Com isso, durante os meses que se seguiram, Ticiano viveu como pôde. Ora escondendo-se de José e dos peões que partiram em seu encalço, ora prestando alguns serviços para os homens ilustres dos locais por onde passava.
Por todo esse tempo, trabalhou em muitas coisas, como em lojas, tratando de animais, etc.
Em sua vida incerta, Ticiano chegou até ficar algumas vezes em pequenas propriedades de sitiantes. Mas ressabiado, nunca se hospedou em fazendas. Temia ser reconhecido por algum dos inúmeros amigos de José Vieira.
Além do mais, o rapaz possuía um bom dinheiro guardado. Dinheiro este que amealhou durante os anos em que trabalhou para o referido fazendeiro. Afinal de contas, independente da fuga, tencionava um dia, sair dali.
Não pretendia ficar ali por muito tempo. Aliás, dada a quantidade de anos em que por lá viveu, passou tempo demais por lá. Exceto por sua primeira casa, nunca havia passado tanto tempo em um mesmo lugar.
E, apesar de tudo, gostou de ter vivido por lá. Na Fazenda Passárgada, era respeitado, tinha amigos, bem como tinha um belo futuro pela frente. Mas, ainda assim, inesperadamente tudo isso lhe foi arrancado.
Tal fato o magoou deveras. Nunca esperou por isso. Nunca imaginou que pudesse mais uma vez, ser atraiçoado pela vida.
Realmente estava cansado. Cansado de tudo. Cansado da vida.
Muitas coisas aconteceram em sua vida, e já há muito estava só. Desolado, sentia a falta de um simples amigo. Alguém com quem pudesse conversar.
Um dia, finalmente, depois de muitas andanças, Ticiano acabou por chegar em um bom lugar para se viver. Nesse lugar arrumou um trabalho definitivo, e novamente voltou a fazer o que gostava.
Como já havia trabalhado com animais, e dada a destreza com que realizava seu trabalho, passou logo a chamar a atenção de fazendeiros de cidades da região, e até mesmo de alguns militares que o viam trabalhar.
Todos diziam a ele, que dada sua habilidade para o trabalho pesado, deveria tentar fazer algo mais nobre do que ser um simples cavalariço. Afirmavam ainda, que com seu jeito com animais, poderia facilmente entrar no exército como um cavalariano. Assim se nota que estes, não se cansavam de elogiar o rapaz.
E assim, de tanto lhe falarem isso, acabaram convencendo Ticiano.
Isso por que, depois de muito falarem, finalmente o rapaz capitulou e foi com os soldados, se inscrever para servir no exército. Como condição para que o fizesse, Ticiano disse que queria que continuar cuidando dos animais. Com isso, todos concordaram, pois seria um erro não deixá-lo fazer tal coisa.
E assim, três deles acompanharam o rapaz até lá.
Ao chegar no quartel, Ticiano foi logo informando que queria se alistar visando pertencer os quadros do exército. Como era esperado, tencionava servir como oficial cavalariano. Contudo, como também era de se imaginar, teria que esperar o momento certo para ser chamado. Aí realizaria alguns testes, e, em sendo aprovado, passaria a fazer parte do exército.
Por esta razão, Ticiano teve que esperar pacientemente para ser chamado.
Com isso, depois de alguns meses, o rapaz realizou alguns testes, inclusive de aptidão física e foi aprovado.
Pronto, finalmente Ticiano possuía um trabalho certo.
A partir daí, passou a ser treinado para desempenhar suas funções. Além de treinar sua montaria, o rapaz precisava também cuidar dos animais. Não bastasse isso, como era novato, Ticiano teve que se submeter a uma espécie de batismo.
Seus colegas de farda exigiam que ele executasse algumas tarefas a mais. Assim, além de ter de realizar seu trabalho, ainda era obrigado a desempenhar as funções alheias. Por esta razão, era ele quem cuidava de boa parte dos animais do estábulo.
Zeloso com animais, Tício cuidava de sua alimentação, os lavava, enfim, cumpria com suas funções.
Mas como tudo muda, depois de alguns meses trabalhando muito, finalmente foi liberado do ‘batismo’. Agora seriam os novos soldados que executariam parte do seu trabalho.
Dessarte, apesar do batismo e de todo o seu trabalho, Ticiano estava gostando de ter um emprego definitivo. Gostava de seus companheiros de quarto, e não tinha nenhuma queixa com relação ao trabalho.
Pela primeira vez na vida, o rapaz tinha um emprego em que podia permanecer por um longo tempo se quisesse.
