CAPÍTULO 8
Nisso, o pescador passou a contar a lenda do Carneiro Encantado.
Primeiramente, começou contando que, no lugar Passagem de S. Antônio, no Maranhão,
fronteira com o Piauí, às margens do rio Parnaíba, os viajantes vêem um carneiro gigantesco, com
uma estrela resplandecente na testa.
Às vezes o brilho parece extinguir-se e bruscamente se aviva, com uma luminosidade
deslumbrante.
Dizem que, há muito tempo, os ladrões assassinaram nesse lugar, um monge missionário
que voltava trazendo esmolas para o convento.
Mataram e roubaram o frade.
Terminado o crime, foram tocados pelo remorso e, cheios de arrependimento, sepultaram
o cadáver, enterrando as esmolas, inclusive o ouro, perto do corpo.
Vez por outra o monge aparecia, durante a noite, transformado no grande carneiro branco
e tendo na testa, a estrela radiante que é o símbolo da riqueza enterrada.
Desta forma terminou seu relato.
Foi então que lembrando-se da lenda, o pescador revelou que também no Piauí, há um mito
idêntico com o nome de Carneiro de Ouro:
-- Conta-se que se dá em Campo Maior, na serra de S. Antônio, a aparição de um enorme
carneiro de ouro, que se tem apresentado a algumas pessoas de dia, e a outras que o vêem à noite,
de longe, da vila, todo vestido de luz. Dizem que ele berra junto a uma enorme corrente de ferro,
como que indicando que naquele lugar existem grandes riquezas e grandes encantos. Mas, como
uma só pessoa ou mesmo duas e três não possam levar para sua casa aquele enorme achado
precioso, volvem à vila e reúnem povo para o buscar o velocino. Em chegando, porém, ao lugar,
desaparecem o carneiro e a corrente.4
4 “Isto ouvi contar, em 1884, por uma velha de mais de 80 anos, antiga moradora em Campo Maior e que afirma ter visto de longe o carneiro de ouro com sua estrela de brilhantes na testa.” Leônidas Sá, Folclore Piauiense, “Litericultura,” IV, 126, Teresina, 1913.
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
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