Poesias

sábado, 11 de abril de 2020

...E A CHUVA QUE CAÍ - CAPÍTULO 4- VERSÃO OFICIAL

Todavia, cumpre salientar, que essa mesma história, também narra a vida de uma outra família que lutou para sobreviver, nas primeiras décadas do século passado, na aludida região.
Eram igualmente pessoas simples que inicialmente trabalharam em terras alheias, até que decidiram rumar em direção ao interior do estado de São Paulo.
Essa outra família, também trabalhava duramente para sobreviver.
Seus filhos, igualmente pobres, tiveram ao menos a oportunidade de também freqüentarem a escola.
Caminhando por léguas, conseguiam chegar até o grupo escolar, e juntamente com crianças das mais diferentes idades, estudavam e aprendiam coisas novas.
Descalços, por não terem dinheiro para o sapato, caminhavam bastante para conseguirem estudar. Estudar ao menos um pouco, por que naquela época somente quem tinha dinheiro conseguia fazer com seus filhos prosseguissem os estudos, ao menos naquela lonjura.
Sim, por que a região em que esta família vivia, era a região do Vale do Paraíba.
Nesta região, viviam muitas famílias de trabalhadores rurais.
Esta família, também o era.
Inicialmente, quando se instalaram em uma das inúmeras cidades da região, Juvenal e sua família, trabalharam nas terras de fazendeiros e sitiantes do lugar.
Como meeiro, Juvenal, conseguiu plantar alguns víveres para a sua subsistência, e a de seus familiares.
Contudo, como retribuição, tinha que trabalhar muito, cultivando as terras dos donos das propriedades.
Era um duro trabalho, mas de alguma forma valia a pena.
Tanto que quando ía se deitar, depois de um dia extenuante de trabalho, sentia-se satisfeito e dormia pesadamente.
Além disso, dormia cedo, por que, apesar do rádio, não havia luz no lugar.
Ademais, como todos os trabalhadores do lugarejo, precisava se levantar cedo para recomeçar a jornada de trabalho.
Nesse trabalho, seus filhos também o auxiliavam.
Contudo, precisavam estudar, e por isso, não ficavam o dia inteiro na roça com seu pai.
Porém, quando retornavam do grupo escolar, era hora de ir trabalhar.
E o trabalho era pesado.
Enquanto isso, a mãe ficava em casa, arrumando a casa e preparando o jantar.
Isso por que, quando todos voltassem do trabalho, estariam realmente famintos.
Por isso, mesmo tendo pouco a oferecer, procurava preparar, com todo o cuidado, a comida que iria servir aos seus familiares.
E assim, as horas se passavam, tranqüilas e rotineiras, sempre lhes lembrando do trabalho que tinham que cumprir.
Contudo, apesar das dificuldades, eram pessoas relativamente felizes.
Tanto que quando chegavam em casa, procuravam logo se lavar, dada a sujeira que estavam em razão de um longo dia de trabalho.
E faziam isso depressa, por que queriam logo jantar.
Nisso, com passar do tempo, Juvenal passou a trabalhar como administrador em uma outra propriedade rural.
Como funcionário de confiança, possuía alguns privilégios que os colonos que viviam naquelas terras não possuíam.
Estes, coitados, viviam na mais absoluta miséria.
Já Juvenal como retribuição pelo bom trabalho que fazia, tinha sempre a mesa farta e algum conforto.
Sua família vivia em uma casa ampla e arejada, a vida era boa, e as crianças estudavam.
A certa altura porém, cansado de trabalhar para os outros, o homem decidiu juntar suas economias e comprar uma pequena porção de terra.
E assim a família passou a viver do que plantava.
Da dura rotina de trabalho.
Quando sobrava algum tempo livre, as crianças, aproveitando para curtir um pouco a infância perdida, ao tomarem banho de bacia, aproveitavam para jogar água uns nos outros.
Depois de dias sem tomarem banho, precisavam se limpar.
Isso por que, estavam todos imundos.
Uma vizinha ao ver as crianças em tão lastimável estado, chegou até a comentar com a mãe dos garotos.
Onde já se viu, crianças tão imundas? A senhora não manda eles tomarem banho não? Pois saiba que se fossem meus filhos, eles não estariam nessa imundice toda. Nossa! Credo! Como estão craquentos!
Mas Dona Rute dava de ombros.
Afinal de contas, vivendo naquele lugar, já estavam mais do que acostumados, a tomar banho uma vez por semana.
E para eles, era mais do que o suficiente.
Porém, voltemos ao banho das crianças, que desacostumadas do hábito diário, aproveitavam para se divertir, molhando o chão da casa.
A mãe sempre que via isso, ficava furiosa.
Afinal de contas, depois de passar o dia inteiro cuidando da casa, como podiam aquelas crianças, molhar todo o chão com água?
Assim, ao vê-los traquinando, ralhou com eles.
A bronca foi tão longa, que eles tiveram que parar de brincar.
Pararam também, por que sabiam que assim não o fizessem, fatalmente apanhariam da mãe, que estava furiosa.
E assim, a mulher chamou-lhes a atenção.
Porém, passado este pequeno incidente, as crianças terminaram o banho, vestiram-se e sentaram-se a mesa para jantar.
Estavam realmente muito limpos, tão limpos que agora finalmente podia se ver seus rostos, antes escondidos pela sujeira.
Agora não, de tão asseados, pareciam os filhos do patrão.
No entanto, apesar de limpos, mal podiam ver a hora, para a refeição.
O pai, ao ver que a mulher preparava o feijão, resolveu provar um pouco.
Para isso, pegou uma colher, levou-a até a panela, e tomou uma boa porção do caldo do feijão. Contudo, ao invés de colocar a colher na pia, devolveu-a novamente à panela.
Sua mulher, ao ver isso, ficou furiosa.
Por conta disso, ouviu poucas e boas.
-- Mas o que que é isso Juvenal? Eu fico por horas cozinhando, pro senhor fazer isso? Faça-me o favor.
Mas ele não ligava.
Quando então a mulher colocou as panelas de ferro sobre mesa, todos ficaram satisfeitos.
Finalmente poderiam jantar.
E comeram com gosto.
A comida, apesar de simples, estava ótima.
Diante disso, comeram regaladamente.
Em seguida, aproveitando que ainda era muito cedo para se recolherem, ficaram algum tempo conversando, e contando as novidades do dia.
Algumas vezes, quando era época de festejos, as famílias aproveitavam para além de conversarem, contarem causos curiosos, e cantarem um pouco de música.
Isso por que, alguns sertanejos tinham o dom da música.
Sabiam cantar lindamente.
Porém, nem todos era agraciados com uma voz sonorosa.
Muitos, desafinados só cantavam, pelo simples prazer de se lembrarem de suas músicas favoritas tantas vezes tocada no rádio.
Outros, sem coragem para cantarem com suas vozes terríveis, aproveitavam para arranhar um pouco das letras no violão.
Juvenal, era um desses rurícolas que sabia muito bem tocar um violão.
Mas era só.
Quando cantava, era uma tristeza.
Seus filhos e a esposa, percebendo que Juvenal não tinha pendores para o canto, pediam insistentemente, para que o mesmo só tocasse seu violão.
E assim, ficavam horas a fio, ouvindo boa música.
Ficar ali no alpendre, ouvindo as modas de viola da época, era algum muito bom.
Isso por que, por ser uma das poucas distrações daquela gente humilde, quando tinham a oportunidade de viver por alguns momentos aquelas músicas, era como se um mundo novo estivesse diante deles.
E era lindo ficar, pelo menos um pouco naquele mundo de sonhos.
Depois, iam dormir.
Em um quarto ficava o casal, e em outro as crianças.
Com isso, por serem muitas crianças, as mesmas dormiam muitas vezes, na mesma cama. Amontoadas, tinham que dividir com seus irmãos, as poucas camas que tinham.
Esse era o momento em que novamente se davam conta da realidade em que viviam.
Assim, antes de dormir, sempre aproveitavam para ir até o banheiro improvisado, que ficava fora da casa.
Isso por que, se tivessem vontade de ir até lá a noite, teriam um problema sério com a escuridão da paisagem, e o aspecto sombrio da mesma, o qual desde pequenos, sempre temeram.
