CAPÍTULO 4
Segundo ele, esta história explicava a origem da noite.
Espantados, alguns índios perguntam então, se antes, não havia noite.
No que o pajé, lhes disse que não.
Disse ainda, que a noite estava adormecida dentro de um coco, o qual dois índios estavam encarregados de cuidar.
E durante algum tempo, executaram a tarefa com maestria.
Zelosos, cuidaram muito bem do coco.
Contudo, devido a curiosidade que tinham, curiosidade que pode ser a mãe de muitas desgraças, os índios começaram a se perguntar – porque tinham que cuidar tão zelosamente do coco?
Por que não o podiam abrir?
E assim, tentados a descobrir o que havia dentro da fruta, passaram a espiar o que havia dentro do coco.
No entanto, não conseguiram ver nada.
Era como se o coco tivesse sido lacrado.
Diante disso, não lhes restava outra alternativa senão, abrir o coco para ver o que tinha dentro.
E assim, tentaram abrir cuidadosamente o coco.
Entretanto, dada a robustez do fruto, a única forma de abri-lo seria o lançando com toda a força ao chão.
Diante disso, os índios atiraram o coco no chão.
Neste instante, descobriram o que havia dentro da fruta.
Espantosamente, começou a sair de dentro da fruta, uma escuridão profunda, que lhes causou encantamento.
Contudo, mais e mais, a escuridão passou a invadir o horizonte e ocultar toda a natureza que estava envolta deles.
A partir deste momento, os índios começaram a se apavorar.
Conforme a noite surgia, vinha com ela, seus elementos integrantes.
Junto a noite, surgiu a lua as estrelas, e as criaturas que vivem deste momento.
Isso fez os índios ficarem mais e mais apavorados.
Como não conheciam esta entidade mágica, ficaram desesperados, e assim, passaram a temer a noite.
Com isso, a noite tomou conta de tudo.
Em todo lugar se deu a escuridão.
Muitos índios acreditaram que seria a última noite deles vivos.
Mas não foi o que aconteceu.
Muito embora, os dois índios descuidados tenham libertado a noite e todos os seus males, os outros índios, nada tinham a temer.
Não deviam ser castigados.
Contudo, os vigias, que tentaram debalde restituir a noite ao coco, estes tiveram sua punição.
Afinal, como ousaram descumprir a ordem que lhes foi dada de vigiarem o coco, tinham que receber um castigo.
Nunca deveria tê-lo aberto.
Tal atitude afrontou a ira dos deuses e por isso, os dois deviam ser castigados.
E o pajé, assim o fez.
Por conta da desobediência, transformou os dois índios em macacos.
Como castigo pelo ato impensado que praticaram, passariam a ter a forma de símios e viveriam por entre as árvores, como bichos.
Nunca mais voltariam a ser índios novamente.
E foi o que aconteceu.
Como castigo, vivendo como macacos, nunca mais puderam voltar para a aldeia. 2
Aproveitando a oportunidade, o pajé disse o seguinte:
-- Isso é um aviso para que vocês curumins sejam cautelosos. A curiosidade deve ter
limites. Quando extrapolamos o limite do bom senso, é por que já fomos longe demais. Nesse
momento devemos frear nossa curiosidade. Isso é importante para nossa segurança. Ouviram bem,
curumins? Vocês não devem ir além do que é seguro para vocês. Isso é sério.
Nisso, o chefe da aldeia mandou todos se recolherem para suas ocas.E assim era sempre.
Quando a noite se aproximava, todos deviam se recolher.
Em respeito a Lua – Jaci, a senhora mãe dos índios, nenhum deles ousava enfrentá-la.
E por temerem a noite, deviam se recolher.
Ademais, por não terem acesso a qualquer sistema de geração de energia, não tinham como ficar acordados até altas horas.
Não tinham a luz natural para continuarem trabalhando.
Assim, não lhes restava mais nada, senão dormir.
2 Criação da autora, baseada em um quadrinho de Maurício de Souza. (Turma da Mônica)
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário