Poesias

domingo, 31 de maio de 2020

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 46

CAPÍTULO 46

Nisso, o capitão da fragata, passou a comentar sobre a lenda do Senhor do Corpo Santo.
A Igreja de São Pedro Gonçalves ou do Corpo Santo, no Recife, foi demolida em outubro de 1913.
Era igreja velha, já no tempo dos holandeses.
Todas as relíquias, objetos do culto, alfaias, púlpitos, colunas, foram guardados na Igreja da Madre de Deus.
E veio também o Senhor do Corpo Santo, imagem impressionante do Senhor Bom Jesus dos Passos, alto, sombrio, macerado, com as manchas roxas de sangue coagulado, assombroso pela naturalidade e grandeza trágica.
Outrora o Senhor do Corpo Santo, na procissão soleníssima dos Sete Passos, saía da sua igreja, na antepenúltima quinta-feira da Quaresma, para o Convento do Carmo, e daí regressava, com acompanhamento, cumprindo um ato litúrgico, que não está nos rituais, mas vivia na praxe secular.
Era a imagem mais sugestiva e possuidora das admirações populares.
Ninguém sabe quem a esculpiu, nem a época em que apareceu.
Dizem que, numa noite de frio e chuva áspera, clareada de relâmpagos e sonora de trovões, em pleno fevereiro de inverno recifense, o frade leigo, que estava como porteiro no Convento do Carmo, ouviu bater repentinamente à porta.
Abriu-se e deparou um velhinho encharcado, humilde, trêmulo, com uma voz extremamente doce e triste, suplicando agasalho por uma noite.
O porteiro, zangado com o atrevimento, recusou hospedagem, e mandou-o dormir na rua ou debaixo das pontes.
E fechou o portão.
O velhinho lá se foi, cambaleando, arrimado a um bordão, até a igreja de São Pedro Gonçalves, onde bateu.
O porteiro-sacristão atendeu.
Novo pedido, com voz expirante.
O porteiro, compadecido, fez o velho entrar, deu-lhe o que comer e com que se enxugar, e indicou um recanto na sacristia onde poderia agasalhar-se e dormir, em cima de um colchão.
Pela madrugada, o sacristão foi acordar o velho, levando uma esmola de despedida.
Não o encontrou.
Enchia o colchão uma maravilhosa imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos, vestida de seda lilás, com resplendor de prata, tão rica, imponente e poderosa de semelhança divina, que o sacristão dobrou os joelhos, contrito.
Quando se espalhou o sucesso, verificado pelo povo, que o velhinho fora o próprio Senhor do Corpo Santo, os frades do Carmo penitenciaram-se, sem culpa maior, pela falta de hospitalidade manifestada pelo irmão leigo da portaria.
E como o Senhor do Corpo Santo procurara primeiramente o Convento do Carmo, alegaram que tinham direito à posse da imagem.
Os padres da Igreja de São Pedro Gonçalves retrucaram, e o caso foi a juízo, com debatido, longo e verboso processo, tornados tão volumosos os tomos da demanda, que eram transportados num jumentinho.
Mas a Igreja de São Pedro Gonçalves ganhou o pleito, cedendo apenas ao Convento do Carmo a honra de hospedar o Senhor do Corpo Santo por uma noite, a noite que fora recusada ao velhinho misterioso e de fala triste.
A Igreja do Corpo Santo, outrora rutilante de luzes, desapareceu, arrasada pelos engenheiros que desejavam ampliar a cidade.
A Igreja da Madre de Deus maternalmente acolheu o Senhor do Corpo Santo numa de suas salas.
E lá continua, sem mais ter volvido a cumprir a tradicional visita ao Convento do Carmo.
Se notar o olhar, sombrio na majestade do seu sofrimento e de sua solidão litúrgica, reze três “ave-marias”, uma delas por mim.
Amém.45

45 Lendas Brasileiras/Câmara Cascudo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 45

CAPÍTULO 45

Já a lenda do Minhocão, foi a terceira narrativa contada.
Trata-se de uma serpente gigantesca, fluvial e subterrânea, vivendo no rio São Francisco e varando léguas e léguas, por baixo da terra, indo solapar cidades e desmoronar casas – explicando os fenômenos de desnivelamento, pela deslocação do corpanzil.
Escava grutas nas barrancas, naufraga as barcas, assombra pescadores e viajantes.
É a réplica da boiúna, sem as adaptações transformistas em navio iluminado e embarcação de vela, rivalizando com o barco-fantasma europeu.
O minhocão é um soberano bestial, dominando pelo pavor e sem seduções de mãe-d’água ou sereia atlântica.
“É um bicho enorme, preto, meio peixe, meio serpente, que sobe e desce este rio em horas, perseguindo as pessoas e as embarcações; basta uma rabanada, para mandar ao fundo uma barca como esta nossa.
Às vezes toma a forma de um surubim, de um tamanho que nunca se viu; outras, também se diz, vira num pássaro grande, branco, com um pescoço fino e comprido, que nem uma minhoca; e talvez por isso é que se chama o minhocão.”44

44 Saint-Hilaire registrou o minhocão em Minas Gerais e Goiás, tentando a possível identificação científica fixou o depoimento dos barqueiros do São Francisco, em fins do séc. XIX. Histórias e Lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). São Paulo: APEL Editora, sem/data. Dicionário do Folclore Brasileiro/ Câmara Cascudo. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., sem/data. 

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 44

CAPÍTULO 44

A segunda narrativa foi sobre Iara, a Mãe-d’Água.
Espécie de sereia que vive no Rio São Francisco.
Para os barqueiros, o rio dorme quando é meia-noite, permanecendo adormecido por dois ou três minutos.
Neste momento, o rio pára de correr e as cachoeiras de cair.
Os peixes deitam-se no fundo do rio, as cobras perdem o veneno e a Mãe-d’Água vem para fora, procurando uma canoa para sentar-se. e pentear seus longos cabelos.
As pessoas que morreram afogadas, saem do fundo das águas e seguem para as estrelas.
Os barqueiros que se acham no rio à meia-noite, tomam todo o cuidado para não acordá-lo.
Se um barqueiro sente sede, antes de pegar a água do rio, joga nela um pedacinho de madeira.
Se ele fica parado, o barqueiro espera, porque não convém acordar o rio.
Quem o fizer, poderá ser castigado pela Mãe-d’Água, pelo Caboclo-d’Água, pelos peixes, pelas cobras e pelos afogados, que não podem alcançar as estrelas.
Um barqueiro muito moço ao ouvir as histórias, não acreditou em nada do que disseram sobre o rio.
Certa vez, ele estava numa venda bebendo com os companheiros, quando a conversa pendeu para tais mistérios.
Ele ria de tudo.
Ao ouvir, então, que era perigoso despertar o rio à meia-noite, quase se engasgou de tanta risada.
-- Vocês são todos uns medrosos! Parecem crianças! Como é que uma pessoa sensata, pode acreditar nessas coisas?
-- Acho que não se deve brincar com o que não se conhece! – disse um deles.
O moço olhou para os companheiros com ar de superioridade: -
- Escutem aqui. Não acredito nessas bobagens e não é só conversa, não. Se quiserem apostar comigo, tomo banho no rio à meia-noite, quando ele estiver dormindo.
Os homens ficaram horrorizados.
Como era possível fazer tal aposta?
-- Então? – continuou ele. – Aceitam ou não aceitam? Já é hora de acabar com essas mentiras! Vamos!
Os companheiros então, reuniram-se numa roda e começaram a cochichar.
Após alguns minutos, o mais velho dirigiu-se ao moço, que esperava, com ar zombeteiro:
-- Nós somos da opinião que você não deve ir procurar tal perigo. Agora, se você insiste, nós aceitamos a aposta.
Como o moço insistiu, a aposta foi feita.
O dinheiro ficou com o dono da venda e todos combinaram que o banho seria naquela noite.
A notícia correu depressa pelo lugar.
Muitas pessoas procuraram o corajoso jovem, pedindo-lhe que desistisse de idéia tão perigosa.
Mas quem seria capaz de fazê-lo desistir?
Conforme o combinado, perto da meia-noite foram todos para o rio.
Impressionados pela quietude do lugar, as pessoas mantinham-se mudas.
O próprio desafiante sentia a influência do mistério que havia no ar, pois, estava calado e pensativo.
À meia-noite, um dos barqueiros pegou um pequeno pedaço de madeira e o atirou, com cuidado, às águas silenciosas.
Todos os olhos estavam fixos no pedaço de pau que flutuava mansamente, sem sair do lugar.
-- O rio está dormindo! – disse ele, num sussurro.
O moço preparou-se para mergulhar, sem dizer uma palavra, já arrependido do compromisso que assumira.
Respirou profundamente, como que procurando a coragem perdida.
Sabia que não podia esperar mais, sem que seus companheiros percebessem o medo que o dominava.
Corajoso, controlou-se e saltou, quebrando o cristal das águas paralisadas, e desaparecendo nas profundezas misteriosas.
Os barqueiros trocavam olhares de surpresa, pois acreditavam que ele desistiria no último instante.
O tempo foi passando e o moço não retornou à superfície.
Os barqueiros olhavam com ansiedade o lugar onde ele desaparecera.
Quando julgavam confirmado o seu receio, as águas se abriram, deixando surgir a cabeça do corajoso mergulhador.
-- É ele! – disse um dos barqueiros.
-- Olhe que é algum afogado enraivecido, porque acordamos o rio! – avisou outro.
Mas, era mesmo o rapaz que voltava, não havia dúvidas.
Entretanto, ele estava tão diferente, que seus amigos ficaram surpresos.
Falaram com ele, gritaram, chamaram.
Com o olhar vazio, ele ficou andando pelo barco, de um lado para outro, sem destino certo...
De repente, com um salto, atirou-se nas águas do rio.
Aconteceu tão depressa que ninguém pôde fazer nada, e o moço desapareceu, para nunca mais voltar.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 43

