Com isso, Andressa voltou a viver nas ruas.
Sozinha, dormiu algumas noites em um banco de praça.
Para poder se alimentar tornou a pedir esmolas.
Desta forma foi se virando.
Sua fuga, no entanto, não durou muito tempo.
Isso por que depois de alguns dias perambulando pelas ruas, Andressa foi novamente encontrada por Paulina.
Com a ajuda do detetive Arthur, Andressa foi novamente encontrada.
Com isso, foi questão de tempo para Andressa se ver forçada a voltar a conviver com sua mãe.
Isso por que, Paulina, determinada a ter Andressa de volta, fez de tudo para trazê-la para casa.
Qual não foi sua fúria ao saber, que por conta da falta de cuidado do delegado, Andressa tinha fugido?
Sim por que, para ela, Andressa estava mesmo na casa do professor, mas Francisco, agindo de forma atabalhoada, quase pôs tudo a perder.
Por conta disso, Paulina ‘disse poucas e boas’ ao delegado.
Francisco, porém, não ouviu o sermão calado.
Dizendo que ela o estava desacatando, comentou que estava somente cumprindo com o seu dever.
Arthur, percebendo o perigo, pediu para que Paulina se acalmasse.
Paulina então se aquietou.
Mas jurou que encontraria Andressa.
Custasse o que custasse.
Dito e feito.
Novamente com a ajuda da justiça, conseguiu obrigar Andressa a voltar para sua casa.
Desta forma, sem alternativas, agora, com quase dezesseis anos, Andressa passou viver como Paulina almejava.
Percebendo que não adiantava lutar com esta mulher, Andressa fingiu aceitar viver com Paulina e seus filhos.
Quando Jorge e Cristina perceberam que a mãe não desistiria de Andressa, os dois, mesmo contrariados, desistiram de implicar com a moça.
Mas ignorando-a, pensaram estar atingindo-a.
Andressa, porém, nunca considerou ninguém daquela família como ente querido, assim, nada do que eles faziam a atingia.
Com isso, mesmo isolada, Andressa prossegiu com sua vida.
Ignorando-os, evitava se aborrecer.
Paulina ao perceber isso, ficou profundamente decepcionada.
Em vão tentou por diversas vezes, convencer Jorge e Cristina a aceitarem Andressa.
-- Aceitar? Nunca! – respondeu Jorge.
-- Não pra mim. Eu não sou obrigada a aceitar uma estranha em minha família! – afirmou Cristina.
Com isso, nada dos irmãos se aproximarem.
Mesmo com a insistência de Paulina, nem Jorge, nem Cristina, muito menos Andressa, sentiam vontade de se aproximarem.
Muito pelo contrário, os dois irmãos, viam Andressa como uma completa estranha.
Andressa por sua vez, não se sentia fazendo parte de uma família, por isso também, não se esforçava para tentar uma aproximação.
Paulina ficava desolada.
Contudo, como, não podia obrigar os dois a aceitarem Andressa, também, não podia obrigar a moça a aceitar seus irmãos.
Ainda descrente de que Paulina lhe dizia a verdade, Andressa não conseguia entender o porquê de tanto interesse daquela senhora, em sua pessoa.
Por que?
Por mais que pensasse, não conseguia chegar a uma conclusão.
Desconfiada, porém, prometeu a si mesma que iria descobrir a razão de tudo aquilo.
Voltando a freqüentar o colégio particular, Andressa acabou por conhecer os filhos da professora Cleide.
Com isso, acabou por se tornar amiga deles.
Sim, Andressa se tornou amiga dos filhos de Cleide e Marina, que estudavam no mesmo colégio.
Embora tivessem idades diferentes, acabaram por se tornarem grandes amigos.
Marta e Marcos quase dois anos mais novos que Andressa, a admiravam.
Luana, por sua vez, tinham quase a mesma idade dos gêmeos.
Já Rodrigo era o mais novo do grupo, com treze anos.
A amizade e admiração eram mútuas.
