Poesias

sábado, 25 de abril de 2020

VERTEDOUROS E SUMIDOUROS – MEMÓRIAS

Em distante paragem eqüidistante
Terra de lindos prados verdejantes
Cuja natureza estonteante,
Nos lembra da grandeza e magnificência da criação

Lindas borboletas a voejarem pelo local
Asas abertas, coloridas em detalhes, nuances de cores
Amarelas, marrons, azuis, laranjas,
Enfeitam os ares azuis, dos campos do lugar

Passarinhos coloridos também compõe a paisagem
Com suas penas coloridas, marrons, negras, azuis, amarelas, verdes
E suas lindas árvores floridas
Em suas copas imensas, repletas de flores,
Brancas, amarelas, laranja, rosa, roxas, vermelhas,
Em formatos de sinos, com pétalas variadas, dobradas, etc.
Rosas rubras a enfeitarem os caminhos de terra

Terra vermelha, levantando poeira ao sabor dos ventos
Ventos leves, ligeiros, ondejantes
Camélias perfumadas, de cores várias,
Primaveras com suas brácteas coloridas e brancas flores
Um colibri em pleno vôo a beijar as flores
Margaridas, crisântemos e girassóis, fazem par com as rosas

Ao longe, um rio refresca os arrabaldes,
Com suas águas límpidas e cristalinas
A nutrir suas margens de verde e de vida

Árvores ornam o lugar e servem de repouso e descanso aos passantes
Terra dos viandantes de outrora
Árvores frondosas enfeitam o passeio
Araucárias e pinheiros, flamboyant, entre espécies outras

Nos fundos das casinhas de madeira,
Um imenso pomar, repleto de árvores frutíferas,
Das mais variegadas espécies
Limões, laranjas, ramagens como pés de morango e de melancia, kiwi, maceiras,
Amoreiras, jaqueiras, jaboticabeiras, ameixeiras, goiabeiras, e de frutas exóticas

Palmeiras enfeitam os caminhos, assim como cocos verdes
Paineiras, primaveras, ipês de múltiplas cores
Lindas árvores e plantas, a comporem a paisagem
A frente a horta, com suas hortaliças
Cenouras, tomates, alfaces, agriões, beterrabas, brócolis, couve-flores,
Batatas, mandiocas, cebolas, nabos, rabanetes, etc.

Os condimentos vários, pimentas, especiarias e temperos
Seguindo o caminho, as plantações diversas
Cafezais, canaviais, trigais, milharais, arrozais, entre outros
Pés de feijão, algodoal, etc.
Até se chegar a uma mata original
Com amplos campos com gramados
Campinas verdes, quase sem flores

E o sol a brilhar nos campos
E caminhando se chega após longa caminhada,
Em um ponto de ônibus longínquo,
Erigido em ermas paragens,
Que os moradores usam, nas horas de precisão

E Lianor precisa utilizar com freqüência,
Pois estuda em uma faculdade da região
Lianor, humilde moradora do lugar
Habita a fazenda com sua família
Em uma casa mobiliada, feita de alvenaria
Ampla casa arejada, cercada por um amplo alpendre,
E rosas e flores por todos os lados,
Algumas trançadas por entre os balaustres da morada,
Como lágrimas de Cristo e corações sangrentos,
Além de brincos de princesas e damas-da-noite
Fazendo par com os passarinhos,
Que vem de manhã na janela de Lianor cantar

Pássaros cantores a entoar, os sons da natureza,
Coloridos e ruidosos, a serenata na janela da moça entoar
E Lianor, adormece ao som das melodias no aparelho de som
Geralmente sertanejas canções
E durante as tardes alegres, ouve o canto dos pássaros em sua janela
Enquanto estuda, pode ouvi-los animados,
Em reunião pelos ares, voejando e cantando,
Emitindo os mais lindos sons

A moça nas noites madrugadeiras,
Levanta-se espreguiçando-se de sua cama quente,
Pois tem que levantar na noite escura,
Tomar um banho e cuidar da vida
Vai estudar em outra cidade para seu futuro melhorar

Preguiçosa, levanta-se, banha-se
Toma um café rápido, arruma-se para ir estudar
Apressada, pega seu material, livros, cadernos, e papéis avulsos
Segue só, atravessando a ampla propriedade
Morada da família e lugar onde os pais e os irmãos trabalham
Lugar onde poucas gentes moram

E o fazendeiro, dono das terras a se perderem de vista,
Raramente por lá passa
É pena!
Por que o mesmo fica,
A perder a oportunidade de acompanhar um lindo espetáculo,
De cores, sons, formas e harmonias, magicamente combinados
Orlados num espetáculo de verde, vida e natureza!

Mas assim, a vida dos funcionários prossegue
E Adroaldo e os filhos na propriedade trabalham
Sua esposa Isaura, cuida da casa e do pequeno pedaço de terra,
Lindeiro ao imóvel,
Lá já existem algumas árvores frutíferas
Mas ela está a plantar outras espécies,
E Lianor acompanha o crescimento das plantas com curiosidade

Prendada, a mulher cuida da casa e cozinha boas comidas para a família
Bolos de fubá, de milho, bons almoços e jantares, entre outras iguarias
E Lianor, Adroaldo e os filhos, são só elogios, a mulher
Agradecida a Isaura diz serem apenas lisonjas

Licurgo, o filho mais velho, trabalha no manejo das máquinas,
Adroaldo é o administrador da fazenda,
Com efeito, os que ali vivem, trabalham todos, na propriedade
Trabalham na propriedade, amplo latifúndio
Onde os campos são arados com máquinas,
Que trabalham a terra e lançam as sementes ao solo
Nos tempos da colheita, máquinas outras, recolhem o fruto do chão
Em outras culturas, as plantações são feitas manualmente

Os funcionários da fazenda, cultivam seus próprios frutos
Em tempos outros, as famílias trabalhavam de sol a sol nas propriedades
Trabalho manual, cuidavam da terra, abriam buracos no chão e lançavam as sementes,
E colhiam tudo manualmente

As roupas eram lavadas a beira do rio,
Batidas na pedra
Trabalhos árduos de sol a sol
Algumas vezes acompanhados de canções
Isaura e Adroaldo lembravam destes tempos
Tempos de dificuldades,
Mas também de muitas imagens poéticas

Casas cheias de gentes, pais e muitos filhos
Agora o trabalho é quase todo mecanizado,
Com poucos operadores, trabalhando no manuseio das máquinas

Na fazenda, imensos silos armazenam os grãos,
Que serão ensacados e comercializados
Meio de vida dos habitantes do lugar

Lianor, linda campônia do lugar
Encaminha-se para a escola
A pé, segue os passos pela propriedade e pelos arredores
Caminha por entre videiras, laranjais, bananeiras as mais diversas, mangas
Pomar repleto de macieiras, tipos diversos de laranja, dentre frutos outros

Contempla a beleza dos caminhos de uvas, laranjas, maças, abacaxis, abacateiros,
Jaboticabas, jacas, mexericas, peras, jaboticabas, limões, ameixas, amoras, cerejas, etc.
Visita as plantações, passeando em meio as avenidas dos cafezais, variados,
O trigal, milharal, arrozal, canavial, algodoal,
Pés de feijões de vários tipos, entre outros grãos, as oliveiras, os pés de morango, etc.

O sol ainda não se fez presente
A manhã ainda não despejou seus primeiros raios solares, no chão de terra vermelha
E a lua se faz cheia, a dardejar seus raios de claridade
E acompanha a linda moça de tez branca,
Em sua caminhada pelo lugar
Entre os braços entrelaçados, segura papéis, livros e cadernos
E segue a moça, sozinha pelo lugar

A segurar uma lanterna em uma das mãos
Caminha pelo vale,
De longe avista serras,
Lindas montanhas verdejantes, entrecortando a paisagem
E no passeio avista vagalumes,
Pequenos pirilampos a brilhar
Arisca, Lianor caminha a toda velocidade pelo lugar

A fazenda ainda dorme, os campos dormem
Ao longo da caminhada, a noite e as estrelas começam a se dispersar
As densas brumas, envolvem a manhã,
Que começa a se apresentar
O sol começa a despontar seus primeiros raios
Dardos de luz aquecendo um pouco, a longa caminhada sombria
Cansada, ao chegar a beira do rio,
A moça resolve se sentar
Lianor, retira os sapatos especialmente usados para a caminhada
Senta-se a margem do rio, onde repousa os pés cansados,
Sentadinha nas raízes de uma árvore
Ao lado, deposita os materiais escolares

Para se refrescar, aproveita as águas frias, para molhar o rosto
Pudera, a bela camponesa, atravessara quilômetros de plantações,
Quilômetros de vales, de hortas, de verduras,
Pomares, pastos onde avista os animais
Os boizinhos e as vaquinhas a pastar,
Carneiros, ovelhas, etc.