CAPÍTULO 43

A primeira delas, falava sobre o Caboclo-d’Água.
Trata-se de um gigante que mora no lugar mais profundo do rio, numa gruta de ouro.
Tem a mania de perseguir, sem dó, os barqueiros.
Vira as embarcações e também afugenta os peixes, para prejudicar os pescadores.
Tem um couro tão duro, que não adianta nada lhe dar tiros: as balas não penetram.
Assim, quando os barqueiros se sentem perseguidos, oferecem um pedaço de fumo ao monstro.
Ele fica contente e os deixa em paz.
Os pescadores também, costumam pintar uma estrela embaixo do barco, para afugentá-lo.
Guarapiru, chefe de uma tribo de índios das margens do Rio São Francisco, gostava de visitar a cidade dos brancos.
Divertia-se tanto lá, que decidiu mudar-se em definitivo.
Desta forma, apesar da oposição de sua família, Guarapiru quebrou seu arco e flechas, jogou-os longe e partiu, levando apenas a rede onde dormia.
Caminhando junto ao rio, seguiu para a cidade.
A noite chegou e, como estava cansado resolveu dormir ali mesmo, e entrar na cidade de manhã, pois também não era muito seguro a um índio, aparecer numa cidade à noite.
Procurou então uma árvore onde pudesse colocar a rede, deitou-se e adormeceu, sonhando com a cidade, tão diferente do lugar que deixara.
Horas depois, já ao romper do dia, foi acordado por uma voz forte, que cantava uma estranha canção.
Ficou curioso, levantou-se, e foi ver quem estava cantando.
Foi assim que viu um gigante, de pé sobre uma enorme pedra no meio do rio, os braços estirados na direção do sol nascente.
Prestando mais atenção, o moço percebeu, sob a água, uma enorme gruta de ouro.
Era a casa do gigante.
Conhecendo a mania dos brancos pelo ouro, Guarapiru pensou:
“Vou guardar bem o lugar. Mais tarde, quando eu fizer amizade com os brancos, organizarei uma expedição e voltarei aqui. Conseguirei uma boa quantidade de ouro e, em troca, serei um chefe entre eles”.
Depois de sair dali, com todo o cuidado para não ser visto pelo gigante, retirou a rede e seguiu para a cidade.
Como o índio era muito simpático, não tardou a conseguir vários amigos entre os brancos.
O que mais lhe valeu, porém, foi sua habilidade na caça e na guerra.
Participou de diversas batalhas e lutou com tanto conhecimento e valentia, que logo foi nomeado oficial dos exércitos reais.
Se um de seus irmãos o visse agora, não poderiam reconhecer no oficial bem fardado, cheio de pose e orgulho, o humilde Guarapiru.
Com isso, após um certo tempo, concluiu que era chegada a hora de buscar o ouro do gigante, e se tornar chefe dos brancos.
Já tinha um plano em mente.
Tratou, portanto, de organizar uma expedição.
Tão logo revelou que sabia onde encontrar ouro em grande quantidade, apareceram tantos interessados em acompanhá-lo que ele pôde escolher, à vontade, os que achou mais indicados.
Estava em plenos preparativos, quando foi procurado por uma velha índia sua conhecida, e que também vivia na cidade.
-- Ouça o que vou dizer, meu filho, pediu ela. É um aviso e um conselho. Não vá em busca daquele ouro.
Ele achou graça:
-- Por que? Não vá dizer que existe algum feitiço!
-- Não brinque com isso. – prosseguiu a índia. – A esta hora, o Caboclo-d’Água já sabe de sua intenção. Se você se aproximar muito de lá, não escapará à morte.
Desta vez, ele riu até não agüentar mais.
-- Que é isso? Então, não sabe quem sou? Não têm conta os combates que participei. Não sei quantos foram os inimigos que tombaram sob meus golpes, primeiro de tacape, depois de espada. Jamais recuei diante do perigo!
-- Sei que você é valente. – disse a índia. – Valente contra as feras e contra homens. Mas nunca enfrentou o sobrenatural. Não há quem possa com o Caboclo-d’Água. Ouça o meu conselho: desista dessa idéia.
Guarapiru agradeceu, e se despediu com um sorriso de superioridade.
Na tarde do mesmo dia, a expedição partiu rumo à gruta do gigante, onde chegou ao cair da noite.
Acamparam à beira do rio, e ficaram esperando o amanhecer.
Amanheceu um dia festivo.
Sol brilhante no céu muito límpido, aves cantando, flores se abrindo.
Os homens começaram a se preparar.
Nisto, alguém estranhou a ausência do chefe da expedição.
Os homens se espalharam pelo lugar, gritando o nome do chefe.
Nada.
Depois de muita procura, resolveram fazer uma última tentativa, no fundo do rio.
Alguns homens mergulharam e encontraram o corpo de Guarapiru sob umas pedras, quase enterrado no lodo do rio.
O Caboclo-d’Água apanhara Guarapiru, e o arrastara para as profundezas das águas...

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 42

CAPÍTULO 42

Em passagem pela região do Rio São Francisco, ao passear de barco pelo rio, os cinco viajantes se depararam com um rio impressionante.
Nascido na Serra da Canastra, a cerca de mil metros de altura, logo ao deixar a serra, despenca duzentos metros na Cachoeira Casca d’Anta, desce em degraus e, entre Pirapora – Minas Gerais – e Juazeiro – Bahia – , flui suavemente, permitindo que barcos de todos os tamanhos naveguem suas águas.
E esse era o trecho percorrido até então pelas famosas gaiolas.
Hoje, o Parque Nacional da Serra da Canastra, preserva a nascente do grande rio, guarda vales de excepcional beleza, florestas nativas, campos e, para arrematar, tamanduás, tatus-canastra e lontras, ao vivo, em cores.
O velho Chico, como é conhecido o Rio São Francisco, caminha para o mar, irriga a terra árida e realiza o milagre de dar vida ao sertão.
Quem diria que alguns olhos d’água escondidos pela vegetação baixa e ressecada do Chapadão da Zagaia, Serra da Canastra, Minas Gerais, geraria um dos maiores rios do Brasil, o rio da unidade nacional.
Quatro estados nordestinos recebem suas águas generosas, que atravessam dois mil quilômetros de cerrado, até chegar à caatinga, e serve como divisa entre Minas e Bahia, Bahia e Pernambuco, Bahia e Alagoas, Sergipe e Alagoas.
Por fim, depois de Propriá – Sergipe – e Penedo – Alagoas –, deságua no mar.
É fácil navegar entre Pirapora – Minas Gerais e Juazeiro – Bahia.
Daí para a frente, só incorporando o espírito de aventura de Richard Burton – diplomata e escritor inglês, que se aventurou pela região.
Isso por que, é necessário se aboletar numa canoa e torcer para que tudo dê certo.
O Rio São Francisco, percorre as cidades de Januária, Bom Jesus da Lapa, Xique-Xique, Petrolina, Juazeiro, Propriá e Penedo, mas também as hidrelétricas que produzem seis milhões de kilowatts (Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso, Xingó), além de três milhões de hectares agricultáveis, minas de ferro e ouro, garimpos de diamantes e outras pedras preciosas.
Em se plantando tudo dá, como provam melões, uvas e demais frutas cultivadas na região.
Os turistas encantados, trataram é claro, de verificar a grandiosidade da natureza.
As velhas carrancas que enfeitavam os barcos na região, agora só são encontradas nas lojas de artesanato, já que estes monstros, que com três gemidos avisariam o barqueiro do naufrágio iminente da embarcação, viraram uma disputada peça de decoração.
Porém, voltemos ao rio.
De repente, este é represado no maior lago artificial que existe, o de Sobradinho, dá uma guinada para o leste, e despenca na Cachoeira de Paulo Afonso.
É nesse momento que começa a agonia, da chegada à foz, um território ermo entre Piabaçu e Brejo Grande, três mil e cento e sessenta e um quilômetros depois de deixar a nascente.
Então, o espetáculo principal, consiste em ver, por um bom tempo, aquelas águas barrentas atingirem as águas verdes do mar.
Quando a cor e o sabor da água perdem as características originais, o rio do sertão virou mar.
No entanto, além da beleza do lugar, pode-se também aproveitar, para ouvir muitas de suas lendas.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 41

CAPÍTULO 41

A essa altura, Felipe, sequioso de narrativas da região, passou a ouviu agora, a lenda do Carro caído.
Um negro vinha da Aldeia Velha, servindo de carreiro. 
Seu carro tinha muito sebo com carvão nas rodas e chiava como frigideira.
Aquilo não acabava nunca.
Sua Incelência já reparou os ouvidos da gente quando está com as maleitas? 
Pois, tal e qual.
O carreiro era meu charapim: acudia pelo nome de João, como eu.
Deitou-se nas tábuas, enquanto os bois andavam para diante, com as archatas merejando suor que nem macaxeira encroada.
Levavam um sino para a Capela de Estremoz. 
Na vila era povo como abelha, esperando o brônzio para ser batizado logo.
João de vez em quando acordava e catucava a boiada com a vara de ferrão:
-- Eh, Guabiraba!, eh, Rompe-Ferro, eh, Manezinho!
Era lua cheia.
Sua Incelência já viu moeda de ouro dentro de uma bacia de flandres?
Assim estava a Lua em cima.
João encarou o céu como onça ou gato-do-mato.
Pegou no sono, e o carro andando...
Mas a boiada começou a fracatear, e ele quando acordava, zás! – tome ferroada!
Os bois tomaram coragem à força. 
Ele cantou uma toada da terra dos negros, triste, triste, como quem está se despedindo.
Os bois parece que gostaram e seguraram o passo. 
Então ele pegou de novo no sono.
Quando acordou, os bois estavam de novo parados.
-- Diabo! – e tornou a emendá-los com o ferrão!
A coruja rasgou mortalha. 
João não adivinhou, mas a coruja era Deus que lhe estava dizendo que naquela hora, e carregando um sino para a casa de Nosso Senhor, não se devia falar no Maldito.
Gritou outra vez:
-- Diabo!
O Canhoto então gritou do inferno:
-- Quem é que está me chamando?
João a modo que ouviu e ficou arrepiado. 
Assobiou para enganar o medo, tornou a cantar a toada, numa voz de fazer cortar o coração, como quem está se despedindo.
Pegou ainda no sono uma vez.
A luz da Lua escorrendo do céu era que nem dormideira!
Quando acordou – aquilo só mandando! – a boiada estava de pé.
-- Diabo!
O Maldito rosnou-lhe ao ouvido:
-- Cá está ele!
E arrastou o carro para dentro da lagoa com o pobre do negro, os bois e tudo.
Estou que ele nem teve tempo de chamar por Nossa Senhora, que talvez lhe desse socorro.
Mas ainda está vivo debaixo d’água, carreando...
Sua Incelência já passou por aqui depois da primeira cantada do galo no tempo da Quaresma? 
Quando passar, faça reparo: - canta o carreiro, chia o carro, toca o sino e a boiada geme... 43

Por fim, despedindo-se das narrativas, Agemiro, Flávio, Lúcio, Fábio e Felipe, seguiram viajem.

43 Histórias e Lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). São Paulo: APEL Editora sem/data. Lendas Brasileiras/ Câmara Cascudo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos 
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terça-feira, 26 de maio de 2020

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 40

CAPÍTULO 40

Com isso, Felipe descobriu a Lenda do Quilombo dos Palmares.
Quanto a essa lenda, conta-se que a partir do início do século XVII, os escravos que conseguiam fugir das fazendas e dos engenhos, começaram a reunir-se em lugares seguros, e ali ficavam vivendo em liberdade, longe de seus senhores.
Estes lugares ficaram conhecidos por “quilombos” e seus habitantes, “quilombolas”.
Houve muitos quilombos no Brasil.
O mais importante foi o “Quilombo de Palmares”, instalado na Serra da Barriga, onde hoje é o estado de Alagoas.
Durou mais de sessenta anos e chegou a contar com uma população de vinte mil habitantes, o que era bastante para a época.
Na verdade, era um quilombo formado de vários outros, organizados sob a forma de reino.
Quando houve a Invasão da Holanda, os diversos quilombos que o compunham foram reforçados, pois inúmeros escravos deixavam os lugares onde viviam e iam refugiar-se nos quilombos, aproveitando a ausência dos seus senhores, que também fugiam dos invasores.
Enquanto os brasileiros e portugueses lutavam contra os holandeses, os fugitivos trataram de fortalecer os seus quilombos.
No princípio, para poder viver, os quilombolas praticavam assaltos às fazendas e povoados mais próximos.
Pouco a pouco, foram-se organizando, cultivando a terra, e trocando parte das colheitas por outras coisas de que precisavam.
Durante o tempo em que brasileiros e portugueses estavam ocupados, combatendo os invasores, os negros viveram sossegados.
Logo, porém, que os holandeses deixaram de ser preocupação, os brancos começaram a combater os quilombolas.
Apesar dos inúmeros ataques que realizaram, os brancos porém, não conseguiram arrasar os quilombos, como era sua intenção.
Os quilombos estavam bem reforçados, os negros eram corajosos e, ainda por cima, lutavam pela liberdade!
Por fim, o governo de Pernambuco solicitou a ajuda do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, que preparou uma expedição para derrotar os fugitivos.
Também ele falhou nas primeiras tentativas, mas não desistiu.
Organizou um exército realmente poderoso e voltou ao ataque.
Mesmo assim, a resistência dos quilombolas foi tão grande, tão valente, que a luta durou perto de três anos.
Mas os negros tinham uma desvantagem: estavam cercados.
Enquanto os atacantes podiam conseguir reforços e munições de fora, principalmente contando com o interesse do governo, os quilombolas encontravam-se sozinhos e apenas podiam contar com o que possuíam.
É claro que, um dia, a munição dos sitiados tinha de se esgotar.
Quando isto se deu, muitos negros fugiram para o sertão.
Outros se suicidaram, ou renderam-se aos atacantes.
Nisso, segundo nos conta a tradição, logo no início da formação do quilombo, foi escolhido um rei: chamava-se Gangazuma.
Habitava um palácio denominado Musumba, juntamente com seus parentes, ministros e auxiliares mais próximos.
Organizara e mantinha sob seu comando um verdadeiro exército.
Um dia, morreu Gangazuma.
Os quilombolas ficaram tristes, mas a vida continuava e eles precisavam de um novo rei.
Assim, elegiam vitaliciamente, um Zumbi, o senhor da força militar e da lei tradicional.
Não havia ricos, nem pobres, nem furtos nem injustiças.
Três cercas de madeira rodeavam, numa tríplice paliçada, o casario de milhares e milhares de homens.
A princípio, para viver, desciam os negros armados, assaltando, depredando, carregando o butim para as atalaias de sua fortaleza de pedra inacessível.
Depois o governo nasceu e com ele a ordem; a produção regular, simplificou comunicações pacíficas, em vendas e compras nos lugarejos vizinhos, constituiu-se a família e nasceram os cidadãos palmarinos.
As plantações ficavam nos intervalos das cercas, vigiadas pelas guardas de duzentos homens, de lanças reluzentes, longas espadas e algumas armas de fogo.
No pátio central, como numa aringa africana, o primeiro governo livre em todas as terras americanas.
Ali o Zumbi distribuía justiça, exercitava as tropas, recebia festas e acompanhava o culto, religião espontânea, aculturação de catolicismo com os rituais do continente negro.
Vinte vezes, durante a existência, foram atacados, com sorte diversa, mas os Palmares resistiam, espalhando-se, divulgando-se, atraindo a esperança de todos os escravos chibateados nos eitos de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
A república palmarina desorganizava o ritmo do trabalho escravo em toda a região.
Dia a dia fugiam novos cativos, futuros soldados do Zumbi, com seu manto, sua espada e sua lança real.
Debalde o Zumbi levou suas forças ao combate, repelindo e vencendo.
O inimigo recompunha-se, recebendo víveres e munições, quando os negros, sitiados, se alimentavam de furor e de vingança.
Numa manhã, todo exército atacou ao mesmo tempo, por todas as faces.
As paliçadas foram cedendo, abatidas a machado, molhando-se o chão com o sangue desesperado dos negros guerreiros.
Os paulistas de Domingos Jorge Velho, Bernardo Vieira de Melo com as tropas de Olinda e Sebastião Dias, com os homens de reforço – foram avançando e pagando caro cada polegada que a espada conquistava.
Gritando e morrendo, os vencedores subiam sempre, despedaçando as resistências, derramando-se como rios impetuosos, entre as casinhas de palha, incendiando, prendendo, trucidando.
Quando a derradeira cerca se espatifou, o Zumbi correu até o ponto mais alto da serra, de onde o panorama do reino saqueado era completo e vivo.
Daí, com seus companheiros, olhou o final da batalha.
Paulistas e olindenses iniciavam a caçada humana, revirando as palhoças, vencendo os últimos obstinados.

