Nisso o tempo foi passando, e Andressa voltou a viver sua vida de garota de rua.
Esperta, tomava banho quando dava, e só possuía a roupa do corpo.
A roupa que a dona da pensão lhe dera, pois, depois da briga com o vendedor, Andressa não se atrevera a voltar a pensão para buscar sua roupa.
Com isso, voltou a pedir esmolas.
Durante um longo período viveu sozinha.
Até finalmente conseguiu encontrar gente que a ajudasse.
Certa vez, um pequeno grupo de garotos de rua, percebendo que ela sempre caminhava sozinha pelas ruas, resolveu abordá-la.
Claudenir e Leontina, logo perceberam o quão Andressa era só.
Vagando de um lado para o outro, sem ter lugar certo para dormir, pedindo esmolas nos cruzamentos da cidade, a garota era o retrato da mais completa desolação.
Por esta razão, percebendo que mesmo na rua, as pessoas precisavam umas das outras, resolveram se aproximar e oferecer um pouco de solidariedade (muito embora) não soubessem o que era isso.
Desconfiada com a aproximação, Andressa tencionou sair dali.
Foi quando Claudenir disse:
-- Não precisa fugir não. Não viemos roubar. Só queremos saber se você está precisando de alguma coisa.
Leontina emenda:
-- É. Você está sempre sozinha. Precisa de ajuda?
Andressa, surpresa com a abordagem, nada responde.
Claudenir e Leontina então se apresentam:
-- Prazer. Me chamo Claudenir. Mas todo mundo me chama de Clau.
-- E eu sou Leontina. Mas pode me chamar de Tina. É como todos me conhecem.
Andressa então, percebendo que seria indelicado de sua parte não se apresentar, disse:
-- E eu me chamo Andressa. Só Andressa. Não tenho nenhum apelido.
Curioso, Clau perguntou:
-- Por que não? Você não é da área não, né?
-- Não. Eu vim parar aqui por acaso.
Curioso, Clau e Tina perguntam de onde ela veio.
Andressa então, passa a contar sua história.
É quando diz que já tivera uma família normal, com pai e mãe.
Clau e Tina ficam surpresos com isso.
Andressa prossegue.
Muito embora, vivesse uma vida feliz, em dado momento, tudo muda de figura.
Seu pai morre e sua mãe, sem um pingo de pena, a coloca em um orfanato.
Tina então comenta:
-- Que megera!
Andressa continua sua história.
Conta o quanto penou no orfanato por conta de intrigas, até o dia em que resolveu fugir e abandonar aquela vida.
Por conta disso, agora estava na rua.
Por algum momento chegou a viver numa pensão, mas em razão de um engano, voltou a viver nas ruas.
Clau e Tina então, ao perceberem que a vida de Andressa não fora nada fácil, resolvem contar sua história.
Tina é a primeira a contar sua história.
Dizendo que desde sempre viveu na rua, afirmou que nem ao menos, sabe o nome de sua mãe.
Conhecê-la nunca conheceu.
Por conta disso, não faz idéia de quantos anos tenha.
Segundo ela, pelo que as pessoas dizem, aparenta ter uns nove anos, e assim, é esta a idade que diz ter.
Andressa ao ouvir esta parte da história, pergunta:
-- E o seu nome? Se você não sabe quem é sua mãe, como pode saber seu nome?
É quando a garota responde.
-- E quem disse que eu sei?
-- Não? – perguntou Andressa espantada.
-- Não. Eu acho que me chamo assim, por que, um dia me chamaram por esse nome.
-- Quando? – perguntou novamente Andressa.
-- Quando eu vivi num orfanato. – respondeu a garota.
Andressa não podia acreditar.
-- Então você também viveu num orfanato?
-- Sim. Vivi, acho que os cinco primeiros anos de minha vida lá. Depois fugi. Não sei como.
Andressa percebeu então, que as duas tinham histórias parecidas.
Pelo menos até certo ponto.
Tina, percebendo o interesse de Andressa, continuou seu relato:
-- Pois bem. Fugi do orfanato, não me lembro direito como, e sem ter para onde ir, acabei morando na rua. É essa minha história. E venho me virando desde então. Às vezes,
peço esmolas, de vez em quando pego alguma coisa de alguém que está distraído...
-- Você rouba? – perguntou Andressa, um pouco espantada.
-- Eu róbo sim. Mas só quando não tem outro jeito. – respondeu Tina, sem nenhum constrangimento.
Clau, que estava calado, resolveu interferir na conversa:
-- Róba e cheira também. Por que pra viver na rua, não dá pra ser de outra forma.
Andressa, que estava há algum tempo dormindo na rua, ainda assim, não tinha a dimensão absoluta do que era aquela realidade.
Clau nesse momento, começou então, a contar sua história.
Dizendo que viveu até, mais ou menos, os sete anos com um parente seu, o garoto comentou que apanhava quase todos os dias.
Segundo ele, seu tio não suportava.
Só o criava, em razão de um pedido feito por sua avó, que não tinha condições de cuidar dele.
Sua mãe, morreu segundo disseram, quando ele era ainda um bebê.
Depois disso, sua avó é quem cuidou dele durante algum tempo.
Contudo, devido problemas de saúde, foi obrigada a deixá-lo com seu filho.
Precisava se tratar.
Depois de um tempo, morreu.
Ao ouvir isso, Andressa comentou:
-- Que chato! Sinto muito.
-- Não tem problema. Eu não tenho lembrança dela mesmo. Só sei dessa história, por que me contaram. Senão, nem saberia... Mas então, fui morar na casa desse tio – irmão de
minha mãe. Lá sofri muito. Além de apanhar, era maltratado. Até a comida aquele filho da puta regulava. Era um cretino! Por conta disso, cansado de apanhar e de ser humilhado,
resolvi fugir de casa.
-- E o que aconteceu depois? – perguntou Andressa curiosa.
-- Depois, eu vim pará na rua. Mesmo assim, o infeliz ficou me procurando por algum tempo. Queria que eu pedisse esmolas para ele. Mas eu me escondi. E assim, sempre que ele
me procurava, eu fugia. Como sou esperto, ele nunca conseguiu me encontrar.
-- Que esperto! – comentou Andressa, elogiosamente.
-- Sim! Quando eu o via se aproximando, eu caminhava disfarçadamente e seguia na direção oposta. Sem chamar a atenção.
-- Engenhoso. – comentou Tina – Outra pessoa certamente teria saído correndo e o filho da puta teria percebido.
-- Mas eu não. Eu sou esperto. – gabou-se Clau.
Foi assim que começou uma grande amizade.
Esperta, tomava banho quando dava, e só possuía a roupa do corpo.
A roupa que a dona da pensão lhe dera, pois, depois da briga com o vendedor, Andressa não se atrevera a voltar a pensão para buscar sua roupa.
Com isso, voltou a pedir esmolas.
Durante um longo período viveu sozinha.
Até finalmente conseguiu encontrar gente que a ajudasse.
Certa vez, um pequeno grupo de garotos de rua, percebendo que ela sempre caminhava sozinha pelas ruas, resolveu abordá-la.
Claudenir e Leontina, logo perceberam o quão Andressa era só.
Vagando de um lado para o outro, sem ter lugar certo para dormir, pedindo esmolas nos cruzamentos da cidade, a garota era o retrato da mais completa desolação.
Por esta razão, percebendo que mesmo na rua, as pessoas precisavam umas das outras, resolveram se aproximar e oferecer um pouco de solidariedade (muito embora) não soubessem o que era isso.
Desconfiada com a aproximação, Andressa tencionou sair dali.
Foi quando Claudenir disse:
-- Não precisa fugir não. Não viemos roubar. Só queremos saber se você está precisando de alguma coisa.
Leontina emenda:
-- É. Você está sempre sozinha. Precisa de ajuda?
Andressa, surpresa com a abordagem, nada responde.
Claudenir e Leontina então se apresentam:
-- Prazer. Me chamo Claudenir. Mas todo mundo me chama de Clau.
-- E eu sou Leontina. Mas pode me chamar de Tina. É como todos me conhecem.
Andressa então, percebendo que seria indelicado de sua parte não se apresentar, disse:
-- E eu me chamo Andressa. Só Andressa. Não tenho nenhum apelido.
Curioso, Clau perguntou:
-- Por que não? Você não é da área não, né?
-- Não. Eu vim parar aqui por acaso.
Curioso, Clau e Tina perguntam de onde ela veio.
Andressa então, passa a contar sua história.
É quando diz que já tivera uma família normal, com pai e mãe.
Clau e Tina ficam surpresos com isso.
Andressa prossegue.
Muito embora, vivesse uma vida feliz, em dado momento, tudo muda de figura.
Seu pai morre e sua mãe, sem um pingo de pena, a coloca em um orfanato.
Tina então comenta:
-- Que megera!
Andressa continua sua história.
Conta o quanto penou no orfanato por conta de intrigas, até o dia em que resolveu fugir e abandonar aquela vida.
Por conta disso, agora estava na rua.
Por algum momento chegou a viver numa pensão, mas em razão de um engano, voltou a viver nas ruas.
Clau e Tina então, ao perceberem que a vida de Andressa não fora nada fácil, resolvem contar sua história.
Tina é a primeira a contar sua história.
Dizendo que desde sempre viveu na rua, afirmou que nem ao menos, sabe o nome de sua mãe.
Conhecê-la nunca conheceu.
Por conta disso, não faz idéia de quantos anos tenha.
Segundo ela, pelo que as pessoas dizem, aparenta ter uns nove anos, e assim, é esta a idade que diz ter.
Andressa ao ouvir esta parte da história, pergunta:
-- E o seu nome? Se você não sabe quem é sua mãe, como pode saber seu nome?
É quando a garota responde.
-- E quem disse que eu sei?
-- Não? – perguntou Andressa espantada.
-- Não. Eu acho que me chamo assim, por que, um dia me chamaram por esse nome.
-- Quando? – perguntou novamente Andressa.
-- Quando eu vivi num orfanato. – respondeu a garota.
Andressa não podia acreditar.
-- Então você também viveu num orfanato?
-- Sim. Vivi, acho que os cinco primeiros anos de minha vida lá. Depois fugi. Não sei como.
Andressa percebeu então, que as duas tinham histórias parecidas.
Pelo menos até certo ponto.
Tina, percebendo o interesse de Andressa, continuou seu relato:
-- Pois bem. Fugi do orfanato, não me lembro direito como, e sem ter para onde ir, acabei morando na rua. É essa minha história. E venho me virando desde então. Às vezes,
peço esmolas, de vez em quando pego alguma coisa de alguém que está distraído...
-- Você rouba? – perguntou Andressa, um pouco espantada.
-- Eu róbo sim. Mas só quando não tem outro jeito. – respondeu Tina, sem nenhum constrangimento.
Clau, que estava calado, resolveu interferir na conversa:
-- Róba e cheira também. Por que pra viver na rua, não dá pra ser de outra forma.
Andressa, que estava há algum tempo dormindo na rua, ainda assim, não tinha a dimensão absoluta do que era aquela realidade.
Clau nesse momento, começou então, a contar sua história.
Dizendo que viveu até, mais ou menos, os sete anos com um parente seu, o garoto comentou que apanhava quase todos os dias.
Segundo ele, seu tio não suportava.
Só o criava, em razão de um pedido feito por sua avó, que não tinha condições de cuidar dele.
Sua mãe, morreu segundo disseram, quando ele era ainda um bebê.
Depois disso, sua avó é quem cuidou dele durante algum tempo.
Contudo, devido problemas de saúde, foi obrigada a deixá-lo com seu filho.
Precisava se tratar.
Depois de um tempo, morreu.
Ao ouvir isso, Andressa comentou:
-- Que chato! Sinto muito.
-- Não tem problema. Eu não tenho lembrança dela mesmo. Só sei dessa história, por que me contaram. Senão, nem saberia... Mas então, fui morar na casa desse tio – irmão de
minha mãe. Lá sofri muito. Além de apanhar, era maltratado. Até a comida aquele filho da puta regulava. Era um cretino! Por conta disso, cansado de apanhar e de ser humilhado,
resolvi fugir de casa.
-- E o que aconteceu depois? – perguntou Andressa curiosa.
-- Depois, eu vim pará na rua. Mesmo assim, o infeliz ficou me procurando por algum tempo. Queria que eu pedisse esmolas para ele. Mas eu me escondi. E assim, sempre que ele
me procurava, eu fugia. Como sou esperto, ele nunca conseguiu me encontrar.
-- Que esperto! – comentou Andressa, elogiosamente.
-- Sim! Quando eu o via se aproximando, eu caminhava disfarçadamente e seguia na direção oposta. Sem chamar a atenção.
-- Engenhoso. – comentou Tina – Outra pessoa certamente teria saído correndo e o filho da puta teria percebido.
-- Mas eu não. Eu sou esperto. – gabou-se Clau.
Foi assim que começou uma grande amizade.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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