XIII
Micropoema – Palavras.
Por que tudo tem que por elas começar?
Sinto-as múltiplas, várias, ávidas, ansiosas.
A correrem de um lado para o outro, aflitas, sem rumo.
O que delas fazer?
Por que tememos escravos dela ser?
Seu universo é vasto, não se sabendo onde se pode
chegar.
E assim a pensar, em que destino a elas encaminhar.
Como eu, a pensar coisas muitas, sem chegar a conclusão alguma.
Perdida, a se debater em questões como: O que fazer? O que pensar?
Por que nos fora negada, a simplicidade das crianças? Seu olhar curioso, interessado por tudo?
E a conclusão chegar de que nunca devem perder de vista sua infância, assim como a criança que habita
em cada um de nós.
A não se deixar contaminar pelo mal humor crônico de certas pessoas que não conseguem ver nada de bom
na vida.
Mude seu olhar.
Não seja você está pessoa que tanto repudias.
Seja feliz nas pequenas coisas.
Impensadamente.
Humanos seres, a serem espelho de outros seres.
Pois quanto mais se critica, mais se chega a si mesmo.
Pois ao se ver refletido nos outros seres, mais expõe
os próprios defeitos.
Agrura, ao ver refletido nos outros, os seus próprios defeitos.
Palavras afinal, qual será sua finalidade?
Agredir, ofender, diminuir, ferir?
Ou expandir, engrandecer,
elevar, aprimorar?
Auxiliar na comunicação?
Agregar os povos?
Ou separar, dividir?
Às vezes, penso ser ela, mais um instrumento de guerra, como o fora a invenção de Dumont.
Palavras a ganharem extrato corpóreo, a quase se tornarem físicas, ao serem impressas em textos, em livros.
Ou a nunca abandonar seu aspecto imaterial, etéreas, a comporem nossa interioridade, ao som de belos
poemas, melodiosas canções, conversas, cenas de filme, novelas, apresentações, shows.
Palavras, a ajudarem a formatar um universo interior, assim como as cores, as formas, os cheiros, imagens
e sons.
Sons articulados a formarem palavras.
Momentos de vida que se foram, mas ao voltar, ganham vida em nossas mentes, através de suas imagens,
suas cores, seus sons.
Universo imagético e pessoal.
Palavras não verbalizadas, mas pensadas.
A ironia de um texto longo, a se fazer curto.
Micro poema, a compor o microcosmo do mundo.
A imensidade da vida.
O universo das palavras.
A individualidade dos seres.
Por elas tudo começa, e por elas tudo termina.
Palavras.
XIV
Bloco de Pedra
E eu a me recordar de uma linda apresentação de um bloco de maracatu.
Com seu grupo de mais de vinte pessoas, entre homens e mulheres, todos paramentados.
As moças, com
suas saias brancas leves e rodadas, cabelos enfeitados por uma faixa branca adornada com flores coloridas
de pano.
Algumas moças estavam maquiadas.
Blusa vermelha, saia branca.
Os rapazes de calça branca, blusa vermelha.
A compor o ambiente, tambores, instrumentos para tocá-los, batê-los.
Instrumento de metal, e espécies de
chocalhos, a extraírem sons diversos.
Os sons da África.
Este velho e desconhecido continente.
E o som a ecoar, invadir o ambiente, a percorrer o chão, como a trilhá-lo.
O teto, as paredes, a vibrarem,
embalados pelo som.
Tremulando como bandeiras ao vento.
O som, a vibração dos tambores, dos instrumentos, sons a se espalharem, ecoarem em nosso peito, que
vibra no mesmo compasso.
A dança animada ao lado da bandeira, marco a identificar o maracatu.
A moça a rodopiar com sua saia
branca, e a porta-bandeira a segurar o símbolo do bloco.
O grupo a entoar outras canções de outras nações de maracatus.
A dançarem rodopiando um ao lado do outro no salão.
E em seus rodopios, a correrem o salão.
Um moço puxava o coro.
Celebração da festividade e alegria brasileiras.
A se denominarem brincantes.
A falar de festas em Recife.
Colorido povo a se fantasiar de festa, em pleno carnaval.
E os ônibus repletos de brincantes.
Pessoas fantasiadas de cores, formas, plumas, carnaval.
Cabeças
enfeitadas, fitas, cores e brilhos.
Recife, a ser palco de muitos folguedos, festejos.
A vida se compondo de belos momentos.
A compor nosso mundo imaterial, preenchendo nossas memórias existenciais.
Pois antes boas coisas para se lembrar, do que a nada.
Palavras a formarem a ideia das imagens.
Aprender com as palavras.
Criar, recriar.
Viver, reviver.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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