CAPÍTULO 39
Quanto a Mula-Sem-Cabeça, esta é a forma que toma a concubina do sacerdote.
Na noite de quinta para a sexta-feira, transforma-se num forte animal, de identificação
controvertida na tradição oral, e galopa, assombrando quem encontra.
Lança chispas de fogo pelas
narinas e pela boca.
Suas patas são como que calçadas de ferro.
A violência do galope e a estridência do relincho, são ouvidas longamente.
Vezes soluça
como uma criatura humana.
O encanto desaparecerá, quando alguém tiver a coragem de arrancar-lhe da cabeça, o freio
de ferro que leva.
Dizem-na sem cabeça, mas os relinchos são inevitáveis.
Quando o freio for retirado, reaparecerá despida, chorando arrependida, e não retomará a
forma encantada, enquanto o descobridor residir na mesma freguesia.
A tradição comum é que este castigo acompanha a manceba do padre, durante o trato
amoroso ou punição depois de morta.
A mula corre sete freguesias em cada noite, e o processo para seu encantamento é idêntico
ao do lobisomem, assim como, em certos Estados do Brasil, para quebrar-lhe o encanto, bastará
fazer-lhe sangue, mesmo que seja com a ponta de um alfinete.
Para evitar o bruxedo, deverá o amásio amaldiçoar a companheira, sete vezes, antes de
celebrar a missa.43Chamam-na também “Burrinha-de-Padre” ou simplesmente “Burrinha”.
A frase comum é anda correndo uma burrinha.
E todos os sertanejos sabem do que se trata.
43 Manuel Ambrósio cita o número de vezes indispensável, muitíssimo maior (Brasil Interior, 53).
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
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