Poesias

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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Hino da Revolução de 9 de julho de 1932

Segundo a página São Paulo in Foco, trata-se do Hino do Partido Constitucionalista (site: http://www.saopauloinfoco.com.br/hino-partido-constitucionalista/), porém conhecido por muitos como Hino da Revolução Constitucionalista.

Hino do Partido Constitucionalista

“Da alma cívica de um povo,
Irmanado nas trincheiras,
Surgem as novas Bandeiras,
Criando um São Paulo novo.

Povo heroico à luta afeito,
Firma a sua tradição,
Tendo nas mãos o direito
E a pátria no coração.

Marchemos cheios de glória!
Conosco marcha a vitória!
Marchemos cheios de glória!
Conosco marcha a vitória!

Anima o surto grandioso
Que a nossa alma retempera
A ânsia andeja de Raposo
E a firmeza de Anhangüera

Rumando a novas conquistas,
Fiel ao destino da raça,
Ei-lo! Abre Alas, Paulistas,
pois é São Paulo que passa!

Marchemos cheios de glória!
Conosco marcha a vitória!
Marchemos cheios de glória!
Conosco marcha a vitória!”

 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

QUIMERAS DO PASSADO - CONTO 2 - AS VICISSITUDES DE TEMPOS DE DOR, DE SANGUE E DE SONHOS

Entre os longínquos anos de 1784 a 1785, a situação da França era bastante crítica.
Isso por que, quase toda a renda da nação vinha da agricultura, e a população de vinte e seis milhões, vivia em sua grande maioria no campo.
Não bastasse isso, boa parte dos camponeses viviam presos a um regime de servidão.
Em razão disso o comércio não conseguia florescer, principalmente em decorrência das barreiras feudais que remanesciam no interior da França, o que obrigava os comerciantes
a pagarem onerosos impostos aos donos das terras.
Nesse quadro de miséria viviam os pais de Justine.
Marie e Olivier, camponeses, viviam presos a terra que cultivavam. 
Por não serem donos das terras, trabalhavam para se manterem.
Vivendo num casebre paupérrimo, o casal criou a única filha que tiveram.
Justine, acostumada com a miséria em que vivia, mal podia imaginar que aquele regime de servidão era horrível.
Isso tudo, em razão de seu desconhecimento. 
Como passara a vida inteira vivendo naquele mundo de miséria e pobreza, Justine não sabia o quanto aquela situação era injusta.
Acostumada a cultivar a terra, a moça mal podia imaginar que um dia se insurgiria contra aquele sistema de coisas. 
E assim continuava a cultivar as terras.
Arando e semeando a terra, Justine e seus pais fizeram uma exuberante cultura florescer e vicejar.
Não fosse o pesadelo das chuvas e as enchentes que se seguiriam, tudo teria transcorrido a contento.
Para piorar o desalentador quadro que se afigurava, enchentes alternaram-se às inundações que por destruírem as plantações, acarretaram uma flutuação no preço dos mantimentos e víveres.
Em virtude desse desastre, inúmeros camponeses se viram impedidos de comprar os mantimentos que garantiam sua subsistência.
Contudo, quando a situação melhorava, quem sofria os reveses eram os latifundiários, que invariavelmente, faliam.
As indústrias, insipientes, também sofriam com essa trágica situação.
Todavia, ao verem o trabalho de um ano destruído por enchentes, Marie e Olivier inconformados com o revés, ao tentarem comprar mantimentos, foram avisados pelo fazendeiro que este não tinha como pagá-los. 
Alegando que a inesperada enchente fez com que ele perdesse todos os seus investimentos, o homem comentou que não tinha dinheiro disponível para pagá-los.
Olivier irritado, comentou que havia trabalhado duramente para conseguir cultivar aquelas terras. 
Em razão disso, nada mais justo do que ele ser pago por seu trabalho, já que, independente de qualquer acontecimento o mesmo trabalhara e muito com sua família, para manter as terras produtivas.
O fazendeiro então, dizendo que não previra a enchente, comentou que também sofrera prejuízos com imprevisto. 
Alegando que corria o risco de perder sua propriedade, Paul fez questão de deixar claro que não estava agindo de má-fé. 
Infelizmente ele realmente não tinha como pagar nem a ele, nem a nenhum a dos camponeses.
Olivier, ao tomar conhecimento disso, furioso voltou para sua morada, e dizendo para esposa que teria que usar o pouco de dinheiro que tinha para comprar alimentos, pediu para
que esta o acompanhasse até o armazém.
Marie ao ouvir isso, foi logo perguntando o que estava acontecendo. 
Ao saber que eles não seriam pagos, entrou em desespero. 
Aflita, perguntou ao marido como fariam para pôr comida dentro de casa.
Olivier dizendo que eles teriam que fazer uso do dinheiro que estava tentando guardar, causou um profundo pesar em Marie. 
Isso por que, eles estava tentando guardar o dinheiro para a filha. 
Porém, diante do infortúnio, teriam que fazer uso da módica quantia que ainda traziam consigo.
Todavia, ciente de que não havia outra alternativa, Marie sem pestanejar, entregou o dinheiro ao marido, e a seguir, seguiu com ele até o armazém.
No entanto, qual não foi a surpresa de ambos ao descobrirem que devido a enchente que destruiu boa parte das plantações da região, os víveres haviam mudado de valor.
Atônito, Olivier bem que tentou argumentar. 
Dizendo que não tinha como pagar o preço dos alimentos, o homem prometeu que pagaria assim que pudesse.
Contudo, o vendedor não concordou em vender os víveres. 
Alegando que todos os camponeses estavam em má situação, comentou que se fosse ajudar a todos, fatalmente faliria.
Olivier, sem ter a quem recorrer, voltou para casa.
Justine ao ver os pais de mãos vazias, quis logo saber o que havia acontecido.
Marie então, desesperada, chorando, lhe contou não puderam comprar os mantimentos por que o dono do armazém os estava vendendo a uma exorbitância, e eles não tinham como pagar.
Justine ao ouvir a explicação da mãe, não compreendeu de imediato o que estava se passando.
Olivier, percebendo isso, explicou então a filha, que por conta da enchente, não havia produtos em quantidade suficiente para ser vendidos. 
Em razão disso, a procura era grande, o que fazia os preços subirem. 
Além disso, para compensar o prejuízo que teria, o vendedor resolveu aumentar os preços, como forma de se compensar das perdas.
Justine, compreendendo que o homem só visava se garantir, comentou revoltada:
-- Será que esse homem não percebe que esta é uma situação transitória? Afinal de contas as plantações não ficarão submersas eternamente. Recuperar o que foi perdido é apenas uma questão de tempo!
-- Não. Eu acho que não. – respondeu Olivier desolado.
Nisso Marie, desesperada, colocando as mãos na cabeça se perguntava a todo instante:
-- E agora? O que nós vamos fazer? O que vamos comer?
Justine e Olivier não sabiam o que fazer.
Diante do quadro desolador, só restou a eles retomarem seus afazeres.
E assim, embora os três tenham passado até fome, a necessidade não os fez esmorecer.
Mesmo, diante das dificuldades, a família se manteve unida.
Contudo os três que até então entendiam como aceitável sua condição de servos, ao se verem privados do essencial para se manterem, começaram a se indispor com o fazendeiro.
Alegando que estavam cansados de viverem em tão ruins condições, os três ameaçaram abandonar a propriedade e procurar trabalho em outras paragens.
Paul, ameaçando-os, comentou que eles não podiam sair daquelas terras. 
Alegando que eles estavam indissoluvelmente ligados àquele lugar, o homem comentou que eles tinham que pagar o tempo em que permaneceram naquelas terras.
Olivier revoltado, comentou que fazia tempo que ele não lhe pagava, e que assim, não lhe devia nada.
O fazendeiro contudo, não gostou do jeito do camponês. 
Chamando-o de arrogante e atrevido, Paul comentou que não seria daquela vez que ele se veria livre dele.
Ao ouvir isso o camponês riu. 
Perguntando como ele faria para prendê-los àquele lugar, Olivier revelou que sabia de sua precária situação financeira. 
Dizendo que era só uma questão de tempo para que ele perdesse tudo, Olivier comentou que sairia dali antes que as coisas piorassem. 
Isso por que, já ouvira comentários dos camponeses que, insatisfeitos com a situação, diziam que acertariam suas contas com o latifundiário.
Com isso, temendo pelo pior, o camponês e sua família, trataram logo de arrumar seus poucos pertences numa trouxa e partirem para longe dali.
Assim, enfrentando o fazendeiro, Olivier e sua família partiram em busca de uma melhor condição de vida.
Pronto, estava brotando o inconformismo no íntimo do ser de Justine.
Com isso, a atuação do governo nessa área, aumentou ainda mais o descontentamento.
A monarquia, ao assinar um tratado comercial com os ingleses, impôs uma desvantajosa condição ao país. 
Isso por que, vinhos franceses seriam trocados por manufaturas inglesas, com isenção de impostos. 
Em razão disso, inúmeras fábricas francesas não suportando a concorrência, faliram. 
Faliram por não suportarem a concorrência da avançada técnica dos ingleses na confecção de tecidos.
Com isso percebe-se que era apenas uma questão de tempo, para que uma grande revolta eclodisse.
Isso por que, uma enorme massa de franceses, inconformados com a situação de miséria, e de injustiça social as quais eram submetidos, cedo ou tarde, tomariam as rédeas da
situação em suas próprias mãos.
Foi o que aconteceu.
Luís XVI, percebendo a gravidade da situação, ao abrir a sessão inicial dos Estados Gerais, advertiu os presentes, dizendo que a Assembléia serviria apenas para discutir questões relacionadas às finanças. 
Assim não cabia discutir questões políticas.
Diante dessa atitude, o Terceiro Estado – que constituía a maioria esmagadora da população –, agiram prontamente, exigindo que as reuniões fossem feitas conjuntamente e não separadas por Estados. 
Para garantir que suas reivindicações seriam atendidas, o Terceiro Estado, proclamou-se Assembléia Geral Nacional.
Leia-se como Estados, a separação entre classes sociais, sendo o Primeiro Estado, representado pelo alto clero; o Segundo Estado, a nobreza e o Terceiro Estado, constituído de camponeses e de outros grupos de excluídos.
Assim, cansados de serem explorados, os camponeses decidiram reagir.
Nisso o rei, em decorrência da atitude intempestiva do Terceiro Estado, desesperado, mandou fechar a sala de reuniões.
O Terceiro Estado ao notar a manobra do soberano, não se deu por vencido e seus deputados tomaram a decisão de proclamar-se Assembléia Nacional. 
Dirigindo-se a um salão que a nobreza utilizava para jogos, lá juraram permanecer reunidos até que a França tivesse uma constituição.
Desta forma, aos 27 de junho, o rei ordenou aos demais representantes dos outros dois Estados a participarem da Assembléia.
A seguir, no dia 9 de julho de 1789, reuniu-se pela primeira vez a Assembléia Nacional para redigir uma nova constituição. 
Para fazê-lo, os deputados se dividiram em dois grupos, os jacobinos e os girondinos, cujas posições físicas nas bancadas da Assembléia eram estas:
Na ala esquerda ficavam sentados os jacobinos (mais tarde se tornariam os montanheses), liderados por Robespierre, representando a pequena burguesia, profissionais liberais e lojistas. 
Próximos aos jacobinos, estavam os cordeliers (adeptos que se reuniam no Convento dos Franciscanos, os cordeliers) sob a liderança de Marat e Danton, representavam os interesses do Terceiro Estado.
Nas cadeiras do centro ficavam os girondinos (que mais tarde receberiam o nome de planície ou pântano), representando os interesses da alta burguesia comercial e financeira e
também da nobreza liberal. 
Formavam o maior grupo da Assembléia.
Na extrema direita sentavam-se os representantes do clero e da nobreza. 
Constituíam a minoria e defendiam a monarquia.
Nesse contexto, dois grupos começaram a se formar. 
De um lado liderados por Mirabeau, havia aqueles que defendiam uma monarquia institucional e de outro, uma minoria liderada por Robespierre, que defendia uma democracia republicana.
Quem não gostou nada disso foi o rei. 
Isso por que, tais idéias, se colocadas em prática, significariam a perda do poder absoluto. 
Em razão disso, sua reação foi imediata:
Demitiu o Ministro Necker, e ordenou que o exército se preparasse para reprimir as manifestações da burguesia.
Nisso no dia 14 de julho de 1789, a burguesia apelou para a ajuda do povo parisiense.
A Bastilha, construção utilizada como prisão política, foi invadida por populares.
Populares que revoltados e cansados de acatarem os desmandos do soberano, decidiram tomar a situação em suas mãos. 
E assim, invadindo a construção, os revoltosos, libertaram os prisioneiros e inverteram a situação.
Adentrando com toda a fúria a Bastilha, os populares mostraram o quão fortes podiam ser quando se uniam.
Desta forma, a violência revolucionária se espalhou pelo interior. 
Camponeses invadiram os castelos da nobreza feudal, executaram famílias, e exigiram uma reforma fundiária. 
Entre os revoltosos estava Justine, que igualmente cansada da vida de miséria que levava, resolveu juntar-se aos demais camponeses e insurgir-se contra a situação vigente.
Depois de ver seus pais morrerem em decorrência das péssimas condições de vida a que foram submetidos, Justine, no auge de sua revolta, cansada de ser condescendente com
aquela existência miserável que levava, resolveu mudar sua vida.
Com isso, assim que percebeu que alguns camponeses iam agir, Justine se ofereceu para acompanhá-los.
Determinada, lá se foi a moça. 
Decidida a modificar sua vida, Justine nunca mais se conformaria com as injustiças a que se submetera por tanto tempo.
Com isso, revoltados e furiosos, estes homens e mulheres, cansados de tantas vicissitudes, resolveram dar uma basta nessa situação. 
Contudo, o ímpeto em tudo destruir, fez com os mesmos se excedessem. 
Além de pilharem castelos e outras propriedades, os camponeses mataram inúmeras famílias.
Foi exatamente em meia a toda essa virulência, que Justine tomou contato com a crueza da violência. 
Ao ver pessoas agonizando diante de si, a moça em sua primeira reação, se assustou. 
Apavorada com o impacto da morte, Justine chegou a chorar diante de tanta violência.
Contudo, conforme as ações foram se tornando mais constantes, a moça deixou de se impressionar com o espetáculo, e sentindo-se parte de tudo que acontecia, passou a
igualmente executar pessoas.
Com o passar do tempo, tornou-se extremamente hábil em suas execuções.
Justine, ávida por justiça, mais tarde se mudaria para Paris. 
Sedenta por novos desafios, almejava se integrar aos insurretos da cidade.
Quando a moça demonstrou seu interesse em não mais ficar no campo, muitos do camponeses ficaram desapontados com sua atitude. 
Dizendo que ela estava abandonando a luta, muitos a criticaram.
Justine porém, não se importava. 
Dizendo que precisava partir, ela explicou que algo maior a conduzia para outros caminhos.
Assim, pouco tempo demais, Justine, ansiando por novas lutas, e sentindo-se pronta para o desafio, migrou para Paris.
Em Paris, a garota se espantou com o luxo de algumas construções, mas também se espantou com a situação de extrema miséria em que vivia boa parte da população. 
Percebendo que com relação a isso nada havia mudado, a moça comentou consigo mesma: 
‘Nada de novo. Parece que estou no mesmo lugar. Para os pobres e desvalidos, tudo é sempre igual. Miséria e mais miséria.’
Diante disso, os temores da burguesia voltaram-se para as ações dos camponeses, que poderiam avançar também contra suas propriedades. 
Para se garantirem, decidiram abolir os direitos feudais e, quase ao mesmo tempo, instituíram a Declaração dos Direitos do Homem, aos 26 de agosto de 1789.
Este sim, um grande passo na luta pela igualdade.
Justine e os demais insurretos, ao saberem da existência desse prestigioso documento, comemoraram sua edição. 
Outros porém, dizendo que isso era apenas um apanhando de palavras, fez questão de dizer em alto e bom som, que aquele gesto fora empreendido somente para distraí-los. 
Isso por que, nenhum nobre estava interessado em perder sua posição para um bando de miseráveis.
Para Justine ouvir estas palavras pessimistas era desconsolador. 
Indignada com o ceticismo de Pierre, a moça começou a dizer que não fossem as lutas dos franceses contra aquele sistema imposto, nada daquilo teria acontecido.
Pierre percebendo o idealismo de Justine, comentou que ainda que a luta de todos os franceses tenha começado a frutificar, aquele não era ainda o momento para se comemorar
nada. 
Dizendo que muitas coisas ainda iriam acontecer, o galhardo Pierre, recomendou que todos aguardassem os últimos acontecimentos.
Justine e os outros revoltosos prometeram esperar.
Com isso, grande parte da nobreza, atemorizada, sentindo o perigo da situação que se apresentava diante de seus olhos, resolveu emigrar para a Holanda, Inglaterra, Áustria e
outros países. 
Agindo assim, esperavam conseguir restaurar o absolutismo, que desmoronava a passos largos.
Com isso, os rebeldes ao saberem que a nobreza fugia, ficaram revoltados. 
Temendo
que eles estivessem partindo em busca de auxílio, os insurretos tentaram convencer Pierre a tentar impedi-los.
O homem porém, explicando que a situação por lá era muito complicada, comentou que os mesmos não conseguiriam voltar sem serem percebidos. 
Isso por que, se trouxessem um exército com eles, todos seriam pegos e presos. 
Confiante, Pierre não conseguia imaginar outro desfecho para aquela situação.
Mas os seus comandados não estavam tão tranqüilos.
Foi então que, ao perceber a inquietude dos mesmos que ele comentou que haviam outros rebeles espalhados pela cidade luz. 
Além disso, Pierre disse ainda, que cedo ou tarde, seus planos ruíram e eles tomariam a cidade.
Justine e os demais revoltosos, então se aquietaram.
Nessa época, um dos atos mais importantes da Assembléia Nacional Constituinte foi o confisco de bens do clero. 
Estes bens serviram como garantia para os bônus que foram emitidos, com o objetivo de arrecadar fundos e superar a crise financeira.
Ao tomar conhecimento disso a Igreja Francesa reagiu e protestou, mas a Assembléia passou a prender qualquer membro da instituição que se manifestasse politicamente.
O abade, ao tomar conhecimento desta situação por meio de seus subordinados, quis logo explicações. 
No entanto, não havia o que discutir.
Sem ter a quem recorrer, ao Abade Antoine, só restou acatar as ordens da Assembléia Nacional Constituinte.
Diante desse quadro nada auspicioso, o rei, percebendo que precisava de ajuda, passou a manter contatos secretos com os emigrados e com as monarquias absolutistas da Áustria e da Prússia, para conspirar contra o governo revolucionário e restaurar o absolutismo. 
Ansioso por encontrar uma forma de reverter a situação, numa tentativa desesperada, o Rei Luís XVI tentou fugir para a Prússia, mas no caminho foi reconhecido e preso por
camponeses, sendo obrigado a voltar para Paris.
Entre esses camponeses estavam alguns conhecidos de Justine, que orgulhosos por terem efetuado a tão prestigiosa prisão, comentaram que era uma pena ela não estar com eles.
Nisso, os setores mais moderados da Assembléia conseguiram que fosse aprovada uma Monarquia Parlamentar na Constituição de 1791 semelhante à inglesa. 
O poder do rei (executivo) ficava, portanto, limitado pelo poder legislativo (parlamento).
