Rose, ao ver as duas irmãs descendo juntas as escadas, ficou admirada. Será que as duas haviam se entendido? Pensou.
Mas, procurando conter a curiosidade, simplesmente perguntou:
-- Está tudo bem com vocês?
Ao ouvirem a indagação, Maria Lúcia assentiu com a cabeça, depois respondeu:
-- Sim. Está tudo bem.
Até mesmo Paulo, já desacostumado com tanta tranqüilidade dentro de casa, estranhou.
Mas, para a felicidade de todos, o jantar transcorreu na mais profunda calma.
E as irmãs, apesar de não estarem amicíssimas, ao menos já estavam se falando, e isso já era um grande passo, já que Laura mal podia ouvir falar no nome de Marilu.
Enfim, parecia que desta vez, as coisas finalmente entrariam nos eixos.
Assim, conforme os dias se seguiram, as garotas iam e voltavam da escola. Seus pais, iam e voltavam do trabalho. E a vida seguia seu curso.
Com isso, conforme os dias e as semanas passaram, finalmente, o rapaz que havia pego uma das luvas de Marilu, se apresentou para a moça e devolveu a delicada peça.
Enquanto ela conversava com algumas garotas sobre a viagem que realizara, o rapaz aproximou-se. Dizendo que queria fazer uma devolução, pediu um minuto de sua atenção.
Ao ouvir isso, Marilu concordou e pediu licença para as amigas.
Assim, o rapaz ao perceber que seria atentamente ouvido, disse:
-- Desculpe o incômodo, mas é que eu queria devolver sua luva. Você a deixou cair no pátio, há algum tempo atrás, mas só agora eu descobri quem era a dona da peça. Aqui está. – disse ele mostrando a luva.
-- Obrigada. Foi muito gentil de sua parte procurar pela dona da peça. Agradeço muito. – disse já quase se virando.
Mas, quando fazia o gesto, Marilu foi novamente interrompida pelo rapaz.
-- Senhorita, me desculpe. Mas qual é o seu nome?
Ao perceber que estava sendo indelicada, respondeu:
-- Me desculpe. Eu me chamo Maria Lúcia. E você?
-- Maurício.
-- Muito prazer. – respondeu ela.
-- O prazer é todo meu. – respondeu ele, segurando-lhe as mãos.
Marilu, desconcertada com o gesto do rapaz, tentou afastar as mãos. No entanto, não conseguiu.
Maurício, percebendo que a moça ficara constrangida, delicadamente soltou suas mãos. Desculpou-se e despediu-se.
Marilu então, ao terminar a conversa com o rapaz, voltou a falar sobre seu passeio na Europa, e de como foi proveitoso o ano que passou na Inglaterra estudando.
Mas, suas amigas, curiosas com a conversa dela com o rapaz, começaram a lhe fazer perguntas. Queriam saber o assunto da conversa, e por que ele havia lhe dado uma luva.
Ao perceber a curiosidade das amigas, Marilu tratou de se afastar das meninas. Alegando que a conversa não teve nada de interessante, foi logo para a classe.
Não queria se expor. E assim o fez.
Maurício, que estudava em outra classe, após a conversa que teve com Marilu, foi acompanhar as aulas. Na sala de aula, procurando disfarçar seu alvoroço, pegou um livro e começou a lê-lo. E assim enquanto a aula não começava, ele lia. Isso por que, a simples visão da moça já lhe causava comoção.
Sem saber o que fazer para se aproximar dela, Maurício aproveitou-se das circunstâncias e, usando a desculpa de devolver uma luva, foi atrás da jovem.
Sim, isso por que, durante semanas apegou-se àquela luva, na frágil esperança de conseguir se aproximar de Marilu. Durante semanas, sonhou abraçado àquela luva, com ela, objeto de sua adoração.
Por dias a fio ficou imaginando como seria o encontro dos dois. Romântico, imaginava mil coisas.
Imaginava-a de echarpe, com seus lindos cabelos esvoaçando ao sabor dos ventos, sorrindo para ele. Passeando por entre monumentos franceses, imaginou-a distante, pensando quem sabe na vida. Ele, por sua vez, ficava de longe, admirando-a. Enfim, sonhava muito com o encontro.
No entanto, ao contrário do que imaginou, o encontro não foi em meio a paisagens românticas. Mas, a despeito disso, apesar de seu nervosismo, conseguiu ao menos um primeiro contato com a moça.
Contudo, ao perceber que não possuía mais desculpas para se aproximar de Marilu, Maurício ficou desolado. Como faria agora para falar com a moça?
Essa preocupação e a decepção por ter estragado tudo, ocupou-lhe mente por semanas. O que fazer para se aproximar novamente?
Tristonho, não sabia o que fazer.
Mas esta tristeza não durou muito. Isso por que, ao final de algum de tempo, Maurício finalmente tomou coragem e se aproximou.
Suzana e Cora, por sua vez, interessadas em saber o que estava acontecendo, após o término das aulas, tencionando conversar com o rapaz, foram até ele. Sequiosas de conhecerem em detalhes a história da luva, as moças ficaram bastante tempo esperando o rapaz aparecer. Contudo, passavam pessoas e nada de Maurício aparecer. Desapontadas, as duas comentavam entre si:
-- É! Não foi desta vez! – afirmou Suzana.
-- Quem sabe na próxima. – disse Cora.
Sem ter mais nada a fazer, as duas foram para suas casas.
Marilu também voltou para sua casa. Lá almoçou e foi para seu quarto.
Laura, que também estava em casa, aproveitando a presença de Marilu, foi bisbilhotar a moça. Verificando que Maria Lúcia se entretinha com os estudos, Laura aproveitou para tentar sair sorrateiramente de casa.
Porém, como ainda não havia sido liberada do castigo, Laura assim que alcançou o portão da casa, foi vista por um dos empregados que ao vê-la tão próxima da rua, mandou a mesma entrar novamente.
Laura, atrevida como sempre, bem que tentou retrucar e desobedecer a ordem. O empregado contudo, avisou, que se não o obedecesse iria imediatamente avisar sua mãe. Além disso disse que se ela saísse, teria que acertar suas contas com Rose.
Laura, percebendo que não tinha como sair, entrou furiosa em casa. Furibunda, pensava consigo mesma: ‘Isso não vai ficar assim.’
Tomada por um profundo sentimento de raiva, a moça pôs-se a pensar nos mais mirabolantes meios para sair de casa. Pensou em sair pela janela, pela porta, pelos fundos da casa. Enfim, pensou em diversas maneiras de burlar a vigilância de Rose. No entanto, nada parecia seguro o suficiente. Nesse ínterim, a moça lembrou-se da promessa de Marilu. Esta, disse que a ajudaria a convencer Rose a liberá-la do castigo.
Laura, lembrando-se disso foi até o quarto da irmã, e como quem não quer nada, foi puxando conversa. Perguntando a ela se estava muito ocupada, comentou que queria conversar um pouco.
Maria Lúcia, ao ver o comportamento aparentemente cordato da irmã, ficou surpresa. Isso por que, não era comum Laura ser gentil com as pessoas. Por esta razão, desconfiada dos propósitos da irmã, Marilu perguntou ressabiada:
-- Não. Não estou muito ocupada. Eu só estou adiantando os estudos, para já ter uma noção da matéria que será ministrada na aula que vem. – respondeu ela olhando atentamente para a irmã. – Vai. Pode falar.
Laura então falou. Perguntando a ela se não gostaria de fazer um passeio, disse que ela poderia escolher o lugar.
Maria Lúcia não entendeu nada. Como nunca foi convidada por sua irmã para fazer nada, a moça ainda não tinha percebido as verdadeiras intenções de Laura. Mas, desconfiada, sabia que por trás de tanta gentileza, havia algum interesse. Ciente disso, perguntou:
-- E eu posso saber a razão de tanto empenho? Por que você está me convidando para um passeio? Você nunca foi disso!
Laura então, aparentando tranqüilidade, respondeu que estando cansada de brigar, estava mais do que interessada em fazer as pazes com ela.
Maria Lúcia entendeu menos ainda. Analisando a atitude da irmã, pôs-se a pensar. Finalmente, passado algum tempo, lembrou-se de haver prometido a mesma que iria tentar ajudá-la a se livrar do castigo. Quando lembrou-se disso, a moça respondeu:
-- Não precisa fazer todo esse teatro. Eu sei perfeitamente o que você quer! Não precisa se preocupar, eu falarei com mamãe.
Laura, fazendo-se de desentendida, comentou que não era nada disso. Dizendo que não tinha nenhuma intenção obscura por trás do convite que fizera a ela, insistiu para que Marilu aceitasse fazer o passeio.
Laura, adotando uma nova estratégia, queria fazer de tudo para convencer a irmã de que estava mudando. Por esta razão, procurou mostrar-se simpática. Primeiramente, convidando a irmã para passear, depois, fazendo-a se convencer de que ela não merecia o castigo imposto por sua mãe.
Assim, muito embora Maria Lúcia não tenha se convencido muito da boa vontade da irmã, aos poucos, Laura, acabou por fazê-la acreditar em seu teatro.
Quando Marilu se convenceu de que a irmã estava tentando mudar, ela foi logo pedir a mãe que liberasse Laura do castigo. Dizendo que a punição se alongara demais, comentou que a irmã estava a tempos, querendo passear pela cidade, em sua companhia.
Rose, quando ouviu a conversa da filha, comentou:
-- Olhe Marilu. Eu sei que você gosta muito de Laura e quer defendê-la a todo custo. Mas o fato é que ela ultrapassou todos os limites. Se eu coloquei de castigo foi por que esta foi a única maneira que eu encontrei de colocar um freio no comportamento desenfreado de sua irmã. Você sabe que sua irmã diversas vezes, saiu escondida à noite, sem minha permissão, para se encontrar, sabe-se lá com quem.
-- Mas mãe! Pelo que sei, faz bastante tempo que ela está de castigo. Quem sabe ela não pensou melhor e resolveu mudar de idéia? Pense bem mãe. Ela não pode ter se cansado de enfrentar vocês e sempre se prejudicar?
Rose então, concordou com a filha. Contudo em razão do comportamento de Laura, a mulher mostrou-se muito reticente liberá-la do castigo.
Marilu, percebendo que não seria nada fácil convencer a mãe a liberar a irmã do castigo, pediu a ela que fizesse um teste. Se Laura se comportasse, ela a liberaria do castigo. Caso contrário, a moça continuaria proibida de sair de casa.
Rose, relutante, acabou concordando em dar uma última chance a Laura. Mas avisando que se ela não respeitasse o acordo voltaria ao castigo, deixou bem claro que não facilitaria as coisas para Laura.
Maria Lúcia comentando que todos mereciam o benefício da dúvida, foi chamar a irmã.
A moça, ao ouvir seu nome, foi perguntar a irmã, se ela havia conseguido convencer Rose a liberá-la do castigo.
Maria Lúcia, dizendo que havia conseguido fazer a mãe amenizar o castigo, recomendou a Laura, que descesse para conversar com Rose.
Laura curiosa e apreensiva desceu as escadas.
Rose então, chamou-a para uma conversa. Laura se aproximou.
Sua mãe, dizendo que havia conversado com Marilu, concordou em liberá-la do castigo.
A moça ao ouvir isso, ficou exultante.
Rose, percebendo isso disse:
-- Eu se fosse você, não ficaria tão contente ainda. Eu não disse quais são as minhas condições.
Laura ao ouvir isso, ficou preocupada.
A mulher continuou. Dizendo que ela teria que convencê-la de que merecia este voto de confiança, Rose salientou que estava de olho nela e que seria só ela fazer uma bobagem, que estaria de volta ao castigo.
Laura não gostou nem um pouco de ouvir estas palavras.
Irritada com a atitude da mãe, não pôde esconder seu desapontamento. Contudo, tentando se controlar, a moça subiu as escadas e voltando para seu quarto, não retornou mais para a sala.
Remoendo sua raiva, Laura só conseguia pensar em como faria para convencer Rose de que merecia sua confiança e assim se livrar de seu olhar vigilante.
Furiosa, a moça prometeu para si mesma que não colocaria tudo a perder. Sabedora de que não adiantava enfrentar os pais, resolveu que agora evitaria entrar em confronto com eles. Isso por que, todas vezes em que discutiu com os dois, foi ela quem acabou se prejudicando. Assim, precisava mudar sua estratégia.
E assim o fez.
Cora e Suzana, estranhando o novo comportamento da moça, comentaram que ela estava no caminho certo. Sim, por que se ela queria ter um bom relacionamento com as pessoas o primeiro passo era mudar sua atitude. Isso por que ninguém, ninguém gosta de ficar ao lado de uma pessoa desagradável.
Desta forma, as duas moças, notando que Laura estava mais sociável, foram logo elogiar sua atitude.
Laura, procurando não discutir com ninguém, agradeceu o elogio. Simpática, comentou que estava planejando um passeio com a irmã.
Cora e Suzana, quando ouviram isso, comentaram que era muito bom saber que ela estava se entendendo com Marilu. As moças, dizendo que ela era um amor, salientaram que Laura estava mais do que certa em se entender com a irmã.
Laura, percebendo que a conversa estava agradando a ambas, tratou logo de as convidar para passeio. Dizendo porém, que precisava antes perguntar a irmã se ela concordava, prometeu que em caso afirmativo, as duas poderiam acompanhá-las no aludido passeio.
Cora e Suzana, ao ouvirem a proposta, agradeceram o convite. Animadas, pediram a Laura, que assim que ela soubesse qual era a posição de Maria Lúcia, que as avisasse.
Laura, determinada a estabelecer uma nova relação com as meninas, prometeu que as avisaria.
Nisso, assim que pôde conversar com a irmã, a moça comentou que convidara Cora e Suzana para o passeio. Marilu ao ouvir as palavras de Laura, comentou que ela fizera muito bem em convidar as duas para o passeio. Dizendo que estava em débito com as duas, elogiou a atitude de Laura.
Laura agradeceu.
Com isso, foi encontrar as duas e dizer que o passeio já estava acertado.
Cora e Suzana, ao tomarem conhecimento da aquiescência de Maria Lúcia, ficaram muito contentes.
Assim, foi só uma questão de tempo para o passeio.
Caminhando pelas principais ruas de São Paulo, as quatro moças se divertiram muito. Passeando pela Rua Augusta, visitaram uma das ruas mais chiques da cidade na época. Aproveitando o passeio, as moças fazer uma visitinha a mãe que possuía um salão no local. Além disso, observando vitrines e entrando em lojas, as moças fizeram algumas compras. Depois, famintas que estavam, resolveram parar em um restaurante e almoçar.
Depois, de almoçarem e colocarem as conversas em dia, a moças voltaram a caminhar pelas ruas da cidade.
A certa altura, depois de muito caminhar, Marilu, sentindo-se cansada, pediu para as amigas darem uma pausa. Foi então, que as moças, próximas da Praça da República, resolveram atender o pedido da amiga. Marilu, apreciando a beleza do local, sentou-se e ficou apreciando a natureza que a cercava.
Nisso, Maurício, que por acaso também passava pelo local, ao vê-la sentada, absorta em pensamentos e junto a três garotas, resolveu tomar coragem e se aproximar.
Sem saber direito o que diria a ela, cumprimentou-a bem como suas amigas.
Maria Lúcia então, perguntou-lhe como ele estava.
Maurício respondeu:
-- Estou bem. Melhor agora que eu encontrei pessoas tão gentis.
Cora e Suzana sorriram.
Maria Lúcia por sua vez, dizendo que ele estava exagerando comentou que ele também era muito educado.
Maurício agradeceu o elogio e dizendo que estava muito contente por tê-la encontrado aquela hora, timidamente comentou que ficou sabendo que ela estudou um ano na Inglaterra.
A moça assentiu com a cabeça.
Maurício, ainda um pouco sem jeito, resolveu perguntar a ela, se havia gostado da viagem.
Marilu respondeu que adorou conhecer um outro país. Além disso, teve a rara oportunidade de visitar cidades da Europa que ela nem imaginava que um dia iria conhecer. Dizendo-se fascinada por aquele continente Marilu disse que se pudesse, passaria horas e horas falando a respeito de suas incursões pela Europa, bem como sobre sua estada na Inglaterra.
Maurício então, percebendo um certo constrangimento da moça, fez questão de dizer que estava deveras interessado em seu relato.
Maria Lúcia por sua vez, comentando que tinha muito a dizer, respondeu-lhe que poderia lhe contar sobre a viagem qualquer dia desses.
Maurício, ao ouvir a resposta da moça, ficou um pouco desapontado.
Marilu no entanto, percebendo o interesse do rapaz por sua viagem, prometeu a ele, que quando se encontrassem novamente e tivessem a oportunidade para conversarem mais, contaria suas peripécias na Europa. Em seguida, desculpando-se comentou que precisava ir.
Maurício ao ouvir isso, despediu-se da moça.
Marilu também se despediu.
Nisso as garotas dizendo tchau, também aproveitaram para se despedir.
Em seguida, as quatro moças pegaram suas sacolas e voltaram para suas casas.
A noite, depois de um extenuante dia de trabalho, Rose foi até o quarto das garotas ver o resultado do esperado passeio das duas.
A mulher ao ver a profusão de roupas e alguns sapatos, ficou encantada. Realmente tudo era de muito bom gosto. Curiosa, Rose foi logo perguntando as filhas, onde elas haviam comprado peças tão bonitas.
As duas responderam que compraram as roupas em várias lojas da cidade.
Rose então, percebendo que algumas peças foram compradas no Mappin, comentou que assim que tivesse um tempo livre, faria o mesmo que as filhas.
Nisso a família foi jantar. Maria Lúcia e Laura, não se cansavam de falar sobre a tarde agradabilíssima que tiveram. Rose por sua vez, quando foi perguntada pelo marido, sobre como havia sido seu dia de trabalho, comentou que corrido como sempre, mas muito bom. Paulo também falou sobre seu trabalho.
Quem via a família conversando animadamente sobre assuntos os mais variados possíveis, nem sequer podia imaginar que há pouco tempo atrás, nem tudo eram flores na vida desta família.
Realmente, estava tudo calmo.
Laura, cuidadosa, por algum tempo, deixou seus amigos suspeitos. Cautelosa, não queria por tudo a perder. Por esta razão, resolveu ao menos por algum tempo, fazer o que seus pais queriam.
Assim, seria apenas uma questão de tempo, para voltar a aprontar.
Nisso, Marilu em conversas com as amigas da escola, percebendo a aproximação de Maurício, continuou a falar.
O rapaz, tentando se aproximar, foi logo perguntando se ela podia lhe dar um pouco de sua atenção.
Marilu, ao ouvir o pedido, pediu licença as amigas e foi ter uma breve conversa com ele. Maurício então, dizendo que queria conhecer os detalhes de sua viagem, comentou que precisavam falar a sós.
Marilu ao ouvir isso, ficou espantada.
Maurício explicando-se, comentou que só queria conversar. Dizendo que ela era muito requisitada em sua escola, pediu a ela que marcasse um dia para conversarem.
Mas, procurando conter a curiosidade, simplesmente perguntou:
-- Está tudo bem com vocês?
Ao ouvirem a indagação, Maria Lúcia assentiu com a cabeça, depois respondeu:
-- Sim. Está tudo bem.
Até mesmo Paulo, já desacostumado com tanta tranqüilidade dentro de casa, estranhou.
Mas, para a felicidade de todos, o jantar transcorreu na mais profunda calma.
E as irmãs, apesar de não estarem amicíssimas, ao menos já estavam se falando, e isso já era um grande passo, já que Laura mal podia ouvir falar no nome de Marilu.
Enfim, parecia que desta vez, as coisas finalmente entrariam nos eixos.
Assim, conforme os dias se seguiram, as garotas iam e voltavam da escola. Seus pais, iam e voltavam do trabalho. E a vida seguia seu curso.
Com isso, conforme os dias e as semanas passaram, finalmente, o rapaz que havia pego uma das luvas de Marilu, se apresentou para a moça e devolveu a delicada peça.
Enquanto ela conversava com algumas garotas sobre a viagem que realizara, o rapaz aproximou-se. Dizendo que queria fazer uma devolução, pediu um minuto de sua atenção.
Ao ouvir isso, Marilu concordou e pediu licença para as amigas.
Assim, o rapaz ao perceber que seria atentamente ouvido, disse:
-- Desculpe o incômodo, mas é que eu queria devolver sua luva. Você a deixou cair no pátio, há algum tempo atrás, mas só agora eu descobri quem era a dona da peça. Aqui está. – disse ele mostrando a luva.
-- Obrigada. Foi muito gentil de sua parte procurar pela dona da peça. Agradeço muito. – disse já quase se virando.
Mas, quando fazia o gesto, Marilu foi novamente interrompida pelo rapaz.
-- Senhorita, me desculpe. Mas qual é o seu nome?
Ao perceber que estava sendo indelicada, respondeu:
-- Me desculpe. Eu me chamo Maria Lúcia. E você?
-- Maurício.
-- Muito prazer. – respondeu ela.
-- O prazer é todo meu. – respondeu ele, segurando-lhe as mãos.
Marilu, desconcertada com o gesto do rapaz, tentou afastar as mãos. No entanto, não conseguiu.
Maurício, percebendo que a moça ficara constrangida, delicadamente soltou suas mãos. Desculpou-se e despediu-se.
Marilu então, ao terminar a conversa com o rapaz, voltou a falar sobre seu passeio na Europa, e de como foi proveitoso o ano que passou na Inglaterra estudando.
Mas, suas amigas, curiosas com a conversa dela com o rapaz, começaram a lhe fazer perguntas. Queriam saber o assunto da conversa, e por que ele havia lhe dado uma luva.
Ao perceber a curiosidade das amigas, Marilu tratou de se afastar das meninas. Alegando que a conversa não teve nada de interessante, foi logo para a classe.
Não queria se expor. E assim o fez.
Maurício, que estudava em outra classe, após a conversa que teve com Marilu, foi acompanhar as aulas. Na sala de aula, procurando disfarçar seu alvoroço, pegou um livro e começou a lê-lo. E assim enquanto a aula não começava, ele lia. Isso por que, a simples visão da moça já lhe causava comoção.
Sem saber o que fazer para se aproximar dela, Maurício aproveitou-se das circunstâncias e, usando a desculpa de devolver uma luva, foi atrás da jovem.
Sim, isso por que, durante semanas apegou-se àquela luva, na frágil esperança de conseguir se aproximar de Marilu. Durante semanas, sonhou abraçado àquela luva, com ela, objeto de sua adoração.
