Poesias

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 60

Por conta das abordagens quase diárias, Andressa conversando por meio de gestos com Clau, Robson e Mateus, resolveu com eles, dormir em outra praça.
Desta forma, quando Paulina voltou ao local onde encontrara Andressa e não a viu, ficou profundamente decepcionada. 
Nervosa, contatou novamente o detetive Arthur.
O homem, com toda a sua experiência, não demorou muito para encontrar a garota.
À distância, sem que a garota e seus amigos percebessem, lá estava ele, observando-a.
Nisso, conversando com Clau, Robson e Mateus, Andressa gesticulava irritada, que não agüentava mais aquela mulher querendo buzinar bobagens no seu ouvido.
Clau, Robson e Mateus, que já tinham visto a mulher, só conseguiam se perguntar:
‘O que uma mulher elegante como aquela queria como Andressa?’ 
‘Suspeito, muito suspeito.’ 
Era o que conseguiam pensar.
Andressa também estava encucada com esta história. 
Temendo que ela fosse uma policial, resolveu sumir. 
Por isso todos estavam dormindo em outro lugar.
Paulina por sua vez, cansada de tentar fazer Andressa ouvi-la, resolve impor sua vontade. 
Ao tomar conhecimento de onde a garota estava, decide tomar uma medida drástica.
Utilizando-se da justiça, contrata um advogado e através de uma ação, acaba por obter uma ordem judicial obrigando Andressa a viver em sua casa. 
Isso por que, alegando ser a mãe biológica da garota, Paulina consegue convencer a todos de suas boas intenções.
Contudo a decisão era provisória.
Mesmo assim, Paulina se deu por satisfeita.
Com isso, graças à ajuda de um oficial de justiça e de dos policiais Alexandre e João; Andressa – surpreendida que fora – foi jogada em um carro e levada até a casa de Paulina.
Irritada, a garota urrou o tempo inteiro. 
Tentando dizer que não fizera nada demais, só conseguia pronunciar sons incompreensíveis.
O escândalo demorou o percurso todo.
Paulina que a aguardava em sua luxuosa residência, mal podia esperar para o tal sonhado encontro. 
Esmerada, preparou um quarto todo arrumado só para a garota. 
Também comprou roupas, sapatos, livros e cadernos.
Tudo para que Andressa tivesse e uma vida normal, e assim que pudesse começar a estudar. 
Feliz, Paulina já havia planejado tudo. 
Sim, segundo seus planos, a partir de agora, Andressa seria muito feliz.
Enlevada nesse sonho bom, Paulina foi despertada quando viu um carro se aproximando de sua residência.
Um carro comum, conforme havia pedido. 
Dentro dele, o senhor Francisco – delegado – e dois policiais.
Quando todos saíram do carro, foi que Paulina finalmente viu a garota.
Andressa, por sua vez, lutou o quanto pôde para não ser levada. 
Ao sair do carro, esperneou o quanto pôde. 
Mas estava em desvantagem. 
Assim, não teve como evitar ser levada.
Quando por um instante, parou de brigar, percebeu que estava no jardim de uma mansão. 
E mais, diante dela estava Paulina. 
A mulher que vivia tentando falar com ela.
Andressa não acreditou no que via. 
Pensando se tratar de uma brincadeira de mau gosto, a garota começou novamente a gesticular.
Paulina, dizendo que gostou dela, pediu para os policiais levarem Andressa para dentro da casa.
Irritada, Andressa resistiu a ordem.
Paulina dizendo que tinha uma ordem judicial autorizando-a a assim proceder, comentou com Andressa que não adiantava brigar. 
Segura, afirmou que ela tinha mais a ganhar, do que a perder ficando naquela casa.
Andressa, todavia, não estava interessada em luxos. 
Acostumada a viver na rua, lutou contra tudo e contra todos para que não a levassem para dentro da residência. 
Em vão.
Os dois homens a levaram arrastada. 
Ao entrarem na casa, deixaram-na sala. 
A seguir despediram-se.
Francisco, comentou então que ela devia ter cuidado com Andressa. 
Dizendo que a garota não era fácil, recomendou que ela nunca ficasse sozinha. 
Insinuando que já a vira freqüentando ambientes menos nobres, chegou a perguntar a Paulina se ela estava certa do que estava fazendo.
Paulina aborrecida com o modo arrogante do delegado, comentou que estava absolutamente segura do que estava fazendo. 
Alegando que já conhecia a história da garota, afirmou que não havia com o que se preocupar.
Francisco, percebendo que irritara a mulher, desculpou-se e pedindo licença, entrou no carro.
Em seguida, os três homens partiram.
Finalmente vendo-se a sós com a garota, Paulina resolveu levá-la até seu novo quarto.
Andressa então se deparou com um ambiente ricamente adornado. 
Impressionada com o luxo do ambiente, a garota parou para olhar.
Paulina, ao perceber um pequeno interesse de Andressa pelo ambiente, ficou a observá-la. 
Após alguns minutos, comentou que ela precisava tomar um banho.
Andressa ao ouvir a palavra banho, ficou incomodada.
Paulina, no entanto, insistindo em dizer que ela precisava tomar um banho, chamou duas empregadas da casa, para ajudá-la.
Jurema e Juraci, atenderam prontamente a ordem.
Com isso, Andressa, mesmo contra a vontade, acabou por tomar o banho. 
Em uma banheira, Jurema e Juraci esfregam suas costas, lavaram seus cabelos, limpam seu rosto, lavaram seus braços e pernas. 
Por fim, entregam-lhe um sabonete, para que esfregasse o restante do corpo.
Paulina observava tudo de longe.
Desta forma, após quase meia-hora de banho, finalmente o que se via era uma água imunda, e uma garota limpa.
Foi quando Paulina estendeu uma toalha limpa e Andressa se enrolou nela.
Logo em seguida, Paulina tencionou ajudá-la a se vestir.
Andressa, desconfiada, gesticulou.
Com muito custo, Paulina compreendeu que Andressa estava tentando dizer que conseguia se vestir sozinha.
Nesse momento, ao finalmente ver o rosto de Andressa, a mulher comentou:
-- Finalmente posso ver seu rosto como ele realmente é! Que bonita que você é minha filha!
Andressa ao ouvir isso, ficou perplexa. 
Chocada com estas palavras, demonstrou espanto.
Paulina então, percebendo o efeito que causara suas palavras, resolveu lhe explicar tudo.
Andressa, porém, não parecia disposta a ouvir. 
A mulher, percebendo que a garota precisava se trocar, pediu para que ela se vestisse.
Dizendo que elas poderiam conversar mais tarde, prometeu esclarecer tudo. 
A seguir saiu e encostou a porta.
Andressa ao ver uma roupa estendida na cama, enxugou-se na toalha e começou a se vestir. 
Tratava-se de uma calça escura e uma blusa branca.
Ao terminar de vestir a roupa, resolveu se olhar num espelho que estava instalado do outro lado do quarto. 
Admirada com sua imagem, passou a se observar por um longo tempo.
Perplexa com a situação, começou a se perguntar: 
‘O que levou aquela estranha mulher a deixá-la entrar em sua casa?’ 
Sim por que, poderia ser tudo, menos que ela fosse filha da tal mulher. 
Andressa não acreditava nisso.
Foi quando Paulina, percebendo que a moça se demorava demais, resolveu voltar ao quarto. 
Cuidadosamente abriu a porta. 
Ao ver por um instante o quarto vazio, assustou-se.
Temendo que a garota tivesse fugido, passou a procurá-la.
Quando a viu se admirando no espelho, percebeu que Andressa assustou-se. 
Sem graça, pediu desculpas. Dizendo que não queria assustá-la, Paulina comentou que só queria saber se ela estava precisando de alguma coisa.
Andressa nada respondeu. 
Desde que sofrera o malfadado acidente não conseguira mais pronunciar nenhuma palavra.
Nisso Paulina começou a contar sua história.
Impaciente, por diversas vezes, Andressa fez menção de se levantar e deixá-la falando sozinha.
A mulher, porém foi enérgica, e dizendo que aquele assunto também se referia a sua vida, exigiu que Andressa ouvisse tudo o que ela tinha a dizer.
Sem outra alternativa Andressa sentou-se e ouviu tudo o que Paulina tinha a dizer.
Ouviu a história de que ela tivera um relacionamento antes de se casar. 
Que ao se envolver com Clóvis, tivera uma filha. 
Que fora expulsa de casa e que por isso, abandonara a filha em um orfanato. 
Em seguida casou-se, constituiu família. 
Tempos depois o marido morreu, e ela voltou a pensar na sua filhinha.
Andressa irritada com tanta conversa fiada, demonstrava impaciência. 
Incomodada com tanta lenga-lenga, perguntava a si mesma: 
‘E o que eu tenho a ver com isso?’
Paulina percebendo a impaciência de Andressa, comentou que contratou um detetive, e descobriu para seu espanto que sua filha vivia nas ruas.
Andressa ficou surpresa.
Paulina então, revelou que sua filha era ela e que conhecia toda sua história.
A garota, ao ouvir tais palavras, parecia não acreditar. 
Nem um pouco convencida, Andressa começou a gesticular violentamente. 
Revoltada com a situação, parecia tentar dizer que queria sair dali.
Paulina, assustada com a reação de Andressa, pediu por diversas vezes que ela se acalmasse.
Contudo, nada parecia acalmar a garota.
Foi quando a mulher, sacando um calmante da bolsa, chamou uma das empregadas e auxiliada por ela, fez com que a garota engolisse o comprimido.
Depois de alguns minutos Andressa apagou. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.  

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