Poesias

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 23

Com isso, alguns meses depois e lá estavam Cleide e Marina casadas.
Amigas inseparáveis, casaram-se com uma diferença de poucos meses em relação a um casamento e outro.
Nesse ponto, cabe ressaltar que Otávio não ficou nem um pouco feliz.
Ao saber que em pouco tempo, não veria mais sua única filha em casa, o homem ficou extremamente insatisfeito.
-- Com pode? Minha única filha, se casar?
Adélia por sua vez, não enxergava as coisas dessa maneira, por isso, defendendo os interesses da filha, comentou que mesmo sabendo que sentirá falta de Marina, está feliz por
vê-la se casando.
A Otávio, só restou portanto, se conformar com a nova situação.
Mesmo insatisfeito, Adélia acabou por convencê-lo de que ela já estava em idade de se casar.
Cautelosa comentou:
-- Ora homem! Você não quer que sua filha seja feliz? Você realmente acha que ela ficaria a vida inteira atrás de você? E a vida dela? Os filhos não são para nós.
Otávio, ao ouvir as palavras sensatas da esposa, acabou concordando com ela.
Já Eugênia ao saber que sua filha tencionava se casar, ficou exultante.
Como Ricardo já estava casado nessa época, ao saber da notícia, foi logo ironizando:
-- Já vai se enforcar?
Cleide ouviu, mas ignorou o comentário.
Contudo, mesmo casado, Ricardo não respeitava a esposa.
Freqüentemente era visto em bares e ao lado de outras mulheres.
Eleonora ao saber disso, ficou inconformada.
Por essa razão o esperava chegar em casa.
Quando Ricardo adentrava o lar, a mulher imediatamente o criticava.
Dizendo que sua atitude era execrável, insistia na idéia de que ainda era tempo de consertar as coisas.
Sim, mesmo com as traições de Ricardo, Eleonora estava disposta a manter o casamento.
Ricardo porém, não se esforçava nem um pouco no que tange este aspecto.
E assim, sempre que Eleonora começava a discutir, ele dizia que ela estava ficando muito chata.
Por várias vezes ele a deixou falando sozinha.
Sem paciência para ouvir a esposa, Ricardo ignorava.
Eleonora ficava furiosa com isso.
Sim, por que a indiferença dele só fazia com que tivesse mais vontade de criticá-lo.
E assim, o casamento dos dois ia de mal a pior.
Com tantas brigas, até os vizinhos conheciam a situação do casal.
Mesmo assim, Ricardo e Eleonora tentavam manter as aparências.
Quanto ao casamento de Cleide e Marina, ambas as cerimônias foram simples, mas repletas de significado.
Marina e Antônio casaram-se em uma cerimônia ao ar livre, com poucos convidados.
Como toda a noiva que se preze, usava branco.
O vestido, um pouco bufante, fora um desejo de sua mãe, Adélia, que não ficou nem um pouco satisfeita com a simplicidade da cerimônia.
Segundo ela, casamento tinha que ter pompa e circunstância.
Todavia, Marina e Antônio, começando suas vidas profissionais, não estavam em condições financeiras de realizarem grandes casamentos.
E assim, só restou a Adélia, sonhar com o vestido da filha.
E lá foi a mulher pesquisar em revistas de moda, os melhores vestidos, os mais bonitos.
Solicitando a ajuda do marido, que não queria que a filha se casasse, diante da insistência da mulher acabou aceitando pagar o vestido.
E assim, o vestido se tornou o presente de casamento de Marina.
Otávio, ao presenciar o casamento da filha, se emocionou.
Cleide também ficou tocada com a cerimônia.
Quanto a Adélia, que sempre sonhou com este casamento, nem é preciso dizer.
A mulher derramou muitas lágrimas.
Já Cleide casou-se na mesma igreja em que fora batizada, no centro da cidade.
Marina, presente a cerimônia, já casada, felicitou a amiga pelo casamento.
Eugênia, ao ver sua filha no altar, diante de si, constatou que seu trabalho havia terminado.
Feliz por ver Cleide feliz, estava um pouco triste também, por saber que não teria sua filha sempre por perto.
Ricardo acompanhado de Eleonora, também acompanhou o casamento da irmã.
Sóbrio, evitou suas constantes ironias, e desejou sinceramente, que Cleide fosse muito feliz.

Nisso, Andressa, criada por Andréia e Juscelino – seus pais adotivos –, vivia uma infância alegre e feliz, sem nem sequer imaginar sua verdadeira origem.
Andréia, envergonhada por não poder gerar os próprios filhos, vendo-se com uma filhinha nos braços, pediu ao marido para que nunca revele para a menina que ela fora adotada.
Juscelino, encantado com a possibilidade de finalmente vir a ter uma família completa, concorda com a mulher.
Fiel a essa promessa, nunca revelou a Andressa sua verdadeira origem.

Luciana Celestino dos Santos
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