Todos os anos, as mesmas horas.
Todos os dias, os mesmos minutos.
Todos os dias, os mesmos momentos.
Em dados momentos, sinto um profundo pesar.
Por que viver é tão difícil?
Por que a vida é tão desesperadora?
Porque viver é tão aterrador?
Por que tudo na vida, custa tanto para ser conseguido?
Por que a vida é sempre tão dura e desalentadora?
Ó Pai!
O desânimo é tão grande.
O abatimento moral toma conta de mim.
Há momentos que não sinto esperança.
Sinto-na correr entre os vão dos meus dedos.
Vivo só de obrigações, num mundo tacanho e vazio.
Vivo somente para os meus deveres, e é tão triste viver assim.
Sinto meus dias vazios, minha alma vazia.
Em outros momentos, sinto-me carregada de dor.
Às vezes, tenho a sensação de carregar o peso do mundo nas costas, como se
fora Atlas – o Titã.
Sinto muitas vezes uma dor que não é somente minha.
Uma tristeza que não pertence só a mim.
Isto é, se algum dia esta tristeza já me pertenceu.
Sinto saudades de uma vida que não é minha.
De um tempo que já passou.
De uma vida mais feliz.
Ver o mundo tão decadente e corroído me faz mal.
Nesses momentos, lembro-me que já fui mais feliz.
Já soube lidar melhor com a desventura de viver.
Hoje não sei mais.
Ter que me preparar para o mercado de trabalho, ser uma pessoa bem
informada, atenta, educada, inteligente, apta.
Enfim, perfeita.
Só que, ainda que me prepare, me informe, me esforce.
Ainda assim, não consigo o que quero.
Não consigo realizar o que se espera de mim.
Não consigo me empregar, ter uma vida independente.
Além disso, estou doente e me sinto completamente sozinha.
Muitas vezes, não tenho com quem contar.
Para quem dizer os problemas, as aflições, as angústias?
Estou encerrada por entre paredes de intolerância, incompreensão e falta de
aceitação.
Quantas e quantas vezes me senti inadequada para o mundo?
Quantas e quantas vezes não me senti aceita por ser quem sou e como sou?
Inúmeras.
Será que algum dia alguém irá me entender?
Por que tenho que sofrer, penar tanto?
Por que tenho que passar por isso?
Por que tenho que ser testada o tempo inteiro?
Por que sofro tanto?
Por que a vida é assim?
Até quando terei que suportar?
Desesperação, desengano, solidão, incompreensão.
Essas são as únicas companhias que tenho em muitos momentos de minha
vida.
Quando os problemas serão sanados?
Quando terei minha vida apaziguada?
Estou cansada de passar por tantas dificuldades.
Quando tudo acabará?
Queria tanto sentir aquela alegria de outrora.
Para onde ela foi?
Felizes aqueles que não consciência da própria insignificância.
Não sabem o quão a vida pode ser dura.
Não sabem o que é sofrer.
Não sabem o que é ter horror pelo mundo que nos cerca.
Não sabem o que é se sentir injustiçado, perseguido, e maltratado.
São inocentes num mundo sem esperança.
Queria tanto voltar a ser feliz.
Queria tanto uma chance de tentar viver sem dor.
Viver como num livro.
Seria isto possível?
Tenho saudades de um tempo que poderia ter sido e não foi.
Tenho saudades dos tempos de outrora.
Do tempo da saudade e da alegria.
De um tempo que não volta mais.
Talvez também, nunca tenha acontecido.
Talvez tudo não passe de uma ilusão.
Uma quimera, por um lugar de maravilhas que jamais tenha existido.
Quanto a mim.
A mim...
Só me resta viver na ilusão de tentar encontrar essa terra prometida.
Essa tal felicidade.
Será ela um lugar, uma pessoa, um momento na vida de todos nós?
Será ela duradoura ou efêmera?
Será ela real ou ilusória?
Serei eu feliz, ou não?
Quem sabe!
Quantas incertezas!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
* Texto escrito há alguns anos, e como se pode perceber, em um momento de dúvidas e angústias.
Como em dados momentos se parece com está sendo vivido agora.
Quantas dúvidas e angústias, em relação a um mundo em que muitos dizem já ter se modificado, e que se modificará ainda mais.
Espero que seja para muito melhor.
Que as mudanças sejam as melhores possíveis.
Para que todos possam encarar o mundo com mais otimismo.
Boa sorte para nós todos, por que estamos precisando (risos).
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