CAPÍTULO 74
Rumando para o Piauí, os turistas descobriram que, nascida em um povoado de pescadores na embocadura dos Rios Parnaíba e Poti, bem no meio da Chapada do Corisco, Teresina só virou capital em 1852, ocupando o lugar de Oeiras.
Deixou de ser Vila do Poti e passou a homenagear a esposa de Dom Pedro II, a imperatriz Tereza Cristina.
Já em 1870 a cidade aderia à campanha da abolição, criando uma sociedade emancipadora e dando alforria a dez escravas.
Seu orçamento tinha até verba especial para a libertação dos escravos.
Concebida no meio do século passado para o novo abrigo do governo provincial, nasceu simétrica por conta do mestre de obras que a desenhou como um tabuleiro de xadrez encravado na junção dos Rios Parnaíba e Poti.
Justo o lugar onde habita o Cabeça-de-Cuia, cidadão de olhos esbugalhados que há mais de duzentos anos, padece praga de mãe: só sairá do fundo das águas quando desvirginar sete Marias.
Pode-se tentar conhecê-lo, pois não é difícil se encontrar em Teresina quem afirme tê-lo visto, em noites de lua cheia, pulando por cima das águas e gemendo a aflição de nunca ter tido sequer uma única Maria.
A tentativa deve ser feita ao abrigo das mangueiras, como os turistas fizeram.
São essas mangueiras que colorem de verde a cidade.
Ademais, a vigília se transforma na oportunidade ideal para momentos gastronômicos inesquecíveis, à base de moqueca de peixe – piratininga, surubim, mandupé, piau – pescado lá mesmo (e também servido assado, na telha ou no forno a lenha) e do capote ao molho pardo.
As opções de sobremesa, são: doces de limão e de buriti, sorvetes de bacuri, caju, cirigüela, manga, umbu, maracujá e buriti.
Mais tarde os turistas foram ver a Igreja de São Benedito.
Trata-se de uma construção imponente de 1886, com belas portas de madeira entalhada.
Foi tombada pelo patrimônio histórico.
A seguir, foram visitar a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes.
Lá descobriram que a igreja data de 1961, bem mais nova que a anterior, com chão de paralelepípedos e janelas azuis.
A visita vale pelas esculturas dos mestres Dedizinho e Expedito, os principais santeiros do Piauí.
No Museu do Piauí, os turistas se deslumbraram com um casarão neoclássico, que já foi Palácio da Justiça e sede de governo.
Seu acervo tem de tudo um pouco: obras de arte, com destaque para a réplica de uma escultura de Renoir, peças encontradas nas escavações das Sete Cidades, antigos objetos indígenas e instrumentos de tortura de escravos.
No Theatro Quatro de Setembro, os turistas se depararam com um casarão em estilo neoclássico, com detalhes greco-romanos.
Inaugurado em 1893, funcionou muito tempo como teatro e cinema.
Na década de trinta, fazia sucesso as sessões noturnas de cinema falado.
Porém, precisa de cuidados urgentes: cheira a mofo e tem cadeiras rasgadas.
Já no Palácio de Karnak, os turistas visitaram o antigo Palácio do Governo, bem como seu jardim, assinado pelo paisagista Burle Marx.
Quanto a arquitetura, esta é em estilo grego.
Este prédio é usado para grandes recepções e reuniões mensais do governador com seu secretariado.
Ao passarem na Casa do Cantador, os turistas se hospedaram no lugar, juntamente com violeiros de todo o Norte e Nordeste.
Ademais, a casa possuí um acervo impressionante: gravações dos festivais, publicações especializadas, letras de músicas e repentes.
Após, foram conhecer as Praias Fluviais. Nesta região, os Rios Parnaíba e Poti banham a cidade e, na época da seca - chamada de ‘Bró’, pois vai de setembro a dezembro –, formam as coroas, os bancos de areia em suas margens ou ilhas, que são muito procuradas pelos banhistas nos fins-de-semana.
As mais freqüentadas são as do Rio Parnaíba, com bares e lanchonetes temporárias.
Não sem é claro, o acompanhamento de um belo pôr-do-sol.
Essas praias começam a aparecer em julho e somem em dezembro, com as chuvas.
No Parque da Cidade, situada à margem esquerda do Rio Poti, os turistas puderam se divertir a valer, em mais de cem mil metros quadrados de área verde, com trilhas para caminhada e quadras de esporte.