E sim, andar a noite por aquele lugar, era realmente assustador.
Por isso, procuravam se prevenir.
Mesmo assim, algumas vezes, era inevitável que uma das camas amanhecesse molhada.
Rute, quando ía acordar os filhos e percebia o mal feito, ficava furiosa.
Porém, toda vez que perguntava quem havia molhado a cama, ninguém se atrevia a responder. Entrementes, não era difícil reconhecer o autor da façanha, já que a roupa do mijão, ficava impregnada de xixi.
Assim, por várias vezes, a mulher percebeu que geralmente, eram seus filhos menores quem faziam a porquice.
Por serem pequenos, não sabiam ainda se planejar e assim, amanheciam freqüentemente molhados. Todavia, esses episódios só aconteceram, enquanto os meninos ainda eram muito pequenos.
Depois, deixaram de fazer a lambança.
Mas enquanto algumas das crianças ainda fazia xixi na cama, isso foi um verdadeiro suplício de Rute. Afinal, com os lençóis molhados com urina fatalmente teria que lavar roupas.
E assim durante meses, todos os dias tinha lençol para lavar.
Dessa forma, qual não foi sua alegria quando as crianças cresceram.
Até por que, os pequenos, por terem esse péssimo hábito, passaram a ser alvo de chacota dos outros irmãos, que há muito tempo, já haviam passado desta fase.
Assim, quando Rute via as brincadeiras acontecendo, tratava logo de chamar a atenção dos garotos. No entanto, nem sempre isso resolvia a situação.
Isso por que, era só virar as costas, para que as gozações continuassem, e os pequenos ficassem chorando.
Mas enfim, um dia isso acabou.
E as noites que se seguiram, foram tranqüilas e secas.
Com isso, mais uma noite passou, e o céu, estrelado como sempre naqueles tempos, deu lugar ao dia, que começava a surgir.
A madrugada orvalhosa, umedecia as plantas, e tornava mais fria a madrugada.
Todavia, já era hora da família se levantar e se preparar para mais um dia de jornada.
Juvenal seguiria para a plantação e as crianças se preparariam para irem a escola.
E assim, mais um dia se foi.
Mais um dia de estudos, de trabalho, e de duros sacrifícios.
Mais um dia também de traquinagens e de confusões.
Isso por que, depois do trabalho, ao retornarem para casa, como sempre faziam, as crianças lavaram as mãos, os pés e o rosto.
Como não era o dia de tomarem banho, depois de realizarem essa limpeza rudimentar, sentaram-se à mesa e cearam.
Como era costume, a comida, feita em forno à lenha, era muito simples, arroz, feijão e um pouco de alface, que era cultivada nos fundos da casa.
Mas ainda assim, a comida era boa.
Dessa forma, depois de jantar, as crianças foram para o alpendre.
Mas Luzia, para ajudar a mãe, decidiu então, lavar os pratos, para depois se juntar aos seus irmãos. Rute até estranhou.
Ao ver o cuidado da filha ao lavar a louça, agradeceu a gentileza, mas disse que ela mesma guardaria os pratos e as panelas em seus devidos lugares.
Nisso, quando Luzia terminou sua tarefa, juntou-se aos irmãos.
Foi então que percebeu que uma briga, estava começando.
Por conta de uma divergência Adolfo, Lélio e Clementino, discutiam em razão de cada qual achar que estava certo, em relação a seu respectivo ponto de vista.
A ver a discussão, a reação natural de Luzia, foi perguntar o que estava acontecendo.
Porém, ao tentarem explicar seus motivos, um acabava impedindo o outro de concluir suas idéias e a briga recomeçava.
A certa altura, o volumes das vozes no alpendre já estava tão alto que até Rute, que estava na cozinha, ouviu tudo.
Ao chegar no alpendre, percebeu então, que os garotos estavam brigando, e Luzia inutilmente, estava tentando apartá-los.
Rute então, pegou um cabo de vassoura, e ameaçou lhes dar uma surra se a briga não se encerrasse. Adolfo e Lélio contudo, mesmo diante da ferocidade de Rute, insistiram em argumentar que a culpa da briga fora de Clementino.