Ao chegar no rio, com suas amplas áreas verdes,
Lianor avista passarinhos indo bebericar em suas margens,
Aves diversas a enfeitar as paragens
A certa altura, alheada de tudo,
Lianor envolve-se pela atmosfera do lugar
E permanece a contemplar o vôo dos pássaros,
O revoar das aves, as borboletas de asas coloridas, a margearem o rio
Em dado momento, percebendo-se distraída, levanta-se num só movimento
E apressada, coloca os calçados nos pés e recolhe os materiais
Neste momento, um vento leve revolve as folhas das árvores e das plantas
E as folhas avulsas, os papéis manuscritos de Lianor,
Dispersam-se pelo gramado
Ganham vôo e movimento,
Para desespero da moça que corre atrás dos papéis,
Na vã tentativa de recolhê-los

Entretetida em sua tarefa, a jovem não percebe que um estranho a observa
E com ela vai pouco a pouco,
Recolhendo as folhas avulsas, os papéis esparsos
A certa altura, ao buscar uma folha, Lianor percebe que alguém pegara algumas folhas
Neste momento, o estranho entrega-lhe as folhas faltantes
E Lianor esbaforida agradece ...
E apressada, começa a correr
Percebe que se não se apressar, perderá o ônibus
O moço, por sua vez, fez menção de perguntar-lhe algo,
Mas a moça não lhe deu tempo para se manifestar
E Lianor corre, cada vez mais apressada
Percorrendo os campos do lugar, avista árvores floridas,
E lindas flores a enfeitarem o passeio
Em algumas propriedades, caramanchões
Casas sólidas, bem construídas, bem diferentes das casinhas de outrora
Embora ainda simples, de madeira

E a moça corre, corre
Até que exausta se depara com as margens da rodovia,
Estrada de terra, revoada de vento vermelho
Poeira na estrada
Enfim chegara ao ponto de ônibus
Caminho comum, de todos os dias
Erma paragem de um sol de arrebol

Licínio por sua vez, ao se ver sozinho nos campos,
Resolveu ir cuidar de seu trabalho
O moço, funcionário da fazenda, opera uma das máquinas
E em sendo tempo de trabalhar
Era chegado o tempo da colheita de algumas culturas
E o moço tratou de seu trabalho cuidar
E a moça, ao chegar no ponto de ônibus da erma paragem,
Sentou-se exausta,
O coração batia apressado
Lianor cansada,
Sentou-se no abrigo de tijolinhos a vista, e banco de madeira pintado

Nos arredores não havia nada nem ninguém
Sentia-se chegada de uma terra do sem fim,
Fim das cidades, do mundo quase desabitado
Lianor respirava fundo

A certa altura, um homem da terra chega
Aflita, a moça pergunta-lhes as horas
E o prestativo senhor responde-lhe
Tranqüila, a campônia percebe que o ônibus ainda não passara
Ainda bem, pensou,
Não perdera a hora
E assim aguardou
Até que com meia-hora de atraso, o ônibus passou
E Lianor aflita, adentrou a condução,
Pagou a passagem e passou a catraca do coletivo

Em seguida sentou-se em um dos bancos do ônibus,
O qual estava praticamente vazio
O senhor que havia chegado depois, também adentrou a condução
E Lianor pegou os papéis avulsos e começou a lê-los
Recordou-se de suas histórias, suas redações, seus estudos

Relembrou-se dos primeiros dias na fazenda,
Quando seu pai e sua família estabeleceram-se no lugar
O homem era o administrador da propriedade 
Cuidava dos interesses do dono das terras

E Lianor queria estudar
Seu pai lhe prometera um carro,
Mas enquanto o carro não vinha, a jovem caminhava pela propriedade
Pegava o ônibus para ir à escola
Cursava faculdade
E assim, ficou a ler

Em dado momento, após ler diversos manuscritos,
A moça notou algo diferente
Um papel branco, com uma grafia diferente da sua,
Contrastava com suas folhas coloridas

No papel, algumas palavras contavam uma história
Era a história de alguém que gostava das coisas da natureza,
Nadava, pescava, caçava e plantava apenas o necessário para a subsistência,
Pintava a pele de cores vermelhas – urucum,
Bravo gentio da terra
Era a narrativa relativa a história de um índio que se tornara líder de sua tribo
E se unira a mais bela índia do lugar
Com ela constituiu família, gerando uma bela descendência,
Que aprendeu com as tradições de seu povo

E tudo ia bem,
Até que a cobiça e a sanha de um povo conquistador, a tudo devorou
As famílias foram separadas, pais e mães escravizados, filhos abandonados
Muito choro e tristeza, além de desolação
O fogo e as armas a tudo destruíram,
Índias foram violadas,
E a vida dos ingênuos índios, nunca mais foi a mesma,
Adoeceram com as doenças dos brancos, aceitaram seu escambo,
Troca de bugigangas, pelas riquezas da terra,
Suas madeiras, do qual era extraída vermelha tinta,
A qual servia para tingir as vestes dos nobres portugueses

E o indiozinho separado de seus pais,
Prometeu vingá-los, reconquistando a terra perdida
Nunca conseguiu realizar o intento,
Infelizmente ou não Hoje, terra habitada por seus descendentes
Que povoaram as paragens, construíram casas, cultivaram as terras
Erigiram pequena cidade

E era para lá que a moça iria se encaminhar
Para completar seu projeto de estudar
E assim o fez
Ao retornar da escola, o ônibus seguiu o mesmo caminho de fazendas,
Verde a se perder de vista por entre trigais, e outras culturas
Em ermas paragens, onde quase ninguém passava

E a moça, encantada com o escrito,
Prometeu que devolveria o papel ao estranho
Com isto, ao descer do ônibus
Caminhou a pé pelas terras, pelos campos
Passou por entre árvores frondosas e floridas, flores diversas,
Camélias perfumadas,
Caminhos de terra, muros de pedra
Bosques de árvores frutíferas, plantações, hortas, pastos
Mais tarde, caminhando mais um pouco pelo lugar,
Ficou a observar a paisagem

As máquinas colheitadeiras, tratores e outros equipamentos
Cansada, resolveu se dirigir até o rio para se refrescar
 Ao lá chegar, molhou o rosto,
Vindo a retirar os sapatos, mergulhando os pés na água
Distraída, ficou a observar o outro lado da margem,
Daquelas encantadoras paragens
Contemplou o vôo de uma borboleta com asas laranja
E a presença de algumas aves, que também passeavam por ali

Do outro lado da margem Licínio se aproximava
Cansado, sentou-se em um tronco de árvore
Com calor, molhou o rosto, vindo a beber um pouco da água do rio
Distraído, ficou a observar o entorno
E observando a natureza, as árvores, as flores, as aves e as borboletas,
O moço percebeu a presença de Lianor

A jovem, ao olhar novamente para o outro lado do rio,
Percebeu que Licínio acenava para ela
Surpresa, a moça devolveu a saudação, acenando para ele
Gesticulando, o rapaz pediu para a moça não se retirar
Apressado, o moço correu em direção a garota

Ao se aproximar, conversaram
Lianor disse-lhe que tinha algo para lhe entregar
Curioso Licínio perguntou então, do que poderia se tratar
A jovem explicou-lhe que estava de posse de seus papéis manuscritos
Licínio então fez então, ar de interrogação,
Para depois se recordar que no instante da ventania,
Estava a ler uns papéis,
Tratava-se de uma redação dos tempos de escola

Foi aí que o moço perguntou se era desses papéis que ela falava,
E Lianor respondeu-lhe afirmativamente
Nisto o rapaz, percebendo a falta de atenção,
Fez questão de se apresentar Licínio era seu nome, e era funcionário da fazenda,
Cuja ocupação era as máquinas operar

E Lianor, instada pelo moço, disse-lhe seu nome
Comentou que em outras paragens,
Estudava as artes e os engenhos dos cultivos de terras
Revelou que caminhava nas madrugadas pela fazenda,
Para no ponto de ônibus chegar
E com isto, poder estudar

Licínio elogiou-lhe a iniciativa,
Argumentando que o caminho não era fácil
Rindo, a moça dizia que o caminho de todos os dias, realmente se mostrava árduo,
Mas ao mesmo tempo, encantador
E assim, longamente conversaram
E Lianor recordando-se do papel,
Prometeu-lhe entregá-lo
Ajustados, combinaram novamente se encontrar
Naquelas margens, nas próximas vesperais

E assim combinados, o casal se despediu
No dia seguinte, a moça novamente madrugou
Por entre as paisagens caminhou,
Vindo a descansar da jornada na beira do rio
Despejou água no rosto,
Deixou a água colhida pelas mãos, correr pelo pescoço
Contemplou a paisagem
O sol começava a despontar seus primeiros raios dourados na paisagem
Ao longe, avistou a invernada
Era chegado o momento da despedida das caminhadas
O carro esperado, estava prestes a chegar
E Lianor já observava a paisagem com saudade
Pouco tempo depois, levantou-se num átimo
Recolheu seu material e prosseguiu na caminhada
Árvores floridas, flores diversas, compunham o caminho

E a jovem caminha, até o ponto de ônibus
Ao lá chegar, novamente acomoda-se
Torna a ler a redação do moço
O ônibus, novamente atrasado, chega
A moça adentra o veículo, paga a passagem, passa pela catraca,
Senta-se em um banco,
Contempla a paisagem
Passarinhos cantam

Alguém apressado chega, consegue entrar no coletivo, antes que parta
Lianor, a esta altura, ocupava-se de seus escritos
Qual não foi sua surpresa,
Quando ao levantar o rosto, percebeu a presença de Licínio,
Espantada, perguntou-lhe o que fazia ali
E o moço respondeu-lhe que precisava ir para outra cidade,
E que como seu carro estava com problemas, optou por ir de ônibus
Lianor indagou sobre o encontro no rio
E Licínio respondeu-lhe que deveria estar lá, na hora determinada

Nisto a moça vasculhou seus pertences,
Até encontrar os papéis brancos, com caligrafia caprichada
Estendeu os papéis avulsos ao moço
E Licínio sorrindo,
Comentou que se tratava de uma redação que redigira no colegial
Curioso, perguntou a moça se havia lido o texto
Lianor respondeu-lhe que sim
Insistindo no assunto,
Licínio indagou se a jovem gostara do que lera
Sorrindo, Lianor respondeu afirmativamente
O rapaz disse-lhe então, que se havia gostado, poderia ficar com a redação
Mas Lianor, argumentando que não poderia ficar com algo que lhe era tão caro,
Respondeu-lhe que ele poderia escrever um texto para ela
Licínio rindo, concordou
Mencionou que a moça era deveras caprichosa

E assim, enquanto o ônibus trafegava,
Licínio conversava com a jovem,
Que sorria de tudo o que o moço falava
Ao chegarem na cidade,
Licínio acompanhou a garota até a entrada da Universidade

Á tarde, a moça encaminhou-se ao rio
Lá encontrou o rapaz atirando pedrinhas na água
Estava do outro lado do rio, na outra margem
E novamente acenou-lhe, sinalizando para aguardar
Correndo, Licínio chegou rapidamente perto da moça
E andando pé ante pé, aproximou-se lentamente,
Cobriu os olhos de Lianor com as mãos

A garota então, tocando as mãos com seus dedos,
Fez com que Licínio tirasse as mãos de seu rosto, e virando-se para ela,
Perguntou-lhe por que havia demorado tanto
Lianor respondeu que não havia tardado, ele que havia se adiantado
Licínio riu
E rindo, ficaram a conversar
De mãos dadas caminharam

No baile da fazenda valsaram
E lá se beijaram
Namorados se tornaram
Naquela mesma noite, uma bela redação o moço lhe apresentou,
Narrando os encontros e desencontros do casal,
E a bela valsa dançada,
Tendo como testemunha uma serra contornada de luar,
Lindo cenário adornado pelo vestido longo e florido da moça

Licínio retirou duas folhas de papel dobradas,
Manuscrito em letras caprichadas,
Timidamente, passou a ler o texto
Lianor ouviu comovida a redação,
Elogiou a beleza da narração,
Abraçaram-se,
Lianor beijou o rosto do moço ...

A sorte mudou
De repente, as coisas mudam de lugar,
E quem perdeu, pode ganhar

E as estrelas da noite, tremeluziam, fugidias
Lua e estrelas, a faiscarem no firmamento
Belas palavras, escrita em muros das cidades
Canções verdadeiras!

E o rio com suas vertentes, mostra seus vertedouros
No sumidouro dos espelhos da verdade,
Onde os enganos se ocultam,
E a verdade se revela Memórias, de uma linda história
História que nunca termina
Pois tantas outras há que se repetem,
Nestes dias vários
Com personagens diversos,
Histórias muitas, histórias mesmas
Memórias de nós todos, vivências de todos nós!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

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