Poesias
domingo, 5 de abril de 2020
As Greves, e a Democracia
Ademais, houve greves operárias, no final dos anos 70 no Grande ABC paulista. As manifestações, vultuosas requeriam aumento de salário.
Com isso, o movimento se alastrou por São Paulo, Osasco e Campinas, só terminando em 27 de julho; até essa data, registraram-se muitos acordos entre empresas e sindicatos, beneficiando inúmeros trabalhadores.
Desta forma, tornaram conhecido em todo o país, o Presidente do Sindicato dos Metalúgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Ignácio Lula da Silva, o Lula.
Depois dessa manifestação, o Presidente Geisel assinou um decreto, proibindo manifestações grevistas.
O Brasil retomou relações diplomáticas com a China.
Em 1981, os militares linha dura tentaram barrar a distensão política.
Figuras ligadas à Igreja Católica, foram seqüestradas, e cartas-bombas estouraram, na sede de instituições democráticas.
Houve também, um atentado a bomba no Riocentro.
Episódio gravíssimo, conhecido como Atentado Terrorista do Rio Centro.
Em abril deste ano, duas bombas explodiram no Centro de Convenções do Riocentro, no show comemorativo do dia 1o de maio.
Milhares de jovens, assistiam a um festival de música.
Uma das bombas preparadas para o local, explodiu no interior de um carro Puma, e feriu gravemente o Capitão do Exército Wilson Machado, e matou o Sargento Guilherme do Rosário, ambos ocupantes do carro; a segunda explodiu dentro da casa de força do prédio, sem causar danos.
Foi instaurado inquérito para apurar responsabilidades, concluindo que o Capitão e o Sargento, teriam sido vítimas de uma bomba colocada entre a porta e o assento do passageiro, por grupos interessados em comprometer, agentes ou órgãos militares de segurança.
Após vários julgamentos, o caso foi arquivado em 1º de março de 1988.
Outra manifestação grevista ocorreu em 1979.
No dia seguinte ocorreu o assassinato de um operário, num confronto entre a polícia em um piquete, em frente a fábrica Sylvania, em Santo Amaro.
Metalúrgicos do ABC, região da Grande São Paulo, e de outras cidades do interior paulista, entraram em greve por aumento salarial, em 1º de abril de 1980.
O Ministro do Trabalho, Murilo Macedo, determinou a intervenção nos sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André; líderes sindicais foram presos, entre eles Luís Ignácio da Silva.
A greve terminou depois de um acordo com o Presidente Figueiredo.
Após vários julgamentos, os processos contra sindicalistas prescreveram.
Nesse ano, foi criada a CUT (Central Única dos Trabalhadores), instituída durante congresso sindical em São Bernardo do Campo, SP.
Ademais, cortadores de cana, entraram em greve por melhores salários, invadindo as cidades de Guariba e Bebedouro, no interior de São Paulo, promovendo tumultos e depredações, e incendiando um canavial.
O movimento foi reprimido por 300 soldados e, em consequência, uma pessoa morreu, e quarenta ficaram feridas.
Durante as eleições de 1982, ocorre as campanhas sobre as "Diretas Já".
A primeira manifestação ocorreu em São Paulo reunindo 10 mil pessoas.
Depois desta, surgiram outras manifestações em todo o país.
Em 1983, a primeira manifestação de uma frente suprapartidária, a favor das eleições diretas para a Presidência da República, aconteceu em São Paulo. Participaram o PT, o PMDB, o PDT e as Centrais Sindicais CUT, e o Conclat.
No ano de 1984, o movimento pelas eleições diretas para a Presidência da República cresceu, e grandes comícios se realizaram nas principais cidades do país.
Foi a partir daí que se adotou o slogan “Diretas Já”.
As Diretas Já, foram um movimento onde os jovens da década de 80 fizeram manifestações por todo o país.
Estes fizeram manifestações nas ruas, exigindo eleições diretas, só que estas só ocorreram no final dos anos 80.
Como fato marcante, houve um comício televisionado na Praça da Sé, em São Paulo.
No entanto, a Emenda Constitucional permitindo as eleições diretas, apresentada pelo Deputado Federal Dante de Oliveira, do PMDB de Mato Grosso, foi rejeitada na Câmara dos Deputados.
Ela recebeu 298 votos e era necessário 320 votos para sua aprovação, o equivalente a dois terços dos deputados.
A eleição do Presidente da República permaneceu então, nas mãos do Colégio Eleitoral.
O Candidato do PDS foi o Deputado Federal Paulo Maluf, que ganhou a indicação, disputando com o Ministro do Interior, Mário Andreazza, político mais ligado ao governo federal.
A Aliança Democrática, formada pela Frente Liberal, dissidência do PDS, e pelo PMDB, apoiou o nome de Tancredo Neves, numa chapa que tinha como Vice o Deputado José Sarney, até recentemente político importante do PDS.
Em 1985, Tancredo Neves foi eleito para Presidente da República pelo Colégio
Eleitoral.
Ele recebeu 480 votos, contra 180 de Paulo Maluf.
A eleição apesar de indireta, foi recebida com entusiasmo pela maioria da
população, que acreditava num novo tempo.
Mas, na véspera da posse, Tancredo foi internado às pressas com graves problemas intestinais.
Seu Vice, José Sarney, assumiu o cargo, a princípio interinamente e, após sua morte, em 21 de abril, de forma definitiva.
Os dissidentes do PDS criaram o Partido da Frente Liberal (PFL).
O governo Sarney começou a modificar a legislação autoritária herdada dos
governos militares.
Foi restabelecida a eleição direta para a Presidência da República, concedido o direito de voto aos analfabetos e foram legalizados todos os partidos políticos, incluindo o PCB e o PC do B.
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi recriado.
No final do ano, aconteceram eleições gerais para Prefeito.
No ano de 1986 foi lançado o Plano Cruzado para combater a inflação.
O cruzeiro foi substituído pelo Cruzado, os preços foram congelados, e os salários reajustados pela média dos últimos seis meses.
Até o final do mandato, o governo Sarney lançou mais três planos de estabilização, que não atingiram o resultado esperado.
Nas eleições de novembro, o PMDB ganhou todos os governos estaduais, exceto o de Sergipe, e a maioria das cadeiras da Câmara dos Deputados e do Senado.
Na década de 80, uma fantasma começou a assombrar os brasileiros: o crescimento da inflação.
Os mais velhos, com certeza se lembram da Alemanha no final da II Guerra Mundial, onde o dinheiro pra uma pequena compra, enchia uma sacola.
Em 1985, a inflação brasileira, atingiu 233,65%.
O ano de 1986 mostrou a mesma tendência.
Em janeiro, a inflação atingiu 16,23%.
Os trabalhadores tinham seus salários constantemente corroídos, apesar da prática de antecipações salariais e dos reajustes trimestrais.
Nessa situação, o Plano Cruzado, apareceu como uma esperança para a população.
No primeiro mês após o plano, a indústria e o comércio praticamente pararam suas atividades para efetuar reajustes.
Logo a seguir, ocorreu uma explosão de consumo, motivado pela estabilização dos preços, e do fim da correção monetária nas aplicações financeiras.
Esse aumento de consumo, no entanto, gerou ágio elevado em setores como o de automóveis, e desabastecimento de produtos como carne e leite.
Mas ainda não foi desta vez que a inflação foi domada.
Alguns planos depois, em junho de 1994, no mês anterior ao Plano Real, ela ultrapassou os 5000% acumulados em 12 meses.
Entre os anos de 1987 a 1988, os Deputados Federais e Senadores começaram a se reunir como Assembléia Nacional Constituinte, em fevereiro de 1987, e os trabalhos foram até 5 de Outubro de 1988, quando foi promulgada a Nova Constituição.
Entre as conquistas da Nova Carta estão a ampliação dos direitos individuais, e o fortalecimento das liberdades públicas, áreas que haviam sofrido grandes restrições na época do Regime Militar.
Neste mesmo ano, durante a elaboração da Constituição, uma dissidência do PMDB formou o PSDB (Partido da Social-Democracia Brasileira), com programa de perfil reformista.
Em 1989, acontecem as primeiras eleições diretas para a Presidência da República desde 1960.
O vencedor foi Fernando Collor de Mello, ex-Governandor de Alagoas, que derrotou no segundo turno das eleições Luís Inácio Lula da Silva, um dos fundadores do PT.
Entre as promessas de campanha de Collor estavam o fim da inflação, a moralização da política e a modernização econômica do país com a diminuição do papel do Estado.
Com relação a José Sarney, este assumiu em virtude do falecimento do então
Presidente Tancredo Neves.
Nesse governo foi criado o Plano Cruzado, que acabou não funcionando como o previsto, pois a inflação não se estabilizou.
Seu governo durou um ano a mais do que o previsto.
Nesse período também ocorreram greves como a da Companhia Siderúrgica Nacional e da Fábrica de Estruturas Metálicas de Volta Redonda (RJ), sempre por melhores salários e melhoria das condições de trabalho.
Tropas do Exército, e um batalhão da Policia Militar, ocuparam a Refinaria, e entraram em choque com os grevistas.
Morreram três trabalhadores.
Todas as categorias do serviço público federal interromperam o trabalho,
reivindicando reajuste salarial.