Clementino então, revoltado com os irmãos, disse então, que não havia dado causa a nenhuma briga e que o motivo das desavenças dos dois era a rivalidade que eles tinham entre si.
E nisso a briga continuou.
Rute então, percebendo que não adiantava simplesmente falar, pegou o primeiro sapato que achou pela frente – já que sempre andava descalça –, e pegando os três no colo, surrou um por um.
Porém, não sem antes jogar longe, o cabo de madeira que trazia nas mãos.
Com isso, os três garotos foram dormir com o traseiro quente.
Pelo menos assim, a briga acabou.
Ademais, já era hora de todos se recolherem, e assim procederam.

Nestes tempos de confusões infantis, sempre que podiam, as crianças aproveitavam para aprontar. Apesar da severidade de Juvenal e de Rute, os meninos sempre que podiam, aproveitavam para escapar de seus olhares atentos, e iam se divertir longe da casa em que moravam.
Aproveitavam para escorregarem em folhas de bananeiras.
Em seus brinquedos improvisados, deslizavam em meio a barro e pedras.
Uma vez, ao realizarem a brincadeira, um dos meninos acabou se machucando.
Juvenal, ao ver Clementino todo machucado, ficou furioso.
Afinal de contas, quantas vezes já tinha avisado que brincar de escorregar era perigoso?
Por conta disso, todos tiveram que ouvir uma longa e severa bronca.
Chamados de irresponsáveis, inconseqüentes e destrambelhados, ouviram tudo calados.
Até por que, se dissessem alguma coisa, fazendo com que Juvenal interrompesse o discurso, fatalmente iriam apanhar.
Se o deixassem simplesmente praguejar, tudo ficaria na simples bronca.
E assim, permaneceram silentes.
Nisso, depois da bronca, Clementino finalmente teve seu ferimento cuidado por Rute.
No entanto, por conta da pancada sofrida, o mesmo ficou alguns dias afastado da lida, e da escola. Porém, quanto a escola não havia problema.
Isso por que, em razão de todos estudarem no mesmo grupo escolar, seus irmãos poderiam tranqüilamente lhe trazer, os assuntos que foram objeto de aula.
E assim, Clementino continuou estudando.
Nisso seus irmãos continuavam trabalhando na roça.
Nessa época, Luzia começava a ajudar sua mãe em casa, para desespero de Adalgisa, que ficava revoltada por ela ter de trabalhar na roça.
Isso por que, o trabalho na roça, era extremamente penoso.
Dia-após-dia tinham que trabalhar expostos ao sol.
Não bastasse isso, tinham que lidar com a enxada e com a terra, o que fazia com que o trabalho se tornasse ainda mais cansativo.
Arando e semeando, passavam horas, dias, cultivando a terra, para depois colherem o fruto de seu trabalho.
E para Adalgisa, que se sentia preterida por seu pai, esse trabalho lhe era ainda mais difícil.
Mesmo assim, Juvenal não a poupou dessa tarefa e assim, mais e mais ela passou a cuidar da roça. Enfurecida com a decisão de seu pai, passou a culpar Luzia por isso.
Freqüentemente, chegou a insinuar que Luzia era a queridinha da casa, por isso fazia o serviço mais leve.
Juvenal, ao ouvir isso, ficava furioso.
Por conta disso, inúmeras vezes deixou Adalgisa de castigo sem comer.
Todavia, sua atitude radical com relação a filha, não ajudava nem um pouco.
Pelo contrário, só fazia com que Adalgisa sentisse ainda mais raiva da irmã.
E mesmo Juvenal percebendo isso, nem por um momento parou de assim proceder.
No entanto, com o passar dos dias e com a melhora de Clementino, o mesmo voltou a trabalhar com a família.
Adalgisa, então, acreditando que agora passaria menos tempo na roça, ficou desapontada ao constatar que por ter trabalhado tão bem, passaria a ser o braço direito de Juvenal.
Com isso, passaria a ter menos tempo para estudar.
Isso a deixou irada.
Todavia, não ousou enfrentar o pai, já que era ele quem dava a última palavra.
Mas não deixou de guardar mágoa por sua atitude.
Por conta disso, nunca mais sua relação com a irmã, Luzia, seria a mesma.
O que não a impedia de acompanhar a irmã e os irmãos em suas incursões pela mata.
Certa vez, passeando em meio aquele ambiente, avistaram uma figura muito estranha, à uma certa distância.
Com ele vinha um cachorro, muito branco, que lhe devia fazer companhia.
Este homem estava cortando lenha em cima do que sobrara de uma árvore.
Estava absorto em seu trabalho.
Tanto que nem chegou a ouvir o barulho de passos.
Pois, qual não foi a surpresa das crianças, ao perceberem que, quanto mais se aproximavam do local onde o homem estava, com menos nitidez conseguiam observar o seu semblante.
Nisso, o homem, percebendo a aproximação, inesperadamente, sumiu.
Do nada desapareceu.
Desapareceu na frente de todos.
Parecia uma assombração.
As crianças, ao se darem conta disso, começaram a correr em desabalada carreira em direção a casa em que moravam.
Assustados, queriam chegar o quanto antes em casa.
E assim, correram. Correram, correram ...
Correram tanto, que chegaram extremamente cansados em casa.
Rute, então, ao ver nos olhos dos garotos, o quanto estavam assustados, resolveu perguntar-lhes o que havia acontecido.
Foi então que ouviu a resposta.
-- Foi uma assombração. – respondeu Adalgisa. – Uma assombração.
Mas Rute não se convenceu.
Para ela, era mais uma brincadeira dos meninos.
E assim, continuou seu trabalho.
Esta era a vida da família.
Quando as crianças não tinham que trabalhar na roça, aproveitavam para exercitar seu lado infantil e traquinavam um pouco.
Porém o faziam escondidos, já que se Juvenal os visse aprontando, fatalmente sofreriam uma admoestação.
Assim, todo cuidado era pouco.
Entrementes, nem tudo era traquinagem nesse reino infantil.
Algumas vezes, as crianças também aproveitavam para se divertirem nos festejos da cidade.
Isso por que, apesar de pobres, eram sempre convidados para as festas.
E lá se divertiam.
No entanto, quem mais se divertia, eram as famílias influentes do lugar.
Estas, aproveitando-se de suas posições na sociedade, sempre ficavam nos melhores lugares, saboreavam os melhores pratos, e ficavam com o melhor da festa.
Mas a família de Juvenal e Rute, assim como outras famílias humildes que haviam no lugar, também aproveitavam a festa.
Também dançavam se divertiam, e saboreavam alguns pratos.
Assim apesar das preferências, e de serem os últimos a serem servidos, ainda assim, conseguiam se divertir.
Nas festas juninas, fartavam-se de comer e apreciar os fogos em homenagem aos santos do mês.
Era realmente um espetáculo lindo de se ver, comentavam.
Dessa maneira, apesar de tudo, não tinham como não se divertirem e aproveitar.
Tanto que passavam semanas encantados, comentando os detalhes da festa.
Para eles, viverem alguns instantes em meio aquele idílio, era a materialização de um sonho.
Um lindo sonho que tinha dia e hora para acabar.
Mas que mesmo assim, era bom de ser sonhado.
Tão bom, que sempre que surgiam estas festas, a família fazia questão de aproveitar.
Na missa do galo – na época do Natal –, a meia-noite, todas as famílias compareciam à igreja para a celebração de um mistério da fé.
A cidade era enfeitada um lindo presépio em tamanho natural, onde todos os que desejavam, colocavam seus presentes e pedidos para um ano novo próspero e generoso para com todos.
Assim, enquanto a missa era celebrada – toda em latim –, os devotos católicos, davam mais uma vez, mostras de sua religiosidade.
Depois disso, a cidade confraternizava com todos, por mais uma bela data.
Novamente os fogos iluminavam a região e todos ficavam encantados com o espetáculo pirotécnico. Realmente, um espetáculo maravilhoso.
Algumas vezes, era feita uma procissão na cidade, para celebrar o nascimento do menino Jesus.
Essa procissão, sempre terminava na porta da igreja, quando então o padre, celebrava a missa.
Bons tempos aqueles, diriam alguns.
Mas ainda viriam outros, que mais tarde serão contados.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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