A seguir, no Parque Poticabana, os turistas, para agüentarem o calorão da cidade, foram nadar em piscinas com toboáguas – na margem direita do Rio Poti.
Logo após, foram assistir aos Festejos de São Pedro.
A festa, termina com procissão fluvial pelo Rio Parnaíba no dia do santo – que é dia 29 de junho.
Mas a festa mesmo começa quinze dias antes no Parque Poticabana, com o encontro nacional de folguedos, que reúne mais de setenta grupos folclóricos de todo o Brasil.
Há casamento caipira, quadrilhas, bumba-meu-boi, marujada e maracatu.
Shows de forró, comidas típicas, exposição de artesanato.
Tudo isso, atraí mais de duzentas mil pessoas.
Após, foram assistir ao Festival dos Violeiros e Cantadores do Nordeste.
Durante o festival, mais de cinqüenta duplas de violeiros e cantadores se revezam durante duas noites, num encontro que ocorre há mais de trinta e três anos.
Vale o improviso: a dupla recebe o mote e manda ver.
Mais tarde os viajantes foram ouvir a ‘Lenda do Cabeça de Cuia’, muito contada nas ruas da cidade. Porém, fica mais saborosa quando narrada pelas pessoas que juram tê-lo visto – e há muitas.
Símbolo da cidade, o Cabeça-de-Cuia pode ser encontrado nas lojas de artesanato da cidade, na forma de chaveiros e bonecos.
Depois, foram comprar artesanato regional em cerâmica, couro, madeira, fibras, palhas, cajuína, licores caseiros e doces no Mercado Central, e no Centro de Artesanato Mestre Dezinho.
Mais tarde, foram até a Feira de Artes, onde apreciaram exposições e shows folclóricos.
E ainda visitaram os ateliês dos santeiros Mestre Dezinho e do Mestre Expedito.
Após, foram conhecer o famoso Delta do Parnaíba.
Ele que percorre quase mil e quinhentos quilômetros, separa o Maranhão do Piauí e se despede como um artista, antes de tocar no piano.
Com os dedos da mão espalmada, os cinco canais do Rio Parnaíba formam setenta ilhas, lagoas, labirintos de igarapés e refúgios ecológicos, e criam o único delta em mar aberto das Américas.
A obra é espetacular, e como ela, só há dois exemplos parecidos no mundo: o Delta do Rio Mekong, na Ásia, e o do Nilo, na África.
Seus dedos formam as Barras de Tutóia, Carrapato (ou Melanceira), Caju, Canárias e Igaraçu.
A foz triangular, imitando a forma da letra grega delta, se espalha por oitenta quilômetros de litoral.
Entre os mangues surgem ilhotas, umas cobertas de mata, outras forradas de dunas de quarenta metros de 86 altura, paisagem que se completa com vilas de pescadores, praias desertas, florestas, igrejinhas, lavadeiras e catadores de caranguejo-uçá.
Povoado de bandos de garças e tucanos, jacarés-dopapo-amarelo, macacos-prego, cavalos selvagens, raposas e veados, o delta pode ser descoberto através de suas águas.
É só consultar os bolsos e escolher a embarcação no Porto das Barcas, em Parnaíba.
Foi desta forma que os turistas optaram por um passeio em um iate, com ar-condicionado e serviços de bordo.
E foi assim passeando, que os viajantes descobriram que a ilha mais bonita é a de Santa Isabel, a maior do delta, com oito quilômetros de extensão.
Tem lagoas, dunas e uma ponta de pedra que invade o mar e levanta cortinas imensas de água.
Na maré baixa, a água salgada fica represada nas rochas, seca com o sol e deixa uma camada de sal branquinho.
Por isso é chamada de Praia da Pedra do Sal.
O ponto de partida para o delta é Parnaíba, segunda maior cidade do Piauí.
Seu porto fluvial já garantiu muitas riquezas no passado, como atestam os antigos armazéns que abrigam o Centro Cultural Porto das Barcas – um museu do mar com lojas de artesanato, bares e restaurantes.
Outro atrativo é a Lagoa do Portinho, cercada de dunas, onde se praticam esportes náuticos.
Na vizinha Luis Correia descubra as Praias de Atalaia, Coqueiro e Barra Grande.