E Andressa, por ser a mais velha, era uma espécie de líder do grupo.
Luana, Rodrigo, Marta e Marcos, conheceram Andressa, em suas andanças.
Embora estudassem em turmas diferentes – por meio de Cleide –, Andressa acabou por conhecer a todos.
Foi numa tarde quando foi até a casa da professora Cleide.
Andressa, precisava tirar dúvidas a respeito de uma matéria.
Ao chegar na casa da mestra, estavam os quatro conversando animadamente.
Cleide então, apresentou Andressa a turma.
Ao verem-na, comentaram que já a conheciam de vista, por circular pelos corredores da escola.
Andressa comentou então que estudava lá.
Curiosos, os quatro amigos começaram a perguntar-lhe em que turma estava, se conhecia Cleide havia muito tempo, etc.
Andressa atenciosa, respondeu a todas as perguntas.
Foi então que Cleide, percebendo que Andressa precisava esclarecer algumas dúvidas, pediu a todos que lhe dessem licença.
Luana, Rodrigo, Marta e Marcos, concordaram.
Foram para o quintal.
Nisso, Andressa esclareceu suas dúvidas com Cleide.
Por fim, Cleide, após esclarecer às dúvidas da garota, ofereceu-lhe um chá.
Andressa, comentando que o motorista a aguardava, afirmou que precisava voltar para casa.
Cleide, percebendo a situação, insistiu.
Dizendo que Andressa poderia chamá-lo, pediu para que ficasse mais um pouco.
Andressa foi até o carro.
Pedindo a Cristóvão que descesse, comentou que ele fora convidado para tomar um chá.
Sem graça, o motorista tentou recusar o convite, mas Andressa, dizendo que Cleide insistia, acabou por fazê-lo descer do carro.
Assim, Cristóvão acompanhou Andressa.
Luana, Rodrigo, Marta e Marcos também estavam presentes.
Com isso, de forma descontraída, todos conversaram.
Este foi o início de uma grande amizade.
Quando então voltaram para casa, Cristóvão comentou:
-- Muito simpática sua professora!
Andressa concordou.
Sim, sua professora de literatura era muito simpática.
Tão simpática, que sempre que podia a auxiliava em seus estudos.
Percebendo que Andressa gostava muito de suas aulas, por diversas vezes, Cleide, insistiu para que a moça aprofundasse seus estudos.
Dizendo que ela não precisava ficar adstrita só ao que era lecionado em classe, Cleide passou-lhe uma lista de vários livros para ler.
Andressa ao ver a lista, foi logo se inteirar para saber se na casa onde morava havia os tais livros.
Com isso, vasculhou a biblioteca da casa de Paulina.
Para sua admiração, quase todos estavam lá.
Interessada que estava em aprender, Andressa passou a ler mais e mais.
Em razão disso, seu desempenho nas provas melhorou muito.
Paulina ao ver as notas de Andressa, comentava orgulhosa:
-- Muito bem! Que belas notas!
Quem não gostava nada disso eram Jorge e Cristina, que ao mostrarem seu boletim, só tinham notas medianas.
Quando Paulina via isso, só reclamava.
Pior!
Muitas vezes comparava o desempenho de Andressa na escola com o desinteresse deles.
Isso só piorava as coisas.
Jorge e Cristina, irritados com a comparação, ficavam ainda mais reticentes em relação a Andressa.
Nisso, Andressa, ao freqüentar as aulas de Augusto, comentou o quão difícil estava sendo viver na casa de Paulina.
Curioso, o homem perguntou se não havia problemas em ela conversar com ele.
Irritada, Andressa respondeu que Paulina já havia conseguido o que queria.
Agora não poderia também se tornar senhora de todos os seus passos.
Foi quando Augusto comentou que ela não devia ter fugido de sua casa.
-- E o que eu poderia fazer? Complicar sua vida?
Augusto comentou então, que ficou muito preocupado com seu sumiço.
Andressa retrucou dizendo que não ficara tanto tempo sumida.