E assim, conforme o tempo passava, Ticiano passou a conhecer melhor seus companheiros de quarto, e seus colegas de profissão. Durante esse tempo, o rapaz chegou a participar de alguns atos solenes nas festividades da cidade.
Em um deles, enquanto o cortejo dos militares passava, lá estava ele, montado em seu cavalo, usando o melhor traje dos oficiais, e participando da celebração. Nestes desfiles cívicos, todos os militares, oficiais, cadetes, enfim, todos aqueles que serviam o exército, estavam presentes a cerimônia. Com seus trajes de gala, caminhavam pelas principais ruas da cidade.
Tais desfiles, eram sempre em datas comemorativas oficiais. Sete de Setembro, Quinze de Outubro, no dia do aniversário da cidade, e em comemorações relativas ao exército.
Mas eram sempre um acontecimento na cidade. Todo mundo ia as ruas, admirar a marcha dos militares. Animados, os moradores observavam atentos, cada detalhe do desfile, muito embora já tivessem visto a cena, algumas centenas de vezes. Mas não se cansavam de admirar.
Para muitos, tal exibição era um encantamento, e o exército, era uma possibilidade de melhorarem de vida, tendo-se em vista que a região, além de abrigar muitos homens de posses, abrigava também os desvalidos, e os que sonhavam com uma vida com menos miséria. O cortejo dos militares, era uma forma de se esquecerem um pouco da dura vida que levavam. Era uma das poucas oportunidades em que lhes era permitido sonhar.
Enfim, para muitas crianças, era o sonho que acalentariam por anos a fio. O sonho de servirem no exército.
Além disso, Ticiano também, passou a executar a função, assim como outros cavalariços, de inspecionar as ruas da cidade. Eram uma espécie de segurança pública.
Contudo, como se tratava de um lugar pacato, acabavam não tendo muita coisa para fazer.
Realmente, para a maioria dos militares que lá atuavam, trabalhar naquela pequena cidade não era muito empolgante. Raramente havia uma ocorrência, e muito embora, não existisse sequer uma delegacia no lugar, era pouco comum haver algum problema.
Nesse aspecto, os problemas mais comuns eram brigas de vizinhos e alguns roubos de animais.
Em razão disso, o sonho de boa parte dos militares que lá serviam, era serem convocados para alguma guerra, ou então, transferidos para uma cidade maior. O que era muito freqüente. Vários militares da região, por seu bom desempenho em determinadas tarefas, eram chamados para integrarem o exército, inclusive da Capital da Província, onde poderiam com sorte, fazer parte da guarda real. O que era o sonho de boa parte dos jovens que ali estavam.
Ambiciosos, todos eles almejavam seguir carreira. Alguns deles, filhos de ricos comerciantes do lugar, freqüentavam desde cedo, os bancos do colégio militar. Desde meninos, eram preparados para servirem como oficiais. E desde cedo, alimentavam o sonho de conhecer o imperador.
Muitos queriam ser também, grandes estrategistas militares e participarem o quanto antes, de guerras e batalhas.
Mas havia aqueles também, que estavam satisfeitos com o posto que galgaram. Muito embora fossem exceção, alguns militares não pretendiam sair dali. Não sonhavam com grandes cargos. Estavam satisfeitos com seu trabalho.
No entanto, se surgisse uma guerra, estavam prontos para entrar em combate. Não temiam a morte em campo de batalha. Não temiam as guerras, só não ambicionavam serem grandes estrategistas. Só queriam fazer bem o seu trabalho.
Mas como já foi dito, eram poucos. E entre esses poucos, estava Ticiano, que como há muitos anos não se via, estava realmente contente com seu trabalho.
Pois bem, depois de meses vagando, procurando se fixar em algum lugar, finalmente havia arrumado um bom emprego.
Ticiano estava realmente satisfeito.
Também, tudo estava correndo da maneira mais perfeita possível para ele. Assim, não tinha do que reclamar.
Durante a visita de alguns nobres à região, Ticiano e mais alguns colegas de farda, foram encarregados de acompanhá-los em viagem até a cidade, servindo-lhes de escolta.
Por esta razão, eles tiveram que se deslocar até a Capital da Corte, para assim, acompanhar os nobres durante toda a viagem até a região. Depois os cavalarianos deveriam retornar com eles até a Capital.
Isso porque, alguns viajantes, rumando em direção à região, passaram, nos últimos tempos, a serem alvo de constantes assaltos.
Muito embora isso não fosse comum na época, nos últimos tempos, tal procedimento tornou-se bastante freqüente. Vários viajantes, rumando pela cidade, passaram a reclamar com as autoridades locais sobre isso.
Por todo esse tempo, trabalhou em muitas coisas, como em lojas, tratando de animais, etc.
Em sua vida incerta, Ticiano chegou até ficar algumas vezes em pequenas propriedades de sitiantes. Mas ressabiado, nunca se hospedou em fazendas. Temia ser reconhecido por algum dos inúmeros amigos de José Vieira.
Além do mais, o rapaz possuía um bom dinheiro guardado. Dinheiro este que amealhou durante os anos em que trabalhou para o referido fazendeiro. Afinal de contas, independente da fuga, tencionava um dia, sair dali.
Não pretendia ficar ali por muito tempo. Aliás, dada a quantidade de anos em que por lá viveu, passou tempo demais por lá. Exceto por sua primeira casa, nunca havia passado tanto tempo em um mesmo lugar.
E, apesar de tudo, gostou de ter vivido por lá. Na Fazenda Passárgada, era respeitado, tinha amigos, bem como tinha um belo futuro pela frente. Mas, ainda assim, inesperadamente tudo isso lhe foi arrancado.
Tal fato o magoou deveras. Nunca esperou por isso. Nunca imaginou que pudesse mais uma vez, ser atraiçoado pela vida.
Realmente estava cansado. Cansado de tudo. Cansado da vida.
Muitas coisas aconteceram em sua vida, e já há muito estava só. Desolado, sentia a falta de um simples amigo. Alguém com quem pudesse conversar.
Um dia, finalmente, depois de muitas andanças, Ticiano acabou por chegar em um bom lugar para se viver. Nesse lugar arrumou um trabalho definitivo, e novamente voltou a fazer o que gostava.
Como já havia trabalhado com animais, e dada a destreza com que realizava seu trabalho, passou logo a chamar a atenção de fazendeiros de cidades da região, e até mesmo de alguns militares que o viam trabalhar.
Todos diziam a ele, que dada sua habilidade para o trabalho pesado, deveria tentar fazer algo mais nobre do que ser um simples cavalariço. Afirmavam ainda, que com seu jeito com animais, poderia facilmente entrar no exército como um cavalariano. Assim se nota que estes, não se cansavam de elogiar o rapaz.
E assim, de tanto lhe falarem isso, acabaram convencendo Ticiano.
Isso por que, depois de muito falarem, finalmente o rapaz capitulou e foi com os soldados, se inscrever para servir no exército. Como condição para que o fizesse, Ticiano disse que queria que continuar cuidando dos animais. Com isso, todos concordaram, pois seria um erro não deixá-lo fazer tal coisa.
E assim, três deles acompanharam o rapaz até lá.
Ao chegar no quartel, Ticiano foi logo informando que queria se alistar visando pertencer os quadros do exército. Como era esperado, tencionava servir como oficial cavalariano. Contudo, como também era de se imaginar, teria que esperar o momento certo para ser chamado. Aí realizaria alguns testes, e, em sendo aprovado, passaria a fazer parte do exército.
Por esta razão, Ticiano teve que esperar pacientemente para ser chamado.
Com isso, depois de alguns meses, o rapaz realizou alguns testes, inclusive de aptidão física e foi aprovado.
Pronto, finalmente Ticiano possuía um trabalho certo.
A partir daí, passou a ser treinado para desempenhar suas funções. Além de treinar sua montaria, o rapaz precisava também cuidar dos animais. Não bastasse isso, como era novato, Ticiano teve que se submeter a uma espécie de batismo.
Seus colegas de farda exigiam que ele executasse algumas tarefas a mais. Assim, além de ter de realizar seu trabalho, ainda era obrigado a desempenhar as funções alheias. Por esta razão, era ele quem cuidava de boa parte dos animais do estábulo.
Zeloso com animais, Tício cuidava de sua alimentação, os lavava, enfim, cumpria com suas funções.
Mas como tudo muda, depois de alguns meses trabalhando muito, finalmente foi liberado do ‘batismo’. Agora seriam os novos soldados que executariam parte do seu trabalho.
Dessarte, apesar do batismo e de todo o seu trabalho, Ticiano estava gostando de ter um emprego definitivo. Gostava de seus companheiros de quarto, e não tinha nenhuma queixa com relação ao trabalho.
Pela primeira vez na vida, o rapaz tinha um emprego em que podia permanecer por um longo tempo se quisesse.
E assim, conforme o tempo passava, Ticiano passou a conhecer melhor seus companheiros de quarto, e seus colegas de profissão. Durante esse tempo, o rapaz chegou a participar de alguns atos solenes nas festividades da cidade.
Em um deles, enquanto o cortejo dos militares passava, lá estava ele, montado em seu cavalo, usando o melhor traje dos oficiais, e participando da celebração. Nestes desfiles cívicos, todos os militares, oficiais, cadetes, enfim, todos aqueles que serviam o exército, estavam presentes a cerimônia. Com seus trajes de gala, caminhavam pelas principais ruas da cidade.
Tais desfiles, eram sempre em datas comemorativas oficiais. Sete de Setembro, Quinze de Outubro, no dia do aniversário da cidade, e em comemorações relativas ao exército.
Mas eram sempre um acontecimento na cidade. Todo mundo ia as ruas, admirar a marcha dos militares. Animados, os moradores observavam atentos, cada detalhe do desfile, muito embora já tivessem visto a cena, algumas centenas de vezes. Mas não se cansavam de admirar.
Para muitos, tal exibição era um encantamento, e o exército, era uma possibilidade de melhorarem de vida, tendo-se em vista que a região, além de abrigar muitos homens de posses, abrigava também os desvalidos, e os que sonhavam com uma vida com menos miséria. O cortejo dos militares, era uma forma de se esquecerem um pouco da dura vida que levavam. Era uma das poucas oportunidades em que lhes era permitido sonhar.
Enfim, para muitas crianças, era o sonho que acalentariam por anos a fio. O sonho de servirem no exército.
Além disso, Ticiano também, passou a executar a função, assim como outros cavalariços, de inspecionar as ruas da cidade. Eram uma espécie de segurança pública.
Contudo, como se tratava de um lugar pacato, acabavam não tendo muita coisa para fazer.
Realmente, para a maioria dos militares que lá atuavam, trabalhar naquela pequena cidade não era muito empolgante. Raramente havia uma ocorrência, e muito embora, não existisse sequer uma delegacia no lugar, era pouco comum haver algum problema.
Nesse aspecto, os problemas mais comuns eram brigas de vizinhos e alguns roubos de animais.
Em razão disso, o sonho de boa parte dos militares que lá serviam, era serem convocados para alguma guerra, ou então, transferidos para uma cidade maior. O que era muito freqüente. Vários militares da região, por seu bom desempenho em determinadas tarefas, eram chamados para integrarem o exército, inclusive da Capital da Província, onde poderiam com sorte, fazer parte da guarda real. O que era o sonho de boa parte dos jovens que ali estavam.
Ambiciosos, todos eles almejavam seguir carreira. Alguns deles, filhos de ricos comerciantes do lugar, freqüentavam desde cedo, os bancos do colégio militar. Desde meninos, eram preparados para servirem como oficiais. E desde cedo, alimentavam o sonho de conhecer o imperador.
Muitos queriam ser também, grandes estrategistas militares e participarem o quanto antes, de guerras e batalhas.
Mas havia aqueles também, que estavam satisfeitos com o posto que galgaram. Muito embora fossem exceção, alguns militares não pretendiam sair dali. Não sonhavam com grandes cargos. Estavam satisfeitos com seu trabalho.
No entanto, se surgisse uma guerra, estavam prontos para entrar em combate. Não temiam a morte em campo de batalha. Não temiam as guerras, só não ambicionavam serem grandes estrategistas. Só queriam fazer bem o seu trabalho.
Mas como já foi dito, eram poucos. E entre esses poucos, estava Ticiano, que como há muitos anos não se via, estava realmente contente com seu trabalho.
Pois bem, depois de meses vagando, procurando se fixar em algum lugar, finalmente havia arrumado um bom emprego.
Ticiano estava realmente satisfeito.
Também, tudo estava correndo da maneira mais perfeita possível para ele. Assim, não tinha do que reclamar.
Durante a visita de alguns nobres à região, Ticiano e mais alguns colegas de farda, foram encarregados de acompanhá-los em viagem até a cidade, servindo-lhes de escolta.
Por esta razão, eles tiveram que se deslocar até a Capital da Corte, para assim, acompanhar os nobres durante toda a viagem até a região. Depois os cavalarianos deveriam retornar com eles até a Capital.
Isso porque, alguns viajantes, rumando em direção à região, passaram, nos últimos tempos, a serem alvo de constantes assaltos.
Muito embora isso não fosse comum na época, nos últimos tempos, tal procedimento tornou-se bastante freqüente. Vários viajantes, rumando pela cidade, passaram a reclamar com as autoridades locais sobre isso.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
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