Mais tarde, os turistas foram conhecer o Parque Nacional das Sete Cidades, a cento e oitenta quilômetros ao norte de Teresina e o Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato.
Depois, os viajantes rumaram para o Maranhão.
Oui, oui, o Maranhão foi Terra de França no reinado de Luís XIII, em 1612.
Com uma esquadra de três navios e cinqüenta marujos, o comandante Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, chegou, viu, gostou e se apossou: não havia nenhum indício da presença lusa neste pedaço do Brasil, apenas um punhado de índios nas vinte e sete aldeias de Upoã-Açu – a Ilha Grande – rebatizada de Saint-Louis, a França Equinocial.
Portugal então, sentindo que ia perder a jogada, despachou para cá um gajo valente chamado, Jerônimo de Albuquerque.
Este, chefiando uma tropa, três anos depois, colocou a francesada para correr.
Portugal julgou então, que bastava nomear um governador colonial para afastar os invasores.
Julgou mal, por que em 1641, os holandeses tomaram São Luís, prenderam o governador Bento Maciel Parente e só foram expulsos em 1645 por Muniz Barreiros.
Somente a partir daí o Maranhão passou a ser colonizado de verdade, e São Luís, ganhou status de quarta cidade mais importante do país.
Depois da Independência, o Maranhão se insurgiu duas vezes contra os privilégios mantidos pelos portugueses e as injustiças sociais – na Setembrada (1831) e na Balaiada (1841).
Com a abolição da escravatura, a economia do estado declinou e teve início a luta política das oligarquias locais.
Terra das palmeiras de Gonçalves Dias, das casas-de-pensão de Aluísio de Azevedo, do teatro de Arthur de Azevedo, do poema sujo de Ferreira Gullar, das tardes de Josué Montello e até dos marimbondos de fogo de José Sarney, o Maranhão cobre-se de dunas nos Lençóis, adormece nas vielas de Alcântara, faz-se misterioso nas inscrições rupestres de Carolina, e brilha nos azulejos dos casarões de São Luís.
Por esta razão, os turistas, quando chegaram a tão hospitaleira cidade, trataram logo de visitar o Centro Histórico.
As ruas estreitas de paralelepípedos, tem becos, escadarias de pedra, iluminação de lampiões e casarões coloniais com fachadas azulejadas.
Os que exibem azulejos de treze centímetros por treze centímetros, a cada quatro deles, formam um desenho de construções portuguesas.
Os que tem azulejos de onze centímetros por onze centímetros, formam, a cada peça, um desenho francês.
Algumas dessas construções, forma restauradas e transformadas em lojas e restaurantes.
À noite, ao passearem pelo lugar, os turistas perceberam muitos bares com mesas ao livre, que oferecem música ao vivo.
No dia seguinte, nas Galerias Subterrâneas, os turistas, ao passearem pelo lugar, descobriram que as mesmas foram descobertas ao acaso, durante as obras de restauração de ruas e de casarões coloniais.
Nos novecentos metros que já foram desobstruídos, constatou-se que o que sustenta a estrutura, são os arcos e as paredes laterais que foram construídas com argamassa e azeite de mamona.
O teto é arqueado em forma de abóboda e revestido de lajotas de cerâmica vitrificada.
A descoberta das galerias gerou polêmica.
Isso por que, muita gente diz que elas ligam a Igreja de São Luís ao Palácio dos Leões.
Outros porém, garantem que este lugar, servia de refúgio contra os invasores.
Fala-se até que é reduto da serpente adormecida que fará São Luís desaparecer do mapa assim que despertar.
Uma coisa é certa: as galerias são escuras e malcheirosas.
Mais tarde, os turistas foram passear pela Avenida Litorânea, que em seus onze quilômetros, acompanham o sinuoso contorno da costa da ilha – da Praia de São Marcos à Calhau.
Lá, tem área para ciclistas e pedestres, repleta de bares, restaurantes, choperias e danceterias.
Na Catedral da Sé, os viajantes conheceram uma igreja construída pelos jesuítas em 1690, e que virou matriz no dia 17 de janeiro de 1762.
A fachada é neoclássica graças à reforma de 1922.
O altarmor é exemplo da arte portuguesa no século XVII.
A seguir, na Igreja de Santana, os turistas se depararam com uma construção de 1790 que, apesar de predominantemente neoclássica, apresenta motivos barrocos e painéis de azulejos ornamentais.