Dizendo que pouco tempo depois, voltou a freqüentar a escola, foi interrompida por Augusto:
-- É! Eu sei! Eu quase não acreditei quando a vi de volta.
-- Eu também! Sempre achei que depois do que ocorreu, Paulina fosse me matricular em outro colégio. – respondeu ela.
-- Mas eu sei por que ela não fez isso.
-- Por que? – perguntou Andressa curiosíssima.
Augusto, respondeu então:
-- Primeiro! Ela não tem como provar nada. Segundo! Eu não posso fazer nada. Estou de pés e mãos atados. Ela sabe disso.
Andressa, concordou.
Ademais, com a proibição de Augusto freqüentar sua casa, Paulina havia conseguido evitar que eles convivessem tão próximos quanto antes.
Além do mais, constatando que Andressa tinha um temperamento difícil, Paulina, não queria se indispor com ela.
Desta forma, não proibiu totalmente a convivência dos dois.
Sim, Paulina era esperta.
Com isso, evitava que Andressa se rebelasse e tivesse novos motivos para fugir.
E assim, as coisas foram caminhando.
Certo dia, caminhando distraída pelos corredores do colégio, Andressa esbarrou em Vanessa.
Irritada, a garota perguntou:
-- Desastrada! Não olha por onde anda, não é!?
Surpresa com a reação da garota, Andressa comentou que até pensou em pedir desculpas, mas, diante de sua falta de educação, mudou de idéia.
Com isso, foi embora, deixando-a falar sozinha.
Vanessa, ao ser deixada no vácuo, ficou furiosa.
Gritando, diz:
-- É, vai embora, sua mal-educada!
Com isso, sempre que as duas garotas se encontravam, se estranhavam.
Vanesa, que não simpatizara nem um pouco com ela, sempre que podia, esnobava Andressa.
Usando de provocações, vivia a insinuar que Andressa não tinha nível pra freqüentar aquela escola.
Quando soube que a garota já havia estudado em escola pública, é que as coisas ficaram piores.
Isso por que sempre que podia, Vanessa dizia que Andressa devia estudar numa escola como essas.
Afirmando que ela se sentiria mais à vontade num lugar onde as pessoas tinha o mesmo nível de educação que ela, Vanessa, finalmente conseguiu irritá-la.
Certa vez, ao ouvir tais comentários, Andressa resolveu tomar satisfação.
Vanessa, atrevida que era, não se deixou intimidar.
Dizendo que não estava nem um pouco arrependida, continuava a dizer que aquele não era ambiente para ela.
Foi quando Andressa perguntou:
-- Ah é?! E desde quando você conhece o suficiente da minha vida para saber que ambientes eu devo freqüentar?
Vanessa ao ouvir tais palavras, comentou que ouvira de Jorge e Cristina que ela havia morado na rua.
Triunfante, achou que dizendo isso, conseguiria humilhar Andressa.
A moça, porém, dizendo que tinha muito orgulho de seu passado, comentou que não tivera escolha na vida.
Por isso, quando a única alternativa que surgiu foi a de dormir na rua, não pestanejou, enfrentou a dura realidade.
Dizendo que havia sofrido muito, Andressa indagou se ela teria coragem para enfrentar tudo o que ela teve que enfrentar.
Vanessa respondeu:
-- Deus me livre!
-- Pois então, não julgue o que você não sabe! Não critique uma realidade que você nunca viveu, e espero sinceramente que você nunca tenha que viver! Por que é difícil. Eu não desejo isso, nem para o meu pior inimigo. É muito ruim se sentir sozinha, abandonada, vazia. É muito ruim não ter o afeto de quem mais deveria gostar da gente! – encerrou Andressa já quase chorando.
Vanessa, ao ver a expressão de tristeza no rosto de Andressa, pela primeira vez desde que a conhecera, teve pena.
Andressa, porém, percebendo que todos a olhavam, saiu correndo do pátio.
Envergonhada, não queria que ninguém a visse chorar.