Todavia, o poder legislativo não era escolhido por meio do voto universal (de toda a população) mas pelo voto censitário (somente os mais ricos podiam votar). 
Com isso se denota, que o governo da França ficava nas mãos de uma fração minoritária da rica burguesia e da aristocracia. 
De formas que, o povo francês continuava afastado das decisões políticas.
Ademais, a situação era tão grave, que as monarquias absolutistas vizinhas, acompanhavam os acontecimentos com grande temor.
Por esta razão, cresceu entre os monarcas a idéia de que era preciso esmagar a revolução no seu nascedouro.
Contudo, os revolucionários franceses, pensando de forma oposta pretendiam expandir a revolução através de uma guerra revolucionária, pois caso contrário, a França ficaria isolada, e a revolução sucumbiria.
Pierre era um dos revolucionários que pensava dessa forma. 
Acreditando que expandindo a luta para além das fronteiras da França, conseguiriam novos adeptos para a luta, tinha a absoluta convicção que eles não correriam o risco de serem impedidos de executar seus planos.
Todavia, não era todos os insurretos que concordavam com Pierre.
Alguns homens e mulheres, temerosos da ousadia dessa empreitada, comentaram que estavam se arriscando muito por esta idéia. 
Alegando que não tinham gente suficiente para lutar e se expandir para além do território de Paris, quanto mais sair da França, os mesmos insistiam em dizer que tudo aquilo era uma grande loucura.
Justine no entanto, acompanhada de Marcel e Jean ao ouvir os planos de Pierre, comentou que ele estava certo. 
Dizendo ser tudo ou nada, a moça comentou que não adiantava ficarem recolhidos em Paris, temendo a reação dos outros exércitos. 
O certo era lutarem, mesmo que tivessem que morrer por isso.
Nisso a Assembléia Legislativa francesa declarou guerra à Áustria e à Prússia no dia 20 de abril de 1792, depois que essas monarquias absolutistas se recusaram a garantir um
estado de não beligerância.
Luís XVI tinha esperança que os exércitos franceses fossem rapidamente derrotados, o que permitiria seu retorno ao poder.
Por isso o rei e a rainha, Maria Antonieta, entraram em contato com os inimigos, passando-lhes os segredos da guerra.
Contudo, na Assembléia, Robespierre denunciou a traição do rei e de alguns generais fiéis à nobreza. 
Num discurso aos jacobinos, Robespierre dizia que não confiava nos generais e fazendo exceções honrosas, alegou que quase todos tinham saudade da velha ordem, e dos favores que dispunham com relação a corte. 
Ressaltando que só confiava no povo, destruiu os planos dos monarcas.
Nisso, nas ruas de Paris e das grandes cidades, os sans-culottes faziam grandes manifestações pedindo a prisão dos responsáveis pelas traições e pelas derrotas francesas nos campos de batalha.
Pierre e Justine, bem como os demais insurretos, revoltados com a situação, também exigiram a prisão destes.
Realizando manifestações pela cidade Justine, Pierre, Marcel, Jean, os sans-culottes e demais membros do povo, exigiram que fosse tomada uma atitude exemplar com relação ao
rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta.
Porém, a situação ficou mais tensa, quando um alto militar prussiano ameaçou de morte os membros da Assembléia, se a família real francesa fosse ultrajada. 
Contudo, a ameaça, que tinha por objetivo amedrontar os revolucionários, produziu o efeito reverso.
O povo e os sans-culottes enraivecidos pela arrogância dos inimigos da França, invadiram na noite de 9 de agosto de 1792, o Palácio das Tulherias onde se encontrava o rei e a família real. 
Era o fim da monarquia.
Mas, antes da invasão, Pierre, passou as últimas instruções aos revolucionários.
Recomendando cautela, pediu que a todos que não se intimidassem com a segurança que havia no palácio. 
Por isso todos os atos que realizassem tinham que ser ágeis e exatos.
Justine e Marcel concordaram.
Com isso, todos os que iriam participar da empreitada, seguindo as recomendações de Pierre, foram aproximando-se discretamente da construção, e pouco a pouco dominando
os guardas que faziam a vigilância do palácio.
Devassando a construção luxuosa, Justine, Marcel, Jean, Pierre e os demais insurretos, se depararam com um cenário de rara sofisticação. 
Desacostumados com tanto luxo, constataram que eles mantinham tudo aquilo, com o trabalho do povo.
Furiosos, vasculharam todos os ambientes da construção. 
Desta forma, foi questão de tempo, para que tomassem o Palácio das Tulherias e encontrando o rei e a rainha, os tornassem seus prisioneiros pessoais.
Apavorados o rei e a rainha bem que tentaram fugir. 
Contudo, percebendo que o palácio estava tomado, não tiveram como escapar. 
Presos, tiveram que aguardar pelo fim.
E assim, no dia 2 de setembro de 1792, pela manhã, chegou a notícia de que a fortaleza de Verdun, a última entre Paris e a fronteira, havia sido sitiada. 
Imediatamente foi lançada uma proclamação aos franceses: 
‘Ás armas cidadãos! Ás armas! O inimigo está às portas.’
Os revolucionários, agindo com toda a impetuosidade, tomaram de súbito a fortaleza, pegando a soldadesca de surpresa.
Em decorrência disso, vários nobres, suspeitos de ligação com os inimigos foram massacrados pela população enfurecida.
Justine, estava entre os populares que massacraram os nobres. 
Hábil na arte de matar, Justine se destacava em meio a horda de enfurecidos que se lançavam implacáveis em direção aos nobres, que sem ter para onde correr acabaram sendo mortos pela população. 
No dia 20 de setembro de 1792, chegou a Paris a notícia da esmagadora vitória dos exércitos revolucionários franceses sobre as tropas prussianas. 
No mesmo dia foi oficialmente proclamada a República da França, cujo órgão principal era a Convenção, eleita por voto universal.
Os setores mais moderados, os girondinos, haviam se apossado da direção política do país. 
No entanto, havia um problema imediato a ser resolvido. 
Que destino deveria ser dado ao rei e sua família que se encontravam presos?
Diante de tal quadro, os jacobinos não vacilaram. 
Assim, o rei deveria ser julgado e executado como traidor.
Com isso, se nota que a proposta jacobina saiu vencedora e Luís XVI foi guilhotinado.
A rainha também.
A população, contente com a execução, acompanhou todos os detalhes deste espetáculo sangrento. 
Apreciando a cena, pareciam selvagens. 
Lembrando os tempos de
espetáculo e sangue da antiga Roma, os populares se compraziam ao ver o triste fim dos reis.
Com isso a popularidade dos jacobinos crescia apoiados pelos sans-culottes.
Além disso, as vitórias dos exércitos franceses eram acompanhadas de uma crescente simpatia por parte da população. 
O território prussiano que já havia sido em parte invadido, era proclamado zona de liberdade.
Marcel e Jean eram dois dos revolucionários que aplaudiam entusiasticamente as vitórias do exército francês. 
Dizendo que aquele era mais um grande passo dado na luta por uma França melhor e mais justa, os dois rapazes acreditavam que estava lutando por algo maior do que fim da tirania. Idealistas, almejavam construir um mundo melhor.
Um mundo sem injustiças. 
Um mundo onde todos tivessem as mesmas oportunidades.
Um mundo onde todos fossem iguais.
Pierre sabia contudo, que construir esse mundo justo e solidário não seria nada fácil.
Estava certo.
Isso por que, no plano interno, o governo dominado pelos girondinos propôs uma série de reformas moderadas, de forma que os privilégios da alta burguesia não fossem afetados.
Não bastasse isso, muitos girondinos aumentaram suas fortunas, especulando com alimentos para as campanhas militares. 
Com isso a situação só piorava, pois os preços subiam a cada dia.
Claude por exemplo, foi um dos beneficiados com esta especulação. 
Alferindo vultosas quantias para seu patrimônio pessoal, Claude ficava cada dia mais rico.
Quem não gostava nada disso eram os revolucionários.
Pierre era um dos que, irritados, dizia que não eles não haviam lutado para preservar os interesses da elite. 
Dizendo que também lutava por uma sociedade mais igualitária, o revolucionário comentou com Justine e os demais, que aquela situação não podia se manter.
Dizendo que eles precisavam se manifestar contra tal situação, o líder conclamou a todos para a luta.
Alegando que tinha um plano, deixou todos atentos. 
Com isso, os sans-culottes, nas ruas de Paris, sob o comando de líderes radicais, exigiam reformas mais profundas e um rígido controle de preços dos alimentos.
Por esta razão, os jacobinos, apoiados pelos sans-culottes, formaram a Comissão de Salvação Pública, que tinha por finalidade controlar os preços (Lei do Máximo) e denunciar os abusos por parte dos negociantes inescrupulosos ligados aos girondinos.
Os girondinos, por sua vez, ficaram cada vez mais temerosos diante do aumento das agitações dos sans-culottes.
Certas regiões da França como a Vendéia, por exemplo, haviam sido tomadas por forças contra-revolucionárias apoiadas pela Inglaterra. 
Assim, a revolução e as liberdades conquistadas corriam perigo.
Pierre e seus revolucionários, acompanhando de perto os passos dos sans-culottes, resolveram também aderir as manifestações.
Com isso, percorrendo as ruas da cidade, todos gritavam palavras de ordem. 
Gritando, desejavam ver mudada a França.
E, para por isso, que os sans-culottes lutavam, por uma melhor condição de vida.
Nisso, as camadas populares lideradas pelos jacobinos rebelaram-se entre maio e junho de 1793, e o edifício da Convenção foi cercado pela população enraivecida.
Os girondinos, líderes do governo, foram presos e um novo governo de tendência popular foi instaurado.
Mais uma vez Pierre, seguido de Marcel, Jean, Justine e demais comandados, caminhando pelas ruas de Paris, seguiram até o edifício da Convenção. 
Além deles, outros populares cercaram a construção. 
Furiosos, auxiliaram na prisão dos líderes do governo e na instalação de um novo governo.
Com isso os jacobinos tomaram o poder graças ao apoio irrestrito dos sans-culottes.
Assim, algumas reformas começaram a ser efetivadas.
A principal delas foi a distribuição de pequenas propriedades por toda a França. 
Aos poucos um grande número de camponeses transformaram-se em pequenos proprietários, formando uma classe extremamente poderosa em termos político e econômico.
Modificou-se assim o calendário.
Justine, ao tomar conhecimento da distribuição de pequenas propriedades, ficou feliz.
Feliz por seus companheiros que finalmente teriam um pedaço de terra somente para eles.
Triste, lamentou por seus pais não terem vivido para poderem ver tudo aquilo acontecendo.
Pierre, ao vê-la tão desolada, tratou logo de consolá-la. 
Dizendo que nem tudo ocorria da forma como seria desejável, ressaltou que ao menos na luta, as coisas caminhavam a contento.
Ao ouvir isso Justine sorriu.
Entrementes, as reformas propostas pelo governo dos jacobinos esbarravam em suas próprias contradições. 
Apesar de ser um governo de esquerda e de tendências populares, os jacobinos repartiram o poder com elementos da extrema esquerda e do centro.
Robespierre, inicialmente, conseguiu manter uma posição de equilíbrio, mas, aos poucos, esse equilíbrio foi rompido.
Isso por que, Robespierre mandou prender e executar os membros da extrema esquerda e depois fez o mesmo com os mais moderados, cuja figura mais conhecida foi Danton.
Robespierre assumiu portanto, atitudes anti-populares.
A grande burguesia contudo, o considerava um radical.
Por isso mesmo, a conspiração contra Robespierre começou exatamente no seio da burguesia, insatisfeita com as medidas do governo que a impedia de obter altas taxas de lucros.
No dia 27 de junho de 1794, ao iniciar-se mais uma reunião da Convenção, a burguesia do partido de planície, decretou a prisão de Robespierre.
O líder tentou ainda buscar apoio dos sans-culottes, mas estes não mais acreditavam em Robespierre.
Pouco depois, tanto Robespierre quanto seus mais diretos colaboradores foram executados.
Execução essa que toda a população de Paris acompanhou.
A seguir se instaurou o governo dos ricos burgueses.
Pelo novo calendário, o golpe contra Robespierre havia sido desfechado no dia 9 Termidor (equivalente ao mês de julho) por isso recebeu o nome de governo Termidoriano.
Nesse governo, seus membros eram quase todos ligados à burguesia dos bancos, aos agiotas, grandes negociantes e especuladores em geral.
Diante disso o novo governo apressou-se em tomar uma série de medidas para salvaguardar seus interesses: restaurou a escravidão nas colônias (que havia sido abolida no governo dos jacobinos), acabou com a lei do máximo, liberando os preços dos alimentos e de outros produtos.
Em setembro de 1795 preparou-se outra Constituição que acabou com a Convenção do período jacobino, e instituiu um novo órgão de governo chamado Diretório, que era composto por cinco membros representando o poder executivo, e duas câmaras representando o legislativo: o Conselho de Ansiãos e o Conselho dos Quinhentos.
O governo do Diretório suprimiu o voto universal e restabeleceu o voto censitário (só os que tivessem certa renda podiam votar e serem eleitos). 
E o poder retornou para as mãos da rica burguesia.
E assim, ao mesmo tempo em que a economia ficava sob o controle da alta burguesia, tomava-se medidas para reprimir remanescentes do movimento revolucionário.
Foi o que aconteceu com o líder Graco Babeuf, que pregava a volta da constituição jacobina e da igualdade social. 
No mês de maio de 1796, Babeuf e seus companheiros foram presos e executados na guilhotina.
Nesse contexto, Pierre, Marcel, Jean, Justine e os demais revolucionários que resistiam, inconformados com as medidas restritivas do novo governo, resolveram agir.
Marcel, Justine e Jean, apoiaram Pierre, mesmo percebendo que teriam pouquíssimas chances de escaparem ilesos da nova empreitada, decidiram ir até o fim. 
Realizando manifestações das ruas de Paris, os revoltosos, conseguiram ser notados pela alta cúpula do Diretório. 
Contudo, o que a primeira vista parecia bom, revelou-se com o passar do tempo, ruim.
Isso por que ao verem notados, os quatro principais integrantes do movimento, tiveram que fugir. 
E assim, escondendo-se em prédios abandonados, lugares afastados da cidade, os quatro conseguiram manter-se a salvo.
No entanto, em dado momento, percebendo que se fossem vistos juntos chamariam muito a atenção, os quatro resolveram se dispersar. 
Dispersos, seria mais fácil se esconderem.
Assim o fizeram.
Justine porém, em dado momento, ao ser vista nos arredores de Paris, acabou sendo reconhecida por um camponês. 
A moça, percebendo isso, tratou de se esconder. 
Isso por que, o camponês logo que a reconheceu fez questão de avisar os soldados que protegiam a região.
Assim, só deu tempo da moça correr.
Adentrando uma construção abandonada, a moça subiu as escadas e foi parar no último andar da edificação. 
Sem saída, Justine percebendo que tinha um acesso para o teto, tratou logo de sumir das vistas dos soldados, que atônitos, a procuraram em todos os lugares.
Com isso, Justine, observando do lado de fora a movimentação dos soldados dentro do prédio à sua procura, deitou-se no telhado do prédio. 
Assim, se houvessem soldados do lado de fora, aguardando, não conseguiriam vê-la.
Atenta, Justine não os perdeu de vista. 
Isso por que, se precisasse fugir, conseguiria agir imediatamente.
Contudo, não foi preciso. 
Em meia-hora, cansados de procurá-la, os soldados desistiram. 
Porém, imaginando que ela pudesse estar dentro do prédio ainda, foram designados alguns homens para vigiar a entrada do prédio.
Justine, temendo o fato de que eles poderiam ter cercado a área, ao perceber que não havia mais nenhum soldado à vista, resolveu pular os telhados dos prédios vizinhos. 
Cautelosa, aproveitando a proximidade das construções, conseguiu se evadir.
Porém, não seria sempre que teria sorte.
Assim foi.
A certa altura, depois de dias de caminhada, faminta, Justine foi novamente reconhecida por vilões.
Numa vila próxima a Paris, a moça, ao parar para pedir informações de onde estava, acabou sendo reconhecida por um morador que a tinha visto em um comício em Paris.
O homem, avisando alguns soldados que estavam de passagem pela região, deixou Justine desesperada. 
E ela, bem que tentou correr para escapar da prisão. 
Porém, o que conseguiu com sua carreira foi chamar ainda mais a atenção dos soldados, que igualmente a reconheceram como uma agitadora.
Sem ter como fugir, Justine foi presa e amarrada. 
Conduzida até Paris, a mesma foi executada juntamente com outros insurretos.
Na praça, os populares acompanharam a execução.
No último momento, Justine, lembrando-se dos momentos que compuseram sua vida, viu-se em sua casa, sendo chamada por sua mãe para jantar. 
Marie usando trajes novos, causou espanto na filha que nunca a vira assim tão feliz. 
Vendo-se no campo novamente, viu-se novamente cercada de seus primeiros companheiros de luta. 
A seguir, vendo Pierre, Jean e Marcel, viu-os assustados, se escondendo de tudo e de todos. 
Por fim, relembrando-se de tudo pelo qual havia lutado e acreditado, pensou por um instante que sua luta fora em vão.
Ao pensar nisso, Marie sua mãe, lhe disse que nada por que se luta é em vão. 
Dizendo que a filha que ela empreendera um ótimo trabalho, revelou que futuramente todos colheriam os frutos da luta de todos aqueles homens que derramaram seu sangue pela França.
Justine, ao ouvir isso chorou.
Os populares, ao verem as lágrimas que marejavam seu rosto, chegaram a pensar que esta temia sua morte.
Mas não. 
Justine chorava por saber que não veria os frutos de sua luta. 
Chorava por não ter tido a oportunidade de se ver longe da miséria, da pobreza e das injustiças.
Contudo ao expor seu pescoço... 
Por um instante, com o semblante sereno, Justine entregou-se sem medo à sua sorte.
Por sorte Pierre e Jean conseguiram escapar. 
Rumando para outros países, os dois cada qual para um lado, viveram em novas terras. 
Sem serem reconhecidos, passaram a ter uma existência dissociada da política.
No plano externo o governo Termidoriano conquistava várias vitórias graças às brilhantes campanhas de um jovem general: Napoleão Bonaparte, que se destacava cada dia
mais no cenário político militar da França. 
Diante disso a própria Áustria foi obrigada a reconhecer a superioridade francesa assinando um tratado de paz com a França.
Nisso, quando Napoleão foi enviado para combater os ingleses no Egito, os exércitos que lutavam na Europa começaram a sofrer derrotas. 
O governo do Diretório perdeu prestígio. 
Nesse cenário, a situação era extremamente grave.
A burguesia, esquecendo suas idéias de liberdade, clamava por um governo forte para restaurar a lei e a ordem. 
As condições econômicas e sociais se agravavam com as derrotas do exército francês frente aos ingleses e austríacos que haviam retomado a luta contra a França.
Nisso Napoleão Bonaparte encontrava-se no Egito, mas havia deixado seus agentes para criar condições políticas no sentido de preparar um golpe de Estado.
Isso por que, para quase toda a França somente um governo forte salvaria o país da situação de crise e de derrota que se encontrava.
E assim, no dia 10 de novembro de 1799 (18 Brumário pelo novo calendário), Napoleão voltou do Egito, e, em acordo com dois membros do Diretório, dissolveu o órgão do governo e instituiu o Consulado.
Iniciou-se assim, o período Napoleônico.