Após, os cinco rapazes foram conhecer a Igreja do Carmo.
Esta edificação, de 1627 está intrinsecamente ligada à história de Maranhão.
Serviu de fortaleza para os portugueses na luta contra os holandeses.
Mais tarde, administrado por capuchinos, o Convento do Carmo já foi sede do Liceu Maranhense, da Biblioteca Pública e da Polícia Provincial.
Na Igreja do Desterro, os turistas descobriram que esta foi o primeiro templo do Maranhão.
Foi demolida na ocupação holandesa e reconstruída pelos moradores do bairro no século XVII.
Seu frontão tem linhas bizantinas.
No Museu de Artes Visuais, os turistas se encantaram com a coleção de azulejos da época colonial, a maioria do Porto e de Lisboa, bem como, com as pinturas de artistas plásticos maranhenses e fotos de São Luís no início do século passado.
Já na Fundação da Memória Republicana, os viajantes descobriram por que, o imortal presidente da Academia Brasileira de Letras, Josué Montello, conterrâneo de Sarney, recomenda um passeio ao Memorial, localizado no antigo Convento de Mercês.
É que o acervo foi todo doado pelo ex-presidente.
São quarenta mil livros, quinhentos mil documentos – sendo oitenta mil manuscritos –, quadros, esculturas e artesanato de diversos países e museu sacro com duas mil e quinhentas peças.
Na Casa da Cultura Josué Montello, os turistas visitaram uma biblioteca com vinte mil volumes e preciosidades publicadas no século XIX – entre elas, as obras completas de João Francisco Lisboa sobre o Maranhão colonial.
Após, no Museu do Físico Parque Estadual do Bacanga, os viajantes se depararam com ruínas da primeira fábrica de pólvora e do primeiro curtume industrial do Maranhão, ambos construídos em estilo medieval.
O sítio está ocupado por dez favelas e muitas peças da fábrica e do curtume têm sido afanadas.
O governo do estado diz que transformará a área em parque ambiental, mas diz isso há bastante tempo.
Depois, foram conhecer o Sítio do Tamancão, às margens do Rio Bacanga.
No século XIX era uma área de beneficiamento de arroz.
Restam da época da casa-grande (sede da unidade), decorada com azulejos portugueses e um trapiche, por onde a mercadoria era embarcada.
Há indícios de que a indústria utilizava a força da maré como geradora de energia.
No Forte de São Marcos, na Praia de São Marcos, os turistas descobriram que este já fora um forte, mas está fraquinho, fraquinho.
Vale ver as ruínas por causa de seu valor histórico – a edificação é do fim do século XVIII – e pela localização oferece privilegiada paisagem da Ilha de São Luís.
Na Pirâmide de Beckman, os turistas se depararam com uma peça simples, de 1910, em forma de pirâmide com base quadrangular, que homenageia Manuel Beckman, revolucionário que foi enforcado em de novembro de 1615, por liderar comerciantes, militares e religiosos contra a Estanco, o monopólio de comércio do Maranhão e Grão-Pará.
Já no Teatro Arthur Azevedo, os turistas se deslumbraram com o estilo clássico da construção.
Fundado em 1817, foi minuciosamente restaurado em 1993.
A reforma preservou o estilo da construção, incorporando conforto e novo padrão tecnológico de iluminação e acústica.
Possuí capacidade para setecentas e cinqüentas e duas pessoas.
Na Praia do Calhau, os viajantes conheceram a mais movimentada da cidade.
Com mar calmo, algumas dunas, e areia fina.
Depois, foram conhecer a Praia do Caolho.
De mar calmo, é protegida por pequenos morros e dunas.
Já a Praia Olho D’Água, possuí dunas, coqueirais e um farol de orientação aos navegantes.
A Praia de Araçagy, possuí ondas altas, e são boas para surfe e bodyboarding.
Em suas areias finas e claras, os pescadores preparam casquinhas-de-siri e caranguejo sob barracos de palha.
Na Praia São Marcos, também conhecida como Praia da Marcela, é a mais jovem e animada, também freqüentada por surfistas.
Possuí em sua orla, barracas que vendem camarões, peixes fritos e caranguejo.
Na Praia Raposa, os turistas conheceram a região que abriga uma colônia de pescadores e de rendeiras que vivem no local há mais de cinqüenta anos.
Aqui, a maré pode recuar até dois quilômetros.
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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