CAPÍTULO 47
Contou ainda sobre Alamoa, duende feminino que aparece na ilha Fernando de Noronha.
É uma mulher branca, loura, nua, tentando os pescadores ou caminhantes retardatários.
Transforma-se num esqueleto, endoidecendo o namorado que a seguiu.
Aparece também como uma luz ofuscante, policolor, perseguindo quem foge dela.
Sua residência é o Pico, elevação rochosa, de mil pés de altura, absolutamente inacessível.
As sextas-feiras a pedra do Pico se fende e na chamada porta do Pico, aparece uma luz.
A Alamoa vaga pelas redondezas.
A luz atrai sempre as mariposas e os viandantes.
Quando um destes se aproxima da porta do Pico, vê uma mulher loura, nua como Eva antes do pecado.
Os habitantes de Fernando de Noronha, chamam-na alamoa, corruptela de alemã, porque para eles mulher loura só pode ser alemã...
O enamorado viandante entra na porta do Pico, crente de ter entrado num palácio de Venusberg, para fruir as delícias daquele corpo fascinante.
Ele, entretanto, é mais infeliz que o cavaleiro Tannhauser.
A ninfa dos montes transforma-se numa caveira baudelairiana.
Os seus lindos olhos que tinham o lume das estrelas, são dois buracos horripilantes.
E a pedra logo se fecha atrás do louco apaixonado.
Ele desaparece para sempre. 46
46 Olavo Dantas. Sob o Céu dos Trópicos, p. 28. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário