Poesias

sexta-feira, 19 de junho de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 17

CAPÍTULO 17 

Após esta breve narrativa, o pajé passou a contar sobre a Mãe Lua.
Mãe-da-Lua/ Urutau/ Jurutau (Caprimulgidae), é uma ave noturna.
Seu canto melancólico e estranho, lembrando uma gargalhada de dor, cercou-a de misterioso prestígio assombrador.
Está rodeada de lendas superstições, espavorindo a gente do campo, personalizando fantasmas e visagens pavorosas.
Só quem haja ouvido o grito da mãe-da-lua, pode medir a impressão sinistra e desesperada, que ele provoca durante a noite.
A jurutauí, um pouco menor, mas também chamada mãe-da-lua (Nyctibius jamaicensis), tem aplicação curiosa contra a sedução sexual.
“A pele da ave noctívaga jurutauí preserva as donzelas das seduções e faltas desonestas.
Conta-se que antigamente matavam para isso uma destas aves e tiravam a pele que, seca ao sol, servia para nela assentarem as filhas, justamente nos três primeiros dias do início da puberdade.
Parece que esta posição era guardada por três dias, durante os quais as matronas da família vinham saudar a moça, aconselhando-a a ser honesta.
No fim desses dias, a donzela saía curada, isto é, invulnerável à tentação das paixões desonestas, a que seu temperamento, destarte modificado pudesse atrair.16
A guarani Nheambiú transformou-se em urutau por ter morrido seu amado Quimbae.
Noutra lenda (do Rio Araguaia, entre os carajás) Imaeró se mudou nessa ave, porque Taina-Can (estrela-d’alva) preferiu sua irmã Denaquê para esposa.

16 José Veríssimo registrou: Cenas da Vida Amazônica, 62, Lisboa, 1886. Veríssimo adianta que esse cerimonial fora abolido e que se limitada a varrer as penas de urutauí ou jurutauí.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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