Poesias

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 42

Assustados e desconfiados, Andressa, Clau, Tina e Robson evitavam ficar muito tempo dormindo no mesmo lugar. 
Para evitarem chamar a atenção, dormiam em lugares escondidos, onde os transeuntes não podiam vê-los. 
Pelo menos de longe.
De dia, ou pediam esmolas, ou praticavam pequenos furtos. 
De vez em quando tomavam banho num chafariz. 
A noite procuravam abrigo em lugares discretos.
A certa altura, Andressa – por meio de uma campanha de caridade – ganhou algumas peças de roupas. 
Poucas. 
Todavia, por conta de sua precária situação, tinha que ficar o tempo todo carregando suas coisas. 
Mesmo assim, raramente trocava de roupa. 
Quase sempre suja e mal-cheirosa, era o retrato do desamparo.
Tina, Clau e Robson, também ganharam algumas peças de roupas. 
Mas irônicos, perguntavam:
-- Onde nós vamos nos trocar?
-- De que adiantam roupas limpas se não temos onde guardá-las?
-- Guardá-las é o menor de nossos problemas. A questão é que não temos onde tomar banho. 
Andressa, no entanto, estava satisfeita com o presente ganho. 
Sim, por que desde que estava na rua, já havia se desacostumado com isso. 
Ganhar de algo de alguém. 
Vivendo há quase dois anos nas ruas, Andressa estava acostumada a roubar para conseguir o que
precisava.
A garota, com quase dez anos de idade, começava a perceber que estava crescendo, e que precisava de roupas maiores. 
Por esta razão, chegou até a agradecer o presente ganho.
Tina, Robson e Clau, não entendiam a gratidão da garota. 
Tanto que a criticaram.
Mas Andressa não ligou para a crítica.
Todavia, nem tudo seriam flores. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

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