Por dias a fio ficou imaginando como seria o encontro dos dois. Romântico, imaginava mil coisas.
Imaginava-a de echarpe, com seus lindos cabelos esvoaçando ao sabor dos ventos, sorrindo para ele. Passeando por entre monumentos franceses, imaginou-a distante, pensando quem sabe na vida. Ele, por sua vez, ficava de longe, admirando-a. Enfim, sonhava muito com o encontro.
No entanto, ao contrário do que imaginou, o encontro não foi em meio a paisagens românticas. Mas, a despeito disso, apesar de seu nervosismo, conseguiu ao menos um primeiro contato com a moça.
Contudo, ao perceber que não possuía mais desculpas para se aproximar de Marilu, Maurício ficou desolado. Como faria agora para falar com a moça?
Essa preocupação e a decepção por ter estragado tudo, ocupou-lhe mente por semanas. O que fazer para se aproximar novamente?
Tristonho, não sabia o que fazer.
Mas esta tristeza não durou muito. Isso por que, ao final de algum de tempo, Maurício finalmente tomou coragem e se aproximou.
Suzana e Cora, por sua vez, interessadas em saber o que estava acontecendo, após o término das aulas, tencionando conversar com o rapaz, foram até ele. Sequiosas de conhecerem em detalhes a história da luva, as moças ficaram bastante tempo esperando o rapaz aparecer. Contudo, passavam pessoas e nada de Maurício aparecer. Desapontadas, as duas comentavam entre si:
-- É! Não foi desta vez! – afirmou Suzana.
-- Quem sabe na próxima. – disse Cora.
Sem ter mais nada a fazer, as duas foram para suas casas.
Marilu também voltou para sua casa. Lá almoçou e foi para seu quarto.
Laura, que também estava em casa, aproveitando a presença de Marilu, foi bisbilhotar a moça. Verificando que Maria Lúcia se entretinha com os estudos, Laura aproveitou para tentar sair sorrateiramente de casa.
Porém, como ainda não havia sido liberada do castigo, Laura assim que alcançou o portão da casa, foi vista por um dos empregados que ao vê-la tão próxima da rua, mandou a mesma entrar novamente.
Laura, atrevida como sempre, bem que tentou retrucar e desobedecer a ordem. O empregado contudo, avisou, que se não o obedecesse iria imediatamente avisar sua mãe. Além disso disse que se ela saísse, teria que acertar suas contas com Rose.
Laura, percebendo que não tinha como sair, entrou furiosa em casa. Furibunda, pensava consigo mesma: ‘Isso não vai ficar assim.’
Tomada por um profundo sentimento de raiva, a moça pôs-se a pensar nos mais mirabolantes meios para sair de casa. Pensou em sair pela janela, pela porta, pelos fundos da casa. Enfim, pensou em diversas maneiras de burlar a vigilância de Rose. No entanto, nada parecia seguro o suficiente. Nesse ínterim, a moça lembrou-se da promessa de Marilu. Esta, disse que a ajudaria a convencer Rose a liberá-la do castigo.
Laura, lembrando-se disso foi até o quarto da irmã, e como quem não quer nada, foi puxando conversa. Perguntando a ela se estava muito ocupada, comentou que queria conversar um pouco.
Maria Lúcia, ao ver o comportamento aparentemente cordato da irmã, ficou surpresa. Isso por que, não era comum Laura ser gentil com as pessoas. Por esta razão, desconfiada dos propósitos da irmã, Marilu perguntou ressabiada:
-- Não. Não estou muito ocupada. Eu só estou adiantando os estudos, para já ter uma noção da matéria que será ministrada na aula que vem. – respondeu ela olhando atentamente para a irmã. – Vai. Pode falar.
Laura então falou. Perguntando a ela se não gostaria de fazer um passeio, disse que ela poderia escolher o lugar.
Maria Lúcia não entendeu nada. Como nunca foi convidada por sua irmã para fazer nada, a moça ainda não tinha percebido as verdadeiras intenções de Laura. Mas, desconfiada, sabia que por trás de tanta gentileza, havia algum interesse. Ciente disso, perguntou:
-- E eu posso saber a razão de tanto empenho? Por que você está me convidando para um passeio? Você nunca foi disso!
Laura então, aparentando tranqüilidade, respondeu que estando cansada de brigar, estava mais do que interessada em fazer as pazes com ela.
Maria Lúcia entendeu menos ainda. Analisando a atitude da irmã, pôs-se a pensar. Finalmente, passado algum tempo, lembrou-se de haver prometido a mesma que iria tentar ajudá-la a se livrar do castigo. Quando lembrou-se disso, a moça respondeu:
-- Não precisa fazer todo esse teatro. Eu sei perfeitamente o que você quer! Não precisa se preocupar, eu falarei com mamãe.
Laura, fazendo-se de desentendida, comentou que não era nada disso. Dizendo que não tinha nenhuma intenção obscura por trás do convite que fizera a ela, insistiu para que Marilu aceitasse fazer o passeio.
Laura, adotando uma nova estratégia, queria fazer de tudo para convencer a irmã de que estava mudando. Por esta razão, procurou mostrar-se simpática. Primeiramente, convidando a irmã para passear, depois, fazendo-a se convencer de que ela não merecia o castigo imposto por sua mãe.
Assim, muito embora Maria Lúcia não tenha se convencido muito da boa vontade da irmã, aos poucos, Laura, acabou por fazê-la acreditar em seu teatro.
Quando Marilu se convenceu de que a irmã estava tentando mudar, ela foi logo pedir a mãe que liberasse Laura do castigo. Dizendo que a punição se alongara demais, comentou que a irmã estava a tempos, querendo passear pela cidade, em sua companhia.
Rose, quando ouviu a conversa da filha, comentou:
-- Olhe Marilu. Eu sei que você gosta muito de Laura e quer defendê-la a todo custo. Mas o fato é que ela ultrapassou todos os limites. Se eu coloquei de castigo foi por que esta foi a única maneira que eu encontrei de colocar um freio no comportamento desenfreado de sua irmã. Você sabe que sua irmã diversas vezes, saiu escondida à noite, sem minha permissão, para se encontrar, sabe-se lá com quem.
-- Mas mãe! Pelo que sei, faz bastante tempo que ela está de castigo. Quem sabe ela não pensou melhor e resolveu mudar de idéia? Pense bem mãe. Ela não pode ter se cansado de enfrentar vocês e sempre se prejudicar?
Rose então, concordou com a filha. Contudo em razão do comportamento de Laura, a mulher mostrou-se muito reticente liberá-la do castigo.
Marilu, percebendo que não seria nada fácil convencer a mãe a liberar a irmã do castigo, pediu a ela que fizesse um teste. Se Laura se comportasse, ela a liberaria do castigo. Caso contrário, a moça continuaria proibida de sair de casa.
Rose, relutante, acabou concordando em dar uma última chance a Laura. Mas avisando que se ela não respeitasse o acordo voltaria ao castigo, deixou bem claro que não facilitaria as coisas para Laura.
Maria Lúcia comentando que todos mereciam o benefício da dúvida, foi chamar a irmã.
A moça, ao ouvir seu nome, foi perguntar a irmã, se ela havia conseguido convencer Rose a liberá-la do castigo.
Maria Lúcia, dizendo que havia conseguido fazer a mãe amenizar o castigo, recomendou a Laura, que descesse para conversar com Rose.
Laura curiosa e apreensiva desceu as escadas.
Rose então, chamou-a para uma conversa. Laura se aproximou.
Sua mãe, dizendo que havia conversado com Marilu, concordou em liberá-la do castigo.
A moça ao ouvir isso, ficou exultante.
Rose, percebendo isso disse:
-- Eu se fosse você, não ficaria tão contente ainda. Eu não disse quais são as minhas condições.
Laura ao ouvir isso, ficou preocupada.
A mulher continuou. Dizendo que ela teria que convencê-la de que merecia este voto de confiança, Rose salientou que estava de olho nela e que seria só ela fazer uma bobagem, que estaria de volta ao castigo.
Laura não gostou nem um pouco de ouvir estas palavras.
Irritada com a atitude da mãe, não pôde esconder seu desapontamento. Contudo, tentando se controlar, a moça subiu as escadas e voltando para seu quarto, não retornou mais para a sala.
Remoendo sua raiva, Laura só conseguia pensar em como faria para convencer Rose de que merecia sua confiança e assim se livrar de seu olhar vigilante.
Furiosa, a moça prometeu para si mesma que não colocaria tudo a perder. Sabedora de que não adiantava enfrentar os pais, resolveu que agora evitaria entrar em confronto com eles. Isso por que, todas vezes em que discutiu com os dois, foi ela quem acabou se prejudicando. Assim, precisava mudar sua estratégia.
E assim o fez.
Cora e Suzana, estranhando o novo comportamento da moça, comentaram que ela estava no caminho certo. Sim, por que se ela queria ter um bom relacionamento com as pessoas o primeiro passo era mudar sua atitude. Isso por que ninguém, ninguém gosta de ficar ao lado de uma pessoa desagradável.
Desta forma, as duas moças, notando que Laura estava mais sociável, foram logo elogiar sua atitude.
Laura, procurando não discutir com ninguém, agradeceu o elogio. Simpática, comentou que estava planejando um passeio com a irmã.
Cora e Suzana, quando ouviram isso, comentaram que era muito bom saber que ela estava se entendendo com Marilu. As moças, dizendo que ela era um amor, salientaram que Laura estava mais do que certa em se entender com a irmã.
Laura, percebendo que a conversa estava agradando a ambas, tratou logo de as convidar para passeio. Dizendo porém, que precisava antes perguntar a irmã se ela concordava, prometeu que em caso afirmativo, as duas poderiam acompanhá-las no aludido passeio.
Cora e Suzana, ao ouvirem a proposta, agradeceram o convite. Animadas, pediram a Laura, que assim que ela soubesse qual era a posição de Maria Lúcia, que as avisasse.
Laura, determinada a estabelecer uma nova relação com as meninas, prometeu que as avisaria.
Nisso, assim que pôde conversar com a irmã, a moça comentou que convidara Cora e Suzana para o passeio. Marilu ao ouvir as palavras de Laura, comentou que ela fizera muito bem em convidar as duas para o passeio. Dizendo que estava em débito com as duas, elogiou a atitude de Laura.
Laura agradeceu.
Com isso, foi encontrar as duas e dizer que o passeio já estava acertado.
Cora e Suzana, ao tomarem conhecimento da aquiescência de Maria Lúcia, ficaram muito contentes.
Assim, foi só uma questão de tempo para o passeio.
Caminhando pelas principais ruas de São Paulo, as quatro moças se divertiram muito. Passeando pela Rua Augusta, visitaram uma das ruas mais chiques da cidade na época. Aproveitando o passeio, as moças fazer uma visitinha a mãe que possuía um salão no local. Além disso, observando vitrines e entrando em lojas, as moças fizeram algumas compras. Depois, famintas que estavam, resolveram parar em um restaurante e almoçar.
Depois, de almoçarem e colocarem as conversas em dia, a moças voltaram a caminhar pelas ruas da cidade.
A certa altura, depois de muito caminhar, Marilu, sentindo-se cansada, pediu para as amigas darem uma pausa. Foi então, que as moças, próximas da Praça da República, resolveram atender o pedido da amiga. Marilu, apreciando a beleza do local, sentou-se e ficou apreciando a natureza que a cercava.
Nisso, Maurício, que por acaso também passava pelo local, ao vê-la sentada, absorta em pensamentos e junto a três garotas, resolveu tomar coragem e se aproximar.
Sem saber direito o que diria a ela, cumprimentou-a bem como suas amigas.
Maria Lúcia então, perguntou-lhe como ele estava.
Maurício respondeu:
-- Estou bem. Melhor agora que eu encontrei pessoas tão gentis.
Cora e Suzana sorriram.
Maria Lúcia por sua vez, dizendo que ele estava exagerando comentou que ele também era muito educado.
Maurício agradeceu o elogio e dizendo que estava muito contente por tê-la encontrado aquela hora, timidamente comentou que ficou sabendo que ela estudou um ano na Inglaterra.
A moça assentiu com a cabeça.
Maurício, ainda um pouco sem jeito, resolveu perguntar a ela, se havia gostado da viagem.
Marilu respondeu que adorou conhecer um outro país. Além disso, teve a rara oportunidade de visitar cidades da Europa que ela nem imaginava que um dia iria conhecer. Dizendo-se fascinada por aquele continente Marilu disse que se pudesse, passaria horas e horas falando a respeito de suas incursões pela Europa, bem como sobre sua estada na Inglaterra.
Maurício então, percebendo um certo constrangimento da moça, fez questão de dizer que estava deveras interessado em seu relato.
Maria Lúcia por sua vez, comentando que tinha muito a dizer, respondeu-lhe que poderia lhe contar sobre a viagem qualquer dia desses.
Maurício, ao ouvir a resposta da moça, ficou um pouco desapontado.
Marilu no entanto, percebendo o interesse do rapaz por sua viagem, prometeu a ele, que quando se encontrassem novamente e tivessem a oportunidade para conversarem mais, contaria suas peripécias na Europa. Em seguida, desculpando-se comentou que precisava ir.
Maurício ao ouvir isso, despediu-se da moça.
Marilu também se despediu.
Nisso as garotas dizendo tchau, também aproveitaram para se despedir.
Em seguida, as quatro moças pegaram suas sacolas e voltaram para suas casas.
A noite, depois de um extenuante dia de trabalho, Rose foi até o quarto das garotas ver o resultado do esperado passeio das duas.
A mulher ao ver a profusão de roupas e alguns sapatos, ficou encantada. Realmente tudo era de muito bom gosto. Curiosa, Rose foi logo perguntando as filhas, onde elas haviam comprado peças tão bonitas.
As duas responderam que compraram as roupas em várias lojas da cidade.
Rose então, percebendo que algumas peças foram compradas no Mappin, comentou que assim que tivesse um tempo livre, faria o mesmo que as filhas.
Nisso a família foi jantar. Maria Lúcia e Laura, não se cansavam de falar sobre a tarde agradabilíssima que tiveram. Rose por sua vez, quando foi perguntada pelo marido, sobre como havia sido seu dia de trabalho, comentou que corrido como sempre, mas muito bom. Paulo também falou sobre seu trabalho.
Quem via a família conversando animadamente sobre assuntos os mais variados possíveis, nem sequer podia imaginar que há pouco tempo atrás, nem tudo eram flores na vida desta família.
Realmente, estava tudo calmo.
Laura, cuidadosa, por algum tempo, deixou seus amigos suspeitos. Cautelosa, não queria por tudo a perder. Por esta razão, resolveu ao menos por algum tempo, fazer o que seus pais queriam.
Assim, seria apenas uma questão de tempo, para voltar a aprontar.
Nisso, Marilu em conversas com as amigas da escola, percebendo a aproximação de Maurício, continuou a falar.
O rapaz, tentando se aproximar, foi logo perguntando se ela podia lhe dar um pouco de sua atenção.
Marilu, ao ouvir o pedido, pediu licença as amigas e foi ter uma breve conversa com ele. Maurício então, dizendo que queria conhecer os detalhes de sua viagem, comentou que precisavam falar a sós.
