CAPÍTULO 8
Em seguida o pajé passou a contar sobre a ‘Lenda das Amazonas‘:
Em 1542, Frei Gaspar de Carvajal, escrivão da frota espanhola de Francisco Orellana, ao penetrar num enorme rio brasileiro, que ele chamou de "Mar Dulce", encontrou mulheres guerreiras, tendo sido por elas atacado.
O medo foi tanto que o frade escriba, ao vê-las jovens, belicosas, nuas, chegou a afirmar que queimavam um dos seios para melhor manejar o arco e a flecha.
Confundiu-as com o mito grego das Amazonas.
E o grande rio foi batizado como: - o Rio das Amazonas, Rio Amazonas.
Contam que no Reino das Pedras Verdes somente vivem mulheres - as Amazonas.
Trabalham muito.
Caçam, pescam.
Fazem cerâmica, redes, tecido, enfeitados de penas.
Trabalham na roça.
Fazem armas.
É uma comunidade onde todos possuem tudo em comum.
A direção está nas mãos de uma das Amazonas, que exerce também função religiosa, dirigindo as festas.
Seu reinado é curto, somente as virgens de vinte a vinte e cinco anos, podem disputar a chefia das Amazonas.
A cada cinco luas cheias, no mês de abril (cinco anos), há renovação do comando das Amazonas.
As Amazonas fazem um amuleto famoso - o muiraquitã.
É uma raridade.
Os próprios índios afirmam que não sabem como fabricá-lo.
Dizem que o muiraquitã vem de um lugar muito distante, da terra das mulheres sem marido, do país das mulheres guerreiras ...
Em um lago enorme - jaci-uaruá, no mês de abril de todos os anos, quando a lua cheia aparece, as Amazonas mergulham no lago e do fundo trazem um punhado de barro.
Com este barro limoso modelam figuras: peixes, rãs, tartarugas.
O mais comum é a rã, símbolo de fertilidade.
O amuleto é perfurado para ser usado no pescoço.
O barro tem que ser modelado depressa, ainda debaixo da água, porque o luar faz endurecer o limo verde.
Nesta mesma noite elas recebem a visita dos homens de uma tribo vizinha.
É a noite nupcial.
Só os índios que já lhe deram uma filha, recebem o muiraquitã.
Os que lhes deram um filho terão que levar o menino para a sua aldeia, porque entre as Amazonas só vivem mulheres.
Os índios contam assim.4
Os índios, ao ouvirem a narrativa do pajé, ficaram impressionados.
Afinal de contas, como ele podia saber tantas coisas?
Isso por que, além do conhecimento da cultura indígena, o pajé sabia também, da história dos brancos, e em detalhes.
Coisa rara por aquelas paragens.
Nisso o pajé comentou que durante alguns anos, chegou a conviver com alguns brancos.
Foi durante esse período em que foi aculturado pelos brancos, que passou a conhecer a histórias dos portugueses.
Porém, muito embora lhe tivessem ensinado muitas coisas, os brancos eram tremendamente cruéis.
Foi nesse momento que o pajé comentou que pôde ver de perto a maldade dos brancos.
Cauteloso, não entrou em detalhes, mas comentou que já viu pessoas morrendo nas mãos dos brancos.
Por isso mesmo, insistia com os índios para que tivessem cuidado com os brancos, pois os mesmos eram perigosos.
Com isso, encerrou-se o assunto, e o pajé continuou a contar histórias para os índios.
4 Texto de Alceu Maynard Araújo. Extraído do site: http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/3contos/amazonas.html.
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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