcançar, somente serviriam para pagar os funcionários, manter o salão, e se refazer das despesas. Isso por que, Rose, estava determinada a devolver ao marido, todo o dinheiro que este lhe tinha dado para montar o salão.
No entanto, ao tentar devolver o dinheiro ao marido, este se recusou em aceitar. Alegando que o investimento que fizera no projeto dela era um presente, não aceitou o dinheiro da esposa.
Diante disso, Dona Rose ficou muito aborrecida. Afinal, estava decidida a devolver todo o dinheiro que o marido lhe dera.
Por conta disso, os dois chegaram até a discutir.
Para resolver a questão, Paulo disse então a esposa, que guardasse o dinheiro em um banco.
Rose então, ao ver que o marido jamais aceitaria o dinheiro dela, resolveu depositar o dinheiro em uma conta bancária. Ademais, já que não lhe interessava receber o valor investido, Dona Rose decidiu que realizaria o sonho de sua filha mais velha.
E assim, satisfeita com os lucros obtidos com o salão, Rose, estava decidida a realizar o sonho de Maria Lúcia.
Desde pequena, Maria Lúcia, acalentava o sonho de realizar uma grande viagem pela Europa. No entanto, com o passar dos os anos, o gosto que sempre fora por viagens, passou a ser também por conhecer outras culturas, outros modos de vida. E assim, Maria Lúcia que sempre fora apaixonada por viagens, finalmente poderia fazer a grande viagem de sua vida.
Como sua mãe estava ganhando um bom dinheiro com o salão, esta resolveu lhe presentear com uma bela viagem. Durante um ano, ficaria estudando na Inglaterra.
Dona Rose decidiu-se pela Inglaterra, pelo simples fato de que além de sua filha conhecer o idioma, este é um país fascinante.
E apesar de não ter perguntando nada a filha, esta, ao saber da novidade, ficou muito feliz.
Animada com a notícia, Maria Lúcia não cabia em si de contente.
Laura, contudo, não estava nada feliz com a novidade. Sentindo-se preterida, e não quis saber de conversa.
Ao descobrir que sua mãe preferira investir o lucro do salão, na filha mais velha, sentiu-se preterida. Por conta disso, ao ouvir a notícia da viagem da irmã, saiu correndo da sala e foi se trancar no quarto.
Emburrada, ficou dias sem falar com a irmã.
No que, Maria Lúcia preocupada, ao perceber que Laura estava aborrecida, tratou logo de conversar com ela sobre a viagem.
Disse a irmã, que sempre sonhou com isso.
Mas Laura, enciumada, retrucou:
-- Mas não é justo. Por que você pode ter tudo e eu fico aqui, sempre sem nada. Por acaso você é melhor do que eu?
-- Claro que não. Mas mamãe sabia que eu sempre quis fazer uma viagem dessas. Eu sempre quis estudar em outro país. Você sabe disso.
-- E daí? Por acaso, alguém me perguntou o que eu queria fazer? Muito embora vocês não saibam, eu também gosto de viajar.
-- Mas a questão, é que não se trata de uma simples viagem. Eu vou para a Inglaterra estudar. Você sabe o que isso significa pra mim?
-- Não me interessa o que isto significa para você. – disse irritada – É sempre assim, quando você quer uma coisa, e não importa que eu tenha pedido antes, a irmã mais velha sempre leva a melhor.
Ao perceber a irritação da irmã, Maria Lúcia tentou consolá-la, mas esta, desabrida, foi logo dizendo:
-- Não adianta fingir que está penalizada, por que eu sei que não é verdade. Você está pouco se importando com isso. A única coisa que te importa, é diminuir esta dor que você carrega na consciência. Mas meus parabéns, obrigada por mais uma vez me passar para trás!
Ao ouvir isso, Maria Lúcia bem que tentou remediar a situação, mas o que conseguiu foi somente aumentar a ira da irmã, que irritada, pediu para que ela saísse de seu quarto.
