CAPÍTULO 38
Foi então que o pajé contou a ‘Lenda do Mão de Cabelo’:
Entidade fantástica, de forma humana e esguia, tendo as mãos constituídas de fachos de cabelos.
Anda envolto em roupagem branca.
É o espantalho das crianças no sul da Província de Minas Gerais.
(Da época em que Minas Gerais era uma Província).
Aos meninos que costumam mijar na cama era muito empregada esta frase caipira:
“Óia, si neném mijá na cama, Mão-de-Cabelo vem te pegá e cortá minhoquinha de neném.”40
Já o Mãozinha-Preta, é uma assombração em São Paulo e que alcança a fronteira de Minas Gerais e o Estado do Rio de Janeiro.
É uma pequenina mão negra, solta no ar, fazendo todos os trabalhos de casa, com uma rapidez, resistência e força miraculosa.
Também, conforme ordens, castiga, bate, surra e termina a tarefa, quando lhe dizem:
Chega, Mãozinha de Justiça!
Como a mão é negra, não castigava nem atormentava os escravos.
Daí sua popularidade entre eles.41
Mãos errantes que castigam e acariciam, ajudam o serviço caseiro, e são conhecidas pela Europa e América.42
40 (Vale Cabral, in Antologia de Folclore Brasileiro, 274).
41 (Cornélio Pires, Conversas ao Pé do Fogo, 146-148, 3.ª Ed., São Paulo, 1927; Folclore Nacional, Centro de Pesquisas Mário de Andrade, sep. da Revista do Arquivo Municipal, CXVII, 22, São Paulo, 1948).
42 (J. Leite de Vasconcelos, Tradições Populares de Portugal, 290-292, Porto, 1882).
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário