Poesias

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Apresentações

Feéricas¹ apresentações fenomenológicas
Garoa fina a correr pelas janelas do coletivo
Os sons a invadir os meus ouvidos,
Embalados pelas melodiosas canções

As vesperais² se despedindo do dia que pouco a pouco escurece
A adquirir escuras formas
E o espetáculo da vida a tomar forma
E as coisas se sucedem, acontecem ...

O ribombar das tempestades
A chuva a cair fortemente
O vento a arrastar tudo consigo
Barulhos naturais

A natureza a se manifestar, mesmo nas cidades mais desprovidas de verde
E as leituras se sucedendo, livros mil, aventurosas leituras ...
As pedras, as gemas preciosas
E a semi preciosidade dos eventos banais
Ante a riqueza do devir natural

Pérolas a serem produzidas no interior de conchas
Devassadas por indesejados seres
A formarem nacarada substância, a envolver o corpúsculo estranho
E a se transformar em bela preciosidade

E saber que ...
O diamante pode ser uma colônia de bactérias calcificada
Bela formação de bactérias, a enfeitar colos, dedos e pulsos femininos
Acaso em verdade, isto se convertendo,
Tratando-se da mais bela combinação de bactérias que se tem notícia!

Os rubis, com seu vermelho
A esplenderem suas partículas rutilantes
Em contraste aos fogos lançados na atmosfera
Com seus dons e mil artifícios

A riqueza das formas naturais
Pelo ouro, e pelas materiais riquezas
Homens guerrearam, conquistaram e subjugaram
Dominaram e impuseram seus modos pensantes
Construíram e destruíram impérios

Revestiram o mundo das materiais belezas
Apuro e aprumo do engenho e da arte
Inventividade humana
Quase tudo pelo tempo devorado
Auríferas lutas

Idealismo de mentes a lutarem por uma terra livre
Derrama sobre o quinto de Portugal
Não mais a entrega da quinta parte do ouro extraído,
Nas Minas Gerais dos confins deste país

Estradas reais, a percorrerem as Minas Gerais e Paraty – histórica cidade
Em todo seu percurso, seus saudosos calçamentos de pedras
Onde mulas, carregando enormes cargas, fardos - cestos,
Percorreram os caminhos

Não mais a entrega da quinta parte do ouro extraído,
Nas Minas Gerais dos confins deste país
Estradas reais, a percorrerem as Minas Gerais e Paraty – histórica cidade
Em todo seu percurso, seus saudosos calçamentos de pedras
Onde mulas, carregando enormes cargas, fardos - cestos,
Percorreram os caminhos

Passado assaz distante,
Nem tão distante assim
Com suas estradas - outrora de pedra -, atualmente descaracterizadas,
Invadidas por hodiernas construções, e a abandonar seu original calçamento
A história sendo lentamente apagada de nossas memórias

Triste constatação de um Brasil que não volta os olhos para o passado,
Muito embora esta tradição esteja lentamente se modificando!
Bandeiras paulistas a desbravarem os sertões
De um Brasil tão enveredado em suas rurais origens

A buscarem ouro nas mais distantes plagas
Jesuítas a catequizarem os índios conquistados
Em suas andanças, a edificarem construções
Povoados sendo então criados

Comerciantes pelas paragens se afirmando
E os índios aculturados pelo branco supostamente superior, trabalhando
Guerreiros ou bandidos, a enfrentarem a natureza inóspita,
Índios selvagens
Mataram e conquistaram,
Impuseram seu modus vivendi aos habitantes do lugar

Modos de viver, vestuário, alimentação
E com isto forjaram, novas formas culturais
Sendo seguidos pelos tropeiros,
Os novos desbravadores dos rincões brasileiros
A levarem reses e víveres sertão afora
Enfrentando perigos muitos, rios caudalosos, chuva, frio, sol intenso
Noites ao relento,
Com suas capas a cobrirem o corpo

Desbravando a natureza bruta
E levando víveres a diversas partes do país,
Do meu Brasil varonil!
Nas leituras e ensinos diversos,
A descobrir novos detalhes desta fascinante história chamada vida,
Denominada história dos povos, do mundo, e do Brasil

Descobrir conformações diversas dos estados
Que parte de Minas Gerais já foi anexada ao estado de Goiás, sendo após, devolvida
Que o estado de São Paulo, imenso em seu potencial gerador de riquezas,
Já foi igualmente colossal em tamanho,
Diminuindo pouco a pouco suas dimensões

Ramos de Azevedo a elaborar monumentais edifícios para a localidade
Teatro Municipal, com suas escadarias imponentes, e sua fachada impressionante,
Vale do Anhangabaú, prédios belíssimos
Art Deco, Art Noveau, Belle Époque
Manifestações culturais das épocas

Teatro Municipal, com suas escadarias imponentes, e sua fachada impressionante,
Vale do Anhangabaú, prédios belíssimos
Art Deco, Art Noveau, Belle Époque
Manifestações culturais das épocas

Cidade sitiada e bombardeada nos anos vintes
Os bondes pela cidade a circular
A Avenida Paulista a pouco a pouco, exilar seus casarões
A cidade e o país a se industrializar
São, São, São Paulo
A revezar-se no poder com Minas Gerais na famosa política do “café com leite”
Cultura cafeeira paulista, em contraponto a pecuária leiteira de Minas
Sendo atraiçoadas nos idos de 1930
Tal fato, a gerar descontentamento

Ocasionou uma insurgência Revolução Constitucionalista de 32
Paulistas abandonados em sua luta, isolados,
Muitas vidas ceifadas no conflito
A lutarem de forma improvisada, contra os desmandos
A improvisarem canhoeiras com matracas barulhentas

Hoje raramente lembrados
Tendo como monumento um
Obelisco erigido na capital paulista
E um Mausoléo destinado a algum dos heróis da luta,
Muitos, anônimos heróis!

Berço do heróico e imagético
Sete de Setembro, dos idos de 1822
Onde um idealizado Dom Pedro I, bradou:
Independência ou morte!
As margens do Riacho Ipiranga
Hoje tão tristemente esquecido e poluído
Próximo ao monumento construído em homenagem a Independência,

E da “Casa do Grito”, modesta construção construída num elevado na região,
Humilde abrigo de tal realeza
Em quadro de Pedro Américo,
Um séquito de súditos o acompanha, todos ricamente fardados, e de armas empunhadas

Assim, com um galante Dom Pedro I representado, e imortalizado nas telas
Arte imortal a decorar as paredes do Museu do Ipiranga
No quadro em homenagem a Independência do Brasil

Em Cubatão, uma “Casa de Pedra”,
Supostamente abrigo de amorosos encontros do imperador,
Com sua Marquesa de Santos,
Cujo túmulo é monumento na Consolação, histórico cemitério,
Última morada da mais famosa de suas amantes São Paulo, berço dos paulistas

Inicialmente instalados no litoral,
A vencerem a serra íngreme
E se instalarem na região altaneira,
São Paulo de Piratininga
Onde as gentes, de modo rudimentar viviam
De agricultura a sobreviver, enfrentando ataques de índios, doenças,

E a aridez da terra selvagem
Em Santo André da Borda do Campo,
Alguns viveram
Lugarejo alçado a condição de vila em 8 de abril de 1553,
Sendo logo após, abandonado
Pelas gentes que rumaram para São Paulo,
Irmão mais novo, fundado em 25 de janeiro de 1554

Para traz deixando parte da história,
João Ramalho, o Cacique Tibiriçá e sua filha Bartira,
Os fundadores do vilarejo, abrigados sendo, pela:
Paulistarum Terra Matter!
São Paulo, Terra Mãe!

Cidade a se industrializar
Tornando-se cada vez mais veloz
Metrôs, trens e ônibus a rasgarem a cidade
Localidade que nunca dorme, domicílio que nunca para

Lugar para onde me desloco constantemente,
Com vistas a realizar meu labor
Na azafama diária, no corre corre das gentes
Pendular migração

São Paulo que amanhece todo dia, sempre apressada
No compasso descompassado, do andar das carruagens sobre trilhos
Os trens e metrôs da vida, a carregarem dentro de si, milhares de gentes,
As mais diversas ...
Cidade que nasceu destinada a sempre ensinar que as gentes,
Sempre devem se conduzir, e nunca serem conduzidas pelos outros:
Nom ducor, duco!
E no brocardo:
Pro Brasilia Fiant Eximia!

Onde o povo paulista sempre está a buscar, fazer o melhor pelo Brasil,
Valiosa lição de presteza!
 E a natureza a sempre se fazer presente
Ainda que de discretas formas,
Nas mais diversas manifestações:
Na chuva, que escorre lânguida, ora bravia;
Na alvorada que insiste em se apresentar,
Mesmo em meio a prédios, alguns feios, outros abandonados,
Eis o sol altaneiro e atmosfera a se colorir com seus mil tons,
Pouco a pouco se apagando

E a música a embalar os caminhos
A espera, com um livro nas mãos,
A leitura ás vezes abundante, ora escassa
E a vida a se manifestar

Tangenciando seus compassos, com as devidas oportunidades
A mostrar sua história em seus movimentos,
Como as histórias de uma vida, de uma cidade, de um país, ou dos povos
Apresentações sutis,
A demonstrarem que sempre existe algo novo para se aprender
E que isto não é um fim em si mesmo,
Apenas um começo!

1 - Adj. Que pertence ao mundo das fadas, ou é próprio de fadas; mágico. Fig. Deslumbrante, maravilhoso, espetacular: iluminação feérica.
2 - Relativo à tarde: claridade vesperal.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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