A Morte de Zumbi. 
Do cimo da serra, o Zumbi brandiu a lança espelhante, e saltou para o abismo.
Seus generais o acompanharam, numa fidelidade ao Rei e ao Reino vencidos.
Em certos pontos da serra, ainda estão visíveis as pedras negras das fortificações.
E vive ainda a lembrança ao último Zumbi, o Rei de Palmares, o guerreiro que viveu na morte, seu direito de liberdade e de heroísmo...
Felipe, ao conhecer a história de Zumbi, ficou deveras encantado com o espírito de luta, do povo negro.
Realmente, a história do Quilombo de Palmares era magnífica.

42 Histórias e Lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). São Paulo: APEL Editora sem/data. Lendas Brasileiras/ Câmara Cascudo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.

DICIONÁRIO:
butim 1. conjunto de bens materiais e de escravos, ou prisioneiros, que se toma ao inimigo no curso de um ataque, de uma batalha, de uma guerra. 2. produto de roubo ou de pilhagem.
atalaia 1. aquele que vigia, que observa; sentinela. 2. lugar elevado de onde se observa ou se vigia.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 39

CAPÍTULO 39 

Além disso, Felipe, encantado com a beleza do lugar, conheceu a lenda da Cidade Encantada de Jericoacoara.
Dizem alguns habitantes de Jericoacoara que, sob o serrote do farol, jaz uma cidade encantada, onde habita uma linda princesa.
Perto da praia, quando a maré está baixa, há uma furna onde só se pode entrar de gatinhas.
Essa furna de fato existe.
Contudo, só se pode entrar pela boca da caverna, mas não se pode percorrê-la, porque, dizem, é fechada por um enorme portão de ferro.
A princesa está encantada no meio da cidade que existe além do portão.
Esta maravilhosa princesa está transformada numa serpente de escamas de ouro, só tendo a cabeça e os pés de mulher.
Diz a lenda que ela só pode ser desencantada com sangue humano.
Assim, no dia em que se imolar alguém perto do portão, abrir-se-á a entrada do reino maravilhoso. Com sangue será feita uma cruz no dorso da serpente, e então surgirá a princesa com sua beleza olímpica, no seio dos tesouros e maravilhas da cidade.
E então, em vez daquela ponta escalvada e agreste, surgirão as cúpulas dos palácios e as torres dos castelos, maravilhando toda a gente.
Na povoação há um feiticeiro, o velho Queiroz, que narra, com fé dos profetas e videntes, os prodígios da cidade escondida.
Certo dia Queiroz, acompanhado de muita gente da povoação, penetrou na gruta.
O feiticeiro ía desencantar a cidade.
Estavam em frente ao portão, que toda a gente diz ter visto.
Eis que surge a princesa à espera do desencanto.
Dizem que ouviram cantos de galos, trinados de passarinhos, balidos de carneiros e gemidos estranhos originados da cidade sepultada.
O velho mágico, entretanto, nada pôde fazer porque no momento ninguém quis se prestar ao sacrifício.
Todos queriam sobreviver, naturalmente para se casar com a princesa...
O certo é que o feiticeiro pagou caro a tentativa.
Foi parar na cadeia, onde permanece até hoje.
Com isso, a cidade e a princesa ainda esperam o herói que se decida a remi-las com seu sangue.
A princesa ainda continua na gruta, metade mulher, metade serpente, como Melusina, e também como a maioria das mulheres.41

41 Lendas Brasileiras/ Câmara Cascudo. Rio de Janeiro. Ediouro, 2000
DICIONÁRIO: furna 1. cavidade profunda na encosta de uma rocha, floresta etc.; caverna, gruta, cova."o homem primitivo transformava f. em habitações grupais" 2. POR EXTENSÃO subterrâneo de uma edificação.
Significado de Melusina Feltro de pêlos longos, usado principalmente na fabricação de chapéus femininos. [Heráldica] Sereia com cauda de serpente, banhando-se e penteando-se num tanque.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 38

