Mas, a despeito de tudo isso, Ticiano resolveu enfrentar o fazendeiro. Como sentia que algo errado estava por acontecer, mais do que depressa afirmou ao patrão, que não iria assumir algo que não havia feito.
E assim, mesmo diante das ameaças do patrão, o jovem não se fez de rogado. Determinado, Ticiano disse que, de forma alguma aceitaria se unir a jovem. Aborrecido com a atitude da moça, o jovem respondeu ainda, que não se importava de ser destituído do cargo e até morto. Só não achava justo responder por algo que não havia feito.
Diante disso, mesmo com muito pesar, só restou a José mandar trancá-lo na sede da fazenda. Para que não fugisse, o fazendeiro mandou que alguns escravos o levassem até um dos quartos da casa.
Aprisionado, Ticiano não poderia escapar de solver seu compromisso.
Em razão disso, o rapaz ao ver-se na clausura, notou que precisava encontrar alguma forma de resolver sua situação. Precisava fugir. Muito embora não soubesse ainda como fazer para escapar, sabia que se quisesse se livrar da enorme confusão em que se metera, precisava sair dali.
E assim, conforme as horas passavam e os dias se seguiam, Ticiano só pensava em uma forma de sair dali.
Primeiramente, cogitou pular da janela, mas, para sua infelicidade, a casa ficava em um lugar elevado, e assim, se tentasse pular pela janela, acabaria por se arrebentar no solo. Em decorrência disso, precisou pensar em um plano melhor. Como fazer para fugir dali? Como fazer para explicar tudo e resolver a confusão? Afinal, se fosse obrigado a se casar com a moça, todos descobririam a razão pela qual havia permanecido por tanto tempo por lá.
E para ele, isso seria seu fim. Não poderia deixar que descobrissem que era muito mais do que aparentava ser. Não poderia deixar que descobrissem quem ele era. Daí a insistência em planejar uma fuga.
Além do mais, estava consciente de que, ao tomar tal atitude, e em assim procedendo, não poderia ficar por ali. Teria que sumir. Sem tempo para pegar seus pertences. Ou qualquer outra coisa.
Ticiano teria simplesmente, que se despedir do mundo que o cercara durante quase três anos.
Tereza, finalmente, conseguira o que tanto queria. Finalmente conseguiu prejudicá-lo. Agora Ticiano, enredado que estava em sua armadilha, não poderia escapar. Estava completamente encrencado.
Mesmo tentando se explicar, ao dizer que tudo não passava de uma grande confusão, não conseguiu convencer o fazendeiro.
Apesar da grande admiração que José possuía pelo rapaz, nada o demovia da idéia de vê-lo casado com sua filha. Afinal, mesmo que fosse verdade o que o rapaz dizia, a moral de sua filha fora conspurcada. E assim, tal mau não poderia ficar sem a devida reparação.
Consciente da gravidade do assunto, José não podia ser benevolente com o mancebo.
E assim, sem alternativas, só restava a Ticiano uma única saída, a fuga.
Por isso, o rapaz planejou cuidadosamente, o que faria para sair dali. Conforme se seguiam os dias, Ticiano passou a se habituar com o horário da criadagem. O rapaz sabia exatamente a hora em que entravam para trazer comida, roupas, entre outras coisas. Zeloso, Ticiano tomou o devido cuidado para que não percebessem que ele reparava em tudo isso.
Diversas vezes, quando os escravos entravam no quarto de hóspedes, fingiu estar dormindo, e assim, pôde constatar com o passar dos dias, que tinham um horário certo para entrarem no quarto. Diante disso, pôde planejar sua fuga.
Sabedor que era, da inconveniência de se sair a luz do dia da sede da fazenda, decidiu que o faria ao cair da noite. Ademais, agiria silenciosamente, para que ninguém percebesse sua ausência e tivesse tempo de pegar alguns objetos pessoais.
Isso porque, apesar de boa parte de suas coisas ter sido levada até a sede, Ticiano precisava buscar alguns livros. Muito embora fosse tolice pensar em tais coisas em uma fuga, Ticiano não abria mão dos livros. Até por que, muitos deles foram comprados por ele, a custa de muito sacrifício, tendo-se em vista que tais artigos eram extremamente caros.
Ademais, quando se sentira só, eles foram, muitas vezes, a única companhia que tivera. Assim, não poderia deixá-los para trás.
E assim o fez.
Ao cair da noite, Ticiano, sorrateiramente, escondeu-se em um dos cantos do quarto de hóspedes. Ansioso, esperava o momento em que um dos criados adentrasse o quarto, para levar-lhe algo.
Em razão disso, conforme os minutos se seguiam, mais e mais aumentava sua ansiedade. A espera pelo criado, pareceu-lhe uma eternidade.
Contudo, depois de alguns minutos, finalmente o criado entrou no quarto para levar-lhe uma bebida. Como o escravo não percebeu a presença do rapaz nos aposentos, passou a procurá-lo.
Nisso surpreendentemente, ao ver o escravo, Ticiano, aproveitando-se de um objeto que trazia nas mãos, acertou-lhe a cabeça.
Contudo, um dos escravos que permanecia junto a entrada do quarto do rapaz, ouviu o barulho e, preocupado, adentrou o aposento para verificar o que teria ocorrido.
Como era de se esperar, Ticiano esperava ansiosamente a entrada do mesmo no quarto. Estando a postos, tratou de também acertar-lhe a cabeça, com um dos inúmeros objetos que enfeitavam o quarto.
E assim, carregando uma pequena trouxa com alguns de seus pertences, Ticiano rapidamente, saiu do ambiente. Cautelosamente, verificou se não havia ninguém na sala. Seguramente não. Diante disso, como todos na casa provavelmente dormiam, o rapaz aproveitou o ensejo e mais que depressa, saiu da sede.
Contudo, para que ninguém o avistasse saindo da casa-grande, Ticiano procurou sair pela cozinha. O rapaz, caminhando vagarosamente para não acordar os escravos, fugiu, para novamente partir.
Mas antes, Ticiano passou na casa onde morou por um ano. Na casa do antigo administrador da fazenda, pegou os poucos livros que tinha e partiu.
Ademais, preocupado com a possibilidade de ser pego, o rapaz cavalgou durante toda a madrugada. Para isso, furtou um dos cavalos da fazenda. Infelizmente, não havia outra alternativa.
Por isso o fez.
Como bom conhecedor de animais, Ticiano procurou pegar um dos que melhor corriam. Afinal, precisava estar bem longe da fazenda, quando finalmente viesse a manhã. Por que ele sabia que provavelmente seria procurado.
Por isso, precisava sumir da região.
E assim, Ticiano cavalgou durante toda a madrugada.
Durante horas permaneceu acordado.
No entanto, por mais forte que um homem seja, chega um momento em que se necessita de um descanso. E assim, depois de longas horas de cavalgada, Ticiano precisou pensar em um bom lugar para descansar.
Tal lugar, entretanto, não poderia ser acessível, para que ele não corresse o risco de ser pego. E assim, enquanto não encontrou tal lugar, continuou cavalgando.
Mas, muito embora estivesse determinado a fugir, sabia que tanto ele, quanto seu cavalo, precisavam de repouso. Por isso, ao avistar , depois de algum tempo cavalgando, uma pequena propriedade escondida no meio de um matagal, não se fez de rogado, pois havia finalmente encontrado um lugar para se esconder.
E nisso, enquanto para Ticiano tudo transcorria razoavelmente bem, o mesmo não se poderia dizer quanto a família Viera. Isso porque, logo que descobriram o sumiço do rapaz, ainda durante a madrugada, José mandou que todos os seus peões o procurassem.
E assim, Caio, Mário, Sérgio e Juvenal, embora fossem amigos de Ticiano, tiveram que empreender a tarefa. Penalizados com a situação, vasculharam todos os recantos da fazenda. Mas, como era de se esperar, não encontraram o rapaz.
Contudo, de tanto procurá-lo pelas cercanias, perceberam que um dos cavalos havia sido furtado. Provavelmente Ticiano, para empreender sua fuga, subtraiu o animal.
O fazendeiro, ao ouvir isso, percebeu que a fuga fora planejada pelo jovem. Por isso, José ficou enraivecido. Afinal, como pôde, o homem em quem depositara tanta confiança, atraiçoá-lo dessa forma? Como pudera ele ser tão atrevido?
Por esta razão, José não podia deixá-lo fugir. Precisava encontrá-lo. Precisava castigá-lo. Afinal que o jovem fizera, fora muito grave e não poderia ser esquecido.
Diante disso, José ordenou aos peões que vasculhassem toda a região. Que não deixassem pedra sobre pedra. Que esquadrinhassem todos os lugares. Se fosse preciso, que visitassem todas as fazendas da região, muito embora dificilmente Ticiano passasse por lá. Mas cuidadoso, José precisava encontrá-lo, e para isso, não mediria esforços.
Ciente de que os empregados eram amigos do jovem, advertiu-lhes que:
-- Se algum de vós, permitirdes que Ticiano fuja, vosmecês acertarão as contas comigo. Por isso vos aviso. Não tentem me fazer de imbecil. Não o auxiliem.
Com isso, os quatro peões estavam irremediavelmente obrigados a cumprir a ordem. E assim, conforme prometeram ao patrão, muito embora gostassem de Ticiano, não podiam admitir que o que este fizera, ficasse sem punição. Por isso cavalgaram incessantemente.
Procurando em várias direções, partiram obstinados. Só voltariam trazendo o rapaz.
No entanto, conforme os dias passavam, Mário, Caio, Sérgio e Juvenal não conseguiram encontrá-lo. Preocupados, sabiam que cada dia que passava, era uma possibilidade menor de encontrá-lo.
Por isso, cada vez mais, deixaram de acreditar que pudessem vir a encontrá-lo.
O homem parecia ter sido engolido pela terra.
Desolados, depois de semanas procurando-o, os quatro homens tiveram que desistir e voltar para a fazenda.
Ao lá chegarem e contarem sobre o insucesso da busca que empreenderam nos arredores e até em algumas cidades, os quatro homens tiveram que agüentar a fúria de José. Obcecado que estava com sua vingança, o fazendeiro não aceitou as desculpas dos peões.
Furioso, José voltou a repetir que não admitiria tal procedimento por parte deles.
Caio, Mário, Sérgio e Juvenal por sua vez, insistiram em dizer que não haviam facilitado a fuga do jovem ladrão. Aliás, depois do que Ticiano fizera, jamais o ajudariam no que fosse. Estavam decepcionados com ele e entendiam a atitude do patrão. Realmente, segundo eles, Ticiano agira como um verdadeiro canalha.
José, ao ouvir isso, abrandou. Percebendo que os empregados não lhe foram desleais, deixou de lado a admoestação e dado o trabalho que tiveram, o fazendeiro os dispensou do labor por alguns dias.
Agradecidos, os homens aproveitaram para se refazerem. Afinal, durante semanas, cavalgaram por muitas horas pelos caminhos e estradas que encontraram.
Quando se encontravam, os quatro especulavam cogitando onde então Ticiano poderia estar. Mas, por mais que tentassem imaginar um lugar, não sabiam dizer qual. Provavelmente, segundo eles, seria uma cidadezinha interiorana bem longe dali.
E assim, mesmo diante das ameaças do patrão, o jovem não se fez de rogado. Determinado, Ticiano disse que, de forma alguma aceitaria se unir a jovem. Aborrecido com a atitude da moça, o jovem respondeu ainda, que não se importava de ser destituído do cargo e até morto. Só não achava justo responder por algo que não havia feito.
Diante disso, mesmo com muito pesar, só restou a José mandar trancá-lo na sede da fazenda. Para que não fugisse, o fazendeiro mandou que alguns escravos o levassem até um dos quartos da casa.
Aprisionado, Ticiano não poderia escapar de solver seu compromisso.
Em razão disso, o rapaz ao ver-se na clausura, notou que precisava encontrar alguma forma de resolver sua situação. Precisava fugir. Muito embora não soubesse ainda como fazer para escapar, sabia que se quisesse se livrar da enorme confusão em que se metera, precisava sair dali.
E assim, conforme as horas passavam e os dias se seguiam, Ticiano só pensava em uma forma de sair dali.
Primeiramente, cogitou pular da janela, mas, para sua infelicidade, a casa ficava em um lugar elevado, e assim, se tentasse pular pela janela, acabaria por se arrebentar no solo. Em decorrência disso, precisou pensar em um plano melhor. Como fazer para fugir dali? Como fazer para explicar tudo e resolver a confusão? Afinal, se fosse obrigado a se casar com a moça, todos descobririam a razão pela qual havia permanecido por tanto tempo por lá.
E para ele, isso seria seu fim. Não poderia deixar que descobrissem que era muito mais do que aparentava ser. Não poderia deixar que descobrissem quem ele era. Daí a insistência em planejar uma fuga.
Além do mais, estava consciente de que, ao tomar tal atitude, e em assim procedendo, não poderia ficar por ali. Teria que sumir. Sem tempo para pegar seus pertences. Ou qualquer outra coisa.
Ticiano teria simplesmente, que se despedir do mundo que o cercara durante quase três anos.
Tereza, finalmente, conseguira o que tanto queria. Finalmente conseguiu prejudicá-lo. Agora Ticiano, enredado que estava em sua armadilha, não poderia escapar. Estava completamente encrencado.
Mesmo tentando se explicar, ao dizer que tudo não passava de uma grande confusão, não conseguiu convencer o fazendeiro.
Apesar da grande admiração que José possuía pelo rapaz, nada o demovia da idéia de vê-lo casado com sua filha. Afinal, mesmo que fosse verdade o que o rapaz dizia, a moral de sua filha fora conspurcada. E assim, tal mau não poderia ficar sem a devida reparação.
Consciente da gravidade do assunto, José não podia ser benevolente com o mancebo.
E assim, sem alternativas, só restava a Ticiano uma única saída, a fuga.
Por isso, o rapaz planejou cuidadosamente, o que faria para sair dali. Conforme se seguiam os dias, Ticiano passou a se habituar com o horário da criadagem. O rapaz sabia exatamente a hora em que entravam para trazer comida, roupas, entre outras coisas. Zeloso, Ticiano tomou o devido cuidado para que não percebessem que ele reparava em tudo isso.
Diversas vezes, quando os escravos entravam no quarto de hóspedes, fingiu estar dormindo, e assim, pôde constatar com o passar dos dias, que tinham um horário certo para entrarem no quarto. Diante disso, pôde planejar sua fuga.
Sabedor que era, da inconveniência de se sair a luz do dia da sede da fazenda, decidiu que o faria ao cair da noite. Ademais, agiria silenciosamente, para que ninguém percebesse sua ausência e tivesse tempo de pegar alguns objetos pessoais.
Isso porque, apesar de boa parte de suas coisas ter sido levada até a sede, Ticiano precisava buscar alguns livros. Muito embora fosse tolice pensar em tais coisas em uma fuga, Ticiano não abria mão dos livros. Até por que, muitos deles foram comprados por ele, a custa de muito sacrifício, tendo-se em vista que tais artigos eram extremamente caros.
Ademais, quando se sentira só, eles foram, muitas vezes, a única companhia que tivera. Assim, não poderia deixá-los para trás.
E assim o fez.
Ao cair da noite, Ticiano, sorrateiramente, escondeu-se em um dos cantos do quarto de hóspedes. Ansioso, esperava o momento em que um dos criados adentrasse o quarto, para levar-lhe algo.
Em razão disso, conforme os minutos se seguiam, mais e mais aumentava sua ansiedade. A espera pelo criado, pareceu-lhe uma eternidade.
Contudo, depois de alguns minutos, finalmente o criado entrou no quarto para levar-lhe uma bebida. Como o escravo não percebeu a presença do rapaz nos aposentos, passou a procurá-lo.
Nisso surpreendentemente, ao ver o escravo, Ticiano, aproveitando-se de um objeto que trazia nas mãos, acertou-lhe a cabeça.
Contudo, um dos escravos que permanecia junto a entrada do quarto do rapaz, ouviu o barulho e, preocupado, adentrou o aposento para verificar o que teria ocorrido.
Como era de se esperar, Ticiano esperava ansiosamente a entrada do mesmo no quarto. Estando a postos, tratou de também acertar-lhe a cabeça, com um dos inúmeros objetos que enfeitavam o quarto.
E assim, carregando uma pequena trouxa com alguns de seus pertences, Ticiano rapidamente, saiu do ambiente. Cautelosamente, verificou se não havia ninguém na sala. Seguramente não. Diante disso, como todos na casa provavelmente dormiam, o rapaz aproveitou o ensejo e mais que depressa, saiu da sede.
Contudo, para que ninguém o avistasse saindo da casa-grande, Ticiano procurou sair pela cozinha. O rapaz, caminhando vagarosamente para não acordar os escravos, fugiu, para novamente partir.
Mas antes, Ticiano passou na casa onde morou por um ano. Na casa do antigo administrador da fazenda, pegou os poucos livros que tinha e partiu.
Ademais, preocupado com a possibilidade de ser pego, o rapaz cavalgou durante toda a madrugada. Para isso, furtou um dos cavalos da fazenda. Infelizmente, não havia outra alternativa.
Por isso o fez.
Como bom conhecedor de animais, Ticiano procurou pegar um dos que melhor corriam. Afinal, precisava estar bem longe da fazenda, quando finalmente viesse a manhã. Por que ele sabia que provavelmente seria procurado.
Por isso, precisava sumir da região.
E assim, Ticiano cavalgou durante toda a madrugada.
Durante horas permaneceu acordado.
No entanto, por mais forte que um homem seja, chega um momento em que se necessita de um descanso. E assim, depois de longas horas de cavalgada, Ticiano precisou pensar em um bom lugar para descansar.