Surpreendida com a reação da irmã, Maria Lúcia não conseguia entender a raiva de Laura.
Afinal, esta nunca lhe contou que gostaria de fazer uma viagem dessas. Muito pelo contrário, Laura, nunca foi das alunas mais aplicadas. Seu sonho de consumo sempre foi com roupas, jóias e sapatos. No máximo uma grande festa e uma bela viagem para passear.
Por isso, não entendia a reação da irmã. Afinal esta sempre soube do desejo de Marilu de conhecer e estudar na Europa.
Realmente, todos na casa, sabiam do sonho de Maria Lúcia de estudar fora. Mas Laura, não ficou nem um pouco contente com a possibilidade de tal sonho se concretizar.
Acostumada a menosprezar os sonhos da irmã, Laura sempre acreditou que seu pai, nunca concordaria com isso. Mas, para sua surpresa, mesmo o duro Senhor Paulo, acabou concordando.
Diante de muita insistência, tanto de Maria Lúcia, quanto de Rose, Paulo acabou capitulando. Concordou, muito embora estivesse preocupado, com a viagem da filha.
Quando Maria Lúcia soube que poderia fazer uma viagem, preocupada com o não consentimento do pai, começou a fazer uma campanha para convencê-lo. Dizendo que era uma boa oportunidade de melhorar seu inglês, conhecer uma nova cultura, gente nova e vivenciar a história de um outro país, insistiu muito, para que este aceitasse sua viagem. Isso por que sabia que, sem sua autorização, nada feito.
Rose, por sua vez, também insistiu com o marido para que aceitasse a viagem. Afinal, este seria um grande diferencial para ela. Aprenderia coisas novas, conheceria gente nova e isso tudo a ajudaria a amadurecer e melhorar como ser humano.
Mas, Paulo estava reticente com a viagem, afinal desde que as meninas nasceram, nunca se desgrudou por um momento delas. As duas sempre estiveram presentes em sua vida. Tal fato deixou-o muito preocupado. Afinal sua filha nunca havia estado antes sozinha. Além disso, Marilu conhecia muito bem o idioma inglês, e para ele, não havia necessidade nenhuma dela se mudar para lá.
Mas Dona Rose não desistia de convencê-lo. Sabia da importância da viagem para a filha. Além disso, já havia prometido a ela, que conseguiria convencê-lo da viagem. Então, não poderia desistir.
Diante disso, passou a sistematicamente comentar com o marido, que um sonho não se joga no lixo. E assim como ela tinha realizado o sonho de trabalhar fora, gostaria de fazer um agrado a Maria Lúcia, afinal esta nunca lhes dera motivos para aborrecimentos, portanto, merecia um presente. E por estar em condições de dar o tal presente, sentia-se na obrigação de concedê-lo.
Além disso, Rose afirmava:
-- Não seria nem um pouco justo você proibir sua filha de viajar.
E assim, mesmo contrariado, diante de tanta insistência, Paulo acabou concordando com a viagem.
Isso não poupou Rose de levar uma severa bronca do marido.
Por conta de sua atitude intempestiva, ela quase acabou criando um sério problema em casa. Afinal, se desejava dar uma viagem a filha, ele deveria ser o primeiro a saber.
Em razão disso, Rose prometeu ao marido, que nunca mais agiria daquela forma. Sabia que por conta disso, quase criou um sério problema para ele, pois se ele não concordasse com a viagem, Maria Lúcia ficaria eternamente magoada com ele.
E isso ele não admitiria, afinal a primogênita era seu xodó. Por conta disso, se viu compelido a aceitar a viagem.
Por isso, estava chateado com a esposa.
Mas, para a sorte dela, a bronca não durou muito tempo.
Ao se arrefecer sua raiva, Paulo passou a se preocupar com os detalhes da viagem.