CAPÍTULO 38

Depois de passearem pelos lugares turísticos, os cinco rapazes, sentaram-se em confortáveis poltronas, e ouvindo os relatos dos moradores da cidade, passaram a conhecer suas lendas.
Foi assim, que em suas viagens pelo Nordeste, Felipe e seus amigos conheceram a história do Vaqueiro Voador.
Nesta região, havia uma cidade pequena, porém muito bonita.
Era um lugar próspero, de fazendeiros, de vida feliz e sossegada.
Certa manhã, um bando de cangaceiros chegou de repente ao lugar.
Foi um alvoroço.
Num instante, a população desapareceu das ruas.
As janelas se fecharam, e as portas se trancaram.
O chefe dos cangaceiros bateu na porta da casa mais rica da cidade.
Como não tinha outro jeito, o dono da casa veio saber o que ele desejava.
-- Nós não queremos fazer mal a ninguém. (disse o chefe dos cangaceiros) Estamos precisando de mantimentos, e sabemos que aqui há bastante. Ainda sobrará muito para vocês.
O fazendeiro prometeu então, que conversaria com outros homens ricos do lugar, a fim de conseguir a quantidade que o cangaceiro desejava.
Assim, o cangaceiro concordou em esperar até o dia seguinte.
Nisso, os mantimentos foram entregues, e o bando tratou de partir.
Mas o que os cangaceiros não sabiam, era que o fazendeiro aproveitara para lhes preparar uma cilada.
O mesmo combinara com seus amigos para atirarem neles pelas costas, quando estivessem de partida.
E assim foi feito.
Mal os cangaceiros deram as costas, várias janelas se abriram, surgindo uma porção de espingardas.
No tiroteio, muitos cangaceiros caíram mortos e o resto fugiu em disparada.
O chefe deles ficou louco da vida.
Enquanto ele cumpria sua palavra de não fazer nenhum mal aos habitantes, porque o fazendeiro lhe fizera tamanha traição?
Mas não ia ficar assim.
O traidor e seus amigos que esperassem.
A vingança não tardaria.
Com isso, os meses foram passando, e o fazendeiro não perdia oportunidade de se vangloriar de sua esperteza.
Um dia, enquanto ele estava almoçando sossegadamente, ouviu um tiroteio e uma gritaria tremenda.
Correu para a rua.
Eram os cangaceiros.
Tinham se organizado de novo e estavam de volta para a vingança.
Por isso, o fazendeiro procurou trancar a porta da casa o melhor possível, e transmitiu as novidades à sua família, que estava apavorada.
Mas para seu desespero, a porta da casa foi violentamente sacudida e logo veio abaixo.
Os cangaceiros entraram de espingarda na mão e o fazendeiro caiu de joelhos:
-- Por favor, não me matem! Fiz aquilo sem pensar!
O chefe dos cangaceiros olhou-o, com desprezo:
-- A morte é pouca vingança para o que você fez. Você tem de sofrer mais, muito mais!
O fazendeiro tinha dois filhos gêmeos, de três anos, e vendo-os, o cangaceiro teve uma idéia:
-- Vamos ver se você é homem! Escolha! Ou você vai com a gente para a caatinga, onde receberá o que merece, ou entrega um de seus filhos para que ele se torne um cangaceiro.
Pela cabeça do fazendeiro passaram as terríveis torturas que o aguardavam.
Assim, olhou para os gêmeos, Lucídio e Deodato, suou, pensou e resolveu:
-- Leve um dos meus filhos.
A mãe dos meninos agarrou-se às crianças, mas de nada adiantou.
Os cangaceiros pegaram uma das crianças e saíram.
Mas antes de sair, o chefe deles gritou da porta:
-- Você vai sofrer a vida inteira, sabendo que seu filho está sendo transformado num homem igual àqueles que foram traídos por você. Um homem tão importante, com um cangaceiro na família! Já pensou?
E foram embora levando o Lucídio.
Nisso, a profecia do cangaceiro realizou-se rapidamente.
O caso correu de boca em boca, e ninguém queria saber mais do fazendeiro.
Que homem era aquele?
Entregar um filho para salvar a própria pele!
Mesmo sua mulher não tinha mais coragem de olhá-lo no rosto.
E ele sofria.
Seu filho que ficara, o Deodato, também já não era o mesmo.
Escapava dos braços do pai, vivia agarrado à saia da mãe.
De vez em quando, não agüentando mais aquela tortura, o fazendeiro explodia:
-- Que culpa tive eu? Havia outra solução? Sei que o menino está vivo! E eu? O que teriam feito comigo?
A mulher nada respondia.
Baixava a cabeça e chorava.
E o tempo foi passando.
Para a população, o caso já era fato esquecido, mas nunca haveria de o ser para o fazendeiro e sua mulher.
Deodato, agora com quatorze anos, não mais se lembrava.
Sabia do caso por ouvir contar.
Muito embora o fazendeiro, muito envelhecido pelo sofrimento, quisesse fazer do filho o seu sucessor, o mocinho não concordava.
Desejava ser vaqueiro, atravessar aquelas caatingas, correndo atrás do gado, conhecer novos lugares, dormir à luz das estrelas.
E, realmente, tornou-se um vaqueiro, aumentando ainda mais, sem querer, o desgosto do velho.
Tornou-se tão bom vaqueiro, que sua fama correu por toda a região.
Não havia cavaleiro igual.
Uma noite, quando ele dormia na caatinga, teve um sonho esquisito que o deixou preocupado.
Sonhou com um velho vaqueiro, de pele curtida pelo sol e vestido com a indispensável roupa de couro, envolto por uma luz azul muito suave, que lhe disse:
-- Sou o rei de todos os vaqueiros. Sempre desejei confiar meu cavalo mágico a um bom cavaleiro, mas nunca achei um que merecesse. Você, porém, é digno do meu desejo. Siga em frente. Ao anoitecer, encontrará um cavalo avermelhado, que dará três relinchos quando você se aproximar. Pode montar nele, que será seu. Mas tome cuidado: ele não corre, voa. E não aceitará outro cavaleiro, nunca. Só você.
Tão logo amanheceu, ele contou o sonho aos companheiros.
Todos riram e um lhe disse:
-- Isso é que é ser vaqueiro. Até dormindo ele pensa em cavalo!
E seguiram levando a boiada.
O dia transcorreu como os outros.
Quando começou a anoitecer, um dos vaqueiros comentou:
-- Olhem que engraçado, aquele cavalo pastando sozinho. Deve ter fugido.
Deodato viu então,um belo cavalo avermelhado, destacando-se contra a luz do poente.
Lembrou-se do sonho.
Qual!
Era apenas um sonho!
Propôs aos amigos:
-- Vamos ver se a gente pega aquele bicho?
Os amigos não concordaram e foram apeando para passar a noite.
Estavam cansadíssimos.
Deodato não conseguindo livrar-se da idéia, foi a pé na direção do belo animal, que relinchou três vezes.
Queria vê-lo mais de perto, apenas.
Não levou o laço.
Foi-se aproximando, até pôr a mão no cavalo.
Este nem mesmo se mexeu.
Aí, Deodato teve novamente a mesma visão.
Apareceu-lhe o velho vaqueiro, envolto por uma suave luz azul, que lhe disse, apontando o cavalo:
-- É esse, ele é seu.
O então, cavalo acompanhou o moço docilmente.
E juntos, chegaram onde estavam os outros.
Deodato colocou os arreios no animal e montou nele.
Os companheiros olhavam, espantados.
O cavalo partiu, mas sabem como?
Voando!
Ele andava no ar!
Os vaqueiros pensaram que fosse um sonho!
Não podia ser verdade!
Daquele dia em diante, Deodato ficou conhecido como o Vaqueiro Voador.
Alguns de seus companheiros haviam tentado montar no cavalo mágico, porém ele não saía do lugar.
Somente voava, se fosse montado por Deodato.
Enquanto isto acontecia, a cidade era atacada por um bando de cangaceiros, chefiados por um moço destemido, conhecido por Ventania.
E era mesmo um pé de vento, fazia a cidade tremer.
Passaram a saqueá-la, no mínimo uma vez por semana.
Os homens tinham medo de reagir e provocar um tiroteio, que pudesse causar a morte de muitos moradores.
Mas tentaram várias vezes atacar o bando em seu próprio esconderijo, na caatinga.
Contudo as sentinelas não deixavam ninguém se aproximar.
Ouviam o tropel dos cavalos e as espingardas falavam.
A cidade estava em desespero.
O que fazer?
Todos estavam preocupados.
É verdade que aqueles cangaceiros não disparavam um tiro quando estavam na cidade, mas do jeito que estavam fazendo, logo as lojas e os armazéns estariam vazios!
O homem era mesmo uma ventania!
Levava tudo!
Muito longe dali, o Vaqueiro Voador tocava a boiada pelas caatingas, assombrando os que viam galopar seu cavalo mágico.
Seus companheiros não precisavam mais ter preocupação: num instante, ele cercava um boi fugitivo lá longe, noutro instante estava de volta...
Assim, quando Deodato voltou à cidade, causou o maior espanto com o seu cavalo.
Ao vê-lo, uns riam, outros choravam, uns corriam, outros não conseguiam correr.
Também ali, ele ficou conhecido por Vaqueiro Voador.
E não tinha mais sossego.
Em toda emergência, ele era chamado.
Enquanto ele permanecia na cidade, deu-se novo ataque do bando de Ventania.
Deodato perguntou ao seu pai:
-- De onde é que vem esse barulho?
-- Deve ser um novo ataque do bando de Ventania. Estão sempre vindo à cidade. Levam roupas, alimentos e não se pode fazer nada.
-- E por que os homens não organizam a defesa? Não têm mais armas?
-- Têm, meu filho, não é isso. É que não querem provocar um tiroteio aqui na cidade e pôr em risco a vida de inocentes. Os cangaceiros precisariam ser atacados em seu próprio esconderijo, que não deve ser longe.
-- Pois, então...?
-- Acontece que eles deixam várias sentinelas escondidas atrás de mandacarus e não há quem descubra onde se escondem.
-- É mesmo um problema. Que se há de fazer?
De repente, o velho deu um salto tão violento, que deixou o filho assustado:
-- O que foi, pai? Que aconteceu?
-- Tive uma idéia! Uma grande idéia! Você será a nossa salvação, meu filho!
O moço espantou-se:
-- Eu? Como? Por que? Não entendo.
-- Você e seu cavalo mágico! Não entendeu? Você passará voando por cima das sentinelas! Nem perceberão!
-- E que posso eu fazer sozinho contra os outros cangaceiros?
O velho pôs-se a pensar.
Depois, disse:
-- Se você descobrir onde estão escondidos, nossos homens poderão ir mais tarde por outro caminho.
A mãe de Deodato ouviu a conversa e dirigiu-se ao marido:
-- Por favor, não peça para ele ir! Nosso outro filho foi entregue aos cangaceiros. Agora quer que este seja morto por eles?
-- Mas o que hei de fazer? Estou muito velho, e só Deodato pode montar o cavalo mágico.
-- Você iria, eu sei... Como foi da outra vez. - respondeu ela, irônica.
O Vaqueiro Voador resolveu aceitar a idéia do pai.
Então combinou-se que o moço partiria naquela noite.
Mas os outros homens deveriam aprontar-se, para depois serem guiados ao esconderijo.
No mesmo dia, houve outro assalto do bando.
Mas, pela cabeça de todos os habitantes, passava idêntico pensamento:
“Aproveitem, que é a última vez!”
Depois do assalto, o Vaqueiro Voador preparou-se para ir atrás dos cangaceiros.
Calçou as perneiras, vestiu o parapeito, o gibão, pôs o chapéu, tudo de couro por causa dos espinhos, e seguiu na direção que os cangaceiros costumavam tomar.
Passou por cima das sentinelas sem ser visto, e chegou ao esconderijo.
Desceu cuidadosamente, um pouco longe do acampamento dos cangaceiros, saltou do cavalo e foi-se aproximando, devagar.
De repente, sentiu um cutucão nas costas.
Virou-se e deu com um cangaceiro que lhe perguntou:
-- O que você quer aqui? Espionando, hein?
Pois vamos falar com o chefe.
Deodato pensou em correr até o cavalo, mas desistiu ao ver a espingarda pronta para atirar.
Logo apareceram outros cangaceiros, que o conduziram à presença do chefe.
Entraram na cabana, e o cangaceiro que o havia aprisionado falou ao chefe:
-- Pegamos esse homem espionando. Não sei de que modo ele conseguiu chegar até aqui.
O chefe, o famoso Ventania, olhou o prisioneiro com cuidado e pensou:
“Já vi esse homem em algum lugar”.
Deodato também teve a impressão de já conhecer o outro, embora nunca o tivesse visto de perto.
Mas nada disseram.
-- Por que você veio aqui? O que pretende? – quis saber Ventania.
O moço podia ter inventado alguma desculpa, mas preferiu falar a verdade.
Contou porque estava ali, e o cangaceiro admirou-se de sua coragem.
Os outros queriam a todo o custo enforcar o espião, porém Ventania se opôs.
Jamais havia permitido que matassem alguém.
-- E o que vamos fazer com ele? – quis saber um cangaceiro.
Ventania pôs-se a pensar e viu que o problema era mesmo difícil de ser resolvido.
Mantê-lo prisioneiro, onde?
Deixa-lo ir?
Ele contaria aos outros a posição do esconderijo.
Que fazer?
-- É, temos de encontrar uma solução, disse Ventania. Preciso pensar com mais calma.
Os outros cangaceiros insistiram em enforcá-lo, mas o chefe continuou a discordar.
Enquanto esperava a solução, Ventania olhou outra vez, com cuidado, o prisioneiro e lhe disse:
-- Tenho a impressão de que já vi você em algum lugar, mas não sei onde.
-- O mesmo acontece comigo – respondeu o Vaqueiro Voador.
Os cangaceiros que ali estavam começaram a murmurar:
-- Como eles são parecidos!
Realmente, eles eram bem parecidos; se não foi notado logo à primeira vista, era porque Deodato, além de ser mais gordo, usava bigode e o cabelo mais comprido.
Assim, conversa vem, conversa vai, Deodato perguntou ao chefe dos cangaceiros qual era a injustiça que lhe haviam feito, já que eles geralmente se dedicavam ao crime por vingança.
Para surpresa do moço, Ventania disse que não queria vingar-se de ninguém, que nascera praticamente naquela vida, e não conhecia outra.
Conforme os mais velhos lhe haviam contado, seu pai o entregara ainda bem pequeno ao então chefe do bando.
Ali ele crescera.
Deodato achou a história muito parecida com a de seu irmão, Lucídio.
Por isso, fez-lhe mais perguntas, inclusive se sabia qual era o seu nome.
Não sabia.
Depois contou a história de seu irmão.
-- Então é por isso que pensei que já havia visto você! – exclamou o cangaceiro.
-- É isso mesmo! – confirmou Deodato. Agora já sei! É porque somos irmãos! -- Seu nome é Lucídio!
Deodato convidou-o a deixar aquela vida e a voltar com ele para casa.
Mas o outro não queria, alegando que nada mais sabia fazer.
O irmão então, disse-lhe que podia ser vaqueiro.
Aprenderia com ele.
A promessa de uma vida familiar, foi mais forte e o cangaceiro resolveu acompanhar o irmão.
Nomeou novo chefe para o bando, e deu ordens para que não atacassem mais aquela cidade.
Como Lucídio jamais tinha assassinado alguém, e também não era culpado por ser cangaceiro, foi perdoado pelos assaltos cometidos.
Seu pai percebendo-lhe uma forte vocação para comandar e administrar, e lhe entregou os destinos da fazenda.
Administrada por ele e com um vaqueiro como Deodato, a fazenda tornou-se ainda mais importante. E, a cidade nunca mais foi atacada.40

40 Histórias e Lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). São Paulo: APEL Editora sem/data.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 37

CAPÍTULO 37

Em Abrolhos, os turistas, encantados com a beleza da região, mergulharam de cabeça num imenso aquário azul.
Detentor da maior diversidade de corais do Brasil, o seu mar é um deslumbre.
De julho a outubro, as acrobáticas baleias jubarte namoram na região e lá mesmo se acasalam.
O ano inteiro, cardumes de sardinhas, manjubas, meros, garoupas, caçõezinhos e budiões, desfilam diante dos olhares intrusos.
Colorindo tudo surgem pequenos parus marron-dourados, frades negros com pintas amarelas, paulistinhas listados de azul e amarelo, lancetas azuis brilhantes e ciliares transparantes como o vidro.
Além disso, o coral-de-fogo, vermelho, branco e laranja, forma verdadeiras esculturas, as quais podem ser apreciadas mesmo de longe.
De repente, lá vem a barracuda, feia que assusta, com o maxilar inferior maior que o superior e couro feito um escudo.
Não ataca, mas os turistas ao verem-na saíram nadando assustados.
Traiçoeiro é mangangá.
Imóvel, camuflado à semelhança de uma pedra, ao ser pisado, este peixe injeta um veneno dorido em sua vítima.
Por isso se faz necessário o equipamento de mergulho.
Abrolhos tem esse nome, por que os portugueses, ao navegarem nesse trecho repleto de recifes, alertavam aos que nunca tinham vindo por estes mares navegado:
‘Quero que quando te aproximares da terra, abra bem os olhos’.
Com o acento típico dos portugueses, a expressão ‘abra os olhos’, acabou dando nome ao lugar.
Dias depois, ao passearem pela Chapada Diamantina, conheceram um lugar repleto de cachoeiras cristalinas, grutas, cavernas, morros esculpidos em pedra e matas densas enfeitadas de orquídeas.
Quando chove por lá – e caí tempestade grossa –, os riachos brotam nos pés da serra e serpenteiam vales e montanhas perfumadas pelas flores.
Em 1985, os cento e cinqüenta e dois hectares da Serra do Sincorá, viraram parque nacional.
Nesse lugar contudo, a maior atração é a cachoeira da Fumaça.
Em quatrocentos metros de queda livre, a água dança com a força do vento e seus jatos produzem sucessivos arco-íris.
Na região de Lençóis, conheceram a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário.
Construída sobre pedras, exibe imagens barrocas.
No Casario da Rua Sete de Setembro, herança do ciclo do ouro, no qual está o sobrado onde funcionou o Consulado da França.
Na Gruta do Lapão, está uma das maiores cavernas de quartzito do Brasil, com belíssimos salões e galerias.
Cautelosos e sequiosos por conhecer a região, os turistas levaram lanternas para a aventura.
No Salão de Areias, uma gruta rochosa multicolorida, estão as mais belas areias utilizadas em artesanato (as quais são utilizadas para fazer desenhos dentro de garrafas).
Em Serrano, antigo garimpo, os turistas conheceram crateras que são deliciosos piscinões.
Já no Ribeirão do Meio, visitaram um tobogã natural de águas límpidas.
Em Cachoeirinha, conheceram inúmeras e lindíssimas cachoeiras.
No Rio Mucugezinho, os turistas puderam se banhar e fazer mergulhos nos tobogãs próximos ao Poço do Diabo, a quatro quilômetros da cidade.
Na Cachoeira do Sossego, num cânion do Rio Ribeirão, avistaram uma linda região, cercada de verde por todos os lados.
Já na Praia Zaidã, uma conhecida Prainha do Rio São José, bem na entrada da cidade, os turistas puderam se divertir em suas águas.
Na Gruta Azul, a setenta quilômetros de Lençóis, o Rio Branco avança sobre a montanha na Gruta Pratinha.
Suas águas, refletidas pelo sol, ficam imensamente azuis.
De passeio pela região, assistiram a Festa de Xangô, em homenagem a São Cosme e a São Damião.
Na Marujada, grupos vestidos de marinheiros dançam alternando passos e marchas.
É um espetáculo inesquecível!
Na Festa Rei de Bois, grupos fantasiados de bichos e comandados pelo ‘boi’, visitam as casas da cidade cantando e dançando, ao ritmo de uma bandinha.
Mais tarde, os viajantes aproveitaram para comprar esculturas de pedra dos estudantes da Oficina da Arte, e as garrafas de areia dos artesãos da cidade.
Na região do Rio de Contas, os turistas visitaram a Igreja da Matriz.
Ao lá chegarem, os turistas viram as pinturas da nave central e as peças de carpintaria.
Uma beleza!
No Prédio da Cadeia, os viajantes conheceram histórias horripilantes do prédio onde funcionou a mais temida prisão baiana.
Ao visitarem o Arquivo Municipal, os cinco rapazes conheceram os originais de provisões reais, pregões de venda de escravos, e cartas de alforria.
No Teatro São Carlos, o mais antigo do Estado, os viajantes, puderam ver seu palco, onde se apresentaram, nos idos de 30, companhias francesas e italianas.
Ao passarem pelo Arraial da Barra, os turistas conheceram um antigo quilombo.
Lá o povoado preserva muito de sua cultura original.
No Povoado de Mato Grosso, habitado por descendentes de portugueses, os turistas puderam conhecer pessoas que lutam para preservar sua cultura original.
Em Cachoeiras do Fraga, os cinco rapazes avistaram uma sucessão de quedas e corredeiras formadas pelo Rio Brumado.
Já em Curriola, num dos trechos do Rio Brumado.
Os turistas puderam descansar e fazer um piquenique.
Lá há área para camping e muito o que se ver.
No Pico das Almas, haja energia para escalar seus dois mil metros.
Porém, a despeito da altura, dá para subir e ir se refrescando nas muitas nascentes de montanhas.
Os cinco rapazes, cautelosos, antes de partirem para o passeio, trataram logo de contratar um guia.
No Mirante do Bittencout, os viajantes puderam fazer caminhadas ecológicas.
Não bastasse o passeio, ao chegarem no mirante propriamente dito, puderam ter uma bela vista da região.
No Alambique de Abaíra, os turistas aproveitaram para beber um pouco.
Depois, foram assistir a Festa da Pastorinha.
Lá, meninas vestidas de camponesas louvam o Deus-menino na matriz local.
Mais tarde, acompanhadas de uma bandinha, visitam de casa em casa, os presépios domésticos.
Na Festa do Bom Jesus do Morro, os viajantes puderam observar a romaria à Igrejinha de Bom Jesus do Morro.
Dias depois, na Festa de Santana, participaram de novenas, leilões, procissão e queima de fogos em louvor a Nossa Senhora de Santana.
Na Festa do Santíssimo Sacramento, na véspera de Corpus Christi, ocorre um concerto da Filarmônica Lira dos Artistas, e leilão na porta da matriz.
No dia de Corpus Christi, acontece a missa ao alvorecer e procissão pelas ruas atapetadas de flores à tarde.
Após, os viajantes foram comprar calçados e jóias confeccionadas por ourives nas casas dos artesãos locais.
Em Mucugê, os turistas foram ver o Vale Monte Azul.
Na Serra Continguibá, é um refúgio para os descolados, especialmente para os casais de namorados.
Na Cachoeira da Sandália Bordada, no Rio Mucugê, os viajantes puderam constatar que este parece um rio invertido, onde em suas margens, florescem de bromélias à orquídeas.
Por fim, os turistas foram conhecer o Cemitério de Mucugê.
Lá, seus túmulos são erguidos na rocha.
Por isso, tem-se a impressão de se estar num reduto bizantino.
Em Palmeiras, os turistas foram conhecer o Morro do Pai Inácio.
Considerado o cartão postal da Chapada.
No mirante, a mil e duzentos metros, pode-se ver boa parte da região.
Ao conhecerem o Morrão do Tambor, os turistas se depararam com encostas íngremes, mas, dispostos a encarar o desafio, puderam mais tarde, para espantar o cansaço, tomar um belo banho no lago, que fica no topo do morro.
Na Cachoeira da Fumaça, os turistas se deslumbraram com uma corrente de água de quatrocentos metros que mal toca o solo: vaporiza-se na queda.
Além disso, os ventos constantes produzem verdadeiros chuveiros naturais.
Na Cachoeira do Riachinho, com quinze metros de queda, os turistas puderam se banhar em águas que formam uma verdadeira piscina natural.
Ao visitarem a Torre do Castelo, Morro na Serra do Esbarrancado, os turistas tiveram que caminhar por uma trilha do Riacho de Água Boa para chegar ao topo.
Já, na Praia do Rio Grande, os turistas puderam admirar, águas ferruginosas mas transparentes.
Por fim, assistiram ao Baile Pastoril.
Lá, artistas locais dramatizam a adoração dos Reis Magos ao menino Jesus.

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Luciana Celestino dos Santos
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segunda-feira, 25 de maio de 2020

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 36

CAPÍTULO 36

No dia seguinte, os cinco rapazes foram visitar a Praia de Taperuã.
A praia, badalada, possuí dezenas de pousadas, quiosques, coqueiros e areia branca.
As barracas Vira Sol e Barramares têm bar, restaurante, lojinhas de artesanato, palco e pista de dança e operam somente durante o dia.
O Vira Sol, tem show diário do travesti Margô, e lugar para duas mil e oitocentas pessoas sentadas.
Barramares, na temporada, tem até posto do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, e atende mil e duzentos turistas, em suas mesas e quiosques na areia.
A atração é Grace Jones, instrutor de lambaeróbica.
A noite é uma criança na barraca Axé Mois, a única que funciona à luz da lua.
Os turistas então se fartaram de tanto se divertir nas inúmeras barracas.
Dias depois, ao passarem por Ponta Grande, souberam apreciar o sossego do lugar.
A praia, de ondas fracas e areia grossa, juntamente com as Barracas Ponta Grande e Porto Paraíso, pequenas e tranqüilas, são um convite ao descanso.
Ao se aproximarem do Clube de Ultraleve, Lúcio e Fábio, decidiram fazer um passeio de ultraleve pela orla marítima.
Mais tarde os cinco forasteiros, animados com a viagem, resolveram aproveitar o Carnaval da cidade.
Lá trios elétricos, blocos e cordões levam de arrastão milhares de turistas na Passarela do Álcool e nas barracas das praias.
Ademais, as frenéticas sessões coletivas de lambaeróbica, nas barracas gigantes à beira-mar, e a passarela do álcool, com uma fileira quilométrica de barzinhos, ajudam a agitar a cidade.
Com isso, mesmo com a invasão de turistas, a cidade preserva paisagens intocadas, quase como eram na época do descobrimento.
Na cidade existe até um ambicioso projeto para criar um museu a céu aberto protegendo uma área de quase mil quilômetros quadrados.
Nisso, os turistas, aproveitando os ares da região, foram conhecer o Parque Nacional de Monte Pascoal.
O monte, redondo e com quinhentos e trinta e seis metros de altura, foi o primeiro ponto de terra firme avistado pela esquadra de Cabral em 1500.
Além disso, uma área de vinte e dois mil e quinhentos hectares ao redor, virou parque nacional em 1961 – um dos últimos trechos de mata atlântica do Nordeste –, tem restinga, mangue, litoral selvagem e uma reserva dos índios pataxós.
Ao passarem por Santa Cruz Cabrália, os turistas visitaram o local, onde segundo os historiadores, foi realizada a primeira missa no Brasil.
Lá, passando pela região os turistas conheceram os índios pataxós que continuam no local, agora vendendo artesanato.
Além disso, passeando pela região, os turistas puderam conhecer a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Construída em 1630, no alto do morro, o lugar é conhecido como mirante da coroa e oferece a vista mais bonita da foz do Rio João de Tiba e das praias.
Mais tarde, ao conhecerem a Praia da Coroa Vermelha, os turistas avistaram uma cruz de pau-brasil que marca o local oficial da primeira missa rezada pelo frei Henrique de Coimbra.
Ao lado da praça, fica a aldeia dos índios pataxós.
Itambé, venerável ex-cacique e aprendiz de pajé, capricha nos colares, arcos e flechas.
Aproveitando o passeio, os turistas mais do que depressa, realizaram um passeio de escuna pelo Rio João de Tiba.
O barco vai do cais até as piscinas e aquários naturais da Coroa Alta, formação de corais e de areia amarelada a dezesseis quilômetros.
Ao passarem pela Ilha do Paraíso, os turistas resolveram dar uma parada para comprar alguns quindins, com Dona Ivone.
No Arraial da Ajuda, os turistas se deslumbraram com suas praias selvagens e clima de liberdade.
Ao visitarem a aldeia colonial, construída pelos jesuítas, constataram que o local é bastante sofisticado.
Centro de turismo elegante, já deixou muitos famosos de boca aberta.
Isso em razão de um bom punhado de belezas naturais, uma boa porção de simplicidade e uma boa pitada de exotismo.
A começar pela travessia de balsa pelo rio Buranhém, que a separa de Porto Seguro, o passeio é um espetáculo à parte.
Com isso, prosseguindo com o passeio, nos telhados das casas e barracas feitas de tabuinhas – que ficam prateados à luz do sol –, os viajantes puderam se deslumbrar com a criatividade de seus moradores.
Além disso, aproveitando as festas que animam as madrugadas, perceberam que lá, todo dia é dia de festa.
Ademais, curtindo o passeio pela região, visitaram a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda.
Pequena e rústica, foi construída no alto do morro pelos jesuítas em 1549.
Cercada pelo casario do século XVI, foi lá que, em 1550, o Padre Manoel da Nóbrega celebrou a Primeira Missa do Galo no Brasil.
Atrás da igreja, encostada no morro, uma pequena capela abriga duchas com água da fonte milagrosa, que jorra desde o início da povoação.
No dia 15 de agosto, vira centro de festa para romeiros, que vão tomar banho e pagar promessas.
Mais tarde, aproveitando para se refrescarem, os turistas foram visitar a Praia do Mucugê.
Com piscinas naturais formadas por arrecifes, é a mais movimentada e popular, com muitos bares, pousadas e camping.
Na temporada a Barraca do Parracho é reduto de jovens, quando seus luaus agitam todas as noites.
Depois, foram passear na Praia da Pitinga.
Esta enseada de águas verdes e transparentes, é freqüentada pela fina flor do Arraial e por pessoas chiques.
Na Barraca do Pitinga, os cinco rapazes saborearam peixe na telha, camarão na moranga, ostras e lambretas (espécie de marisco).
Na Praia da Lagoa Azul, os turistas empreenderam uma longa caminhada que começou pela Praia do Taípe.
A praia, encravada nas falésias, possuí uma lagoa que é um poço de água doce muito azul.
Os rapazes então, aproveitando o passeio, fizeram uma mascára de lama no rosto e depois mergulharam na lama.
Pronto, se era verdade o que diziam, a lama seria muito benéfica para a pele dos cinco viajantes.
Mais tarde, voltaram a Praia do Taípe.
Praticamente deserta, possuí falésias de mais de vinte metros, areias douradas e águas cristalinas.
No dia seguinte, visitaram o Bróduei.
Em frente a pracinha da igreja, tem cinqüenta metros de calçadão com bares e mesinhas na rua.
Por fim, visitaram a Galeria e Beco das Cores.
Essas duas galerias, reúnem lojas, bares, restaurantes e os agitos da noite.
Os turistas, ao cearam no Beco das Cores, puderam apreciar o Cine-Bar, que exibe filmes cult e serve drinques, para uma seleta platéia de setenta pessoas.
Ao chegarem em Trancoso, os turistas logo vislumbraram o vilarejo construído pelos jesuítas no século XVI.
Intacto, nos remete as páginas alvissareiras da histórias.
A impressão que se tem é que o Padre José de Anchieta pode reaparecer a qualquer momento.
Trancoso realmente, esnoba os forasteiros.
Quando chove, nenhuma excursão chega até suas praias desertas e selvagens, vestidas de coqueiros, falésias avermelhadas e água que transitam entre os tons esmeralda e turquesa.
No Quadrado, os rapazes constataram que a praça principal é na verdade um enorme retângulo gramado, com dois campos de futebol dominando o platô onde se ergue o povoado.
Ao redor, um pitoresco casario colorido do século dezessete, com mangueiras, cajazeiros e cajueiros sombreando bancos e mesinhas dos barzinhos e restaurantes.
No alto do platô, branquinha e pequenina, vê-se a Igreja de São João, erguida pelos jesuítas em 1656.
Na Praia dos Nativos, os viajantes se depararam com uma belíssima paisagem.
Cenário de coqueiros e areia dourada.
Gal Costa é uma de suas ilustres moradoras.
Na Praia dos Coqueiros, o Rio Trancoso corre paralelo à praia.
Em sua ponta final – Itaquena –, muitos turistas nadam pelados.
Aos 20 de janeiro os turistas puderam apreciar a Puxada do Mastro.
Conhecida Festa de São Sebastião, é nela que o mastro é carregado nos ombros dos homens por toda a vila.
As mulheres dançam e cantam hinos de louvor na porta da Igreja de São João, onde o mastro é fincado.
Mais tarde os turistas, foram comprar lhambeques, sereias, gnomos e peixes do ateliê de cerâmica do Calá, na Praça do Quadrado.
Antigo paraíso de mochileiros e de hippies, o lugar se sofisticou.
Entre os seus quatro mil habitantes, estão artistas, músicos, estrangeiros, muitos paulistas e mineiros.
Em Caraíva, os turistas conheceram uma bela região incrustada entre o Rio Caraíva e a reserva dos índios pataxós.
Primitivo, o vilarejo colonial não tem energia elétrica nem telefone, mas atrai aventureiros pela beleza de sua praia.
A infra-estrutura é simples, com algumas pousadas.
Mas os turistas, ao se depararem com as belezas da região, nem se importaram com isso.
Assim, que puderam, trataram logo de tomar um banho de mar.
À noite se acabaram dançando forró.
Na Ponta do Corumbau.
Os turistas conheceram a ponta de areia, que avança pelo mar azul-turquesa e desponta como um novo paraíso dos andarilhos, e dos amantes da natureza.
Muito procurado para mergulhos e pesca submarina.
A vila é totalmente isolada e ainda mais simples do que Caraíva.
Lá chega-se a pé, ou de barco.
O lugar possuí um único e simpático hotel.
Além disso, como lá não tem restaurantes, come-se na casa dos pescadores.
Com isso, os turistas, aconselhados pelos caiçaras, trataram logo de comprar os chapéus confeccionados por eles.
Quando são novos, os chapéus são bem verdinhos.
Com o tempo, vão secando e ficando ainda mais bonitos.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 35

