CAPÍTULO 23
Já em relação ao Matintapereira ou Mati, mati-taperê.
Este é o nome de uma coruja, que se considera agourenta.
Quando, a horas mortas da noite, ouvem cantar a mati-taperê, quem a ouve e está dentro de casa, diz logo:
Matinta, amanhã podes vir buscar tabaco, desgraçado.26
Quem na manhã seguinte chega primeiro àquela casa, será ele considerado como o mati.
A razão é que, segundo a crença indígena, os feiticeiros e pajés se transformam neste pássaro para se transportarem de um lugar para outro, e exercer suas vinganças.
Outros acreditam que o mati é uma maaiua, e então o que vai à noite gritando agoureiramente é um velho ou uma velha de uma só perna, que anda aos pulos.”27
A Matintapereira é uma modalidade do mito do saci-pererê, na sua forma ornitomórfica.
A matintapereira não é realmente uma coruja, como pensava Stradelli, mas um cuculida, Tapera naevia, Lin, também conhecido como Sem-fim e Saci.
26 Deixou escrito Max. J. Roberto, profundo conhecedor das coisas indígenas.
27 (Stradelli, Vocabulário da Língua Geral, 518).
Trecho do texto: "O mito tem procedência ameríndia, de fonte tupi-guarani. Teria sido, primitivamente, um mito ornitomórfico: pássaro encantado e, ainda hoje, em diversas versões, o saci é uma ave. Transformou-se, depois, no mito antropomórfico do negrinho de um pé só que caracteriza sua forma mais popular."
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
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