Assim, mesmo faltando muitos meses ainda para a referida viagem se realizar, o zeloso pai de Maria Lúcia, começou a lhe fazer mil recomendações. Intranqüilo, parecia estar muito afobado com a viagem da moça. Perguntava sobre as passagens, onde Marilu ía estudar, quanto tempo exatamente ela iria ficar, se já estava tudo acertado, etc. Por conta disso, chegou a infernizar a esposa.
Certa vez, cansada de tantas perguntas, ela lhe deu todos os telefones e notas fiscais, e disse ainda:
-- Já que você não confia nem um pouco em mim, certifique-se então, de que fiz tudo corretamente.
Realmente, Paulo estava nervoso.
Acostumado a ter sempre suas filhas por perto, não conseguia se imaginar longe da filha, por tanto tempo.
No entanto, mesmo pesaroso, teve que concordar, ou então, não teria mais sossego em casa.
Como ele mesmo dizia:
-- Eu sou um molenga mesmo. Sempre fazendo as vontades de vocês.
E assim, entre sorrisos e abraços, aceitou a aludida viagem.
No final do ano letivo, Maria Lúcia, finalmente viajaria para a Inglaterra. Por lá ficaria durante um ano.
De tão animada, Maria Lúcia passou a contar os dias para o ano acabar. Não via a hora de embarcar para a Inglaterra e estudar num dos tradicionais colégios de lá. Estava ansiosa pela mudança de ares. Mal cabia em si de contente.
Feliz que estava, só conseguia fala nisso. Mesmo na escola, entre amigas, este era freqüentemente, o assunto em pauta.
Enquanto isso, sua mãe Dona Rose, trabalhava duro em seu salão de beleza. Aliás, foi graças ao sucesso do salão e ao empenho de sua mãe, que Maria Lúcia finalmente poderia realizar seu sonho.
De tão agradecida a mãe, Maria Lúcia diversas vezes, se ofereceu para ajudá-la em seu salão. Mas esta recusava. Recusava por que Maria Lúcia devia se preocupar exclusivamente com os estudos.
Quanto ao seu trabalho, ninguém precisava se preocupar porque ela estava tomando conta de tudo. E foi justamente por meio do salão de cabeleireiros, que a viagem de Maria Lúcia foi financiada.
Mas estou me estendendo.
Enfim, ao final do ano letivo, Maria Lúcia finalmente embarcou para sua sonhada viagem.
De malas prontas há quase duas semanas antes do término do ano letivo, Maria Lúcia foi levada de carro pelos pais, até o aeroporto. Em lá chegando, despediu-se da família e embarcou sozinha, para realizar seu sonho.
Estava indo para a Inglaterra, conhecer o país de reis e rainhas. Lugar histórico e que sempre habitou seu imaginário.
Desde pequena imaginava-se em lindos castelos, vivendo com uma princesa, em algum lugar da Europa. Desde cedo seus pais lhe ensinaram que o continente europeu foi em muitos aspectos, o berço de muitas civilizações. Lugar civilizado, onde algumas das maiores cabeças pensantes do mundo surgiram.
Além disso, acostumada ainda criança, a ouvir histórias de princesas encerradas em seus palácios magníficos, sempre se interessou em saber onde ficavam tais lugares.
Foi assim que então, ao ouvir as primeiras histórias de sua vida, que acabou por descobrir que boa parte dessas histórias surgiram na Europa. Muitas delas aliás, muito antes deste continente estar constituído em países.
Boa parte dessas histórias, surgiram ainda durante a Idade Média, quando a Europa, estava dividida em feudos.
No entanto, não obstante tudo isso, boa parte das paisagens inspiradoras dessas histórias ainda existiam e eram preservadas. Daí o interesse prematuro de Maria Lúcia, por essas paisagens. Sabendo que os tais castelos eram visitados por muitos turistas, acalentou o desejo de conhecê-los. E a despeito de já ter visitado alguns países da Europa, sentia vontade de viver algum tempo por lá.
Queria sentir a atmosfera do lugar, viver naqueles ambientes, conhecer as pessoas. Enfim, queria conhecer mais sobre uma maneira de viver, diferente da sua.
Por isso, embarcou em um sonho e decidiu que um dia, passaria algum tempo conhecendo algum país da Europa.
Devido a facilidade do idioma, já que falava inglês, sua mãe achou por bem, que a filha ficasse na Inglaterra. Dessa forma, a adaptação seria mais fácil.
E assim, ao chegar ao país, Marilu foi logo recebida por uma representante da escola.
No entanto, como ainda não era chegado o momento do início do ano escolar, Maria Lúcia pôde aproveitar, e conhecer um pouco a cidade onde iria morar por um ano praticamente.
Foi assim que visitou monumentos históricos, conheceu museus e palácios. Entusiasmada, Maria Lúcia chegou até bem próximo da guarda da rainha.
Conheceu a Rua Great Windmill, no Soho, este lugar, datado de fins do século XVII é bastante conhecido por seus famosos restaurantes. Já em Berkeley Square, criada no começo do século XVIII, Marilu pôde conhecer parte dos jardins da famosa Casa Berkeley. Os plátanos – árvores símbolo da região –, foram plantados em 1789, aproximadamente.
Às margens do Rio Tâmisa, podia se ver ao fundo a Catedral de São Paulo. Paisagem que Marilu apreciou avidamente.
Ao avistarem a Catedral de São Paulo, Marilu admirou-se da beleza do monumento. Mas foi ao ver a cúpula do prédio, que a garota ficou realmente encantada. Projetada por Sir Christopher Wren, esta catedral foi por muito tempo, um símbolo absoluto do lugar.
Em Trafalgar Square, Marilu pôde apreciar a Coluna de Nelson. Erigida em 1843, é uma cópia da que existe em Mars Ultor, em Roma. A praça tem esse nome em memória da batalha que a esquadra inglesa, sob o comando de Nelson, travou contra as esquadras espanhola e francesa. Ao fundo á direita, se podia avistar a torre da Igreja de São Martim do Campo.
Ao ver os Tribunais, na confluência do Strand e da Fleet Street, entre a City e Westminster, a moça pôde conhecer os edifícios em estilo gótico vitoriano, construídos entre 1874 e 1882. Conheceu também o Parlamento e a Queen’s Anne Gate Street, um lugar tranqüilo e elegante em Westminster, com casas no estilo da Rainha Ana, construídas por volta de 1704. Lá pôde ver a Estátua de Oliver Cromwel.
Em seu passeio pelos principais pontos turísticos da cidade, Marilu visitou o Castelo de Windsor. Sobre o Tâmisa, pôde ainda, conhecer a Ponte da Torre de Londes, terminada em 1894. Realmente, este era um símbolo da cidade.
E nas proximidades da cidade, Marilu pôde ver ainda algumas casas com telhados de palha. Caminhando por entre as ruas de Londres, a moça conheceu os edifícios da tradicional Universidade de Oxford. Prédios esses, que datam dos séculos XV, XVI e XVII.
A moça, caminhando por entre as principais ruas londrinas, avistou também a fachada leste do Palácio de Buckingham. Em London Wall, pôde ver vestígios de uma muralha romana original.
Fascinada, Maria Lúcia finalmente se dava conta de que estava realizando um grande sonho. Passeando por aquelas ruas que só conhecia dos filmes que assistia e das fotografias que via, finalmente estava se dando conta de que tudo aquilo que estava vivendo, era de verdade.
Ao perceber que tudo não era um sonho, uma grande felicidade tomou conta dela. Com isso, ao dar-se conta de que nas próximas semanas, estaria em meio a pessoas estranhas, vivendo em um país distante, ficou ligeiramente preocupada. Afinal, como faria para se acostumar com a mudança?