CAPÍTULO 35

 Na Lagoa Encantada, os turistas puderam admirar uma belíssima criação da natureza, formada por Ribeirões e cercada por uma reserva da mata atlântica.
A vegetação flutuante se desloca ao sabor da correnteza, e garante o ar de encantamento.
O Rio Almada forma belas cachoeiras perto da lagoa, com piscinas naturais para banho.
Não bastasse toda essa beleza, um passeio de barco sai de Sambaituba.
No Ceplac, a base aberta do projeto mico-leão-da-cara-dourada da Bahia, protege o animal ameaçado de extinção.
Lá, um viveiro abriga micos domesticados que são reintroduzidos na vida selvagem.
Além disso, pode-se fazer lindos passeios em trilhas ecológicas pela mata.
Na Reserva Ecológica de Una, os micos vivem soltos, mas só se entra com autorização do Ibama.
Mais tarde, os turistas foram conhecer a Praia dos Milionários.
Praia da moda, ganhou o nome por que era freqüentada pelos fazendeiros do cacau.
Na beira da praia, as Barracas Soro Caseiro e Nariga’s merecem destaque.
No dia seguinte, os turistas foram visitar a Praia do Cururupe.
Antiga aldeia tupiniquim, foi invadida, e seus habitantes dizimados pelos portugueses em 1559.
Muito procurada por turistas e veranistas, tem coqueiros, ondas fortes e barracas de petiscos.
Depois, passearam à cavalo, pelas praias da região.
No dia seguinte, assistiram a Festa de São Sebastião.
Procissão em louvor ao santo, que é um dos padroeiros da cidade.
Também conhecida como Festa do Bacalhau, por seus pratos servidos nas barracas típicas armadas no largo da catedral.
Situada a quatrocentos e sessenta e dois quilômetros de Salvador, a terra de Gabriela – a morena da cor do cravo e cheiro de canela –, encanta forasteiros com suas centenárias fazendas, suas praias selvagens, seus doces, seu suco de cacau e sua água medicinal cor-de-chocolate.
O lugar realmente é esplendoroso.
Mais tarde, contudo, os turistas foram visitar Olivença.
Trata-se de uma estância hidromineral de águas escuras, ricas em sais ferrosos, magnésio e iodo.
São indicadas para doenças de pele e do aparelho digestivo.
Lá aproveitaram para conhecer, a Igreja Nossa Senhora da Escada.
A construção, em estilo colonial, foi construída em 1700 pelos jesuítas.
Depois, os turistas foram apreciar a Procissão do Mastro.
Espécie de penitência, os devotos se reúnem para carregar um mastro da praia até a Igreja de Nossa Senhora da Escada.
Durante o passeio pela região, visitaram o Balneário Tororomba.
Este lugar, com suas piscinas públicas e duchas, tem a melhor água medicinal de Olivença.
Por fim, os turistas visitaram as Praias Back Door e Batuba.
Essas praias, tem ótimas ondas para surfistas.
Após, seguiram para Canavieiras.
Conhecida como Canes, tem ruas largas e arborizadas, onde se destacam os casarões dos séculos XVIII e XIX.
Aqui nasceu a civilização do cacau, com o plantio em 1749 do primeiro cacaueiro da Bahia.
Canavieiras tem mais de setenta quilômetros de praias selvagens, cheias de coqueirais, águas claras e tranqüilas.
A Praia da Costa, na Ilha de Atalaia, é a mais freqüentada.
Os turistas, animados com o passeio, fizeram questão de conhecer a famosa praia.
Depois, no Porto de Canavieiras, passearam de barco pelo Rio Pardo até o Jequitinhonha, região cheia de canais, também conhecida como minipantanal.
Em Belmonte, os turistas puderam se deslumbrar com casarões do século XIX, época em que a cidade viveu o período áureo do cacau.
O Rio Jequitinhonha deságua na Praia da Barra, pouco freqüentada.
Ao passar pela região, os turistas fizeram questão de aproveitar o passeio para mergulhar em suas águas.
Mais tarde, foram conhecer a Praia de Belmonte, que em seus primeiros vinte e cinco quilômetros é bastante freqüentada.
Porém, o resto é praticamente deserto, com muitos coqueiros e areia fina e batida.
Em Porto Seguro, os turistas, ao conhecerem o marco zero do descobrimento, constataram que o lugar, virou paraíso da classe média brasileira, que chega aos montes, trazida quase sempre em vôo fretado e muito acessível.
Considerado o segundo pólo turístico do Nordeste, Porto Seguro esbanja beleza com suas igrejas históricas, suas praias repletas de coqueiros, e suas águas transparentes, que emendando-se, convidam a um inesquecível passeio.
Ao visitarem o Centro Histórico, os cinco rapazes conheceram a Igreja de Nossa Senhora da Concórdia.
Considerada a mais velha do Brasil, foi erigida em 1526.
Possuí uma imagem de Cristo do século XVI esculpida em madeira de lei.
Além disso, o zelador da igreja, o artesão Gilson Martinho de Souza, vende entalhes feitos em pau-brasil, tais como: prendedor de cabelo, abridor de carta e machadinho; aproveitando a madeira de postes de luz, que estão sendo trocados por outros, de concreto.
Na Igreja de Nossa Senhora da Pena, os turistas puderam conhecer a padroeira da cidade.
A igreja tem esse nome por causa da pena que a imagem segura na mão.
Os devotos acreditam que ela assina despachos celestiais e vão em peso à novena, que começa no dia 31 de agosto e termina no dia 8 de setembro, com missa solene e festa na praça.
Ao adentrarem a edificação, os turistas logo se depararam com uma imagem de São Francisco de Assis – a mais antiga do Brasil, trazida de Portugal em 1503 –, atentos, também repararam na torre da igreja.
A mesma, fora construída com cacos de louça vindos de Macau, na China.
No Paço, construído em 1772, os turistas observaram o sobrado que serviu como cadeia pública.
Com celas no térreo e salão de audiência do ouvidor, no andar de cima.
No Marco da Posse, turistas descobriram que este veio com a expedição de Gonçalo Coelho em 1503.
Nos últimos anos, perambulou pela cidade, até ser fincado na praça diante da Igreja de Nossa Senhora da Penha.
Hoje, protegido por um vidro, só pode ser observado de longe.
Na Cidade Baixa, os turistas passearam pela Praça Pedro Álvares Cabral.
De lá, a estátua de Cabral aponta para o centro histórico desde abril de 1995.
Na Praça Vinte e Dois de Abril, os rapazes admiraram suas pitangueiras, e a placa da cruz de madeira que revela que aqui foi realizada a primeira missa.
Porém, os historiadores garantem, a primeira missa foi realizada em Cabrália.
Mais tarde, os turistas passearam pela Passarela do Álcool.
Dois quilômetros de avenida são ocupados por bares, restaurantes e barracas de comidas e bebidas típicas.
Á noite, o espaço vira point.
Os turistas ao se decidirem por um dos bares, foram logo pedindo o capeta, o coquetel energético – que mistura guaraná em pó, leite condensado, vodca e pedaços de fruta.
Após, os rapazes foram se divertir na Praia de Itacimirim.
Lugar tranqüilo, com faixa estreita de areia e várias barracas.
A Sol Nascente é uma das melhores, com ducha e saborosas moquecas.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 34

CAPÍTULO 34 

No Arembepe, o conhecido paraíso hippie nos anos sessentas, está preservada a pequena Aldeia de Caratingui, com seus casebres de palha, onde mochileiros e aventureiros montavam acampamento.
No auge da fama, recebeu Janis Joplin e Roman Polanski.
A praia tem um trecho de piscinas naturais e outro, ao norte, de mar violento.
Os turistas, animados com a exuberância do lugar, também aproveitaram para visitar a famosa lagoa formada pelo Rio Capivara.
Mais tarde os viajantes foram visitar o Castelo de Garcia d’Avila.
Situado no topo da colina de Tatuapara, as ruínas do século XVI de um dos mais importantes monumentos da arquitetura colonial brasileira.
Este castelo foi construído em 1551, a mando do aventureiro português que batiza o único castelo feudal das Américas.
Depois, os cinco rapazes foram para as Piscinas do Papa-Gente, que fica a dois quilômetros e meio da vila dos pescadores.
Lá piscinas formadas por bancos de coral, são ótimas para um bom mergulho.
No dia seguinte foram visitar a Reserva Ecológica de Sapiranga.
Trata-se de uma área preservada de seiscentos hectares de mata atlântica, com mais de quarenta espécies de orquídeas silvestres, e abrigo de micos, jacarés-de-papo-amarelo, tatus-bolas e veados.
A seguir, os turistas foram conhecer a Base Principal do Projeto Tamar.
Ao lado do farol na vila dos pescadores, tem um pequeno museu, tanques com tartarugas e ninhos de ovos em incubação.
O projeto de proteção às tartarugas marinhas começou em 1980, e já salvou mais de um milhão e meio de filhotes em todo o Brasil.
De setembro à março o litoral norte baiano é a principal área de desova de cinco espécies de tartaruga-marinha em vias de extinção.
Com mais de duzentos quilos, elas botam nas praias mais de cento e cinqüenta ovos tão redondinhos que parecem bolinhas de pingue-pongue.
Após, os turistas, apaixonados pelo litoral da Bahia, resolveram conhecer seu litoral sul.
Quanto chegaram no Morro do São Paulo, os turistas passaram por várias praias, para conhecer a orla do lugar, na Ilha de Tinharé.
Isso por que, são dezesseis quilômetros de águas límpidas, mornas, enfeitadas de corais, sombreadas por árvores à beira-mar, sobretudo coqueiros.
E quanto maior o número de coqueiros, mais virgem vai ficando.
Não passam carros por ali.
Por isso os turistas que visitam a ilha, consideram o lugar, um sossego.
Todavia, quem mora nela e não vive do turismo, considera a avalanche de forasteiros um inferno.
O lugar, já foi vila de pescadores.
Nisso os turistas, aproveitando a beleza do lugar, trataram também de conhecer o Farol do Morro.
A fortaleza, é um somatório da ruína das muralhas construídas em 1631, para proteger a região dos ataques holandeses.
No Mirante do vilarejo, os turistas puderam avistar o morro inteiro, bem como suas praias.
Realmente o lugar é um deslumbre só.
Contudo, os turistas, tendo muito ainda para conhecer, prosseguiram em sua viagem.
Ilhéus, cantada e decantada por Jorge Amado, foi fundada no século XVI.
Aliás, em homenagem a mais famosa personagem da terra, tudo na cidade passou a ter o nome dela.
Porém, a fase de ouro do cacau já passou.
Também não existem mais os coronéis que mandavam e desmandavam na cidade.
Mas os casarões e igrejas que eles financiaram, estão intactos e atraem mais de cento e cinqüenta mil turistas por ano.
De passeio pela região, os viajantes aproveitaram para conhecer a Igreja Matriz de São Jorge dos Ilhéus.
Considerada a construção mais antiga da cidade, foi edificada em 1556, com pedras de cantaria.
Reformada várias vezes, conserva seu estilo colonial e abriga o Museu de Arte Sacra.
Em meio a beleza de sua arquitetura, destaca-se uma imagem secular de São Jorge, e um painel sobre a história de Ilhéus.
Também conheceram a Catedral de São Sebastião.
A construção, de arquitetura imponente e eclética, mistura vitrais coloridos, colunas e abóbodas.
O estilo é neoclássico e a construção, iniciada em 1931, só foi concluída em 1967.
Ao visitarem o Convento de Nossa Senhora da Piedade, puderam vislumbrar uma construção, que erguida no Alto do Ceará, no cume da cidade, domina a paisagem, com sua arquitetura neogótica iluminada de cor-de-rosa à noite.
Durante suas andanças pela cidade, os turistas puderam conhecer ainda, o Palácio do Paranaguá.
Construção neoclássica onde funciona a Prefeitura, foi erguida em 1907 no mesmo local onde existiam as ruínas de um colégio jesuíta.
No Palacete Misael Tavares, os cinco viajantes, conheceram uma construção de estilo neoclássico, preferida do povo da cidade e que virou sede de uma loja maçônica.
Na Casa de Jorge Amado, os turistas, apreciaram uma construção com grandes salões e escadarias, que foi construída na década de vinte, pelo pai do escritor baiano.
Jorge Amado morou ali, e escreveu aos dezenove anos, seu romance de estréia ‘País do Carnaval’.
O lugar é sede da Fundação Cultural, da Academia de Letras e do Instituto Histórico de Ilhéus.
Em seguida os turistas foram visitar o Vesúvio.
Em 1856 foi pastelaria famosa, transformada mais tarde em bar pelos coronéis do cacau.
Virou principal ponto turístico da cidade ao servir de cenário para o romance de Nacib e Gabriela no romance ‘Gabriela, Cravo e Canela’, de Jorge Amado.
Uma das cozinheiras, Dona Neusa, prepara mais de dois mil quibes por dia no verão, e trabalha com os ex-donos Lurdes e Emílio Maron, casal que, segundo se diz em Ilhéus, inspirou as personagens do autor.
Ao vistarem o Bataclã, os turistas se depararam com o abandono.
O lugar, que já fora um famoso cabaré, agora encontra-se em ruínas.
Mais tarde, os turistas foram conhecer a Fazenda Lagoa Pequena.
A fazenda, aberta a visitas, foi cenário da novela ‘Renascer’, da Rede Globo.
Lá se pode conhecer todo o processo de colheita do cacau, que ocorre de novembro à março.
As amêndoas do cacau primeiro, ficam uma semana numa casa de fermentação.
Depois outra, secando em armazéns conhecidos como barcaças.
Com sorte, os turistas puderam ver à pisa do cacau, quando as amêndoas são pisoteadas ao ar livre para perder o bolor.
Os viajantes, aproveitando o passeio, visitaram a Fazenda Primavera.
Trata-se de outra fazenda centenária aberta a visitação.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 33

CAPÍTULO 33

E assim o fizeram.
Depois, foram conhecer a Praia de Itapuã.
Situada no final da orla, ficou famosa ao virar tema de Vinícius de Moraes e Dorival Caymmi.
Subdividida em Placaford, Sereia e Farol.
Nesta praia, seu trecho mais disputado é o que fica a caminho do farol.
Na Praia de Piatã, os turistas se divertiram muito com seus coqueiros, areia amarelada e ondas fracas.
No Jardim de Alá, o gramado tomado pelo coqueiral, inspira pequeniques à beira-mar.
Pequenique este, que os turistas, ao visitarem a praia, trataram logo de providenciar.
À noite, com a lua, a inspiração é maior.
Porém, como ainda tinham muitos lugares para conhecer, os turistas não passearam de noite na praia.
Mas no dia seguinte, mais do que depressa, foram conhecer a Praia Pituba.
Com muitas pedras na areia amarela e um lindo e um Jardim dos Namorados à beira-mar, o local, era um convite aos casais.
Todavia, os cinco rapazes estavam sozinhos, por isso mesmo só curtiram a praia.
Assim, mais tarde, passearam pela Praia de Amaralina.
Aproveitando suas águas, se divertiram por algumas horas.
Depois, foram comer um acarajé, num dos inúmeros quiosques que ficam na praia.
No Rio Vermelho, os turistas puderam ver os baianos oferecendo prendas a Iemanjá, num famoso ritual da cultura afro-brasileira.
Durante a cerimônia, barcos levam oferendas para a rainha do mar, também conhecida como Mãe d’água.
É a senhora dos ventos, das tempestades e dos destinos dos que se lançam ao mar, recebendo homenagens.
Ela também é conhecida como Nossa Senhora da Conceição.
Em Ondina, os turistas se deslumbraram com suas piscinas naturais e seus jardins com coqueiros.
Além disso, a região possuí muitos bons hotéis.
Passeando pelo Farol da Barra, no começo da Baía de Todos os Santos, o pôr-do-sol é espetacular e o mar, forte, muito bom para surfe.
Os turistas, aproveitando o ensejo, surfaram um pouco.
Já o Porto da Barra, é uma enseada de águas calmas, considerado o melhor banho de mar de Salvador.
Nesta praia, um painel de azulejos mostra a chegada do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza, ocorrida aqui.
Atentos, os turistas observaram cada detalhe do lugar.
Depois, aproveitando para conhecer a Baía de Todos os Santos, fizeram um belíssimo passeio de barco.
Esta baía, considerada a maior do Brasil, possuí uma superfície de mil e cem quilômetros quadrados e cinqüenta e cinco belas ilhas para serem visitadas.
Lá, os turistas os mergulharam em praias primitivas, onde segundo contam, há vários barcos naufragados.
No dia seguinte, os turistas, visitando a Praia de Itaparica, se impressionaram com suas dimensões.
Isso por que a praia possuí trinta e cinco quilômetros.
Lá, condomínios residenciais, luxuosas casas de veraneio e construções coloniais do povoado fundado por jesuítas em 1560, convivem harmoniosamente.
Os turistas então, passeando de balsa, avistaram mais de vinte praias na região.
Estão nesta relação, a Praia de Gameleira, Mar Grande, Cacha-Prego, Penha, entre outras.
À certa altura, se avista a famosa Fonte da Bica com sua água mineral famosa.
Sua costa oriental é ladeada por bancos de areia e manguezais.
Próximo dali, fica Passos, um pequeno povoado, bem como as Praias da Pontinha e Ponta do Padre.
Na Praia de Frades, muitos coqueiros, mata atlântica, lagos, cachoeiras e vilas de pescadores.
Os turistas também, aproveitaram para conhecer o Parque do Abaeté.
Lá uma lagoa escura, cantada por Caymmi e Caetano Veloso, ganhou quatrocentos hectares urbanizados com restaurantes, quiosques com água de coco, acarajé e doces típicos.
Nesse lugar, as lavadeiras lavavam pilhas de roupas à beira da lagoa.
Com o tempo, foram parar no tanque.
Foram vinte e cinco tanques construídos pelo governo na Casa da Lavadeira.
Isso por que o sabão poluía e matava os peixes.
Outra atração do lugar é a Casa da Música.
Neste lugar tem até o Ford 29, que puxou o primeiro trio-elétrico, criado por Dodô em 1950.
No Parque Florestal do Pituaçu, os turistas conheceram a Praia de Pituaçu.
Lá a atração é o Espaço Mário Cravo, com mais de oitocentos trabalhos do artista baiano, entre gravuras, pinturas e esculturas.
Dias antes, os turistas puderam apreciar a Festa de Reis ou Festa da Lapinha, como também é conhecida.
Durante os festejos, os turistas visitaram o presépio da Igreja da Lapinha e a apresentação de Ternos de Reis.
Trata-se de uma tradição portuguesa temperada com molho caboclo.
Na Festa do Bonfim, os turistas participaram de novenas, missas e festas de largo, que antecipam a lavagem da famosa igreja.
Os turistas também puderam ver a Lavagem da Igreja de Itapuã, feita quinze dias antes do Carnaval.
De Piatã à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, viram afoxés e blocos carnavalescos.
No final da cerimônia, os turistas tomaram água na escadaria do templo.
Na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, uma procissão, que saí do local, vira festa de largo para louvar a padroeira da Bahia.
Durante a Procissão dos Navegantes, os turistas, avistaram centenas de embarcações seguindo a galeota, com o Senhor dos Navegantes.
No dia 31 de dezembro, a festa vira reveillon popular.
Ao apreciarem o carnaval, os turistas puderam se dar conta da loucura baiana.
Trios elétricos, afoxés, blocos afros e cordões, arrastam multidões entre a Praça Principal e o Bairro de Olinda.
A animação corre solta no Farol da Barra e na Praça Castro Alves, onde na madrugada de terça-feira, ocorre o encontro dos mais famosos trios-elétricos.
Os turistas, que quiseram desfilar no bloco do Olodum, tiveram que se associar e comprar uma fantasia.
Mais tarde, ‘saíram na pipoca’, pulando com todos os trios que apareceram.
Nos dias que se seguiram, os turistas, percorreram as principais praias do litoral baiano.
Em Porto Sauípe, por exemplo, os turistas avistaram uma pequena vila de pescadores e inúmeras casas de veraneio.
A praia, é cheia de coqueiros, dunas e ondas fortes.
Atravessando de barco o Rio Sauípe, os turistas avistaram uma área para banho, formada na barra, durante a maré baixa.
Já na Praia do Forte, conhecida como a Polinésia brasileira, os turistas puderam apreciar as belezas do lugar com todo o conforto.
A praia badaladíssima e com uma tremenda infra-estrutura, é considerada uma das melhores da região.
Possuí doze quilômetros de praias com coqueiros, recifes e muitas atrações ecológicas.
Além disso, a preservação da paisagem é garantida por um rigoroso controle urbanístico, quem corta um coqueiro, é obrigado a plantar quatro.
Na Praia do Conde, o Pantanal baiano, tem quarenta quilômetros de praias, dunas, manguezais e lagoas.
Em Baía do Itapirucu, vale a pena passear de barco até o Rio do Cavalo Ruço, que forma uma lagoa de águas cristalinas excelente para banhos.
Já a Praia do Sítio é a mais animada, com infra-estrutura de pousadas e restaurantes.
Em Barra do Itariri, os turistas aproveitaram as belezas do lugar, para mais do que depressa, curtir a praia e tirar algumas fotos.
Lá existe, um pequeno povoado de pescadores encravado num cenário deslumbrante de dunas, coqueiros, manguezais e arrecifes.
Ademais, antes de desaguar num mar de águas transparentes, o Rio Itariri faz uma bela e insinuante curva.
Um braço do Rio Itapirucu atravessa a região e reproduz paisagens do pantanal, com muitas garças negras e alguns jacarés, sempre tímidos e difíceis de se ver.
Ao passarem por Imbassaí, os turistas se sentiram na obrigação de parar.
Esta praia, procuradíssima nos fins-de-semana, fica a noventa quilômetros de Salvador, oferece banhos de água doce e salgada – nas piscinas de águas mornas formadas por arrecifes à beira-mar.
No Rio Barroso, paralelo à praia, e na cachoeira do Rio Imbassaí, os turistas se deliciaram em suas águas.