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 
Luciana Celestino dos Santos 


domingo, 30 de agosto de 2020

Freguesia do Ó - A força da fé e da Tradição

A Freguesia do Ó, é um dos Bairros mais antigos de São Paulo. 
Durante muito tempo, a região serviu de passagem para os viajantes, que se dirigiam às cidades de Jundiaí e Campinas.
O primeiro núcleo populacional da Freguesia do Ó, teve início em 1580, quando o Bandeirante Manoel Preto, estabeleceu-se na região. 
O explorador português, extremamente religioso, e sua esposa, D. Agueda Rodrigues, fundaram uma capela na região, em 1610. 
A pequena construção recebeu o nome de N. Sra. da Esperança, ou da Expectação. 
Mais tarde, a capela passou a se chamar Nossa Senhora do Ó. 
Essa capela, destruída por um grande incêndio em 1896, foi reconstruída com recursos da população. 
O novo templo foi inaugurado em 1901, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó. freguesiao.htmfreguesiao.htm
No inicio do século XX, despertou-se o interesse da industria imobiliária pelo Bairro. 
Uma série de melhorias começou a ser feita nas várzeas do Rio Tietê. 
A Freguesia tornou-se um grande canteiro de obras para a construção de diversos loteamentos, e empresas industriais. 
As antigas chácaras e sítios se valorizaram rapidamente. 
Com o desenvolvimento, muitos Bairros novos surgiram no entorno da Freguesia do Ó: Vila Palmeira, Vila Siqueira, Moinho Velho, Vila Simões, Vila Cavaton, Itaberaba, Vila Bancária Munhoz, Vila São Vicente, Vila Albertina, e outros.
Localizado na zona norte da capital paulistana, o Bairro da Freguesia do Ó, é atualmente um dos mais populosos da cidade. 
Ali, conservam-se traços da tradição colonial, desde o uso de expressões tradicionais na linguagem local, até a manutenção de características coloniais, na arquitetura de suas construções.
 
Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Capela do Socorro

Originalmente integrada à região pertencente a Santo Amaro, a área conhecida como Socorro, foi desmembrada, no ano de 1938, por ato do Governador do Estado de São Paulo. 
Pelo fato de haver um município com o mesmo nome, e em razão da existência de uma antiga capela, o novo Bairro passou a ser denominado Capela do Socorro.
A região era constituída por uma grande várzea, constantemente inundada. 
Mesmo após a construção da represa Billings, a região continuou sendo uma vasta área pantanosa.
Até o começo do século XX, existiam no Bairro, muitas serrarias e olarias. 
Havia grande dificuldade de escoar seus produtos, pela falta de estradas. 
As madeiras eram embarcadas em transporte fluvial até certo ponto e, depois, seguiam pela ferrovia até o centro da cidade.
Somente após a abertura da Avenida Santo Amaro, que liga o Bairro à zona central de São Paulo, e o loteamento das chácaras que margeavam a linha do bonde, foram se formando os primeiros núcleos residenciais da zona sul.
Em 1940, o primeiro loteamento da região é aberto com o nome de seu proprietário: Claudino Klein. 
Até então, as ruas da região sul eram de terra, e somente a Avenida De Pinedo, era asfaltada.
Com a construção da represa de Guarapiranga, criaram-se condições para o desenvolvimento dos esportes náuticos, com veleiros e barcos a motor. 
Fundaram-se clubes como o Iate Clube São Paulo e o Santo Amaro Iate Clube. 
Para o atendimento a essas atividades, o Bairro passou a abrigar alguns estaleiros. 
Até hoje, eles prestam manutenção às embarcações. 
Aos poucos, a região da represa de Guarapiranga se consolidou como um ponto de recreação, com bares e restaurantes, e até mesmo a criação de uma pequena praia, conhecida como "Prainha".
O Autódromo de Interlagos, construído entre as represas Billings e Guarapiranga, na região vizinha à Capela do Socorro, é a sede do Grande Prêmio Brasil de "Formula 1". 
O evento coloca a região da Capela do Socorro, no mapa mundial de eventos esportivos famosos. 

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Campos Elíseos - Destino dos Heróis

Não existem registros históricos, comprovando os motivos que levam o tradicional Bairro de Campos Elíseos, a receber esse nome. 
A maioria da população paulistana atribui o nome ao Les Champs Elyseés, de Paris. 
No entanto, Campos com este título na mitologia grega, são o destino dos espíritos de heróis e homens virtuosos, após a sua morte. 
Por pouco não foi instalado nos Campos Elíseos, ainda em 1885, um cemitério. 
Mas o Bairro da Consolação, por ser mais distante, acabou abrigando o tal cemitério. 
Qual será o real motivo do nome Campos Elíseos?
No começo, a área do Bairro não passava de um conjunto de pequenas chácaras, conhecido como Campo Redondo. 
Quando o célebre Visconde de Mauá adquiriu terras na região, a área passou a ser chamada popularmente de Campos de Mauá.
A maior reviravolta na história da região, foi a construção da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1875. 
O antigo Campo das Cavalhadas, que abrigava corridas de cavalo, passa a se chamar Largo dos Guaianazes (atual Praça Princesa Isabel), uma das muitas áreas verdes do primeiro Bairro planejado da cidade de São Paulo: os Campos Elíseos. 
Projetado por Hermann von Puttkamer, o Bairro foi idealizado pelos capitalistas Frederico Glette e Victor Nothmann, que têm seus nomes perpetuados em duas das mais famosas ruas do loteamento.
Com ruas largas e ortogonais, o Bairro atraía fazendeiros do interior. 
Eles estavam interessados não somente na salubridade do local, mas também na proximidade da estação ferroviária. 
Um dos imensos palacetes construídos em autêntico estilo eclético do século XIX, o Palacete Elias Chaves, foi comprado pelo governo do Estado em 1911. 
Em 1935, o edifício passa a ser chamado de Palácio dos Campos Elíseos, para abrigar a Sede Administrativa do Governo do Estado.
Há muitas outras construções importantes nos Campos Elíseos. 
O Largo Coração de Jesus, no centro do Bairro, abriga um dos mais significativos conjuntos arquitetônicos do final do século XIX: um conjunto de casas típicas do loteamento, o Liceu Coração de Jesus, e o Santuário do Sagrado Coração de Jesus.
O Liceu Coração de Jesus, por exemplo, faz parte da história da educação paulista. 
Até hoje o edifício-sede, inaugurado em 1909, abriga a instituição salesiana, uma das mais respeitadas de ensino infantil, fundamental e médio. 
Já o Santuário do Sagrado Coração de Jesus, aberto em 1901 em estilo renascentista, tem uma torre que serve de referência na cidade até hoje, por sua altura e imponência.
Entretanto, o avanço da riqueza produzida nas fazendas do interior, colaborou para a decadência do Bairro, construído justamente para abrigar as residências dos fazendeiros: a construção da Estação Ferroviária Júlio Prestes, inaugurada em 1938. 
A beleza e funcionalidade do edifício, não foram capazes de conter a proliferação de depósitos, pensões e hotéis. 
O Bairro que desde o começo do século, já vinha perdendo parte de seu valor, por causa da construção do Bairro de Higienópolis e da Avenida Paulista, em áreas de muito maior altitude, entrava num ciclo que durou até o final do século XX.
As Avenidas Duque de Caxias e Rio Branco foram alargadas. 
A Praça Princesa Isabel, ampliada. 
Em 1960, instalou-se na recém-aberta Praça Sorocabana (atual Praça Júlio Prestes), aquela que seria a última cartada para o fim do uso residencial nos Campos Elíseos: a Estação Rodoviária. 
E, em 1965, o Governo do Estado muda-se para o Palácio dos Bandeirantes, no Bairro do Morumbi.
Mesmo com a transferência da Estação Rodoviária para o Tietê, em 1982, o Bairro só iniciou sua recuperação em 1998, com a transformação de parte da Estação Julio Prestes em Sala São Paulo, uma das melhores, e mais importantes salas de concerto do mundo. 
A Praça homônima, abriga uma feira de artesanato, e outras atividades culturais, todos os finais de semana. 
Em 2002, a antiga Estação Sorocabana, foi transformada no Museu do Imaginário do Povo Brasileiro. Aos poucos, o antigo loteamento planejado retoma sua vocação de riqueza.
Não se sabe os reais motivos do nome Campos Elíseos... 
A história do Bairro, no entanto, está ligada à educação e ao governo de São Paulo. 
E, principalmente, à memória paulistana, como o primeiro Bairro sofisticado de São Paulo. 
E como prova do poder de recuperação desta cidade. 

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Cambuci - O Reduto dos Imigrantes

Há pouco mais de cem anos, o Cambuci não passava de um pacato pouso de viajantes e tropeiros, que seguiam pelo antigo Caminho do Mar, ligação do litoral ao planalto paulista.
A riqueza produzida pelo ciclo do café, e a política do governo brasileiro de atrair imigrantes para substituir a mão de obra escrava, gerou um grande fluxo de trabalhadores europeus, para a capital de São Paulo.
O Bairro do Cambuci acolheu grande leva desses imigrantes que, desembarcando no Porto de Santos, acomodavam-se em pensões e vilas, em Bairros Paulistanos como o Cambuci. cambuci.htmcambuci.htm
Nas duas últimas décadas do século XIX, ocorreu um processo natural de agrupamento da população estrangeira que, ao redor da antiga Chácara da Glória, criou condições para a formação do Bairro. 
A existência das várzeas, com seu nítido caráter operário, em razão da proximidade e concentração das primeiras industrias, que vieram a formar o grande Parque Fabril da capital de São Paulo, aumentou as condições de reunião desses imigrantes. 
Não existindo qualquer infra-estrutura pública, a própria população trabalhadora abria ruas e erguia casas, transformando a paisagem urbana da região, o que favoreceu um considerável, adensamento populacional.
Em maio de 1900, a chegada do bonde elétrico da empresa inglesa Light & Power causou um grande alvoroço. 
Os antigos veículos puxados a burro, estavam com seus dias contados. 
No Cambuci, a Light instalou suas Oficinas Gerais, criando emprego para grande parcela da população.
Aos poucos, consolidava-se o perfil do Bairro: um misto de residências, comércio e serviços que, por sua relativa proximidade ao centro da cidade, permaneceu com essas características até os dias atuais.
Alguns dos festejos religiosos mais tradicionais da cidade, tiveram início no bairro do Cambuci. 
Até hoje, são famosas as festas cristãs e pagãs do Bairro como o Carnaval, as quermesses e a Malhação do Judas.
Outra característica curiosa do Bairro, foi a de reunir os primeiros times de futebol de várzea, esporte trazido ao Brasil pelos ingleses no final do século XIX. 

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Butantan - Portal de Saída dos Bandeirantes

O Butantan foi descoberto no final do século XVI, quando jesuítas e bandeirantes, dirigiam-se à região do futuro forte de Emboaçava. 
O bairro nasceu em uma área de várzea, e o seu nome inicial era Ybiatá, "taipa de terra socada", na língua Tupi-Guarani. butantan.htmbutantan.htm
Os bandeirantes e tropeiros utilizaram-se dos caminhos feitos pelos índios, em busca de ouro e pedras preciosas, existentes nas Minas Gerais. 
Assim, iniciaram a formação das primeiras estradas que ligavam São Paulo, às demais regiões do Brasil. 
O Butantã tornava-se o portal de saída da cidade para boa parte dessas viagens.
A implantação do internacionalmente conhecido Instituto Butantã, deveu-se a um surto epidêmico de peste bubônica, iniciado na cidade de Santos. 
Eficaz em suas pesquisas sobre venenos de animais peçonhentos, o Instituto tornou-se famoso, especialmente pelo pioneirismo na produção de vacinas.
O IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, é outro órgão conceituado localizado no Bairro. 
Ali são feitos laudos técnicos, solicitados pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário, além de suporte tecnológico às indústrias de construção civil, química, petroquímica, e outras empresas da iniciativa privada do estado.
O Jóquei Clube de São Paulo, inaugurado em 25 de Janeiro de 1941, tornou-se também uma dos mais importantes associações de fins recreativos da sociedade paulistana, sediado na Cidade Jardim, parte da região do Butantã.
Além dessas instituições, criadas no século XX, o Bairro mantém dois patrimônios históricos do período de sua fundação: a Casa do Bandeirante, localizada na Praça Monteiro Lobato, e a Casa Sertanista, na Praça Dr. Ênio Barbato.
Para a execução de seu terceiro projeto de urbanização na capital paulista, consolidando o Butantã como Bairro Residencial, a Cia. City adquiriu uma grande propriedade da família Vieira de Medeiros, no ano de 1915. 
A valorização do Bairro se deu pela presença do Jóquei Clube, e pela proximidade da Cidade Universitária. 
O loteamento foi iniciado antes da implantação dessas instituições. 
Ainda em 1918, a City Butantan começou a ser construída, com padrões de urbanização característicos do Bairro Jardins, atraindo um público de alto poder aquisitivo. 
Desde o início, suas avenidas largas e fartamente arborizadas, mantiveram a preocupação com a qualidade ambiental, nos melhores padrões europeus. 

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Bom Retiro - A Tradição Milenar do Comércio Judaico

A inauguração, em 1867, da São Paulo Railways, conhecida como "A Inglesa", e, mais tarde, da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, favoreceu a construção de galpões para depósitos de mercadorias, estrategicamente próximos das estações ferroviárias, ao longo de Bairros como o Bom Retiro.
Anteriormente, a presença de grandes chácaras e propriedades rurais, caracterizou o conhecido Bairro comercial do Bom Retiro como local, dentro da capital paulistana, convidativo à caça e pesca.
Em torno de 1881, iniciaram-se os primeiros loteamentos que atraiam os imigrantes. 
O Bairro constituía-se como um Bairro residencial de cunho proletário.
Em 1912, foi instalada no Bom Retiro, a primeira Sinagoga de São Paulo, por iniciativa de judeus originários da Europa. 
Com o passar dos anos, o Bairro chegou a abrigar 10 Sinagogas, que atendem os grupos israelitas de diferentes origens. 
Dentre as contribuições culturais da colônia judaica à cidade de São Paulo, destaca-se o Teatro de Arte Israelita Brasileiro, o TAIB, também no Bairro.
Na década de 1930, o Bairro sofreu um rápido processo de adensamento de comércio e residências, ao lado de pequenas chácaras, estábulos, e mesmo de terrenos baldios.
Outra grande comunidade que se agrupou no Bairro, foi a dos imigrantes árabes, tradicionalmente conhecidos como introdutores do sistema de venda, por crediário, de roupas e produtos de uso doméstico de porta em porta. 
A facilidade para financiar as compras, fez o mascate árabe, ser popularmente conhecido como "o turco da prestação".
Ao final da década de 1950, a ocupação de estabelecimentos comerciais, impôs-se às residências. Começaram a surgir as galerias e centros comerciais. 
Das matracas e dos pregões que eram a forma primitiva de anunciar seus produtos, os comerciantes árabes e judeus, foram evoluindo para a criação dos bazares em pontos fixos, e para a formação de tais galerias que reúnem lojas diversas. 
Roupas, calçados, colchas, toalhas, e até aparelhos domésticos, a preços atrativos. 
Quase tudo pode ser comprado no Bom Retiro.
No final do século XX, chegaram os coreanos. 
Com eles, cresceu a característica de mosaico comercial do Bairro do Bom Retiro. 
A venda de produtos em atacado para pequenos comerciantes, que vem de outras regiões do Brasil e da América Latina, gera um grande movimento na economia do Bairro. 
E proporciona oportunidades para os vendedores ambulantes, que praticam o comércio informal. 
Em função da situação econômica do país, essa atividade cresce a cada dia, especialmente no Bairro do Bom Retiro. 
Essas atividades, no entanto, não prejudicam o mosaico comercial que caracteriza o Bairro. 

