Poesias

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 32

Sim, Andressa, sem ter para onde ir, passou a viver na rua.
Sem endereço fixo, cada dia a garota dormia em um lugar.
Preocupada, temerosa de que a encontrassem a garota, ficou a se esconder por um longo período.
Perdida, na primeira noite que passou na rua, tudo lhe assustava. 
A visão dos mendigos, crianças se drogando, o mal cheiro. 
Tudo era aterrador. 
Apavorada, perguntava-se o tempo todo, o que estava fazendo ali. 
Pensando se não teria melhor ficar no orfanato, lembrou-se de Carmem, que a essa altura devia estar aflitíssima com seu sumiço. 
Contudo, o que poderia fazer? 
Voltar não podia. 
Isso por que, se retornasse ao orfanato, sua vida, que já era muito difícil lá dentro, se tornaria insuportável. 
Levando-se em consideração o comportamento de Francisca e de outras funcionárias, a garota não teria nenhum minuto sequer, de sossego.
Sim, Andressa estava encrencada.
Não tinha onde dormir, o que comer, nem como se proteger. 
Vagando, ficou praticamente a noite inteira acordada, com medo de que algum indigente se aproximasse dela.
Como não trazia consigo nenhum objeto de valor, não foi abordada por nenhum trombadinha.
Todavia, alguns moradores de rua, estranhando sua presença, passaram a comentar entre si:
-- O que uma menina limpinha e bem arrumada, estaria fazendo na rua aquela hora e sozinha?
Foi aí que começou um burburinho.
Andressa, percebendo que era alvo de olhares, apressou o passo.
Andando, andando, chegou em uma praça. 
No entanto, por mais que andasse. 
Por mais que tentasse se esconder, sentia que nenhum lugar era seguro o bastante. 
Todavia, a certa altura, cansada de andar sem rumo, exausta, acabou por adormecer em qualquer lugar.
Por sorte, ninguém a incomodou.
E assim depois de algum tempo vivendo nas ruas, percebendo que não tinha alternativas, acabou se adaptando a esta vida. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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