Poesias

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 50

Mas astuto que era, com o tempo, conseguiu encontrá-la.
E assim, o assédio continuou.
Aflita, Andressa não sabia mais o que fazer.
Mesmo se escondendo, Cléber dava um jeito de encontrá-la.
Desesperada, Andressa pediu ajuda a Clau e Robson.
Quando Mateus descobriu que o assédio continuava, ficou furioso. 
Dizendo que iria acabar com a raça do rapaz, conseguiu fazer com que Andressa ficasse assustada.
Isso por que, Andressa começou a perceber que Cléber não devia agir sozinho. 
Assim, se Mateus se metesse com ele, poderia se dar mal. 
Ao notar essa possibilidade, Andressa, começou a pensar em uma outra solução.
Sem saber o que fazer, pediu a ajuda de Tina, que mesmo com anos de rua, não conseguiu lhe dar uma idéia que prestasse.
Clau e Robson por sua vez, sugeriram pegar o sujeito de surpresa e lhe darem uma surra.
Andressa, ao ouvir essa sugestão, proibiu os amigos de agirem desta maneira.
Dizendo que o tal sujeito poderia ser vingativo, aconselhou os amigos a terem cuidado.
Contrariados, Clau, Robson e Mateus, prometeram que não fariam nada, contra o tal sujeito.
Andressa então se acalmou um pouco.
Mesmo assim, Clau, Mateus e Robson, ainda continuavam com a idéia de acertarem as contas com o sujeito. E, preocupados com a amiga, passaram a acompanhá-la.
Quando não podiam acompanhar Andressa, os três garotos pediam para Tina, fazer-lhe companhia.
Com isso, Cléber se afastou.
Irritado, ao perceber que, quatro garotos de rua estavam protegendo Andressa, começou a pensar no que faria para se aproximar dela novamente.
Reinaldo – seu parceiro nas maldades – sugeriu ao amigo:
-- Se você está tão interessado assim nesta garota, por que não aproveita a noite, para pegá-la?
Curioso, Cléber retrucou:
-- Mas como? Se eu a abordar a noite, ela vai gritar e acordar seus amigos. Não vai dar certo.
-- Mas então você não entendeu. Eu não falei para acordá-la, e sim pegá-la. Agora, entendeu?
-- Entendi! – respondeu Cléber com malícia.
Nisso, os dois comparsas começaram a planejar tudo. 
Cautelosos, não queriam que os amigos da garota acordassem, no momento da abordagem. 
Quanto menos problemas tivessem, melhor.
E assim, ficaram a conversar.
Andressa por sua vez, sentia-se tranqüila. 
Crédula de que Cléber havia desistido de persegui-la, prosseguiu com sua vidinha de sempre. 
Às vezes, furtava objetos de valor. 
Outras vezes, aplicava golpes nos passantes.
Cléber, ansioso para colocar seu intento em prática, continuou a espreitá-la. 
Mal podia esperar para executar sua maldade. 
Animado pensava: 
‘Isso tudo vai acabar. Seus dias de tranqüilidade vão acabar.’
Nisso Andressa conversava com sua amiga Tina.
Desanimada, a garota conversava com Andressa. 
Cansada de ser agredida por Robson, Tina comentou que iria embora.
Andressa ficou surpresa.
Tina, percebendo o ar de espanto da amiga, comentou que arrumara um lugar para ficar.
-- Onde? – perguntou Andressa.
-- O lugar onde eu já vivia antes de vir para cá. – respondeu Tina.
-- O orfanato? – espantou-se Andressa.
-- Não. Eu encontrei um parente meu. – disse Tina.
-- Quem? Eu nunca te vi com nenhum conhecido! – respondeu Andressa.
-- É um tio.
-- Um tio? – bradou Andressa.
-- Fique quieta! – pediu Tina – O Robson não sabe disso.
-- Você não vai contar a ele?
-- Não. Não dá. Ele não entenderia. Eu não posso falar pra ele. – comentou Tina.
-- Por quê? – insistiu Andressa.
-- Por que ele me ameaçou. Disse-me que se eu tentasse me livrar dele, me mataria. – respondeu Tina.
-- Nossa! – espantou-se Andressa.
Percebendo a gravidade da situação Andressa prometeu que não comentaria o assunto com Robson, Clau, nem com Mateus.
Tina agradeceu.
E Cléber, continuava observando Andressa.
Á noite, aproveitando que todos dormiam, Cléber e Reinaldo, se aproximaram do local onde Andressa e seus amigos estavam.
Caminhando lentamente, os dois se aproximaram de Andressa.
Cléber cuidadosamente pegou a garota nos braços. 
Auxiliado por Reinaldo, Cléber levou a moça para um barraco.
Qual não foi o espanto de Andressa quando acordou e se viu amarrada, em um lugar estranho. 
Assustada, a garota começou a pedir ajuda.
Foi quando Cléber apareceu:
-- Dormiu bem? – pergunta.
Andressa irritada, respondeu que queria sair.
Cléber, por sua vez, fingiu ignorar o pedido da moça. 
Procurando ser gentil, perguntou-lhe se ela tinha fome.
Andressa não respondeu.
O rapaz então, disse que tinha frutas, pão, leite, chá, bolachas e suco.
A garota irritada retrucou:
-- Você não ouviu o que eu disse? Eu quero sair daqui.
Cléber, continuou a fingir que não ouvia. 
Aparentemente prestativo, logo sugeriu:
-- Não gostou do café? Se você quiser, eu compro um bolo. O que você quiser.
Amarrada, Andressa pediu para que ele a soltasse.
Cléber por sua vez, disse que não poderia fazê-lo ou ela tentaria fugir.
A garota ao ouvir estas palavras, ficou irritada.
O rapaz, percebendo então, que precisava colocá-la em uma posição mais confortável, se aproximou da moça. 
Dizendo que iria desamarrá-la, pediu para que ela não fizesse nenhum gesto brusco.
Andressa não respondeu. 
Mas atenta, ao se ver livre das amarras, começou a observar o lugar. 
Por ser um ambiente precário, acreditou que devia estar muito longe do centro da cidade. 
Aflita, pensou: ‘E agora? Como vou fazer para sair daqui?’
Cléber então, se aproximou com uma bandeja repleta de comida.
Andressa, ao ver o café que lhe fora preparado, perguntou por que a levaram até ali.
Dizendo que não tinha dinheiro, comentou que estavam prendendo a pessoa errada.
Cléber respondeu então:
-- Eu não sou um seqüestrador. Não estou esperando um resgate. Eu só quero mostrar a você que eu não sou nenhum bandido. Pode confiar. Você não vai se arrepender.
-- Ah é?! Se você não é nenhum bandido, por que não me deixa sair daqui? Escute, eu não tenho nada contra você. Se me deixar sair desse lugar, eu não vou contar a ninguém
o que você fez. Eu prometo! Agora por favor, me deixe sair daqui! – finalizou Andressa em tom de súplica.
O rapaz, ao ver o desespero nos olhos da moça, sorriu. 
Dizendo que não tinha nada a perder, comentou que finalmente conseguiria o que tanto almejava.
Andressa sentiu um frio percorrer-lhe a espinha.
Cléber, percebendo que assustara a moça, resolveu se afastar. 
Dizendo que não queria incomodá-la, afirmou que só retornaria mais tarde, quando ela tivesse terminado de tomar seu café da manhã. 
Assim, se encaminhou para outro cômodo da casa. 
Antes de deixá-la sozinha, sugeriu:
-- Coma bem! Aproveite! Aposto que em todo esse tempo de rua, você nunca se deparou com um café da manhã tão farto.
Andressa ao ouvir estas palavras, sentiu vontade de jogar a bandeja de comida, na cabeça do rapaz. 
Todavia, faminta que estava, deixou o orgulho de lado e comeu. 
Comeu.
Ao se ver diante de tão farta refeição, se esbaldou. 
Comeu tanto que depois se sentiu mal.
Cléber ao perceber que a garota se excedera, comprou um remédio para tratar de seu mal-estar.
Com isso, quando finalmente Andressa se recuperou, Cléber falou:
-- Tenha mais cuidado! Quando eu disse para comer eu não falei para comer tudo de uma vez. Tenha calma.
Andressa ao ouvir as palavras de Cléber, respondeu que ela passara mal por que a comida devia estar envenenada.
-- Envenenada? Nem pensar! Você é que exagerou. Parece que nunca viu comida na frente.
Andressa calou-se.
Cléber então, comentou que entendia o seu desespero. 
Afirmando que conhecia um pouco de sua história, respondeu que devia ser realmente muito difícil para uma pessoa que passou fome na vida, se deparar com tanta fartura e não se exceder.
Andressa abaixou a cabeça.
Cléber, ao notar que a moça baixara a guarda, resolveu se aproximar. 
Rapidamente, segurou seus cabelos curtos.
Andressa ao perceber o toque, se afastou.
O rapaz, porém, continuou a investir.
A garota passou então, a recuar cada vez mais.
Cléber, que parecia gostar do jogo, se aproximava cada vez mais. 
Aproveitando-se de sua posição de vantagem, agarrou Andressa, que começou a se debater.
Não fosse a chegada de Reinaldo e Cléber teria conseguido atacar a moça.
Aborrecido, Cléber então, deixou Andressa amarrada dentro do quarto e foi atender o amigo.
Reinaldo ao ver o amigo, foi logo perguntando se havia acontecido alguma coisa.
Irritado, Cléber respondeu:
-- Teria, se você não tivesse atrapalhado.
Sem graça, Reinaldo comentou:
-- Desculpe. Foi mal. Eu só pensei que você fosse mais rápido!
Ao ouvir isso, Cléber se irritou. 
Dizendo que certas coisas na vida levam tempo, comentou que já estava quase conseguindo o que tanto desejava. 
A seguir, dizendo que precisava voltar, exigiu que Reinaldo saísse do barraco.
Contrariado, o rapaz saiu.
Nisso, Cléber voltou para o quarto.
Aparentemente Andressa dormia.
Desconfiado, Cléber se aproximou da moça. 
Ao notar que ela não se assustou, convenceu-se de que ela realmente devia estar dormindo.
Irritado, saiu e trancou a porta.  

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

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