Assim, foi se esconder na sala dos professores.
Vanessa então, preocupada, percebendo que havia se excedido, passou a procurá-la.
Vasculhando a escola inteira, não conseguiu achá-la.
Nisso, escondida em um canto, Andressa acabou sendo encontrada por Cleide que ao vê-la tão amuada, quis logo saber o que estava acontecendo.
Andressa, no entanto, não estava interessada em conversas.
Insistindo em dizer que precisava ficar sozinha, perguntou a professora se poderia ir para casa.
Surpresa com o pedido, Cleide perguntou a Andressa o que estava acontecendo.
Melancólica, Andressa respondeu que nada de mais.
Cleide ao ouvir a resposta da moça, não insistiu.
Com isso, autorizada pelo diretor, Andressa foi embora para casa.
Caminhando a pé, começou a pensar na vida.
Pela primeira vez, resolveu analisar tudo o que vivera até o presente momento.
Foi então que se lembrou de sua família – seu pai, sua mãe.
Lembrou-se do dia em que Juscelino morreu.
Recordou-se de quando passou a viver em um orfanato, dos anos em que morou na rua.
Do tempo que passou na FEBEM.
De quando voltou a viver com sua mãe, de Cléber.
Do acidente.
De Paulina, e como sua vira se transformara desde que ela resolveu cuidar dela.
Quando chegou em casa, Paulina, ao vê-la chegar a pé, espantou-se.
Andressa, que não estava interessada em conversar, comentou que a aula havia acabado mais cedo, e para não ficar esperando à toa, resolveu voltar para casa.
Paulina, ao ouvir tais palavras, não desconfiou.
Sabendo que a filha era uma assídua aluna, dedicadíssima aos estudos, a mulher não se achou no direito de duvidar de suas palavras.
Fosse Jorge ou Cristina que aparecessem com esse tipo de argumento, Paulina trataria logo de averiguar se era verdade ou não.
Com isso, Andressa trancou-se em seu quarto.
Sem fome, respondeu a Paulina que almoçaria mais tarde.
Sozinha, dormiu algumas noites em um banco de praça.
Para poder se alimentar tornou a pedir esmolas.
Desta forma foi se virando.
Sua fuga, no entanto, não durou muito tempo.
Isso por que depois de alguns dias perambulando pelas ruas, Andressa foi novamente encontrada por Paulina.
Com a ajuda do detetive Arthur, Andressa foi novamente encontrada.
Com isso, foi questão de tempo para Andressa se ver forçada a voltar a conviver com sua mãe.
Isso por que, Paulina, determinada a ter Andressa de volta, fez de tudo para trazê-la para casa.
Qual não foi sua fúria ao saber, que por conta da falta de cuidado do delegado, Andressa tinha fugido?
Sim por que, para ela, Andressa estava mesmo na casa do professor, mas Francisco, agindo de forma atabalhoada, quase pôs tudo a perder.
Por conta disso, Paulina ‘disse poucas e boas’ ao delegado.
Francisco, porém, não ouviu o sermão calado.
Dizendo que ela o estava desacatando, comentou que estava somente cumprindo com o seu dever.
Arthur, percebendo o perigo, pediu para que Paulina se acalmasse.
Paulina então se aquietou.
Mas jurou que encontraria Andressa.
Custasse o que custasse.
Dito e feito.
Novamente com a ajuda da justiça, conseguiu obrigar Andressa a voltar para sua casa.
Desta forma, sem alternativas, agora, com quase dezesseis anos, Andressa passou viver como Paulina almejava.
Percebendo que não adiantava lutar com esta mulher, Andressa fingiu aceitar viver com Paulina e seus filhos.
Quando Jorge e Cristina perceberam que a mãe não desistiria de Andressa, os dois, mesmo contrariados, desistiram de implicar com a moça.
Mas ignorando-a, pensaram estar atingindo-a.
Andressa, porém, nunca considerou ninguém daquela família como ente querido, assim, nada do que eles faziam a atingia.
