Poesias

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 9

Com isso, Cleide e Marina por sua vez, cada vez mais dedicadas aos estudos, praticamente abandonaram a vida social.
Não saíam mais com os amigos, nem passeavam mais com Paulina.
Sim por que sempre que podiam, as três aproveitavam para passear pelos parques da cidade.
Aproveitavam as tardes para jogarem conversa fora.
Falavam sobre o trabalho, os planos de mudar de vida, dos rapazes, etc.
De vez em quando, iam ao cinema.
Assistiam geralmente, comédias românticas.
Era o bastante para conversarem por horas.
Contudo, Paulina, percebendo a ausência das amigas, comentou que elas estavam muito obcecadas em estudar.
Isso por que, as três colegas, sempre que podiam, saíam juntas para dançar, ir ao cinema, ou mesmo só conversar.
Agora não.
Paulina, uma vez, conversando sobre amenidades, deixou escapar que adoraria ter uma vida folgada, sem ter que se preocupar em ficar trabalhando.
Cleide ao ouvir isso, ficou indignada.
Dizendo que o trabalho era uma grande oportunidade para a mulher se realizar, retrucou que o que ela ambicionava era uma grande besteira.
Paulina argumentou:
-- Ora Cleide! Eu não disse que não gosto do meu trabalho. Mas eu gostaria de ter uma vida mais tranqüila sim, sem ter que precisar ficar me matando para ganhar uns trocados
no final do mês.
Marina, tentando controlar a situação, comentou que não havia nada demais em se sonhar com uma vida melhor.
Tanto que ela e Cleide estavam se preparando para ingressarem em uma faculdade.
Foi aí que os ânimos se acalmaram.
Paulina, percebendo que não tinha argumentos para questionar Cleide, resolveu se calar.
Convencida de que fora posta de lado, deixou de reclamar das colegas e passou a se concentrar somente na sua movimentada vida amorosa.
E passou a conviver cada vez menos com Cleide e Marina.
Ademais, agora que as duas amigas vinham intensificando os estudos, e até esses encontros esporádicos com Paulina, tinham acabado.
Preocupada com a proximidade das provas as amigas, que haviam acabado de se inscrever no vestibular, passaram a estudar cada vez mais.
Agora, passavam os fins de semana inteiros estudando.
Não bastasse a dedicação durante a semana, as horas que antes eram de lazer, estavam sendo ocupadas por livros, leituras e discussões.
Em razão disso, Ricardo caçoava a irmã.
Dizendo que desse jeito logo brotariam folhas de suas orelhas, o rapaz conseguiu apenas, ouvir uma bronca de Eugênia – sua mãe.
Irritado, Ricardo calou-se.
Cleide então, novamente, dirigiu-se a casa de sua amiga.
Otávio e Eugênia, percebendo que a dedicação de suas respectivas filhas não diminuíra, ficavam satisfeitos.
Otávio, sempre que podia, elogiava Marina.
Já Eugênia, além de elogiar Cleide, vivia insistindo para que o filho voltasse a estudar.
Em vão.
Ricardo no entanto, achava que o estudo era só para os otários.
Gente esperta como ele, poderia conseguir coisa muito boa, sem trabalhar.
Eugênia quando ouvia estas palavras, ficava inconformada.
Todavia, não havia o que pudesse fazer para colocar um pouco de juízo na cabeça do filho.
Otávio, sempre que a via reclamar de Ricardo, dizia:
-- Não adianta. Deixe para lá! O que a senhora podia fazer por eles, já fez. Cabe a eles agirem. Agora só depende deles.
Nisso, Cleide e Marina, ficavam por horas a fio estudando.
Só pensavam em estudar.
Paulina por sua vez, pouco afeita às atividades intelectuais, ficava excluída da vida das amigas, e isso a incomodava um pouco.
Muito embora Cleide a tenha convidado uma vez para voltar a estudar, Paulina não ficou nem um pouco animada com o convite.
A moça, percebendo que Paulina só queria saber de se divertir, abandonou a idéia de tentar convencê-la a estudar.
Mas Paulina, se ressentia do fato de ficar isolada.
Isso por que, somente quando saia com Ricardo ou com Clóvis, é que tinha companhia.
Mesmo assim, diante da postura de Cleide e Marina, só lhe restou se afastar.
Com isso, após algum tempo, arrumou outras colegas dentro do Banco, e com elas passou a sair de vez em quando.
Ainda assim, era com Ricardo e Clóvis, com quem passava mais tempo.
Cleide certa vez, comentou que ela e Marina, precisavam mesmo aproveitar todo o tempo livre que tinham para estudar.
Estavam realmente dispostas a ingressar em uma faculdade.
Paulina ao ouvir isso disse:
-- Mas pra quê?
-- Ora pra quê, para termos uma profissão, uma vida melhor. – retrucou Marina.
-- Sinceramente, eu não vejo nada de errado em minha vida. – comentou Paulina, com desdém.
-- Mas ninguém está dizendo que tem algo errado. Nós só pretendemos melhorar a nossa. – emendou Cleide.
-- Eu acho uma perda de tempo. Mas se vocês querem desperdiçar a juventude de vocês, eu não posso fazer nada.
-- Eu lamentou muito que você pense assim. – respondeu Cleide.
-- Espere um pouco. Mas não foi você mesma que elogiou nossa iniciativa tempos atrás? – perguntou Marina.
-- De certa forma vocês são corajosas. Mas são malucas também. Afinal de contas, vocês pensam que é fácil passar no vestibular?
-- Não é, mas nós estamos nos empenhando para isso. – respondeu Cleide.
-- Então boa sorte. – comentou Paulina, ironicamente.
Marina, irritada com o pouco caso da moça, tentou retrucar, mas Cleide, meneando a cabeça negativamente, a reteve.
Nisso, Paulina desculpando-se por sua sinceridade, despediu-se das amigas.
Iria se encontrar novamente com Ricardo.

Luciana Celestino dos Santos
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