Sarney mandou cortar o ponto dos servidores, e no dia 29, duzentos funcionários, acamparam nos corredores do Ministério do Trabalho.
A greve só terminou quando o governo propôs um ajuste do salário.
Trabalhadores entraram em greve geral em todo o país, o que as Centrais Sindicais não aprovaram (CUT e a CGT), (Central Única dos Trabalhadores e o Comando Geral dos Trabalhadores).
A adesão não foi total.
Trabalhadores de Itaipu pararam de trabalhar, e vários acabaram feridos em choque, com as tropas do Exército que ocuparam a hidrelétrica; após um acordo salarial se encerrou o movimento.
Depois de encerrada a gestão do então presidente José Sarney, assumiu Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito por voto direto, depois de quase trinta anos.
Teria governado por cinco anos se não tivesse sido deposto por corrupção, (que aliás quase todos praticam, infelizmente!).
Houve uma manifestação dos conhecidos "caras pintadas" que acreditam tê-lo tirado do poder.
No ano de 1990, a primeira medida do governo de Fernando Collor, foi o lançamento do programa de estabilização da economia, que ficou conhecido como Plano Collor.
A inflação continuava crescendo: em fevereiro ultrapassou 70% e, nos quinze dias de março, atingira mais de 80%.
Entre as medidas estavam o confisco monetário, inclusive de contas correntes e poupanças, e o congelamento de preços e salários.
O plano não conseguiu acabar com a inflação, mas abriu caminho para uma recessão.
Em 1992, em abril, Pedro Collor, irmão do presidente Fernando Collor, denunciou o esquema PC, em entrevista à revista Veja.
Segundo ele, o amigo e tesoureiro da campanha eleitoral de Collor, Paulo César Farias, seria responsável por tráfico de influência e irregularidades, com o conhecimento do Presidente.
Isso levou à abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o escândalo.
Em seguida a revista "Istoé" publicou entrevista em que Eriberto França, motorista de Ana Acioli, secretária de Fernando Collor, confirmou a existência de depósitos feitos por empresas de PC Farias, em contas fantasmas movimentadas pela secretária.
As acusações, implicaram ainda mais o Presidente da República no escândalo, e, em outubro, após a Câmara dos Deputados ter aprovado a abertura do processo de Impeachment, Fernando Collor foi afastado da Presidência.
O Vice-Presidente, Itamar Franco, assumiu interinamente.
Em dezembro, Fernando Collor renunciou ao cargo, momentos antes de o Senado destituí-lo de suas funções, e suspender seus direitos políticos por oito anos.
Itamar Franco então, tomou posse definitivamente da Presidência.
No ano de 1993, como estava previsto na Constituição, foi realizado um plebiscito, para a escolha da forma e do sistema de governo no Brasil.
O resultado manteve o Regime Republicano e Presidencialista.
Em 1994, o Plano Real, novo plano de estabilização da economia, foi lançado em julho por Fernando Henrique Cardoso, Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco.
A moeda mudou de Cruzeiro Real, para Real e não houve congelamento de preços e salários.
Houve medidas para conter os gastos públicos, acelerar o processo de privatização das estatais, controlar a demanda por meio da elevação dos juros, e pressionar os preços, pela facilitação das importações.
No mesmo ano, Fernando Henrique Cardoso foi eleito para a Presidência da
República.
Um dos pontos fortes de sua campanha foi: ser apresentado com o idealizador do Plano Real.
Eleito no primeiro turno, Fernando Henrique foi apoiado pelo seu partido, o PSDB, e pelo PFL.
Em segundo lugar ficou novamente Luís Inácio Lula da Silva, um dos principais líderes do PT.
Entre os anos de 1995 a 1997, as principais medidas do governo Fernando Henrique Cardoso, estiveram ligadas à estabilidade econômica e às reformas constitucionais necessárias para atrair investimentos estrangeiros para o país.
Foi derrubado o monopólio em setores como petróleo, telecomunicações, gás canalizado e navegação de cabotagem.
Grandes empresas estatais, como a Companhia Vale do Rio Doce, foram privatizadas.
Em 1997, o governo concentrou grande parte de seus esforços, na aprovação da emenda que permitiu a reeleição dos ocupantes de cargos executivos.
Em 1998, nas eleições gerais, o Presidente Fernando Henrique foi reeleito para mais um mandato de quatro anos.
Um terço do Senado foi renovado, e foram eleitos também governadores, Deputados Estaduais e Deputados Federais.
Na área econômica, o governo encaminhou a Reforma da Previdência, privatizou as companhias telefônicas, e tomou duras medidas para enfrentar a crise, que se aprofundou no final do ano.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
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