Bom Retiro dos Imigrantes 
"O maiore distritto di Zan Baolo
O maise bello e ch'io maise dimiro
É o Bó Retiro" (Juó Bananére)

Juó Bananére nunca existiu. 
Mesmo assim, escreveu um dos mais ricos e reveladores retratos da São Paulo do início do século que se conhece: La Divina Increnca. 
A cidade era então primordialmente italiana. 
Nada mais natural, portanto, que um conterrâneo de Dante, descesse ao inferno da jovem metrópole e narrasse, num misto de italiano e português, as aventuras que pululavam pelas ruas da Paulicéia.
Nessas aventuras, o Bairro do Bom Retiro tem um papel central. 
O que também não é de se estranhar. 
Afinal, desde a construção da São Paulo Railway, inaugurada em 1867, o Bairro, devido a sua proximidade com as estações ferroviárias, se tornara um ponto efervescente para armazéns, que guardavam as mercadorias trazidas pela famigerada "inglesa". 
Não tardou que surgisse uma indústria que transformasse essas mercadorias, marcando definitivamente, com fisionomia operária, o Bom Retiro.
Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, o verdadeiro autor de La Divina Increnca, estava situado de maneira privilegiada, para descrever o que ocorria no bairro e na cidade. 
Apesar de ostentar um sobrenome inconfundivelmente brasileiro, fora aluno da Escola Politécnica, localizada na rua Três Rios, lá no Bom Retiro. 
Pôde provavelmente, assim, presenciar, em primeira mão, muito do que depois narrou.
O Bom Retiro de Juó Bonanére, pouco tinha a ver com o bairro original. 
Apesar de apenas 1.600 metros o separarem da região central da Sé, tinha sido, até a construção da estrada de ferro, uma aprazível região de chácaras, procuradas, durante os finais-de-semana, como refúgio, pelas mais abastadas famílias de São Paulo. 
Uma delas se chamava justamente Bom Retiro.
A segunda leva importante de imigrantes modifica, mais uma vez, a cara do Bairro. 
Se os italianos que tinham se instalado, desde 1880, nas proximidades das estações ferroviárias eram em geral operários, os judeus que passam a chegar a partir de 1900, são principalmente comerciantes. 
Substituem os sírio-libaneses, que como mascates, comerciantes ambulantes, percorriam o Brasil, oferecendo uma ampla gama de mercadorias, para a população de baixa renda. 
A imigração mais antiga, dos assim chamados mascates turcos, já que eram naturais de países então pertencentes ao império otomano, com o tempo, passara a se fixar em alguns pontos de comércio e indústria ligeira. 
De qualquer forma, tanto uns como outros, ofereciam muito mais opções de consumo para os trabalhadores das fazendas, do que as anteriormente existentes com os "barracões", controlados pelos proprietários rurais. 
Boa parte das grandes redes de magazine, que ainda vendem a prazo, tem sua origem nesse tipo de comércio.
Porém, um ponto, em especial, diferencia os judeus, dos sírios e libaneses. 
Os últimos são em número muito maior do que os primeiros, cerca de dez vezes mais, o que possibilitou que se dispersassem pelo país. 
Os pouco numerosos judeus, em compensação, que hoje são cerca de 150 mil em todo país, se quiserem manter sua identidade, precisam se concentrar em áreas específicas, tendo escolhido principalmente os grandes centros urbanos para tanto.
Na capital do estado de São Paulo, onde se encontra quase a metade dos judeus brasileiros, se instalam, de início, principalmente no bairro do Bom Retiro. 
Lá se especializaram no comércio e na indústria ligeira, de confecção de roupas feitas. 
A rua José Paulino, passagem única da Estação da Luz para o Bom Retiro, tinha e ainda tem, papel central nessas atividades. 
As palavras de Hilário Dertônio, servem para descrevê-la ontem como hoje: 
"Muitas velhas casas da rua foram derrubadas, e no lugar se construíam grandes galerias, com centenas de lojas em cada uma, principalmente de artigos de vestuário, muitas delas tendo, nos fundos, suas próprias oficinas de costura, ou fábricas de malhas, gravatas, e quejandas mercadorias. 
Sobrou pouco espaço para o restante do comércio: há duas ou três farmácias, panificadoras, agências bancárias, casas de lanches, leiterias, repartições públicas, construtoras, administradoras, casas de móveis, transportadoras, apenas o suficiente para que a rua possa viver. 
O restante são lojas, lojas, lojas, onde todos os seis milhões de paulistanos poderiam se abastecer".
Dos judeus que substituíram os italianos como população majoritária do bairro, aos coreanos, bolivianos e peruanos que não param de afluir, pouco parece ter mudado, no Bom Retiro. 
É verdade que as enormes diferenças culturais, dão a impressão da existência de uma quase arqueologia urbana no Bairro, que deixa sobreposta, em camadas pelas ruas, a contribuição de cada povo. 
Por outro lado, atrás da leva de imigrantes, também vieram a exercer atividades econômicas similares, fazendo uso de expedientes também parecidos para produzir e comerciar. 
Especializaram-se na venda de roupas baratas, produzidas em precárias confecções, onde na falta de capital, o trabalho é intensivo. 
Souberam se beneficiar da proximidade com as estações ferroviárias, ponto para, e de onde afluem, as mercadorias demandadas, pelas camadas mais pobres da megalópole paulista.
Assim, com engenho, e de forma muitas vezes brutal, vão superando suas limitações. 
No final, mudam-se do bairro decadente, como fazem atualmente os judeus e os coreanos, e antes deles os italianos, para que ai só fiquem os mais pobres, hoje de rostos andinos, submetidos a um regime de trabalho próximo da escravidão. 
É quase certo, portanto, que bolivianos e peruanos, não nutrirão desejos como os de Juó Banararé: 

"Ai chi mi dera
Chi o meu úrtimo sospiro
Fosse lá nu Bó Ritiro,
I o meu tumbolo tambê".

3-Bernardo Ricupero, membro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial; mestre e doutorando em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo. 

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Brooklin Novo - Concentração de Grandes Empresas

Uma das conseqüências do desenvolvimento empresarial de uma cidade, é a necessidade de criação de novos pontos para a ocupação de novas empresas comerciais, e prestadoras de serviços. 
Na cidade de São Paulo, a criação de uma nova via, a Avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini, no final da década de 1970, é um exemplo de formação de um novo pólo centralizador dessas empresas.
O elevado custo dos terrenos na avenidas Paulista e Faria Lima, alertou os dirigentes da Construtora Bratke & Collet, fundada no início de 71, para a necessidade de criação de uma nova centralidade em São Paulo. 
O Engenheiro Roberto Bratke, dá seu testemunho: 
"Até aquele momento eu ainda não tinha percebido... Foi então que, ao me aproximar da janela, naquela tarde de inverno, lá pelos anos 70, eu senti que o futuro de São Paulo estava ali, na minha frente, naquela avenida recém aberta entre a Vila Olímpia e o Brooklin".
Aliado ao aspecto logístico, que estuda o deslocamento das pessoas entre residência-trabalho-residência, a construção de alguns centros de compras na região do Brooklin Novo - como os Shoppings Morumbi, D & D e Market Place - fez a Avenida Berrini, se firmar como uma nova centralidade na cidade.
Atualmente, com a existência de cerca de 100 edifícios comerciais, a região da Berrini redefine sua paisagem urbana, com a construção de arrojados projetos arquitetônicos. 
No horizonte, destacam-se o World Trade Center, o Hotel Meliá, as novas instalações da Rede Globo, e a sede do BankBoston.
Para atender ao grande fluxo de automóveis que passou a circular pela região, após a consolidação da nova centralidade, o Governo do Estado, na administração Mário Covas, implantou novas e modernas estações ferroviárias na região. 
A integração dessa linha de a malha de transportes sobre trilhos da cidade, é fundamental para reduzir o saturado tráfego de automóveis na Marginal Pinheiros, principal via da região. 
Além disso, um grande projeto cultural está sendo implantado pela Associação Amigos da Berrini: o "Projeto Av. Berrini Corredor Cultural - Museu Aberto". 
Com o apoio de leis de incentivo fiscal, empresas privadas promovem a execução de obras de revitalização das praças públicas, em estado de abandono nas últimas administrações do município. Essas praças estão se transformando em locais de lazer e cultura, com a exposição de obras-de-arte e a realização de concertos musicais. 

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Brasilândia - E sua Formação

Na década de 30, alguns sítios e chácaras de cana de açúcar, foram se transformando em núcleos residenciais, na zona norte da cidade de São Paulo. 
O crescimento de sua ocupação veio a formar o Bairro denominado Brasilândia.
Esse desenvolvimento se deve à chegada de imigrantes de várias origens, como as famílias Okada, do Japão, Fraga, da Espanha e Simões, de Portugal. 
O comerciante Brasílio Simões, por exemplo, liderou a comunidade para a construção da Igreja de Santo Antonio, em substituição à antiga capela existente. 
Por isso, o comerciante teve o seu nome empregado na denominação do bairro, em reconhecimento ao feito. 
O bairro também recebeu um grande fluxo de migrantes do nordeste do país, que fugiam da seca em seus estados nas décadas de 50 e 60, além de famílias vindas do interior do estado, em busca de oportunidades de trabalho. 
Outro contingente de famílias, de origem africana e escrava, veio para o Bairro, depois de expulsos pela Prefeitura, do centro da cidade. 
Essa expulsão ocorreu com a demolição de muitas habitações antigas, que deram lugar a novas avenidas, como a Nove de Julho no Bairro do Anhangabaú, projeto da Cia. City.
A Brasilândia foi loteada em 1946, pela família Bonilha, que era proprietária de uma grande olaria na região. 
Embora não fossem dotados de qualquer infra-estrutura, os terrenos eram adquiridos com grandes facilidades de pagamento, inclusive com a doação de tijolos, para estimular a construção das casas. 
Na primeira gestão do Prefeito Jânio Quadros, o Bairro foi beneficiado com algumas obras, como o asfaltamento da Rua Parapuã. 
A conseqüência disso foi a valorização do Bairro, e um surto de desenvolvimento para o comércio local. 
Outro elemento incentivador da ocupação do bairro, foi a instalação da empresa Vega-Sopave que, ao instalar sua sede na Brasilândia, oferecia moradia a seus empregados, o que trouxe um considerável número de famílias para a região.

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Brás - A força da tradição Italiana

Uma grande área, com terras de propriedade do sertanista Brás Cubas, deu origem a um dos mais antigos e tradicionais bairros de São Paulo: o Brás. 
O nome do Bairro é uma homenagem ao antigo proprietário. 
Suas terras se estendiam desde o Convento do Carmo até a Freguesia de Nossa Senhora da Penha, atravessando os locais onde se encontram os Bairros do Pari, Brás, Belém, Belenzinho, e parte do Tatuapé. As avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia, constituem o antigo caminho que levava até a Penha.
A imigração européia do século XIX, predominantemente de italianos, consolidou a formação do bairro. 
O Brás se firmava como um bairro de indústrias e lojas. 
Criou-se uma tradição estrangeira no bairro, que ficou conhecido como o "Bairro dos Italianos". 
Após a Segunda Guerra Mundial, migrantes nordestinos também escolheram o Brás como local preferido de moradia, em razão da proximidade do centro da cidade. 
No bairro, entretanto, continuou predominando a força da tradição italiana.
O evento da expansão da rede ferroviária, principal meio de transporte de passageiros e mercadorias até o meio do século XX, teve grande importância para o desenvolvimento histórico do Bairro, e a valorização das propriedades lá existentes. 
E foi no Bairro do Brás, que se fixaram as instalações da São Paulo Railway, o que gerou muitos empregos. 
A estação do Norte, atual Estação Roosevelt, gerou um expressivo crescimento para o comércio regional, por receber um grande fluxo de pessoas de vários pontos do estado e do país.
O Largo da Concórdia, é o grande centro do comércio que se expande até as ruas Oriente, Maria Marcolina e Silva Teles, onde se encontram lojas atacadistas de tecidos. 
Já a rua do Gasômetro transformou-se, ao longo do tempo, em centro de empresas madeireiras, e fabricantes de portas e esquadrias.
Uma das características que entravou por muito tempo o crescimento do Bairro, foi a existência de porteiras, localizadas nos cruzamentos em nível das ruas, com a linha férrea. 
Grandes congestionamentos aconteciam, enquanto se aguardava a passagem dos comboios. 
Somente na década de 60, construíram-se viadutos e passagens de nível, para atender a demanda do tráfego rodoviário.
Outra área de comércio que se destaca na história do Bairro, é a das cantinas italianas. 
Ainda hoje se encontram bons e tradicionais restaurantes com farta comida italiana, para a alegria dos gastrônomos.

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Avenida Paulista - A mais Paulista das Avenidas

A população de São Paulo não passava de cem mil habitantes, quando se fez a Avenida Paulista. 
Com efeito, no ano de 1891, criou-se na parte mais alta do sítio paulistano, a imponente via. 
Por ali, bondes puxados a burros, circulavam em faixa própria, antes mesmo de se instalarem os palacetes e mansões, que abrigaram novos ricos e fazendeiros de cafém, que se mudavam do interior do estado para a capital. 
Uma larga faixa central de jardins, completava o embelezamento da nobre e imponente avenida. 
De grande importância para a consolidação da mais paulista das avenidas, foi a criação do Parque Siqueira Campos. 
O popularmente chamado "Parque Trianon" teve projeto do urbanista inglês Barry Parker, ligado à Companhia City, empresa responsável por loteamentos como Jardim América e Pacaembu. 
Além da área verde, o parque contava com um belvedere, concebido pelo paisagista francês Paul Villon, e implantado pelo arquiteto brasileiro Ramos de Azevedo.
Barry Parker propunha às autoridades, a criação de um parque linear, centralizado no Trianon. 
Esse parque cruzaria toda a cidade de São Paulo, e evitaria que o crescimento vertiginoso da cidade afetasse o meio ambiente, e a qualidade de vida dos paulistanos. 
Apesar de não implantado, o ideal de Barry Parker se consolidou: a Avenida Paulista, é o centro de tudo que acontece na cidade.
Ainda no começo do século XX, a Avenida Paulista já havia sido escolhida como o local dos eventos populares da cidade, como o corso carnavalesco. 
O corso consistia em um desfile de carros conversíveis, com capotas arriadas, de onde os carnavalescos arremessavam serpentinas, confetes e lança-perfumes, nos foliões da calçada. 
Outro grande acontecimento da Avenida, era a corrida de automóveis nas décadas de 1920 e 1930.
Um importante fato valorizou ainda mais a grande avenida: a abertura de uma passagem transversal e subterrânea, que ligava o centro da cidade, aos bairros novos da zona sul, como o Jardim América: era a transformação do Vale do Saracura na Avenida 9 de Julho.
As construções residenciais que tinham surgindo nos mais diversos estilos, tinham em comum a inspiração no ecletismo europeu, nos seus mais variados tipos, dos neoclássicos ingleses e franceses,  até os italianos. 
Havia também sinais de modernismo e o "art-nouveau", estilo mais característico da época de construção das casas.
No início da década de 1940, algumas mansões começavam a ceder espaço para construções verticais, inicialmente residenciais. 
A partir da década de 1960, as mansões dão lugar para edifícios comerciais.
Aquela que era considerada uma avenida larga e generosa, começava a sentir a necessidade de mais espaço, obrigando a municipalidade a reduzir o canteiro central, e a rasgar alguns jardins das residências, alargando-a para ampliação das pistas de rolamento. 
O tráfego de automóveis e ônibus era crescente.
Um marco da arquitetura nacional foi construído no final da década de 50, na esquina da Rua Augusta: o famoso Conjunto Nacional. 
O complexo abriga lojas e cinemas, escritórios e apartamentos. 
O Conjunto viria a ser o antecessor nacional dos shopping-centers.
A construção do Museu de Arte de São Paulo, o MASP, no local do antigo Belvedere do Trianon, foi a consolidação do prestígio da Avenida Paulista. 
Seu acervo é o maior e mais rico da América Latina, e o próprio edifício do MASP, projeto de Lina Bo Bardi, é tido como parte do acervo.
Em 1995, foi criada a Associação Paulista Viva, cujo objetivo é trabalhar pela preservação da imagem da Avenida Paulista, garantindo qualidade a todos que vivem, circulam e trabalham na mais famosa e querida via da cidade. 

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

Alto de Pinheiros

Um Típico Bairro City 
O Alto de Pinheiros surgiu como loteamento da Cia. City em 1925. 
Entretanto, a Light and Power Co. recebeu por lei estadual a concessão para retificar e alargar o Rio Pinheiros. 
Isso provocou um retardamento da implantação do Bairro. 
Somente em 1937, foi recomeçado o arruamento do Bairro do Alto de Pinheiros, aproveitando-se das vantagens das obras de melhoria no Rio Pinheiros. 
A história da região começou muito antes. 
Em 1770, quando a Lei do Marquês de Pombal expulsou os Jesuítas do Brasil, suas terras forma leiloadas, e deram origem a chácaras e sítios de particulares. 
Estas foram adquiridas pela Cia. City, em 1913. 
E estavam desocupadas por serem sujeitas a enchentes periódicas do Rio Pinheiros. apinheiros.htmapinheiros.htm
O projeto do novo bairro aproveitou as experiências bem sucedidas dos bairros-jardins já implantados pela Cia. City: Jardim América e Pacaembu.
Com curvas de níveis respeitadas, um dimensionamento generoso do sistema viário, e hábil distribuição de áreas livres (praças, canteiros centrais nas avenidas e calçadas), surgiu o Bairro Alto de Pinheiros. 
Ele constituiu-se em área residencial para as classes média e alta da sociedade paulistana. 
A sua avenida principal, com canteiro central de largura superior às das pistas de rolamento, é hoje denominada Avenida Pedroso de Moraes. 
Ali se destaca um grande corredor comercial, formado por lojas de automóveis, supermercados e empresas de engenharia. 
A Praça Pan-Americana, com sua rotatória de grandes dimensões, distribui largas avenidas em suas diagonais. 
Até hoje, o Alto de Pinheiros é um exemplo dos mais representativos do urbanismo europeu, implantado na cidade de São Paulo. 

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

História dos Bairros de São Paulo

O SiteCity conta um pouco da história de alguns dos principais bairros de São Paulo.

Desde sua fundação, no ano de 1554, até os primeiros anos do Século XX, a cidade de São Paulo esteve praticamente contida no chamado "triângulo central", hoje conhecido como Centro Velho. 
Além disso, havia bairros distantes como Pinheiros, Santo Amaro e São Miguel Paulista.
Com o progresso econômico decorrente da cultura cafeeira, surgiram novos bairros que atendiam à emergente elite dos fazendeiros. 
Para a classe trabalhadora, surgiam bairros populares, na periferia da cidade, que viriam a abrigar os imigrantes de várias nacionalidades que aqui chegavam.
A ocupação dos espaços urbanos foi ocorrendo com a riqueza produzida pelo café e, em seguida, com o início da industrialização. 
Através desse processo, formaram-se novos bairros, que preencheram os vazios existentes entre os bairros mais antigos. 
Cada bairro tem sua história e identidade própria. 
O conjunto desses bairros constitui a história do desenvolvimento da metrópole paulistana.

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos

25 de janeiro de 1984 - São Paulo

O cenário é a Praça da Sé, centro da cidade de São Paulo. 
O Brasil ansiava pela democratização e pelas eleições diretas. 
Movimentos se espalhavam por todo país, mas a Campanha das Diretas, somente conquista as ruas, depois do histórico comício de 25 de janeiro. 
Marcado para o dia do aniversário da cidade de São Paulo, o primeiro grande comício da campanha por eleições diretas para presidente, foi organizado por Franco Montoro, governador paulista. 
Participaram também diversos partidos políticos de oposição, além de lideranças sindicais, civis e estudantis. 
A expectativa era das mais tensas. 
O governo militar tentava minar o impacto do evento. 
O dia estava chuvoso. 
Aos poucos, a praça foi lotando e, no final, cerca de 300 mil pessoas gritavam por "Diretas já!" no centro da cidade. 
Além de políticos, também estiveram presentes artistas como Christiane Torloni, Fernanda Montenegro, Gilberto Gil, Alceu Valença, Regina Duarte, Bruna Lombardi, Fafá de Belém e Chico Buarque de Holanda. 
O jornalista Osmar Santos anuncia a presença do governador Franco Montoro. 
O idealizador do Comício pelas Diretas estava acompanhado dos governadores Iris Resende, José Richa, Nabor Junior e Leonel Brizola. 
Os presidentes do PMDB, Ulisses Guimarães, e do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, também estavam presentes. 
Também estavam presentes, o senador Fernando Henrique Cardoso, presidente regional do PMDB, e o prefeito de São Paulo, Mário Covas, que fez um emocionado discurso, pedindo um minuto de silêncio para homenagear Teotônio Vilela, morto em 27 de novembro do ano anterior. 
Teotônio morreria bem no dia da primeira manifestação pública em favor das Eleições Diretas. 
Aquele foi mesmo um dia de nenhuma comemoração, em que 15 mil pessoas compareceram em frente ao estádio do Pacaembu. 
Bem diferente da manifestação da Praça da Sé. 
"Me perguntaram se aqui estão 300 ou 400 mil pessoas. Mas a resposta é outra: aqui estão presentes as esperanças de 130 milhões de brasileiros." (Franco Montoro Filho)

Logo após o discurso de Montoro, o Hino Nacional começa a ser cantado na Praça, que agora era só do povo. 
Com o sucesso do comício em São Paulo, todos os governadores de oposição resolveram fazer o mesmo. 
Foi com o evento paulista que ficou comprovado o anseio popular. 
A partir de fevereiro, os comícios pelas eleições diretas foram se sucedendo nas principais capitais do país. 
No dia 16 de abril, pouco antes da votação das diretas, realizou-se um último comício em São Paulo. 
Só que desta vez, a Praça da Sé parecia muito pequena. 
Foi escolhido o vale do Anhangabaú, que recebeu uma multidão estimada em mais de 1,5 milhão de pessoas. 
Foi a maior manifestação política jamais vista no país. 

Dá para classificar a música paulista num só ritmo?
Até pela mistura dos povos aqui tem música sertaneja, tem música erudita, tem popular brasileira, tem rock, tem rap, tem chorinho, tem samba. 
Samba sim senhor! 
"Mente quem diz que São Paulo não entende do assunto, pois o samba tá na veia pulsante e no coração do poeta. São Paulo é a síntese do Brasil", João Nogueira (cantor e compositor carioca).

São Paulo é um autêntico pot-pourri. 
Compositores e cantores não faltam: Luiz Tatit, Itamar Assumpção, José Miguel Wisnik, Arnaldo Antunes, Paulo Vanzolini, Edvaldo Santana, Walter Franco, Rita Lee, Renato Teixeira, Demônios da Garoa e Adoniran Barbosa. 
Cada um com seu estilo próprio, mas todos paulistas. 
Quer dividido por categoria? 
Vamos lá: 
Modinhas: Paraguassú (Roque Ricciardi) e Marcelo Tupinambá (Fernando Lobo). 
Música sertaneja: Mário Zan, Cornélio Pires, Tonico e Tinoco, e Alvarenga e Ranchinho.
Valsa: Erotides de Campos. 
Choro: Zequinha de Abreu 
Violonista: Garoto (Aníbal Augusto Sardinha) e Canhoto (Américo Giacomino). 
Erudita: Carlos Gomes, Guiomar Novaes, Madalena Tagliaferro Antonietta Rudge. 
Orquestra: Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Mesmo não sendo paulistas, muitos músicos fizeram de São Paulo o seu principal palco. 
Nos anos 60, os festivais televisivos de música, tiveram um papel fundamental na divulgação de muitos artistas. 
Os festivais da antiga TV Excelsior, de São Paulo, a primeira a promovê-los, ocorreram nesta década. 
A música "Arrastão", de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, com Elis Regina, ganhou o primeiro lugar em 1965. 
Em 1966 a TV Record, também de São Paulo, aderiu aos festivais de música brasileira. 
O vencedor daquele ano foi Chico Buarque com "A Banda" e "Disparada", de Geraldo Vandré, e Teo de Barros, com Jair Rodrigues, empatadas. 
Agora, você está perguntando se tem alguém com mais cara de São Paulo. 
Vá lá: Adoniran Barbosa. 
Um talento que traduz um espírito, uma época e certos lugares da cidade de São Paulo. 
Sem falar do sotaque italiano misturado com o brasileiro, que deu no que deu: a música inconfundível de Adoniran.
Se o artista não for de São Paulo, também não tem importância. 
A força da indústria cultural e o mercado fonográfico paulista possibilitam que São Paulo adote e divulgue o Brasil inteiro. 
Foi assim com a Bossa Nova, Tropicália, a Jovem Guarda, o samba, o rock, o heavy metal, o rap, e muitos outros movimentos ou estilos musicais. 
Assim é São Paulo. Sem preconceitos. 

Fundação de São Paulo
A fundação de São Paulo insere-se no processo de ocupação, e exploração das terras americanas pelos portugueses, a partir do século XVI. 
Inicialmente, os colonizadores fundaram a Vila de Santo André da Borda do Campo (1553), constantemente ameaçada pelos povos indígenas da região. 
Nessa época, um grupo de padres da Companhia de Jesus, da qual faziam parte José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, escalaram a serra do mar, chegando ao planalto de Piratininga, onde encontraram "ares frios e temperados como os de Espanha", e "uma terra mui sadia, fresca e de boas águas". 
Do ponto de vista da segurança, a localização topográfica de São Paulo era perfeita: situava-se numa colina alta e plana, cercada por dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú. 
Nesse lugar, fundaram o Colégio dos Jesuítas, em 25 de janeiro de 1554, ao redor do qual iniciou-se a construção das primeiras casas de taipa, que dariam origem ao povoado de São Paulo de Piratininga. 
Em 1560, o povoado ganhou foros de Vila e Pelourinho, mas a distância do litoral, o isolamento comercial, e o solo inadequado ao cultivo de produtos de exportação, condenou a Vila, a ocupar uma posição insignificante durante séculos na América Portuguesa. 
Por isso, ela ficou limitada ao que hoje denominamos Centro Velho de São Paulo, ou triângulo histórico, em cujos vértices ficam os Conventos de São Francisco, de São Bento e do Carmo. 
Até o século XIX, nas ruas do triângulo (atuais ruas Direita, XV de Novembro e São Bento) ,concentravam-se o comércio, a rede bancária e os principais serviços de São Paulo. 
Em 1681, São Paulo foi considerada cabeça da Capitania de São Paulo e, em 1711, a Vila foi elevada à categoria de Cidade. 
Apesar disso, até o século XVIII, São Paulo continuava como um quartel-general, de onde partiam as "bandeiras", expedições organizadas para apresar índios e procurar minerais preciosos nos sertões distantes. 
Ainda que não tenha contribuído para o crescimento econômico de São Paulo, a atividade bandeirante foi a responsável pelo devassamento e ampliação do território brasileiro a sul e a sudoeste, na proporção direta do extermínio das nações indígenas, que opunham resistência a esse empreendimento. 
A área urbana inicial, contudo, ampliou-se com a abertura de duas novas ruas, a Líbero Badaró e a Florêncio de Abreu. 
Em 1825, inaugurou-se o primeiro jardim público de São Paulo, o atual Jardim da Luz, iniciativa que indica uma preocupação urbanística com o aformoseamento da cidade. 
No início do século XIX, com a independência do Brasil, São Paulo firmou-se como capital da província e sede de uma Academia de Direito, convertendo-se em importante núcleo de atividades intelectuais e políticas. 
Concorreram também para isso, a criação da Escola Normal, a impressão de jornais e livros, e o incremento das atividades culturais. 
No final do século, a cidade passou por profundas transformações econômicas e sociais decorrentes da expansão da lavoura cafeeira em várias regiões paulistas, da construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí (1867), e do afluxo de imigrantes europeus. 
Para se ter uma idéia do crescimento vertiginoso da cidade na virada do século, basta observar que em 1895 a população de São Paulo era de 130 mil habitantes (dos quais 71 mil eram estrangeiros), chegando a 239.820 em 1900!). 
Nesse período, a área urbana se expandiu para além do perímetro do triângulo, onde surgiram as primeiras linhas de bondes, os reservatórios de água e a iluminação a gás. 
Esses fatores somados já esboçavam a formação de um parque industrial paulistano. 
A ocupação do espaço urbano registrou essas transformações. 
O Brás e a Lapa transformaram-se em bairros operários por excelência; ali concentravam-se as indústrias próximas aos trilhos da estrada de ferro inglesa, nas várzeas alagadiças dos rios Tamanduatey e Tietê. 
A região do Bexiga foi ocupada, sobretudo, pelos imigrantes italianos, e a Avenida Paulista e adjacências, áreas arborizadas, elevadas e arejadas, pelos palacetes dos grandes cafeicultores. 
As mais importantes realizações urbanísticas do final do século foram, de fato, a abertura da Avenida Paulista (1891), e a construção do Viaduto do Chá (1892), que promoveu a ligação do "centro velho" com a "cidade nova", formada pela rua Barão de Itapetininga e adjacências. 
É importante lembrar, ainda, que logo a seguir (1901), foi construída a nova estação da São Paulo Railway, a notável Estação da Luz. 
Do ponto de vista político-administrativo, o poder público municipal ganhou nova fisionomia. 
Desde o período colonial São Paulo, era governada pela Câmara Municipal, instituição que reunia funções legislativas, executivas e judiciárias. 
Em 1898, com a criação do cargo de Prefeito Municipal, cujo primeiro titular foi o Conselheiro Antônio da Silva Prado, os poderes legislativo e executivo se separaram. 
O século XX, em suas manifestações econômicas, culturais e artísticas, passa a ser sinônimo de progresso. 
A riqueza proporcionada pelo café, espelha-se na São Paulo "moderna", até então acanhada e tristonha capital. 
Trens, bondes, eletricidade, telefone, automóvel, velocidade, a cidade cresce, agiganta-se e recebe muitos melhoramentos urbanos: como calçamento, praças, viadutos, parques e os primeiros arranha-céus. 
O centro comercial com seus escritórios e lojas sofisticadas, expõe em suas vitrinas a moda recém lançada na Europa. 
Enquanto o café excitava os sentidos no estrangeiro, as novidades importadas chegavam ao Porto de Santos, e subiam a serra em demanda à civilizada cidade planaltina. 
Sinais telegráficos traziam notícias do mundo e repercutiam na desenvolta imprensa local. 
Nos navios carregados de produtos finos para damas e cavalheiros da alta classe, também chegavam os imigrantes italianos e espanhóis rumo às fazendas, ou às recém instaladas indústrias, não sem antes passar uma temporada amontoados na famosa hospedaria dos imigrantes, no Bairro do Brás. 
Em 1911, a cidade ganhou seu Teatro Municipal, obra do arquiteto Ramos de Azevedo, celebrizado como sede de espetáculos operísticos, tidos como entretenimento elegante da elite paulistana. 
A industrialização se acelera após 1914 durante a Primeira Grande Guerra, mas o aumento da população e das riquezas, é acompanhado pela degradação das condições de vida dos operários que sofrem com salários baixos, jornadas de trabalho longas e doenças. 
Só a gripe espanhola dizimou oito mil pessoas, em quatro dias. 
Os operários se organizam em associações e promovem greves, como a que ocorreu em 1917, e parou toda a cidade de São Paulo por muitos dias. 
Nesse mesmo ano, o governo e os industriais inauguram a exposição industrial de São Paulo, no suntuoso Palácio das Indústrias, especialmente construído para esse fim. 
O otimismo era tamanho que motivou o prefeito de então, Washington Luis, a afirmar, com evidente exagero: 
"A cidade é hoje alguma coisa como Chicago e Manchester juntas".
 