galeota - substantivo feminino. 1. ANTIGO•MARINHA (TERMO DE) pequena galé de até 20 remos; galeote. 2. MARINHA (TERMO DE)•NÁUTICA barco comprido, movido a remo, us. para recreação.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

domingo, 24 de maio de 2020

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 32

CAPÍTULO 32 

Assim, em de passagem pela maravilhosa região do Nordeste, Fábio, Felipe, Flávio, Lúcio e Agemiro, visitaram a Bahia.
Caminhando pelo Pelourinho, os turistas conheceram o maior conjunto colonial da América Latina, considerado Patrimônio Cultural da Humanidade.
Restaurado e novinho em folha, o Pelô exibe trezentas e cinqüenta e quatro construções dos séculos dezessete e dezenove restauradas.
À noite é programa obrigatório.
Perambulando pelas ladeiras, os turistas puderam ver praças e calçadas repletas de atrações musicais.
Por sorte nesse dia, os cinco turistas afortunados, encontraram alguns músicos e grupos famosos da região.
No dia seguinte, foram mais do que depressa visitar a Catedral Basílica, na Praça Terreiro de Jesus.
Construída em cantaria de lioz de Lisboa, é portuguesinha da silva.
Em uma das celas da catedral, morreu no dia 18 de julho de 1697, o veemente Padre Vieira, cujos sermões o levaram à condenação pela Santa Inquisição.
Porém, a pena final foi anulada.
Ademais, a cadeira de jacarandá, na qual ele costumava meditar, retornará à sacristia assim que terminar a atual reforma.
Em seguida, os turistas visitaram a Igreja e Convento de São Francisco, na Praça José de Anchieta.
A construção é uma das mais ricas e espetaculares igrejas do Brasil, prova definitiva de que a fé – ser humilde na reverência –, cobre-se de ouro para demonstrar no que se crê, se glorifica ou se teme.
A fachada barroca de 1723, esconde verdadeiros tesouros em seu interior.
Nele, painéis portugueses reproduzem a lenda do nascimento de São Francisco, e sua renúncia aos bens materiais.
A nave central, cortada por outra menor, forma a cruz do Senhor.
As pinturas do forro têm a forma de estrelas, hexágonos, octógonos, e exaltam Nossa Senhora.
Na sacristia, há dezoito painéis a óleo sobre a vida de São Francisco.
Os dois púlpitos laterais são talhados com folhas de videira, pássaros e frutos colhidos por meninos e recobertos de ouro.
Com isso, depois de se encantarem os detalhes arquitetônicos e estéticos da igreja, os turistas foram visitar mais duas igrejas.
A primeira, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, é vizinha da outra Igreja de São Francisco, que é de 1702.
A fachada recuada e exuberante, remete ao barroco espanhol.
Suas belas pinturas nos tetos, criadas em 1831 por Franco Velasco, são magníficas.
No convento há painéis de azulejos que retratam as núpcias do filho primogênito de Dom João V, o infante Dom José, realizadas em 1729, e como era Lisboa antes do terremoto de 1755.
A segunda, foi a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no largo do Pelourinho.
Esta igreja foi construída, em homenagem aos escravos, que suavam de dia servindo aos amos, e à noite servindo a Deus.
Por conta disso surgiu a igreja, em 1710, tingindo de azul o coração do Pelourinho.
Nesta construção, estão três imagens do século XVIII, de Nossa Senhora do Rosário de Cartegerona e de São Benedito.
O retábulo do altar-mor é obra prima do entalhador João Simão de Souza.
Nos fundos da igreja, há um antigo cemitério de escravos.
Após, foram conhecer a Fundação Casa de Jorge Amado.
Situada no Largo do Pelourinho, possuí em seu acervo, comendas, documentos, filmes, vídeos, fotos e edições de seus livros, publicados em sessenta países dos cinco continentes.
Em seguida, ao visitarem o Museu da Cidade, os turistas admiraram figuras do candomblé em tamanho natural, além de carrancas e obras de Castro Alves.
Na Casa de Benin, também no Largo do Pelourinho, os turistas apreciaram o exterior colonial da construção.
Depois, ao entrarem na casa, constataram que seu interior, concebido por Lina Bo Bardi, era totalmente diferente da fachada externa.
Isso por que, preocupada em mostrar os laços que ligam a África a Bahia, a arquiteta criou um ambiente totalmente inovador.
Nesse local está uma coleção de artesanato só encontrado em Cotonou, República Popular do Benin.
Depois, os turistas foram conhecer o Museu Abelardo Rodrigues.
Pérola arquitetônica de 1701, o Solar do Ferrão guarda um tesouro artístico.
São mais de oitocentas peças de Abelardo Rodrigues.
Ao visitarem a Antiga Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus, os turistas puderam conhecer a primeira escola de medicina do Brasil.
Nesse local, serviu como bedel, a personagem de Pedro Arcanjo, do livro ‘Tenda dos Milagres’, de Jorge Amado.
Este local também abriga três museus.
No Museu Afro-Brasileiro, repleto de arte sacra africana, afro-brasileira e vinte e sete painéis de Carybé sobre os orixás.
Já ao Museu de Arqueologia e Etnologia, inúmeras pinturas, objetos, fotos e funerárias indígenas, compõe seu acervo.
Por fim, no Memorial de Medicina, há livros e teses sobre o tema.
Mais tarde, os turistas, encantados com a beleza da cidade, foram conhecer a famosa Igreja de Nosso Senhor do Bonfim.
A mais popular igreja baiana foi concluída em 1772.
Cem anos depois, ganhou azulejos brancos portugueses.
Situada numa colina, é cantada pelos fiéis, que a reconhecem como sagrada.
Sua fachada é rococó e o interior neoclássico.
Os anjos, os homens e as nuvens cósmicas do teto foram pintados entre 1818 e 1820, por Franco Velasco, o mesmo que pintou o retrato de Dom Pedro I, quando ele foi à Bahia em 1826.
No altar-mor, a imagem de Nosso Senhor do Bonfim – o santo que cura doenças, salva vidas.
O testemunho de seus poderes está na Sala dos Milagres, um museu de ex-votos, com cabeças, pernas e braços de cera, madeira, ouro, prata e pedras preciosas.
A voz que canta é a da zeladora e soprano do coral da igreja, Conceição da Silva, que está treinando para a missa de domingo.
Na rua, é infernal o assédio dos vendedores de fitinha de Nosso Senhor do Bonfim.
Nisso, os turistas, interessados em conhecerem mais lugares da cidade, foram visitar a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia.
Esta igreja, levou oitenta e um anos para ser montada.
Em 1739, decidiu-se erguer uma igreja com pedras de cantaria portuguesa, que chegariam numeradas de Lisboa, para evitar confusão.
Nisso o mestre-de-obra começou a montar o quebra-cabeça, mas as peças custaram tanto a chegar, que ele morreu de velho.
Em virtude disso, o filho do velho continuou a construção, e também morreu de velho.
Assim, só em 1820, o filho do filho acabou o trabalho.
Na Capela Santo Cristo, está a sepultura de irmã Dulce.
Ao saberem disso, os turistas ficaram encantados.
No Mosteiro de São Bento, os turistas admiraram a igreja que guarda duas belas imagens em tamanho natural, de Nossa Senhora das Angústias e do Senhor Morto.
O mosteiro tem uma das maiores bibliotecas do Brasil, trezentos mil volumes.
Entre as raridades, incunábulos (livros do início da arte da impressão) e um Evangelho de 1504.
Ao visitarem o Museu de Arte Sacra, os turistas puderam apreciar uma das maiores coleções de arte sacra do país.
Lá viram esculturas de Frei Agostinho da Piedade, entre elas a de ‘São Pedro Arrependido’.
No dia seguinte, visitaram o Museu de Arte Moderna.
A arquiteta Lina Bo Bardi restaurou o Solar do Unhão, do século XVI, e o trouxe de volta ao século XXI.
Nele estão expostas telas de Di Cavalcanti e Cândido Portinari.
No Museu da Ordem Terceira do Carmo.
Os cinco viajantes admiraram a prataria do século XVII ao XIX.
Destaque para ‘Cristo Atado à Coluna’.
A seguir, passeando pelas ruas da cidade, avistaram o Elevador Lacerda, e foram logo fazer um passeio nele.
O famoso elevador, com suas quatro cabines, interliga desde 1930 os setenta de dois metros da Praça Tomé de Souze, na cidade alta à Praça Cairu, na cidade baixa.
O sobe e desce, carrega vinte e oito mil pessoas por dia.
No Mercado Modelo, ainda na Praça Cairu, os turistas, admiraram a construção, que desde 1971, abriga o comércio.
Suas fachadas amarelas, já serviram como entreposto comercial.
Em 1984, pegou fogo e foi reformado.
O famoso mercado, possuí mais de trezentas barracas, onde se pode comprar desde artesanato e arte baiana, até freqüentar, restaurantes.
Lá tem dois, o Maria de São Pedro e Camafeu de Oxossi.
No espaço onde fica o mercado, tem ainda, bares com bebidas típicas e tira gosto.
As arcadas descobertas no porão, estão abertas ao público.
Do lado de fora, tem samba de roda e capoeira.
Em seguida, os cinco rapazes foram visitar o Forte de São Marcelo.
Originalmente construído em madeira em 1549, para encarar os holandeses, foi todo reconstruído em alvenaria em 1624.
Em 1650 ganhou a definitiva forma circular.
Seu principal acesso, é feito por barco na Praça Cairu.
Passeio este, que os turistas mais do que interessados, fizeram.
Depois, foram visitar outro forte, o Forte de Mont Serrat.
Compõe-se de um hexágono irregular, construído entre 1583 e 1587, e é uma das mais importantes obras militares do Brasil colônia.
Posição estratégica: no alto do outeiro, fecha a Baía de Todos os Santos.
O local, sede do Museu da Armaria, possuí canhões e metralhadoras da Primeira e da Segunda Guerra Mundial.
Mais tarde, foram conhecer o Forte de Santo Antonio da Barra.
Primeira fortaleza erguida na entrada da baía.
Abriga o Museu Hidrográfico – que possuí em seu acervo mapas e maquetes de navios antigos.
De passagem pela Praia do Flamengo, os cinco turistas mais do que depressa, foram mergulhar em suas águas.
A praia, localizada depois do Farol de Itapuã, possuí coqueiros, recifes, dunas e ondas fortes para os surfistas.
É a mais procurada pelos turistas.
Em Stella Maris, seu trecho final, é bem badalada.
Os turistas, ao saberem disso, combinaram de no dia seguinte, visitar esse trecho da praia.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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