Poesias

quarta-feira, 10 de junho de 2020

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 65

CAPÍTULO 65

Por fim, contou sobre a Onça Pé de Boi:
“Esse animal saí do círculo dos bichos fabulosos e imaginários, porque de fato existe.
No recesso daquela imensa e opulenta floresta, onde só se vêem céu e terra, longe dos lugares de vida, é a região onde se encontra a fera acima citada.
Perigosíssima no seu todo, pois, além de sua ferocidade, anda somente de casal, e quando se depara com o homem, o seu maior inimigo, trata logo de aniquilá-lo.
As possibilidades de vida, aí, são diminutas, a não ser que o infeliz desbravador tenha tempo de defender-se com as armas que carrega para a sua defesa, abatendo-os.
Mesmo que o homem consiga trepar-se numa árvore, no caso de não dispor de um rifle ou de bacamarte, é como se tivesse ele próprio lavrado a sua sentença, porque, enquanto ele tiver forças para permanecer agarrado aos galhos, esperando o momento oportuno para fugir, o casal de “onça pé de boi” não se afasta de sua presa, não deixa o tronco da árvore, vigiando atentamente a presa apetitosa.
Enquanto uma sai à procura de alimentação, a outra fica esperando que o prisioneiro desça à terra.
E assim demoram, até a queda do infeliz.
Se por acaso da sorte algum mateiro, no seu ofício de descobrir as enormes seringueiras que formam as estradas, passa por ali, a sua atenção é logo chamada para o rastro deixado na terra mole, pelo nocivo e perigosíssimo animal, visando os seus movimentos que já são feitos cuidadosamente.
Se o miserável prisioneiro ainda tem ânimo para gritar, atrai, com isso, a presença do experimentado mateiro, que já sabendo do perigo, se dirige para o local dos gritos, procurando, então, descobrir a fera, que tem as patas identicamente às de um boi gigante, afastando o seringueiro da catacumba sem cruz, que aqueles ferozes animais lhe preparavam”.73

73 (Francisco Peres de Lima, Folclore Acreano, 108-109, Rio de Janeiro, s. d., 1938). Há depoimentos da onça-boi no Amazonas (Geografia dos Mitos Brasileiros, 396).

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

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