Poesias

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 8

Com isso, o tempo foi passando.
Ricardo e Paulina novamente se encontraram.
Em plena década de 70, os dois souberam aproveitar os embalos dos sábados e dos domingos à noite.
Era uma época de luzes coloridas, ritmo dance.
Paulina e Ricardo, dançavam animados.
A moça, grande dançarina do ritmo dance, chamava a atenção por seus passos.
Já Ricardo, embora não fosse nenhum artista da dança, não fazia feio.
E assim, os dois dançavam por horas.
Conforme o ritmo fosse muito alegre, sempre que podia aproveitavam as folgas que tinham para dançar.
Virou praticamente uma mania.
Certa vez inclusive, Ricardo, aproveitando o ensejo, apresentou Paulina aos amigos Claudionor, Tiago e Clóvis – que estavam na mesma boate que ele.
Os três, ao verem a beleza da moça, ficaram impressionados.
Chamando Ricardo a um canto, comentaram:
-- Bonita mesmo!
Contudo, sabendo que Ricardo tinha interesse na moça, Tiago e Claudionor, respeitaram o amigo.
Por isso, nem sequer sugeriram a idéia de que a moça poderia dançar com eles.
Aproveitaram então, para despedirem-se do amigo e dançar com as moças que os estavam acompanhando.
Animados, ficaram o tempo inteiro dançando.
Ricardo por sua vez, não desgrudou um só minuto de Paulina.
E assim, os dois dançaram a noite inteira.
Clóvis porém, olhava para Paulina, com olhos bastante interessados.
Ricardo porém, feliz que estava por ter Paulina ao seu lado, nem se deu conta, do súbito interesse de Clóvis.
Que aliás, era bem evidente.
Assim, muito embora Tiago e Claudionor – mesmo dançando – tivessem notado um certo interesse do rapaz pela namorada de Ricardo, os dois amigos trataram de nada dizer a
ele.
Claudionor e Tiago realmente estavam preocupados com a felicidade de Ricardo.
Ademais, pensando se tratar apenas de um capricho de Clóvis, deixaram esta questão de lado.
Clóvis no entanto, estava disposto a conquistar a namorada do amigo.
A despeito disso, Ricardo e Paulina passaram a se encontrar cada vez mais.
Engatando um namoro firme, o casal sempre que podia, aproveitava para se encontrar.
Em dado momento até no horário de almoço, Ricardo aproveitava para dar uma escapadinha do
escritório e ia até o Banco ver Paulina.
Cleide e Marina, sempre que presenciavam estas cenas, ficavam encantadas com a dedicação de Ricardo.
Tanto que abusadamente, sempre que podia Cleide comentava com o irmão.
-- Quem te viu, quem te vê!
Sim, agora ela estava convencida da sinceridade dos sentimentos do irmão.
Realmente, para se dar todo esse trabalho, Ricardo devia estar mesmo gostando muito de Paulina.
Clóvis porém, aproveitando-se do fato de que ele e Ricardo usavam a mesma condução para chegarem ao trabalho, certa vez, fingindo-se muito triste, começou a contar
que sua pretensa namorada, lhe havia dado o fora.
Surpreso, Ricardo comentou que nunca ouvira falar nessa tal namorada.
Clóvis não fez por menos.
Dizendo que não havia comentado nada sobre isso para não parecer bobo, revelou que estava gostando muito de uma pessoa.
Ricardo no começo, pareceu não acreditar muito na conversa do amigo.
Mas com o passar do tempo, vendo Clóvis, bater sempre na mesma tecla, reclamando do comportamento cruel da namorada, começou a acreditar.
Aliás, para ficar totalmente convencido da história, Clóvis, chegou a comentar detalhes da relação dos dois.
Dizendo que não se entendiam, que viviam brigando, e que Tereza, o havia trocado por outro, Clóvis, consegui convencer Ricardo a convidá-lo para sair com ele e Paulina.
Nisso, Ricardo e Paulina continuaram a se encontrar.
De vez em quando saíam para dançar.
Em muitas dessas saídas Clóvis acompanhava o casal.
Ricardo, preocupado com o amigo, seguidas vezes o convidou para acompanhá-lo em suas saídas com a namorada.
E Clóvis, interessado que estava em Paulina, mais do que prontamente aceitava cada convite feito.
Foi assim, que começaram os olhares de um para o outro.
Sim, por que, sempre que Ricardo se afastava, Clóvis aproveitava para se insinuar para a namorada do amigo.
Dizendo achá-la muito bonita, começou dizendo-lhe gracejos.
Porém, mais tarde, percebendo que a moça não lhe era indiferente, começou a convidá-la para sair.
Muito embora Ricardo não fosse um típico ingênuo, ao acreditar excessivamente na sinceridade de seu amigo, acabou por facilitar que esse tipo de situação ocorresse.
Sua própria irmã Cleide, ao saber que de vez em quando Clóvis os acompanhava, não achou nada recomendável.
Contudo Ricardo, crente de que seu amigo lhe era leal, retrucava dizendo que Clóvis estava passando por uma situação complicada.
Conforme dizia, o amigo tinha acabado de perder sua namorada.
Cleide curiosa, perguntou-lhe se conhecia a tal moça que abandonara seu amigo Clóvis.
Ricardo, respondeu-lhe que não.
Desconfiada, Cleide, insistiu:
-- Mas como não? Ele não é um de seus grandes amigos? Como pode pessoas tão unidas, não conhecerem as namoradas um do outro?
-- Sabe como é. O Clóvis é um cara reservado.
-- Ah, sei. Seu melhor amigo tem segredos para você.
-- Ora minha irmã. Nem todo mundo é tão expansivo assim. Além do mais, ele me explicou, nunca foi bem um namoro, já que eles não chegaram a ter um compromisso sério. – respondeu Ricardo contrariado.
-- Está bem! Se você diz que seu amigo mais despachado, é reservado, o que que eu posso fazer para convencê-lo do contrário. Eu desisto, sou voto vencido. Você sabe o que é
melhor pra você... Só espero uma coisa. Que você não se arrependa do que está fazendo. – respondeu Cleide preocupada.
-- Pode deixar maninha! O Clóvis é de confiança. – respondeu ele.

Luciana Celestino dos Santos
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