Tal lugar, entretanto, não poderia ser acessível, para que ele não corresse o risco de ser pego. E assim, enquanto não encontrou tal lugar, continuou cavalgando.
Mas, muito embora estivesse determinado a fugir, sabia que tanto ele, quanto seu cavalo, precisavam de repouso. Por isso, ao avistar , depois de algum tempo cavalgando, uma pequena propriedade escondida no meio de um matagal, não se fez de rogado, pois havia finalmente encontrado um lugar para se esconder.
E nisso, enquanto para Ticiano tudo transcorria razoavelmente bem, o mesmo não se poderia dizer quanto a família Viera. Isso porque, logo que descobriram o sumiço do rapaz, ainda durante a madrugada, José mandou que todos os seus peões o procurassem.
E assim, Caio, Mário, Sérgio e Juvenal, embora fossem amigos de Ticiano, tiveram que empreender a tarefa. Penalizados com a situação, vasculharam todos os recantos da fazenda. Mas, como era de se esperar, não encontraram o rapaz.
Contudo, de tanto procurá-lo pelas cercanias, perceberam que um dos cavalos havia sido furtado. Provavelmente Ticiano, para empreender sua fuga, subtraiu o animal.
O fazendeiro, ao ouvir isso, percebeu que a fuga fora planejada pelo jovem. Por isso, José ficou enraivecido. Afinal, como pôde, o homem em quem depositara tanta confiança, atraiçoá-lo dessa forma? Como pudera ele ser tão atrevido?
Por esta razão, José não podia deixá-lo fugir. Precisava encontrá-lo. Precisava castigá-lo. Afinal que o jovem fizera, fora muito grave e não poderia ser esquecido.
Diante disso, José ordenou aos peões que vasculhassem toda a região. Que não deixassem pedra sobre pedra. Que esquadrinhassem todos os lugares. Se fosse preciso, que visitassem todas as fazendas da região, muito embora dificilmente Ticiano passasse por lá. Mas cuidadoso, José precisava encontrá-lo, e para isso, não mediria esforços.
Ciente de que os empregados eram amigos do jovem, advertiu-lhes que:
-- Se algum de vós, permitirdes que Ticiano fuja, vosmecês acertarão as contas comigo. Por isso vos aviso. Não tentem me fazer de imbecil. Não o auxiliem.
Com isso, os quatro peões estavam irremediavelmente obrigados a cumprir a ordem. E assim, conforme prometeram ao patrão, muito embora gostassem de Ticiano, não podiam admitir que o que este fizera, ficasse sem punição. Por isso cavalgaram incessantemente.
Procurando em várias direções, partiram obstinados. Só voltariam trazendo o rapaz.
No entanto, conforme os dias passavam, Mário, Caio, Sérgio e Juvenal não conseguiram encontrá-lo. Preocupados, sabiam que cada dia que passava, era uma possibilidade menor de encontrá-lo.
Por isso, cada vez mais, deixaram de acreditar que pudessem vir a encontrá-lo.
O homem parecia ter sido engolido pela terra.
Desolados, depois de semanas procurando-o, os quatro homens tiveram que desistir e voltar para a fazenda.
Ao lá chegarem e contarem sobre o insucesso da busca que empreenderam nos arredores e até em algumas cidades, os quatro homens tiveram que agüentar a fúria de José. Obcecado que estava com sua vingança, o fazendeiro não aceitou as desculpas dos peões.
Furioso, José voltou a repetir que não admitiria tal procedimento por parte deles.
Caio, Mário, Sérgio e Juvenal por sua vez, insistiram em dizer que não haviam facilitado a fuga do jovem ladrão. Aliás, depois do que Ticiano fizera, jamais o ajudariam no que fosse. Estavam decepcionados com ele e entendiam a atitude do patrão. Realmente, segundo eles, Ticiano agira como um verdadeiro canalha.
José, ao ouvir isso, abrandou. Percebendo que os empregados não lhe foram desleais, deixou de lado a admoestação e dado o trabalho que tiveram, o fazendeiro os dispensou do labor por alguns dias.
Agradecidos, os homens aproveitaram para se refazerem. Afinal, durante semanas, cavalgaram por muitas horas pelos caminhos e estradas que encontraram.
Quando se encontravam, os quatro especulavam cogitando onde então Ticiano poderia estar. Mas, por mais que tentassem imaginar um lugar, não sabiam dizer qual. Provavelmente, segundo eles, seria uma cidadezinha interiorana bem longe dali.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
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