Nervosa, chegou a se perguntar diversas vezes, se tinha feito a escolha certa.
Ao vê-la tão preocupada, sua acompanhante tratou logo de saber o que era. Isso por que, estava lá, para resolver qualquer problema que eventualmente surgisse.
Assim, ao saber o que inquietava a moça, foi logo perguntando:
-- What’s a matter?1
-- Nothing.2 – respondeu laconicamente Maria Lúcia.
-- Nothing. Are you sure? 3– insistiu a senhora.
-- Yes. I dont have problem’s. I feel good. It’s serious.4 – respondeu Maria Lúcia.
-- I know you have. But you’re dont need worry.5
-- Ok, but I’m not worried.6
E conversando com ela, Maria Lúcia acabou se tranqüilizando. Afinal, ninguém ali, estava interessado em lhe prejudicar. Muito pelo contrário, por ser uma instituição de renome, a maior preocupação de todos ali, era para que ela tivesse uma boa estada em Londres.
E assim, despreocupada, Marilu aproveitou muito bem o período de férias. Afinal, antes de começarem as aulas, precisava conhecer a cidade.
Por isso, aproveitou para fazer longas caminhadas por Londres.
De tão interessada na vida cultural da cidade, chegou até a marcar ponto no palácio onde vivia a família real, para então, presenciar a troca da guarda. Para ela, estas manifestações cívicas, eram um retrato do amor que os ingleses devotavam a pátria.
Tal fato, era uma lição para todos os povos no mundo. Afinal, todos os nacionais, devem ter amor pelo país que lhes serviu de berço. Pois ter uma pátria, é o sonho de qualquer cidadão do mundo. Exemplo disso são os judeus, que lutaram longamente para ter um lugar o qual pudessem chamar de casa.
Depois de muitas lutas, finalmente conseguiram construir um país.
Para Maria Lúcia portanto, independente de onde se nasça, ter uma nacionalidade, deve ser motivo de orgulho para todos. Orgulho. Orgulho sim, mas longe de qualquer fanatismo, porém.
O fanatismo é uma doença que empesteia os povos, portanto, deve ser combatido.
Mas o orgulho da pátria não.
Enfim, estou me afastando da narrativa. Isto porque, a intenção de Maria Lúcia, não é, logicamente fazer política. A moça só quer estudar e melhorar seu inglês. Este aliás, um de seus principais objetivos com a viagem.
Para levar algumas lembranças, quando retornasse da viagem, passou a freqüentar as principais feiras de antigüidades da cidade. Indicadas por sua acompanhante, essas feiras eram uma maravilha. No entanto, para que se possa encontrar algo de valor, é necessário que se vasculhe atentamente todas as banquinhas da feira.
Realmente não foi muito fácil encontrar alguma coisa, mas passear por entre aquelas barracas era encantador, afinal, um pedaço de história, permanecia em meio àquele emaranhado de objetos antigos, nos quais se mesclavam preciosidades e quinquilharias.
E assim, nos últimos dias que lhe restavam de férias, Maria Lúcia freqüentou algumas dessas feiras tradicionais na cidade. E mesmo estando a pouco tempo em Londres, acabou fazendo algumas compras. Encantada com alguns objetos antigos, decidiu-se por comprá-los mesmo faltando ainda muito tempo para retornar para seu país.
Por isso, em vasculhando as peças expostas à venda, decidiu-se por comprar um lindo par de castiçais, para sua mãe. Isso por que, ao financiar sua viagem, Maria Lúcia se sentiu no dever de agradecer a mãe por tal gentileza. Assim, este foi o primeiro presente que comprou. O primeiro de muitos presentes que compraria.

Tradução:
Qual o problema?
Nada.
Tem certeza?
Eu sei que você tem um problema. Mas você não precisa se preocupar.
Está certo, mas eu não estava preocupada.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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