Com isso, mesmo isolada, Andressa prossegiu com sua vida.
Ignorando-os, evitava se aborrecer.
Paulina ao perceber isso, ficou profundamente decepcionada.
Em vão tentou por diversas vezes, convencer Jorge e Cristina a aceitarem Andressa.
-- Aceitar? Nunca! – respondeu Jorge.
-- Não pra mim. Eu não sou obrigada a aceitar uma estranha em minha família! – afirmou Cristina.
Com isso, nada dos irmãos se aproximarem.
Mesmo com a insistência de Paulina, nem Jorge, nem Cristina, muito menos Andressa, sentiam vontade de se aproximarem.
Muito pelo contrário, os dois irmãos, viam Andressa como uma completa estranha.
Andressa por sua vez, não se sentia fazendo parte de uma família, por isso também, não se esforçava para tentar uma aproximação.
Paulina ficava desolada.
Contudo, como, não podia obrigar os dois a aceitarem Andressa, também, não podia obrigar a moça a aceitar seus irmãos.
Ainda descrente de que Paulina lhe dizia a verdade, Andressa não conseguia entender o porquê de tanto interesse daquela senhora, em sua pessoa.
Por que?
Por mais que pensasse, não conseguia chegar a uma conclusão.
Desconfiada, porém, prometeu a si mesma que iria descobrir a razão de tudo aquilo.
Voltando a freqüentar o colégio particular, Andressa acabou por conhecer os filhos da professora Cleide.
Com isso, acabou por se tornar amiga deles.
Sim, Andressa se tornou amiga dos filhos de Cleide e Marina, que estudavam no mesmo colégio.
Embora tivessem idades diferentes, acabaram por se tornarem grandes amigos.
Marta e Marcos quase dois anos mais novos que Andressa, a admiravam.
Luana, por sua vez, tinham quase a mesma idade dos gêmeos.
Já Rodrigo era o mais novo do grupo, com treze anos.
A amizade e admiração eram mútuas.
E Andressa, por ser a mais velha, era uma espécie de líder do grupo.
Luana, Rodrigo, Marta e Marcos, conheceram Andressa, em suas andanças.
Embora estudassem em turmas diferentes – por meio de Cleide –, Andressa acabou por conhecer a todos.
Foi numa tarde quando foi até a casa da professora Cleide.
Andressa, precisava tirar dúvidas a respeito de uma matéria.
Ao chegar na casa da mestra, estavam os quatro conversando animadamente.
Cleide então, apresentou Andressa a turma.
Ao verem-na, comentaram que já a conheciam de vista, por circular pelos corredores da escola.
Andressa comentou então que estudava lá.
Curiosos, os quatro amigos começaram a perguntar-lhe em que turma estava, se conhecia Cleide havia muito tempo, etc.
Andressa atenciosa, respondeu a todas as perguntas.
Foi então que Cleide, percebendo que Andressa precisava esclarecer algumas dúvidas, pediu a todos que lhe dessem licença.
Luana, Rodrigo, Marta e Marcos, concordaram.
Foram para o quintal.
Nisso, Andressa esclareceu suas dúvidas com Cleide.
Por fim, Cleide, após esclarecer às dúvidas da garota, ofereceu-lhe um chá.
Andressa, comentando que o motorista a aguardava, afirmou que precisava voltar para casa.
Cleide, percebendo a situação, insistiu.
Dizendo que Andressa poderia chamá-lo, pediu para que ficasse mais um pouco.
Andressa foi até o carro.
Pedindo a Cristóvão que descesse, comentou que ele fora convidado para tomar um chá.
Sem graça, o motorista tentou recusar o convite, mas Andressa, dizendo que Cleide insistia, acabou por fazê-lo descer do carro.
Assim, Cristóvão acompanhou Andressa.
Luana, Rodrigo, Marta e Marcos também estavam presentes.
Com isso, de forma descontraída, todos conversaram.
Este foi o início de uma grande amizade.
Quando então voltaram para casa, Cristóvão comentou:
-- Muito simpática sua professora!
Andressa concordou.
Sim, sua professora de literatura era muito simpática.
Tão simpática, que sempre que podia a auxiliava em seus estudos.
Percebendo que Andressa gostava muito de suas aulas, por diversas vezes, Cleide, insistiu para que a moça aprofundasse seus estudos.
Dizendo que ela não precisava ficar adstrita só ao que era lecionado em classe, Cleide passou-lhe uma lista de vários livros para ler.
Andressa ao ver a lista, foi logo se inteirar para saber se na casa onde morava havia os tais livros.
Com isso, vasculhou a biblioteca da casa de Paulina.
Para sua admiração, quase todos estavam lá.
Interessada que estava em aprender, Andressa passou a ler mais e mais.
Em razão disso, seu desempenho nas provas melhorou muito.
Paulina ao ver as notas de Andressa, comentava orgulhosa:
-- Muito bem! Que belas notas!
Quem não gostava nada disso eram Jorge e Cristina, que ao mostrarem seu boletim, só tinham notas medianas.
Quando Paulina via isso, só reclamava.
Pior!
Muitas vezes comparava o desempenho de Andressa na escola com o desinteresse deles.
Isso só piorava as coisas.
Jorge e Cristina, irritados com a comparação, ficavam ainda mais reticentes em relação a Andressa.
Nisso, Andressa, ao freqüentar as aulas de Augusto, comentou o quão difícil estava sendo viver na casa de Paulina.
Curioso, o homem perguntou se não havia problemas em ela conversar com ele.
Irritada, Andressa respondeu que Paulina já havia conseguido o que queria.
Agora não poderia também se tornar senhora de todos os seus passos.
Foi quando Augusto comentou que ela não devia ter fugido de sua casa.
-- E o que eu poderia fazer? Complicar sua vida?
Augusto comentou então, que ficou muito preocupado com seu sumiço.
Andressa retrucou dizendo que não ficara tanto tempo sumida.
Dizendo que pouco tempo depois, voltou a freqüentar a escola, foi interrompida por Augusto:
-- É! Eu sei! Eu quase não acreditei quando a vi de volta.
-- Eu também! Sempre achei que depois do que ocorreu, Paulina fosse me matricular em outro colégio. – respondeu ela.
-- Mas eu sei por que ela não fez isso.
-- Por que? – perguntou Andressa curiosíssima.
Augusto, respondeu então:
-- Primeiro! Ela não tem como provar nada. Segundo! Eu não posso fazer nada. Estou de pés e mãos atados. Ela sabe disso.
Andressa, concordou.
Ademais, com a proibição de Augusto freqüentar sua casa, Paulina havia conseguido evitar que eles convivessem tão próximos quanto antes.
Além do mais, constatando que Andressa tinha um temperamento difícil, Paulina, não queria se indispor com ela.
Desta forma, não proibiu totalmente a convivência dos dois.
Sim, Paulina era esperta.
Com isso, evitava que Andressa se rebelasse e tivesse novos motivos para fugir.
E assim, as coisas foram caminhando.
Certo dia, caminhando distraída pelos corredores do colégio, Andressa esbarrou em Vanessa.
Irritada, a garota perguntou:
-- Desastrada! Não olha por onde anda, não é!?
Surpresa com a reação da garota, Andressa comentou que até pensou em pedir desculpas, mas, diante de sua falta de educação, mudou de idéia.
Com isso, foi embora, deixando-a falar sozinha.
Vanessa, ao ser deixada no vácuo, ficou furiosa.
Gritando, diz:
-- É, vai embora, sua mal-educada!
Com isso, sempre que as duas garotas se encontravam, se estranhavam.
Vanesa, que não simpatizara nem um pouco com ela, sempre que podia, esnobava Andressa.
Usando de provocações, vivia a insinuar que Andressa não tinha nível pra freqüentar aquela escola.
Quando soube que a garota já havia estudado em escola pública, é que as coisas ficaram piores.
Isso por que sempre que podia, Vanessa dizia que Andressa devia estudar numa escola como essas.
Afirmando que ela se sentiria mais à vontade num lugar onde as pessoas tinha o mesmo nível de educação que ela, Vanessa, finalmente conseguiu irritá-la.
Certa vez, ao ouvir tais comentários, Andressa resolveu tomar satisfação.
Vanessa, atrevida que era, não se deixou intimidar.
Dizendo que não estava nem um pouco arrependida, continuava a dizer que aquele não era ambiente para ela.
Foi quando Andressa perguntou:
-- Ah é?! E desde quando você conhece o suficiente da minha vida para saber que ambientes eu devo freqüentar?
Vanessa ao ouvir tais palavras, comentou que ouvira de Jorge e Cristina que ela havia morado na rua.
Triunfante, achou que dizendo isso, conseguiria humilhar Andressa.
A moça, porém, dizendo que tinha muito orgulho de seu passado, comentou que não tivera escolha na vida.
Por isso, quando a única alternativa que surgiu foi a de dormir na rua, não pestanejou, enfrentou a dura realidade.
Dizendo que havia sofrido muito, Andressa indagou se ela teria coragem para enfrentar tudo o que ela teve que enfrentar.
Vanessa respondeu:
-- Deus me livre!
-- Pois então, não julgue o que você não sabe! Não critique uma realidade que você nunca viveu, e espero sinceramente que você nunca tenha que viver! Por que é difícil. Eu não desejo isso, nem para o meu pior inimigo. É muito ruim se sentir sozinha, abandonada, vazia. É muito ruim não ter o afeto de quem mais deveria gostar da gente! – encerrou Andressa já quase chorando.
Vanessa, ao ver a expressão de tristeza no rosto de Andressa, pela primeira vez desde que a conhecera, teve pena.
Andressa, porém, percebendo que todos a olhavam, saiu correndo do pátio.
Envergonhada, não queria que ninguém a visse chorar.
Assim, foi se esconder na sala dos professores.
Vanessa então, preocupada, percebendo que havia se excedido, passou a procurá-la.
Vasculhando a escola inteira, não conseguiu achá-la.
Nisso, escondida em um canto, Andressa acabou sendo encontrada por Cleide que ao vê-la tão amuada, quis logo saber o que estava acontecendo.
Andressa, no entanto, não estava interessada em conversas.
Insistindo em dizer que precisava ficar sozinha, perguntou a professora se poderia ir para casa.
Surpresa com o pedido, Cleide perguntou a Andressa o que estava acontecendo.
Melancólica, Andressa respondeu que nada de mais.
Cleide ao ouvir a resposta da moça, não insistiu.
Com isso, autorizada pelo diretor, Andressa foi embora para casa.
Caminhando a pé, começou a pensar na vida.
Pela primeira vez, resolveu analisar tudo o que vivera até o presente momento.
Foi então que se lembrou de sua família – seu pai, sua mãe.
Lembrou-se do dia em que Juscelino morreu.
Recordou-se de quando passou a viver em um orfanato, dos anos em que morou na rua.
Do tempo que passou na FEBEM.
De quando voltou a viver com sua mãe, de Cléber.
Do acidente.
De Paulina, e como sua vira se transformara desde que ela resolveu cuidar dela.
Quando chegou em casa, Paulina, ao vê-la chegar a pé, espantou-se.
Andressa, que não estava interessada em conversar, comentou que a aula havia acabado mais cedo, e para não ficar esperando à toa, resolveu voltar para casa.
Paulina, ao ouvir tais palavras, não desconfiou.
Sabendo que a filha era uma assídua aluna, dedicadíssima aos estudos, a mulher não se achou no direito de duvidar de suas palavras.
Fosse Jorge ou Cristina que aparecessem com esse tipo de argumento, Paulina trataria logo de averiguar se era verdade ou não.
Com isso, Andressa trancou-se em seu quarto.
Sem fome, respondeu a Paulina que almoçaria mais tarde.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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