Marilu ao ouvir isso, ficou espantada.
Maurício explicando-se, comentou que só queria conversar. Dizendo que ela era muito requisitada em sua escola, pediu a ela que marcasse um dia para conversarem.
Maria Lúcia, relutante, diante dos apelos do rapaz acabou concordando.
Assim, depois de muita insistência, a moça combinou que se encontrariam. Dali a poucos dias, os dois se encontrariam em um cinema.
O rapaz, satisfeito, agradeceu a moça e retirou-se.
Marilu então, ao voltar a falar com as amigas, percebeu que as mesmas, depois de verem o rapaz se aproximando passaram fazer perguntas a respeito do mesmo. Curiosas, queriam saber seu nome, se era namorado dela, etc.
A moça ao perceber isso, incomodada com tantas perguntas resolveu ir até a sala de aula. Cansada de tantas perguntas, já havia se aborrecido quando Cora e Suzana, que depois de verem o rapaz se aproximar e conversar com ela, não pararam de inquiri-la a respeito dele.
Marilu era muito gentil, mas não gostava quando as pessoas começavam a fazer perguntas pessoais. Por isso mesmo, sempre que a conversa tomava esse rumo, ela fazia questão de desconversar e procurando fugir do fogo cruzado, ficava sozinha.
Cora e Suzana, percebendo isso, pararam de fazer perguntas. Mas desconfiadas de que Maurício estava interessada na moça, as duas não paravam de especular.
Laura, como quem não queria nada, não perdia a oportunidade de ouvir as duas falando sobre isso. Curiosa para saber mais detalhes, deixava as duas falarem sobre o assunto. Isso por que, assim que descobrisse um pouco fraco da irmã, sabia que poderia usá-lo em seu favor.
Contudo, não seria nada fácil descobrir o havia entre os dois.
Toda vez que Laura tentava sondar a irmã a este respeito, ouvia como resposta que não havia nada demais.
No entanto, depois de muito ser inquirida sobre o assunto, Marilu irritada, respondeu que ninguém tinha nada com isso.
Laura, ao ouvir a resposta da irmã, começou a desconfiar da mesma.
Nisso Maurício, ansioso por poder falar com Maria Lúcia sem a interferência de suas amigas, finalmente pôde realizar seu intento.
Gentil, o rapaz combinou o encontro a tarde. Vestido com um terno ele aguardou Maria Lúcia que usava um tailler. Na matinê, os dois estavam elegantemente trajados. Como exigência da época, para se entrar nos cinemas as pessoas precisavam usar trajes sociais. Por isso mesmo necessário se fazia pôr-se elegante.
Durante a sessão, os dois se deslumbraram. Hollywood, a fábrica de sonhos americana, sabia como ninguém fazer grandes filmes. Marilu, encantada com a fita, ao sair do cinema, não se cansou de comentar sobre a beleza do filme.
Maurício, encantado com a moça, deixava-a falar.
Porém a certa altura, a moça, sem ter o que dizer, calou-se.
O rapaz, dizendo então que estava curioso para saber como havia sido sua viagem, pediu para que ela lhe contasse detalhes do passeio.
A moça começou a contar-lhe então, como fora a viagem.
Depois que saíram do cinema, o rapaz, fazendo questão de prolongar o passeio, convidou-a para ir com ele até uma lanchonete.
Marilu tentou recusar, mas Maurício, dizendo que ficaria muito aborrecido se ela declinasse o convite, acabou convencendo-a a acompanhá-lo.
E assim foi. Lá, pedindo um sanduíche e um milk-shake para cada um, o rapaz sugeriu que ela contasse como fora sua estada no Velho Continente.
Marilu então começou a contar. Dizendo que escolhera a Inglaterra para estudar em razão do fato de saber inglês, comentou que aquela foi a porta de entrada para conhecer muitos outros países. Alegando que conhecera muita coisa na Europa, contou em detalhes tudo o que viu.
Maurício, empolgado com o relato, praticamente só ouvia o que a moça tinha a dizer. Educadamente, nas poucas vezes em que interrompeu a conversa só o fez para elogiar a moça. Dizendo que a Europa era fascinante, comentou que ela fora muito corajosa em fazer todos esses passeios.
Por sua vez, Maria Lúcia agradecia os elogios feitos e continuava a falar sobre a viagem.
Quando o garçom trouxe o lanche, Maurício e agradeceu e convidando-a a comer, deixou que ela fizesse uma pequena pausa em sua narrativa. E assim, os dois se deliciaram com a comida.
Depois, Maria Lúcia continuou a falar sobre o passeio. Maurício atento, parecia sorver suas palavras. E a moça, animada, continuou conversando. Ao final de algum tempo, percebendo que o rapaz nada dizia, ela perguntou:
-- E você, não diz nada?
Maurício respondeu então:
-- Não. Diante de um relato tão fascinante, eu não tenho nada para acrescentar. Quer dizer, exceto quanto a um ponto: Eu estou morrendo de inveja. Maria Lúcia, você viajou praticamente o mundo inteiro. O mais surpreendente é que você bem nova. Geralmente quem tem essas histórias para contar são as pessoas mais velhas. Isso é fascinante. Você sabe viver a vida intensamente.
Marilu sorriu.
Maurício então continuou:
-- Eu sei que fui bastante impertinente em te interpelar daquela maneira. Mas se eu não tivesse feito isso, certamente não teria tido o privilégio de ouvir histórias tão fascinantes.
Marilu, ao ouvir elogio agradeceu. No entanto, uma coisa a intrigava. Se estudavam no mesmo colégio, como ele nunca conseguia se aproximar dela?
Maurício então respondeu:
-- É por que você é muito solicitada. Mesmo assim eu percebi quando a senhorita deixou cair sua luva. E foi assim que comecei a me aproximar.
Marilu entendeu então.
Maurício, comentando então, que não entendia o sistema anterior, no qual moças e rapazes tinham que estudar separados, criticou a este.
Maria Lúcia, dizendo que não sabia o que dizer a este respeito, já que sempre estudara em colégio de moças, comentou que estava se acostumando com os sistema misto.
Maurício, percebendo que o assunto estava ficando polêmico demais, resolveu contar amenidades. Dizendo que conhecia muito pouco da Europa, comentou com Maria Lúcia que um dia ainda faria uma longa viagem para conhecer todo aquele continente.
A moça ao ouvir as palavras do rapaz, comentou que deveria mesmo fazê-lo. Ver ‘in loco’ tudo era ensinado em sala de aula era bem melhor do que simplesmente ouvir dizer que tudo aquilo existia.
Maurício concordou.
E assim, os dois ficaram longamente conversando.
Desta forma Marilu pôde finalmente perceber que o rapaz era uma ótima pessoa.
A certa altura, Maurício ao perguntar as horas para o garçom, o mesmo lhe respondeu.
Marilu então, percebendo o adiantado da hora, comentou que precisava voltar para casa.
Maurício, percebendo a aflição da moça, prometeu acompanhá-la.
Marilu, tentou recusar a oferta, mas o rapaz, dizendo que era muito tarde para ela sair por aí, andando sozinha, fez questão de acompanhá-la até sua casa.
Laura, que vinha bisbilhotando a vida da irmã, ao olhar pela janela, percebeu que um rapaz a acompanhava. Da janela ela viu quando os dois se despediram pouco antes de Marilu se aproximar de casa.
Quando Marilu entrou em casa, Rose a esperava na sala. Dizendo que a filha havia se demorado, perguntou se havia encontrado com alguma de suas amigas da escola.
A moça, surpresa foi logo respondendo que sim.
Laura porém, sabia que isto não era verdade. Isso por que, se a moça tinha vindo acompanhada por um rapaz era por que tinha passado a tarde inteira com ele. Ao chegar a esta conclusão, Laura percebeu que tinha um trunfo nas mãos. Com ele poderia forçar Maria Lúcia a ajudá-la a sair de casa.
Dessa forma, Laura, tentando encontrar uma maneira de dizer a irmã o que sabia, ficou a sondá-la por muito tempo. Aguardando a oportunidade certa para dizer o que sabia, esperou Marilu cair em contradição para falar que a havia visto chegar em casa com um rapaz.
Com isso, dias depois...
Assim que Maria Lúcia acabou de conversar com a mãe – como sempre fazia –, foi até seu quarto. Para seu espanto, Laura a esperava.
Marilu surpresa com a presença da moça em seu quarto, perguntou logo:
-- O que você está fazendo aí?
-- Nada demais. Só estava esperando você chegar. – respondeu ela, ávida para que Marilu revelasse o nome do estranho com quem estava saindo.
Laura, apesar de curiosa, tentava não demonstrar seu interesse no assunto. Por isso, como quem não queria nada, a moça começou a perguntar a Marilu sobre os passeios que vinha fazendo ultimamente.
Marilu, dizendo que fazia caminhadas com as amigas, comentou que não havia sido nada demais.
Laura porém, não ficou satisfeita. Insinuando que ela parecia estar se divertido muito, insistiu em perguntar com quem ela estava saindo.
Marilu contudo, não respondeu o que Laura gostaria de ouvir.
Contudo, com o passar dos dias, incomodada com as perguntas de Laura, Marilu acabou deixando escapar que ela e Maurício conversaram muito sobre sua viagem.
Laura por sua vez, cansada de fingir que não sabia de nada, revelou a irmã que a viu chegando com um estranho em casa, certo dia.
Marilu ao ouvir isso tentou se fazer de desentendida, mas não deu certo.
Laura irritada, respondeu que não agüentava mais tanta dissimulação. Além disso, ameaçou contar a mãe delas o que havia visto.
Marilu ao perceber a intenção da irmã, ficou espantada com sua atitude. Dizendo que não esperava uma atitude dessas dela, deixou bem claro que estava profundamente decepcionada.
Laura porém, não se importou nem um pouco com a atitude da irmã. Comentando que o que ela pensava a seu respeito não lhe interessava nem um pouco, exigiu que Marilu a ajudasse a convencer Rose de que ela podia sair de casa a hora que quisesse. Além disso, Rose não precisava ficar vigiando-a, já que a moça havia se comportado muito bem nos últimos tempos.
Marilu, ao ouvir o pedido de Laura, comentou que não poderia atendê-lo.
Laura, irritada com o comportamento relutante da irmã, ameaçou novamente contar a Rose o que havia visto.
Maria Lúcia aborrecida, ao ver-se sendo chantageada pela irmã, disse em tom irritado:
-- Não me amole!
Em seguida, arrastou Laura para fora do quarto.
A garota irritada, ao ver-se sendo empurrada, respondeu:
-- Não empurra.
Maria Lúcia no entanto, continuou empurrando-a até tirá-la de seu quarto. Ao deixá-la para fora, fechou a porta e trancou-se.
Laura sentindo-se desrespeitada pela irmã, prometeu que contaria tudo a sua mãe. Gritando na frente da porta do quarto de Marilu, a moça acabou chamando a atenção de seus pais, que ao ouvirem os berros, foram até o segundo andar da residência para saber o que estava acontecendo.
Laura, ao perceber a aproximação, tratou logo de ir para seu quarto e se esconder. Precavida, deitou-se na cama e fingindo dormir, esperou sua mãe entrar no quarto.
Rose e Paulo, preocupados, foram primeiramente até o quarto de Marilu. Ao chegarem em frente ao mesmo bateram na porta.
Contudo, Marilu não os atendeu.
Em razão disso, o casal foi até o quarto da filha mais nova.
Para espanto de Rose, Laura estava dormindo.
Assim, depois de muita insistência, a moça combinou que se encontrariam. Dali a poucos dias, os dois se encontrariam em um cinema.
O rapaz, satisfeito, agradeceu a moça e retirou-se.
Marilu então, ao voltar a falar com as amigas, percebeu que as mesmas, depois de verem o rapaz se aproximando passaram fazer perguntas a respeito do mesmo. Curiosas, queriam saber seu nome, se era namorado dela, etc.
A moça ao perceber isso, incomodada com tantas perguntas resolveu ir até a sala de aula. Cansada de tantas perguntas, já havia se aborrecido quando Cora e Suzana, que depois de verem o rapaz se aproximar e conversar com ela, não pararam de inquiri-la a respeito dele.
Marilu era muito gentil, mas não gostava quando as pessoas começavam a fazer perguntas pessoais. Por isso mesmo, sempre que a conversa tomava esse rumo, ela fazia questão de desconversar e procurando fugir do fogo cruzado, ficava sozinha.
Cora e Suzana, percebendo isso, pararam de fazer perguntas. Mas desconfiadas de que Maurício estava interessada na moça, as duas não paravam de especular.
Laura, como quem não queria nada, não perdia a oportunidade de ouvir as duas falando sobre isso. Curiosa para saber mais detalhes, deixava as duas falarem sobre o assunto. Isso por que, assim que descobrisse um pouco fraco da irmã, sabia que poderia usá-lo em seu favor.
Contudo, não seria nada fácil descobrir o havia entre os dois.
Toda vez que Laura tentava sondar a irmã a este respeito, ouvia como resposta que não havia nada demais.
No entanto, depois de muito ser inquirida sobre o assunto, Marilu irritada, respondeu que ninguém tinha nada com isso.
Laura, ao ouvir a resposta da irmã, começou a desconfiar da mesma.
Nisso Maurício, ansioso por poder falar com Maria Lúcia sem a interferência de suas amigas, finalmente pôde realizar seu intento.
Gentil, o rapaz combinou o encontro a tarde. Vestido com um terno ele aguardou Maria Lúcia que usava um tailler. Na matinê, os dois estavam elegantemente trajados. Como exigência da época, para se entrar nos cinemas as pessoas precisavam usar trajes sociais. Por isso mesmo necessário se fazia pôr-se elegante.
Durante a sessão, os dois se deslumbraram. Hollywood, a fábrica de sonhos americana, sabia como ninguém fazer grandes filmes. Marilu, encantada com a fita, ao sair do cinema, não se cansou de comentar sobre a beleza do filme.
Maurício, encantado com a moça, deixava-a falar.
Porém a certa altura, a moça, sem ter o que dizer, calou-se.
O rapaz, dizendo então que estava curioso para saber como havia sido sua viagem, pediu para que ela lhe contasse detalhes do passeio.
A moça começou a contar-lhe então, como fora a viagem.
Depois que saíram do cinema, o rapaz, fazendo questão de prolongar o passeio, convidou-a para ir com ele até uma lanchonete.
Marilu tentou recusar, mas Maurício, dizendo que ficaria muito aborrecido se ela declinasse o convite, acabou convencendo-a a acompanhá-lo.
E assim foi. Lá, pedindo um sanduíche e um milk-shake para cada um, o rapaz sugeriu que ela contasse como fora sua estada no Velho Continente.
Marilu então começou a contar. Dizendo que escolhera a Inglaterra para estudar em razão do fato de saber inglês, comentou que aquela foi a porta de entrada para conhecer muitos outros países. Alegando que conhecera muita coisa na Europa, contou em detalhes tudo o que viu.
Maurício, empolgado com o relato, praticamente só ouvia o que a moça tinha a dizer. Educadamente, nas poucas vezes em que interrompeu a conversa só o fez para elogiar a moça. Dizendo que a Europa era fascinante, comentou que ela fora muito corajosa em fazer todos esses passeios.
Por sua vez, Maria Lúcia agradecia os elogios feitos e continuava a falar sobre a viagem.
Quando o garçom trouxe o lanche, Maurício e agradeceu e convidando-a a comer, deixou que ela fizesse uma pequena pausa em sua narrativa. E assim, os dois se deliciaram com a comida.
Depois, Maria Lúcia continuou a falar sobre o passeio. Maurício atento, parecia sorver suas palavras. E a moça, animada, continuou conversando. Ao final de algum tempo, percebendo que o rapaz nada dizia, ela perguntou:
-- E você, não diz nada?
Maurício respondeu então:
-- Não. Diante de um relato tão fascinante, eu não tenho nada para acrescentar. Quer dizer, exceto quanto a um ponto: Eu estou morrendo de inveja. Maria Lúcia, você viajou praticamente o mundo inteiro. O mais surpreendente é que você bem nova. Geralmente quem tem essas histórias para contar são as pessoas mais velhas. Isso é fascinante. Você sabe viver a vida intensamente.
Marilu sorriu.
Maurício então continuou:
-- Eu sei que fui bastante impertinente em te interpelar daquela maneira. Mas se eu não tivesse feito isso, certamente não teria tido o privilégio de ouvir histórias tão fascinantes.
Marilu, ao ouvir elogio agradeceu. No entanto, uma coisa a intrigava. Se estudavam no mesmo colégio, como ele nunca conseguia se aproximar dela?
Maurício então respondeu:
-- É por que você é muito solicitada. Mesmo assim eu percebi quando a senhorita deixou cair sua luva. E foi assim que comecei a me aproximar.
Marilu entendeu então.
Maurício, comentando então, que não entendia o sistema anterior, no qual moças e rapazes tinham que estudar separados, criticou a este.
Maria Lúcia, dizendo que não sabia o que dizer a este respeito, já que sempre estudara em colégio de moças, comentou que estava se acostumando com os sistema misto.
Maurício, percebendo que o assunto estava ficando polêmico demais, resolveu contar amenidades. Dizendo que conhecia muito pouco da Europa, comentou com Maria Lúcia que um dia ainda faria uma longa viagem para conhecer todo aquele continente.
A moça ao ouvir as palavras do rapaz, comentou que deveria mesmo fazê-lo. Ver ‘in loco’ tudo era ensinado em sala de aula era bem melhor do que simplesmente ouvir dizer que tudo aquilo existia.
Maurício concordou.
E assim, os dois ficaram longamente conversando.
Desta forma Marilu pôde finalmente perceber que o rapaz era uma ótima pessoa.
A certa altura, Maurício ao perguntar as horas para o garçom, o mesmo lhe respondeu.
Marilu então, percebendo o adiantado da hora, comentou que precisava voltar para casa.
Maurício, percebendo a aflição da moça, prometeu acompanhá-la.
Marilu, tentou recusar a oferta, mas o rapaz, dizendo que era muito tarde para ela sair por aí, andando sozinha, fez questão de acompanhá-la até sua casa.
Laura, que vinha bisbilhotando a vida da irmã, ao olhar pela janela, percebeu que um rapaz a acompanhava. Da janela ela viu quando os dois se despediram pouco antes de Marilu se aproximar de casa.
Quando Marilu entrou em casa, Rose a esperava na sala. Dizendo que a filha havia se demorado, perguntou se havia encontrado com alguma de suas amigas da escola.
A moça, surpresa foi logo respondendo que sim.
Laura porém, sabia que isto não era verdade. Isso por que, se a moça tinha vindo acompanhada por um rapaz era por que tinha passado a tarde inteira com ele. Ao chegar a esta conclusão, Laura percebeu que tinha um trunfo nas mãos. Com ele poderia forçar Maria Lúcia a ajudá-la a sair de casa.
Dessa forma, Laura, tentando encontrar uma maneira de dizer a irmã o que sabia, ficou a sondá-la por muito tempo. Aguardando a oportunidade certa para dizer o que sabia, esperou Marilu cair em contradição para falar que a havia visto chegar em casa com um rapaz.
Com isso, dias depois...
Assim que Maria Lúcia acabou de conversar com a mãe – como sempre fazia –, foi até seu quarto. Para seu espanto, Laura a esperava.
Marilu surpresa com a presença da moça em seu quarto, perguntou logo:
-- O que você está fazendo aí?
-- Nada demais. Só estava esperando você chegar. – respondeu ela, ávida para que Marilu revelasse o nome do estranho com quem estava saindo.
Laura, apesar de curiosa, tentava não demonstrar seu interesse no assunto. Por isso, como quem não queria nada, a moça começou a perguntar a Marilu sobre os passeios que vinha fazendo ultimamente.
Marilu, dizendo que fazia caminhadas com as amigas, comentou que não havia sido nada demais.
Laura porém, não ficou satisfeita. Insinuando que ela parecia estar se divertido muito, insistiu em perguntar com quem ela estava saindo.
Marilu contudo, não respondeu o que Laura gostaria de ouvir.
Contudo, com o passar dos dias, incomodada com as perguntas de Laura, Marilu acabou deixando escapar que ela e Maurício conversaram muito sobre sua viagem.
Laura por sua vez, cansada de fingir que não sabia de nada, revelou a irmã que a viu chegando com um estranho em casa, certo dia.
Marilu ao ouvir isso tentou se fazer de desentendida, mas não deu certo.
Laura irritada, respondeu que não agüentava mais tanta dissimulação. Além disso, ameaçou contar a mãe delas o que havia visto.
Marilu ao perceber a intenção da irmã, ficou espantada com sua atitude. Dizendo que não esperava uma atitude dessas dela, deixou bem claro que estava profundamente decepcionada.
Laura porém, não se importou nem um pouco com a atitude da irmã. Comentando que o que ela pensava a seu respeito não lhe interessava nem um pouco, exigiu que Marilu a ajudasse a convencer Rose de que ela podia sair de casa a hora que quisesse. Além disso, Rose não precisava ficar vigiando-a, já que a moça havia se comportado muito bem nos últimos tempos.
Marilu, ao ouvir o pedido de Laura, comentou que não poderia atendê-lo.
Laura, irritada com o comportamento relutante da irmã, ameaçou novamente contar a Rose o que havia visto.
Maria Lúcia aborrecida, ao ver-se sendo chantageada pela irmã, disse em tom irritado:
-- Não me amole!
Em seguida, arrastou Laura para fora do quarto.
A garota irritada, ao ver-se sendo empurrada, respondeu:
-- Não empurra.
Maria Lúcia no entanto, continuou empurrando-a até tirá-la de seu quarto. Ao deixá-la para fora, fechou a porta e trancou-se.
Laura sentindo-se desrespeitada pela irmã, prometeu que contaria tudo a sua mãe. Gritando na frente da porta do quarto de Marilu, a moça acabou chamando a atenção de seus pais, que ao ouvirem os berros, foram até o segundo andar da residência para saber o que estava acontecendo.
Laura, ao perceber a aproximação, tratou logo de ir para seu quarto e se esconder. Precavida, deitou-se na cama e fingindo dormir, esperou sua mãe entrar no quarto.
Rose e Paulo, preocupados, foram primeiramente até o quarto de Marilu. Ao chegarem em frente ao mesmo bateram na porta.
Contudo, Marilu não os atendeu.
Em razão disso, o casal foi até o quarto da filha mais nova.
Para espanto de Rose, Laura estava dormindo.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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