Poesias

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 20


Enquanto isso, Andréia e Juscelino, sem filhos, passaram a cogitar a idéia de adotarem uma criança.
Isso por que Andréia, após inúmeras tentativas, finalmente se convenceu de que este é o único caminho que lhe restava.
Decepcionada por não conseguir gerar uma criança, a mulher reluta em aceitar a idéia de ter um filho que não foi gerado por ela.
Juscelino porém, desejoso de ter um filho, faz de tudo para convencer a mulher a adotar uma criança.
Capitulando, Andréia acaba concordando.
Com isso, finalmente decide ingressar com um pedido de adoção.
Andréia se enche de esperança.
Mas qual não é sua decepção ao saber que teria que aguardar a sua vez em uma fila de espera, e que certamente a criança que ela ira adotar não seria um bebê recém-nascido.
Desconsolada, Andréia pensou em desistir do processo de adoção.
Não fosse a insistência do marido, e ela certamente teria desistido.
Mas Juscelino estava disposto a fazer qualquer coisa para ter um filho.
Foi então que o casal foi informado de que havia uma moça branca, prestes a dar a luz.
Faltavam poucas semanas para o nascimento.
Andréia ao ouvir esta história, encheu-se de esperança.
Juscelino no entanto, ficou desconfiado da história.
Cauteloso, lembrou a esposa de que havia uma fila, onde as pessoas respeitavam a ordem de entrada dos pedidos.
Andréia ao ouvir a ressalva do marido, nem a levou em consideração.
Dizendo que faria qualquer coisa para adotar esta criança, Andréia insistiu para que ele conversasse com a pessoa que lhe passara esta informação.
Contrariado, Juscelino foi ao encontro do informante.
Era um homem branco, com ar desconfiado, que lhe contou a história da moça que estava prestes a dar a luz uma criança e que não tinha condições de criá-la.
Dizendo que lhe entregava a criança em troca de uma boa quantia, o homem conseguiu deixar Juscelino, espantado.
Revoltado com a postura do tal homem, Juscelino mostrava-se relutante em aceitar a
proposta.
Andréia porém, pensando que esta criança poderia ser a solução para os problemas, insistiu para que o marido concordasse.
Dizendo que eles tinham dinheiro para pagar o homem, comentou que eles não estariam fazendo mal algum.
Para ela, eles estariam apenas ajudando uma criança abandonada.
Juscelino então, percebendo o interesse da esposa na tal criança acabou concordando.
Mesmo consciente de que o que estava fazendo não era a atitude mais correta a ser tomada, Juscelino concordou.
Estava decidido.
Iria pagar pela criança.
Nisso, o tempo foi passando e eis que finalmente Paulina deu a luz uma criança.
Era o ano de 1980.
Sozinha e sem ter com quem contar, a moça deixou a criança nas mãos das freiras responsáveis pelo lugar.
Com o coração apertado, despediu-se da filha.
A qual nem nome tinha ainda.
-- Adeus!
Disse, despedindo-se com um beijo no rosto da criança.
Tentou se convencer de que estava agindo da forma correta, com o seguinte pensamento: ‘Não tenho para onde ir. Assim, deixando-a aqui, pelo menos será bem cuidada.’
E foi com este pensamento que Paulina partiu.
Novamente sem ter para onde ir, tentou arrumar emprego.
Sem recursos, hospedou-se em uma pensão barata.
Nesse ínterim, Juscelino foi informado por telefone, que a criança havia nascido e que ele estava só esperando, o momento para adequado para pegar a menina e levá-la para o casal.
Juscelino, ao saber que era uma menina, ficou bastante feliz.
Andréia porém, preferia um garoto.
Contudo, em sua situação, ela não estava em condições de escolher.
Por isso mesmo, aceitou a idéia de ter uma menina.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário