Poesias

terça-feira, 23 de junho de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 39


CAPÍTULO 39 

Quanto a Mula-Sem-Cabeça, esta é a forma que toma a concubina do sacerdote. 
Na noite de quinta para a sexta-feira, transforma-se num forte animal, de identificação controvertida na tradição oral, e galopa, assombrando quem encontra. 
Lança chispas de fogo pelas narinas e pela boca. 
Suas patas são como que calçadas de ferro. 
A violência do galope e a estridência do relincho, são ouvidas longamente. 
Vezes soluça como uma criatura humana. 
O encanto desaparecerá, quando alguém tiver a coragem de arrancar-lhe da cabeça, o freio de ferro que leva. 
Dizem-na sem cabeça, mas os relinchos são inevitáveis. 
Quando o freio for retirado, reaparecerá despida, chorando arrependida, e não retomará a forma encantada, enquanto o descobridor residir na mesma freguesia. 
A tradição comum é que este castigo acompanha a manceba do padre, durante o trato amoroso ou punição depois de morta. 
A mula corre sete freguesias em cada noite, e o processo para seu encantamento é idêntico ao do lobisomem, assim como, em certos Estados do Brasil, para quebrar-lhe o encanto, bastará fazer-lhe sangue, mesmo que seja com a ponta de um alfinete.
Para evitar o bruxedo, deverá o amásio amaldiçoar a companheira, sete vezes, antes de celebrar a missa.43
Chamam-na também “Burrinha-de-Padre” ou simplesmente “Burrinha”.
A frase comum é anda correndo uma burrinha.
E todos os sertanejos sabem do que se trata.

43 Manuel Ambrósio cita o número de vezes indispensável, muitíssimo maior (Brasil Interior, 53).

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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