Na década de 20, a industrialização ganha novo impulso, a cidade cresce (em 1920, São Paulo tinha 580 mil habitantes), e o café sofre mais uma grande crise. 
No entanto, a elite paulistana, num clima de incertezas, mas de muito otimismo, frequenta os salões de dança, assiste às corridas de automóvel, às partidas de foot-ball, às demonstrações malabarísticas de aeroplanos, vai aos bailes de máscaras, e participa de alegres corsos nas avenidas principais da cidade. Nesse ambiente, surge o irrequieto movimento modernista. 
Em 1922, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Luís Aranha, entre outros intelectuais e artistas, iniciam um movimento cultural que assimilava as técnicas artísticas modernas internacionais, apresentado na célebre Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal. 
Com a queda da bolsa de valores de Nova Iorque e a Revolução de 1930, alterou-se a correlação das forças políticas que sustentou a "República Velha". 
A década que se iniciava, foi especialmente marcante para São Paulo, tanto pelas grandes realizações no campo da cultura e educação, quanto pelas adversidades políticas. 
Os conflitos entre a elite política, representante dos setores agro-exportadores do Estado, e o governo federal, conduziram à Revolução Constitucionalista de 1932 que transformou a cidade numa verdadeira praça de guerra, onde se inscreviam os voluntários, se armavam estratégias de combate, e se arrecadavam contribuições da população amedrontada, mas orgulhosa de pertencer a uma "terra de gigantes". 
A derrota de São Paulo e sua participação restrita no cenário político nacional coincidiu, no entanto, com o florescimento de instituições científicas e educacionais. 
Em 1933, foi criada a Escola Livre de Sociologia e Política, destinada a formar técnicos para a administração pública; em 1934, Armando de Salles Oliveira, interventor do Estado, inaugurou a Universidade de São Paulo; em 1935, o Município de São Paulo ganhou, na gestão do prefeito Fábio Prado, o seu Departamento de Cultura e de Recreação. 
Nesse mesmo período, a cidade presenciou uma realização urbanística notável, que testemunhava o seu processo de "verticalização": a inauguração, em 1934, do Edifício Martinelli, maior arranha-céu de São Paulo, à época, com 26 andares e 105 metros de altura! 
A década de 40 foi marcada por uma intervenção urbanística sem precedentes na história da cidade. 
O prefeito Prestes Maia colocou em prática o seu "Plano de Avenidas", com amplos investimentos no sistema viário. 
Nos anos seguintes, a preocupação com o espaço urbano visava basicamente abrir caminho para os automóveis, e atender aos interesses da indústria automobilística, que se instalou em São Paulo em 1956. 
Simultaneamente, a cidade cresceu de forma desordenada em direção à periferia, gerando uma grave crise de habitação, na mesma proporção, aliás, em que as regiões centrais se valorizaram, servindo à especulação imobiliária. 
Em 1954, São Paulo comemorou o centenário de sua fundação com diversos eventos, inclusive a inauguração do Parque Ibirapuera, principal área verde da cidade, que passou a abrigar edifícios diversos projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer. 
Nos anos 50, inicia-se o fenômeno de "desconcentração" do parque industrial de São Paulo, que começou a se transferir para outros municípios da Região Metropolitana (ABCD, Osasco, Guarulhos, Santo Amaro), e do interior do Estado (Campinas, São José dos Campos, Sorocaba). 
Esse declínio gradual da indústria paulistana, insere-se num processo de "terciarização" do Município, acentuado a partir da década de 70. 
Isso significa que as principais atividades econômicas da cidade estão intrinsecamente ligadas à prestação de serviços, e aos centros empresariais de comércio (Shopping Centers, Hipermercados, etc). As transformações no sistema viário vieram atender a essas novas necessidades. 
Assim, em 1969, foram iniciadas as obras do metrô na gestão do prefeito Paulo Salim Maluf. 
A população da metrópole paulistana cresceu na última década, de cerca de 10 para 16 milhões de habitantes. 
Esse crescimento populacional veio acompanhado do agravamento das questões sociais e urbanas (desemprego, transporte coletivo, habitação, problemas ambientais ...), que nos desafiam como "uma boca de mil dentes" nesse final de século. 
No entanto, como dizia o grande poeta da cidade , Mário de Andrade: 

"Lá fora o corpo de São Paulo escorre vida ao guampasso dos arranha céus"

História da Cidade de São Paulo
Em seus quase 450 anos de existência, uma pequena aldeia formada ao redor de um Colégio de Jesuítas, transformou-se em uma das maiores aglomerações do planeta: a Região Metropolitana de São Paulo. Com 39 municípios, e uma mancha contínua urbanizada de cerca de 1.700 quilômetros quadrados, a metrópole tem um eixo Leste-Oeste, que cobre mais de 80 km de extensão urbana!
No entanto, a cidade de São Paulo esteve contida durante os três séculos iniciais em seu sítio original, uma pequena elevação entre o Rio Tamanduateí e o Ribeirão Anhangabaú. 
O crescimento vertiginoso da "urbe" iniciou-se com a instalação da ferrovia Santos-Jundiaí, na segunda metade do século XIX. 
A posição estratégica da cidade, como passagem obrigatória entre o porto e as rotas de escoamento do café (então plantado em quase todo o interior paulista), levou à modernização radical de sua estrutura econômica e urbana.
O comércio se diversificou, atraindo todo tipo de atividade, como casas de câmbio e hotéis. 
E a área urbanizada se espraiou para atender ao rápido aumento de população, principalmente com a vinda de imigrantes estrangeiros, em sua maioria italianos, portugueses, espanhóis, sírio-libaneses, japoneses e judeus.
Na passagem do século XIX ao XX, a cidade já estava totalmente transformada. 
A partir dos anos 30, ao atingir um milhão de habitantes, a cidade assume um perfil de metrópole industrial. 
Começa a verticalização da área central, e a construção de vários bairros industriais e operários. 
A cidade continua espraiando-se de forma vertiginosa. 
O marco simbólico dessa metropolização acontece na comemoração do 4º Centenário da cidade de São Paulo, em 1954, sob o lema ufanista "São Paulo não pode parar".
Nas décadas seguintes, a vinda de população imigrante e migrante para São Paulo, acabou gerando a construção de bairros irregulares, nos espaços vazios do sítio urbano. 
Isso gerou uma estrutura totalmente caótica de cidade. 
Atualmente vivem em São Paulo mais de 10 milhões de pessoas, sendo quase 01 milhão em favelas. Por São Paulo trafegam quase 06 milhões de veículos diariamente.
Nesse milênio que se inicia, impõe-se um novo lema para a cidade: 
"É tempo de organizar". 
Os seguintes temas se fazem presentes: a implantação do Plano Diretor, aprovado em 13 de setembro de 2002; a melhora e integração das áreas centrais, com o estímulo à ocupação residencial, e à recuperação de seu papel simbólico; a urbanização das periferias, estendendo a essas áreas o padrão de urbanização necessário para se viver.
A questão das áreas verdes, da água e do lixo, entre tantas outras, deverá ser assumida com mais seriedade pelos administradores paulistanos. E de forma mais consciente pela sua população.
Décadas são uma unidade de tempo muita curta na "vida" das cidades... 
E as próximas deverão refletir se conseguiremos reverter ou não o quadro atual, fazendo de São Paulo uma cidade mais humana, bonita e solidária.  
A região onde se desenvolveu uma das maiores concentrações urbanas do planeta, foi predestinada por suas características naturais, relacionadas com a formação e o relevo do território onde se encontra.
A cidade está situada num enclave de terrenos sedimentares e planícies fluviais, chamado Bacia de São Paulo, em meio às formações rochosas do Planalto Atlântico, a uma altitude média de 750 metros. 
O sítio é separado do litoral pelas escarpas da Serra do Mar, ainda hoje uma formidável barreira para as ligações entre as terras altas do Planalto, e as planícies costeiras. 
Entre as poucas possibilidades de travessia possível entre o litoral e o planalto em todo o Sudeste brasileiro, a que levava à Bacia de São Paulo era uma das mais utilizadas. 
Do interior do atual Estado de São Paulo para o litoral, são também poucas as passagens favoráveis entre os conjuntos de serras dos Cristais, do Japi e da Cantareira, cruzando a Bacia de São Paulo para a descida da Serra do Mar. 
Da mesma forma, essa região era passagem obrigatória das ligações entre o Rio de Janeiro e as regiões Norte e Centro-Oeste, para as povoações ao sul do país, através do Vale do Paraíba. 
Essa localização peculiar, tornou a região um entroncamento dos múltiplos caminhos percorridos há milênios pelos povos primitivos que circulavam no território, estabelecendo um ponto estratégico natural de passagem e de encontros. 
No século XVI, o território paulista era ocupado por várias nações indígenas. 
Uma vasta rede de trilhas interligava a região dos Campos de Piratininga ao litoral, e ao interior do continente, chegando aos Andes e a Amazônia. 
A faixa litorânea era dividida por duas tribos do grupo Tupi-Guarani: os Tupiniquins, desde o extremo sul do Estado até a região de Bertioga, e os Tupinambás, entre eles os Tamoios, que controlavam desse limite até a região de Cabo Frio. 
Por volta de 1500 já era conhecida a existência de povoados no litoral sul do país, como Cananéia, presente em mapas europeus dessa época. 
A costa brasileira era então percorrida freqüentemente por navios de vários países europeus. 
Sabia-se de vários europeus vivendo entre os índios. 
Entre eles, encontravam-se dois comerciantes de escravos com grande influência entre os nativos: o Bacharel de Cananéia e João Ramalho.
Senhor da região de São Vicente, João Ramalho era casado com a filha do cacique Tibiriçá (em tupi, o principal da terra), cuja aldeia ficava serra acima, no planalto, aproximadamente a 70 km do mar. 
Trinta e dois anos após o desembarque de Pedro Álvares Cabral, tem início a colonização efetiva do país. 
Para o estabelecimento de engenhos de açúcar no litoral paulista, Martim Afonso de Souza travou diversos contatos com João Ramalho, resultando na fundação da primeira vila no Brasil, a Vila de São Vicente, em 1532.
Primeiro núcleo regular de colonização portuguesa no mundo, a Vila comunicava-se com o planalto por uma trilha indígena que passava por Paranapiacaba e Santo André da Borda do Campo, já no planalto, onde viviam João Ramalho e várias tribos tupiniquins e guaianases. 
O conhecimento de que a rede de caminhos do planalto, passando pelos Campos de Piratininga, levava ao rio Paraná e à terra dos Incas, no Peru, fez com que Martim Afonso promovesse a fundação do povoado de Piratininga, em 1533, num local próximo à aldeia de Tibiriçá.
Seu objetivo era inibir o acesso de portugueses ao local, e impedir seus habitantes de partir para o interior, uma iniciativa que confirma as características de "boca-de-sertão" dessa região. 
O povoado dispersou-se em pouco tempo. 
Em 1549, chega ao Brasil o padre Manoel da Nóbrega e, em 1553, o noviço José de Anchieta
Com os jesuítas, tem início a catequização dos índios, levando à criação de aldeias e colégios em diversos pontos da costa. 
Em 1554, buscando as povoações existentes nos Campos de Piratininga, sobem a serra pelo caminho conhecido posteriormente como Trilha dos Tupiniquins, um ramal do Peabirú, onde hoje passa aproximadamente a Via Anchieta, e instalam um colégio junto aos domínios de Tibiriçá, que os acolhe e ajuda.
O lugar escolhido é estratégico, numa elevação entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, garantindo proteção contra ataques, e ampla visibilidade dos caminhos que levavam até lá. 
Atualmente, o local é conhecido como Pátio do Colégio, e mantém parte da colina histórica preservada. A data oficial reconhecida para a fundação do Colégio, é a da conversão de São Paulo, 25 de janeiro, quando é rezada missa, e assumido o nome de "Colégio São Paulo de Piratininga", dando origem ao povoado que se formou ao seu redor. 
O povoado era constantemente atacado por índios hostis. 
Para fortalecê-lo, o governador geral Mem de Sá ordena a mudança da população da Vila de Santo André da Borda do Campo, onde vivia João Ramalho, para São Paulo de Piratininga
A vila era cercada por muros de barro socado, num processo conhecido como taipa-de-pilão, o qual delimitava o núcleo urbano, em meio às plantações e à mata ao redor. 
Em seu interior, a igreja tornou-se maior e as casas iam se multiplicando, construídas com paredes de barro e cobertas com folhas de palmeira, e posteriormente com telhas.
Uma população formada por índios amigos, colonos portugueses, e seus índios escravizados, padres e seus índios catequizados, consolidava a ocupação do local, com o traçado das primeiras ruas. 
No terreno elevado, de forma triangular, essas ruas ligavam o Colégio à aldeia de Tibiriçá, no atual Largo de São Bento, e aos caminhos que desciam aos vales em seu entorno, levando às lavouras.
Nesses primeiros e difíceis tempos, Tibiriçá colocou seus irmãos Caiubi e Piquerobi, estrategicamente aldeados nas regiões que hoje seriam Santo Amaro e São Miguel Paulista, visando a proteção da Vila. 
Em 1562, um grande ataque dos tamoios, apoiados pelo mesmo Piquerobi, arrasou com a Aldeia de Pinheiros e quase destruiu São Paulo de Piratininga. 
Foram necessárias várias gerações, com miscigenação de portugueses e índios, para que se formasse o primeiro paulista autêntico, o mameluco
Sem ele seria impossível a grande aventura dos bandeirantes, que circularam pelo sertão brasileiro durante todo o século XVIl.
Os bandeirantes trilharam os caminhos indígenas, que ligavam São Paulo ao continente, durante todo o século XVII, na busca de índios para as lavouras dos colonos, para vendê-los nas capitanias do nordeste, ou ainda na busca das sonhadas minas de ouro e prata, escondidas pelo interior da colônia.
Pelo sul, pela trilha Peabirú que os Jesuítas chamavam São Tomé, os bandeirantes entravam pelo Paraná e daí para a região do Guairá, onde os índios guaranis eram capturados nas reduções dos jesuítas espanhóis.
Ao norte, avançando pelo Vale do Paraíba, até a Garganta do Embaú, a única passagem pela serra da Mantiqueira, os bandeirantes atingiram as regiões de São João Del Rey, Ouro Preto e Sabará, onde descobriram ouro em tal quantidade, que teve início um novo período econômico na colônia. 
A descoberta atraiu portugueses e aventureiros de todo o Brasil, para a ocupação da região das minas. Logo os paulistas foram expulsos, na Guerra dos Emboabas.
Outras expedições foram organizadas para o nordeste, seguindo a trilha dos Caiapós
Estas expedições levaram à descoberta das minas de ouro de Goiás e, na direção oeste, às minas de Cuiabá.
Para São Paulo, esse período teve duas consequências: uma ampla rede de vilas se formou no planalto, com acesso a partir da vila original; e houve um esvaziamento temporário da região, em função da febre do ouro, que tomou conta de seus habitantes. 
Após a derrota, São Paulo voltou a se tornar uma capitania independente, separando-se do Rio de Janeiro, ao qual tinha sido anexada.
Com a derrota e a perda do controle das minas, os paulistas passaram a abastecer a região das Minas Gerais com comida, produtos de suas lavouras, e outros bens, dando início a um período caracterizado pelo constante movimento de tropas de mulas por todo o território nacional, o tropeirismo.
Levando animais para uso nos pólos de mineração, e mesmo para os engenhos do nordeste, os tropeiros cruzavam o Brasil. 
As viagens seguiam desde o Rio Grande do Sul, onde mulas e muares eram encaminhados para comercialização na feira de Sorocaba, e então distribuídos para seus destinos. 
Nessas viagens, as rotas tropeiras iam estabelecendo pousos para descanso e troca de montarias, além de pernoite para os viajantes. 
Com o tempo, esses pousos se transformaram em núcleos de várias cidades, em todo o território paulista.
São Paulo era a passagem obrigatória das tropas de mulas vindo de Sorocaba com destino para Minas, Rio de Janeiro e nordeste brasileiro. 
Elas avançavam pela várzea do Tietê e desviavam para a cidade no Caminho do Guaré, onde ficava o Convento da Luz, e entravam pelo vale do rio Anhangabaú até o ponto onde hoje está a Praça das Bandeiras (o Piques)
Por volta de 1822 (época da Independência do Brasil proclamada em São Paulo), o café que cobria a região fluminense desde o século anterior, avança para território paulista, pelo Vale do Paraíba. 
A cultura cafeeira tomará praticamente todo o Estado nos 100 anos seguintes, criando a base de riqueza que permitirá o rápido e espetacular desenvolvimento da cidade, nas últimas décadas do final do século XIX.
A necessidade de escoamento da quantidade crescente de sacas de café, levou à implantação das estradas de ferro, primeiramente com a ligação fundamental do porto de Santos a São Paulo e, daí, às zonas produtoras. 
A São Paulo Railway foi inaugurada pelos ingleses em 1867, e mantida com o monopólio do acesso ao Porto até a construção de um ramal da E.F. Sorocabana, no século seguinte.
Através de investimentos de grupos privados de grandes fazendeiros, as ferrovias transportavam a produção para o Porto, enquanto traziam novidades e produtos estrangeiros para todas as cidades onde passavam. 
A partir de 1900, as ferrovias assumem um papel precursor na ocupação do extremo oeste do Estado, com suas estações funcionando como origem de muitas cidades, então denominadas "ponta-de-trilhos".
A cidade de São Paulo, ponto de passagem obrigatório para a descida da serra e para o embarque do café para o exterior, se integra ao novo ciclo econômico, sediando Bancos, escritórios comerciais e casas de exportação, ampliando seu comércio e serviços, e iniciando grandes transformações urbanas.
Em pouco tempo, São Paulo abandona seu perfil colonial estagnado. 
Ocorre uma renovação arquitetônica, seguindo padrões europeus, e a vida urbana da cidade entra em crescente agitação. 
A ocupação da região centro-oeste do Estado, a partir de 1850, levou a iniciativa governamental de utilização de mão-de-obra imigrante, em substituição aos escravos negros, que até então eram utilizados maciçamente nas lavouras.
A partir de 1870, o movimento de chegada de imigrantes torna-se intenso, atingindo o número de 2,74 milhões de estrangeiros em 1914, em grande parte italianos, espanhóis e alemães. 
Eles eram destinados às plantações de café, que então tomavam todo o Estado de São Paulo.
As duras condições encontradas pelos colonos imigrantes, levaram a uma crescente procura pela vida nas cidades, o que irá provocar o desenvolvimento de muitos núcleos urbanos formados nas regiões produtoras de café. 
Como capital, em pleno surto de desenvolvimento, São Paulo tornou-se pólo de grande número desses imigrantes, atraídos pelas inúmeras oportunidades que então se ofereciam. 
A cidade reflete de imediato essa situação, com a expansão urbana através de diversos bairros, alguns marcadamente identificados pelas comunidades neles predominantes, como os italianos no Brás e Belenzinho, os judeus no Bom Retiro, entre outros.
São Paulo amplia sua área urbanizada, e moderniza sua área central, incorporando diversos edifícios públicos monumentais, com o advento da República. 
Tem início um processo de expansão de sua área urbanizada, através do retalhamento das chácaras em seu entorno, para a implantação descontrolada de loteamentos por toda parte. 
As exportações crescentes de café, levaram a capitalização de recursos que permitiram a formação das primeiras indústrias de São Paulo, também favorecidas com o excesso de mão-de-obra imigrante disponível. 
Implantadas ao longo dos terrenos das várzeas dos rios, por onde passavam as ferrovias, as fábricas irão criar o novo perfil urbano e econômico da cidade, acelerando seu crescimento, e ampliando a infra-estrutura de transportes e energia.
O processo de industrialização vai se acelerar nos anos 30, com a crise do café, em função da quebra da Bolsa de Nova York, consolidando sua importância na economia paulista. 
As ferrovias passam a articular uma rede de subúrbios operários constituídos no entorno de suas estações, dando início a um processo preliminar de metropolização. 
A cidade amplia velozmente sua mancha urban,a atingindo os limites dos rios Tietê e Pinheiros, estruturada numa extensa rede de bondes elétricos, e melhoramentos urbanos diversos, principalmente em sua área central, em início de verticalização.
O Viaduto do Chá rompe a barreira do Vale do Anhangabaú, e promove a expansão de bairros de elite na parte nova da cidade, enquanto consolidam-se os bairros e vilas operárias, nas proximidades das fábricas. 
O automóvel se torna comum na cena urbana, transformando praças tradicionais e espaços públicos em áreas de estacionamento. 
Em 1954, São Paulo se coloca como uma das maiores cidades do mundo, e principal metrópole industrial latino-americana, abrigando por volta de 2,75 milhões de habitantes. 
A verticalização intensa da área central, e a velocidade de seu desenvolvimento urbano, eram motivo de orgulho para os paulistanos, que então viviam "na cidade que mais cresce no mundo".
A estrutura urbana tornou-se complexa, com a pressão do aumento tráfego de automóveis nas áreas centrais, induzindo a transformações radicais em sua malha viária. 
Com o Prefeito Prestes Maia, a cidade assume sua opção pelo rodoviarismo, implantando-se um anel de avenidas, que envolvem o Centro Histórico, e transformam o Parque do Anhangabaú em parte de um corredor viário, que cruza a mancha urbana no sentido Norte-Sul, ligando a Avenida Tiradentes com às recém-criadas avenidas 9 de Julho e 23 de Maio.
O Rio Tietê é retificado em seu percurso urbano, e recebe avenidas expressas em suas margens. 
Nesse ano a cidade ganha um de seus cartões postais, e símbolo expressivo de modernidade, o Parque do Ibirapuera. 
Preenchendo seus vazios internos com loteamentos aleatórios, a mancha urbana se adensa, cumprindo a frase ufanista da época "São Paulo não pode parar".
A cidade começa também a inchar em sua periferia, como resultado do intenso movimento migratório iniciado após os anos 30, principalmente dos estados do nordeste brasileiro. 
Nos anos 1960, inicia-se um processo de perda de qualidade ambiental, e dos padrões urbanos vigentes. A corrida imobiliária para o Centro Novo, do outro lado do Vale do Anhangabaú, relegou ao Centro Velho uma lenta deterioração. 
Esse processo continuou com o surgimento de novas centralidades, como a Avenida Paulista, a Avenida Faria Lima e, mais recentemente, a Avenida Luis Carlos Berrini, na zona sul da cidade.
Por outro lado, a instalação de um pólo industrial automobilístico na região do ABC, ampliou significativamente a migração de brasileiros para São Paulo, além de incrementar o uso do automóvel na cidade. 
A cidade possui hoje a taxa de 01 carro para quase 02 habitantes, numa população de 10 milhões de pessoas. 
O descaso com o transporte público, faz de São Paulo uma cidade constantemente afetada por congestionamentos, de enormes proporções.
A falta de qualquer tipo de controle para o crescimento, levou à invasão de áreas de mananciais, essenciais para o abastecimento de água da cidade, e à perda paulatina de áreas verdes, e espaços públicos. 
Um cinturão periférico de sub-habitações, abriga mais de um milhão de pessoas, ligadas por precários laços de infra-estrutura, com a cidade convencional.
A cidade de São Paulo encontra-se hoje em um fenômeno urbano específico: uma megalópole. 
A aglomeração de pessoas e problemas, compartilhados com os municípios reunidos ao seu redor, ultrapassa fronteiras estaduais. 
O preço desse gigantismo, aliado à falta de um planejamento urbano eficaz, é a perda de qualidade de vida para boa parte dos habitantes da cidade. 
Isso acaba se refletindo em uma série de questões, como os crescentes índices de violência urbana.
Essa situação foi criada ao longo do tempo. 
Apenas a sociedade pode iniciar o processo de transformação dessa realidade. 
É hora de organizar o espaço urbano, valorizando as áreas públicas de convivência, e de reestruturar o transporte público.
Assim, as várias cidades que compõem a Megalópole, precisam ingressar no novo milênio de forma equilibrada. 
Tanto a cidade mundial, que se articula on line com os demais centros financeiros do mundo, até as periferias mais afastadas, com suas precariedades e culturas de resistência, necessitam fundamentalmente de organização para a viabilização da cidade, como um lugar digno e justo para a vida de seus habitantes.

1- Bibliografia 
BRUNO, Ernani da Silva - Tradições e Reminiscências da Cidade de São Paulo. São Paulo, Hucitec/SMC, 3 vol., 1984. 
FAUSTO, Bóris - Trabalho urbano e conflito social (1890 -1920). Rio de Janeiro, Difel, 1977. 
MILLIET, Sérgio - Roteiro do Café e outros ensaios. São Paulo, Prefeitura do Município de São Paulo,1941 (Coleção Departº de Cultura, v.25). 
MORSE, Richard - De Comunidade à Metrópole. São Paulo, Comissão do IV Centenário da fundação de São Paulo, 1954. 
PORTO, Antônio Rodrigues - História Urbanística da Cidade de São Paulo (1554-1988). São Paulo, Ed. Carthago & Forte, 1992. 
SÃO PAULO (CIDADE) - São Paulo: Crise e Mudança. São Paulo, Prefeitura do Município de São Paulo /Editora Brasiliense, 2ª edição, s/d. 
TAUNAY, Afonso E. - São Paulo nos primeiros anos (1554 -1601). Tours, Imprenta de E. Arrault e Cia, 1920. 

2- Texto: Alcino Izzo Júnior, 2001. Revisão: Fabio de Paula, 2002.

Texto extraído de artigos da internet. 
Luciana Celestino dos Santos