Poesias
domingo, 5 de abril de 2020
Algumas Considerações
Uma característica do regime militar, é o fato de que cessam os direitos do cidadão, como o que ocorreu durante o regime militar pelo qual passamos recentemente, e durante o golpe de 1937 intitulado Estado Novo, (período de 1937 a 1945), onde foi decretado Estado de Sítio.
Em conseqüência disso, os sindicatos perderam sua autonomia e suas principais lideranças.
Foi em 1935, que tentaram realizar uma manifestação conhecida como Intentona Comunista que fracassou, e os principais líderes foram presos, e só foram libertados com o fim do Estado Novo, que também foi o ano em Getúlio foi deposto, e que ocorreu a manifestação chamada como Queremismo (queremos Getúlio Vargas de volta).
Sendo que isso não ajudou a superar seu desprestígio, e ele teve que sair do governo.
No período do Estado Novo, nem manifestações trabalhistas podiam acontecer. Realmente, na ditadura não se pode exercer a cidadania.
No início dos anos 60, o governo de Jânio Quadros já era fortemente influenciado pelos militares, que faziam pressão sobre os governantes antes mesmo da ditadura.
A ditadura propriamente dita só foi instalada em 1964, mas só a partir de 68 é que começaram a ocorrer as manifestações estudantis.
O governo tentou reprimir as manifestações, só que estas, de certa forma contavam com o apoio da população.
Nos anos 70 ocorreram as chamadas guerrilhas urbanas, movimento armado, com tendências de esquerda, que tinha carecterísticas do socialismo, (os chamados guerrilheiros urbanos).
Muitos foram torturados, mortos e enterrados clandestinamente.
Hoje os familiares dos mortos nas guerrilhas, estão recebendo
indenizações do governo.
Já faz algum tempo, num jornal foi mostrada a ossada de um
guerrilheiro urbano.
Pelo crânio, notava-se um afundamento da parte da frente do rosto, em
consequência do tiro que este levou.
Agora estão localizando os corpos dos guerrilheiros e, as famílias estão sendo
indenizadas.
Os corpos localizados são mandados para os seus familiares, que os enterram.
Para eles, é como se seus familiar tivessem morrido agora.
Muitos dos mortos do regime militar não foram descobertos, muitos corpos foram ocultados, e muitas pessoas desapareceram.
De certa forma, estão mortas, pois não foram localizadas até hoje.
Muitas atrocidades foram cometidas durante esse período, até mesmo pelos
manifestantes de esquerda.
Houve, durante um confronto com os estudantes de direita, a
morte de um estudante, sem contar outras formas incorretas de manifestar repúdio ao governo militar, com, inclusive outras mortes.
Estes, agrediram policiais em certas manifestações.
Alguns estudantes foram mortos enquanto almoçavam no Calabouço,
restaurante onde os estudantes de esquerda se reuniam.
Esse restaurante foi fechado depois do incidente.
Durante esse período, as manifestações de arte que ameaçassem os interesses
do governo, eram censuradas.
Nos anos 70 o cantor e compositor Taiguara, teve mais de quarenta músicas censuradas.
O período realmente foi de chumbo com muitas mortes, tiroteios, violência, não só em manifestações na cidade, como no campo também.
Em ambos os ambientes, foram cometidas muitas atrocidades.
O momento era cinzento, negro.
Foi um período difícil, de insegurança, instabilidade.
Período de grandes torturas, para quem caísse nas mãos da polícia.
Até panfletagem era proibido.
Quem fosse pego fazendo isso, era preso e torturado.
Esse é um momento que não deveria se repetir nunca mais.
Depois de um certo período, houve a chamada abertura política, mas só muitos anos depois deste regime ter feito tantas misérias.
Mas mesmo essa medida não trouxe de volta os mortos que se foram, nem apagaram as injustiças que foram cometidas.
Contudo a população passou ter uma certa tranquilidade.
Relativa é claro, tornando-se um pouco mais leve a ditadura.
Mas a ditadura de fato só acabou no final dos anos 80, depois de um longo
período de dominação.
Isso se equipara ao período do Nazismo na Europa, no qual as artes, manifestações artísticas promovidas e realizadas pelos judeus, foram destruídas e ocultadas.
Até grandes clássicos da música erudita foram destruídos, e muitas obras jamais serão recuperadas.
No regime militar, muitas músicas foram censuradas, peças de teatro também, inclusive novelas como a 1o versão de "Roque Santeiro" que se originou da peça "O Berço do Herói".
José Celso Martinez Correia organizou em 1967, uma peça teatral anarquista. No fim dos anos sessentas, foi instituído o palavrão no teatro.
Foi em 1968 que Chico Buarque criou a canção "Roda-viva", e montou uma peça teatral com o mesmo nome.
A polícia invadiu o teatro e espancou os artistas.
Em muitas dessas torturas, estudantes, artistas e intelectuais, eram
expostos as mais diversas humilhações.
Os policiais obrigavam o estudante a enterrar a cara na grama, e a ficar de quatro.
A população ficou chocada com essa violência toda.
Uma atriz de teatro foi obrigada a repetir a cena de sexo da peça com seu parceiro na frente dos torturadores.
Marília Pera teve que tirar a roupa, ser ofendida e ainda ser espancada por
policiais juntamente, com outras atrizes da peça, em participava.
E a violência não para por aí.
Não estamos querendo dizer com isso, que só na ditadura e em regimes autoritários acontecem atrocidades.
Mesmo em governos livres, a violência não se encerra em si mesma,
as agressões continuam, só que aí não vem só do governo, mas também da população.
A ditadura ocorreu em muitos países da América Latina, ocorreu na Espanha, enfim, não foi um fato exclusivamente brasileiro, e em nenhum dos países do qual ela fez parte, funcionou, e só foi usada como forma de manipulação. Ainda bem!
Deve se acrescentar que durante o golpe de 1964, as manifestações estudantis foram proibidas, colocadas na ilegalidade.
Afinal de contas a democracia relativa em que vivemos, foi a melhor forma de governo encontrada para se administrar um país.
Pode não ser uma democracia verdadeira, mas ainda assim nós temos liberdade de expressão.
Podemos criticar o presidente e não sermos punidos por isso.
Temos agora liberdade de expressão.
Ou seja, melhoraram um pouco as coisas no país.
A respeito da juventude politizada das décadas anteriores, e a nossa atual juventude que não liga para política, realmente o interesse por política diminuiu, não só entre os jovens.
As pessoas mais velhas também perderam seu interesse.
Naquela época muitas informações foram omitidas da população, hoje ainda não temos acesso a todas as informações, notícias são manipuladas ou omitidas pelos meios de comunicação.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
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