Poesias

domingo, 5 de abril de 2020

1969/ 1984


Antes de Médici assumir o poder em 1969, o país foi governado por uma junta militar, composta por vários ministros militares.
Nessa época, o Embaixador dos EUA no Brasil, foi seqüestrado por um grupo terrorista, que exigiu a libertação de presos políticos.
O governo aceitou as exigências e baniu os presos do país.
Sobre os jovens estudantes que participaram de manifestações no governo militar, muitos acreditavam que eles foram as vítimas do processo da ditadura.
Sim, realmente o foram, mas também fizeram coisas graves, como o assassinato de um estudante, na manifestação entre estudantes de esquerda e de direita, e a morte da esposa de um militante num acampamento (até os mesmos não sabem onde seu corpo está enterrado – isso por que, covardemente, depois do disparo acidental, com medo da reação da sociedade, resolveram esconder o corpo, enterrando-o em qualquer lugar).
Também mataram outras pessoas, e espancaram policiais.
Alguns militares foram mortos, por militantes de esquerda.
Ou seja, esses jovens também cometeram seus crimes.

No governo Médici foi adotado o slogan “Brasil,ame-o ou deixe-o”.
Foi nesse período que foi construída a Transamazônica, projeto que foi abandonado.
Nesse período que se teve o que se convencionou chamar de Milagre Econômico.
Período de abertura para multinacionais, que a partir daí, obtiveram condições favoráveis para a implantação de suas indústrias no país, devido principalmente, a limitação do ganho real do salário.
Com isso houve desequilíbrio na distribuição de renda, mas ainda assim houve um crescimento do “produto interno bruto” (PIB) que caracterizaram o Milagre Econômico.
Durante esse período a repressão foi feita de forma a desarticular as manifestações contra o governo.
A censura foi uma das formas de coerção, sem falar na repressão policial.
Sindicatos perderam sua autonomia e foram constantemente punidos por órgãos da repressão.
Os manifestantes passaram a agir na clandestinidade através da revolta armada
inspirada nas guerrilhas rurais e urbanas.
Foi daí que surgiram os chamados guerrilheiros urbanos.
Foi também nesse período que a repressão policial ganhou mais força, com o apoio, inclusive das Forças Armadas.
Com isso conseguiram desbaratar vários grupos guerrilheiros, onde muitos foram mortos, ou então mandados para o exílio.
Um desses grupos guerrilheiros era o de Carlos Lamarca, que foi um líder guerrilheiro, cassado e morto durante o regime militar.
Toda essa repressão portanto, era desproporcional e desnecessária, pois o
contingente reduzido de militantes, diminuía a cada nova leva de prisioneiros políticos, sendo que os militantes de esquerda nunca chegaram a ameaçar de fato a ditadura.
Se conseguissem levar a cabo o intento de fazer uma revolução na América Latina, não conseguiriam representantes suficientes para colocar em cargos políticos em todas as cidades do país.

No ano de 1974, Ernesto Geisel assumiu a Presidência.
Também General e gaúcho, ele foi o primeiro Presidente escolhido pelo Colégio Eleitoral, composto por membros do Congresso e delegados das Assembléias Legislativas estaduais.
Seu governo enfrentou dificuldades que indicavam o fim do milagre econômico: dívida externa alta, inflação e crise internacional do petróleo.
Isso ameaçou a estabilidade do Regime Militar.
O presidente iniciou então “lenta, gradual e segura” abertura política.
Travou nos bastidores, acirrada luta contra os militares de linha-dura, encastelados nos órgãos de repressão, e nos comandos militares.
Nas eleições de novembro, o MDB conquistou 59% dos votos para o Senado, 48% para a Câmara e ganhou em 79 das 90 cidades com mais de 100 mil habitantes.
Com isso, depois de Médici, veio o General Ernesto Geisel, que propôs abertura
política durante o fim do Milagre Econômico.
Ainda cometeu arbitrariedades, efetuando cassações, e impedindo o debate político, censurando os meios de comunicação.
Também tentou uma redemocratização, através da abertura política com reabertura do Congresso; revogação do AI-5; anistia aos exilados políticos; bem como a exoneração do Ministro do Exército – General Sylvio Frota militar da linha-dura que se opunha a abertura política, e fazia articulações para ser o sucessor de Geisel, na Presidência.
No ano de 1975, a linha-dura resistia à liberalização, e desencadeou uma onda
repressiva contra militantes e simpatizantes do clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Em outubro, o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado numa cela do DOI-Codi do 2º Exército, comandado por Ednardo D’Ávila Melo.
Sua morte foi grosseiramente apresentada como suicídio.
O fato provocou grande indignação em São Paulo, principalmente no meio da classe média profissional e da Igreja.
O Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns celebrou ato ecumênico na Praça da Sé, na capital paulista, assistido por dois rabinos e por um pastor protestante.
Milhares de pessoas comparecem, apesar das tentativas de bloqueio ao acesso.
Em 1976, o Presidente Geisel promulga a Lei Falcão, que impedia o debate político nos meios de comunicação.
A medida era reflexo do expressivo crescimento da oposição nas eleições parlamentares de 1974.
O MDB venceu novamente.
Em circunstâncias semelhantes às de Vladimir Herzog, foi morto o operário Manuel Fiel Filho.
Mais uma vez, a versão oficial foi de suicídio por enforcamento.
O Presidente, descontente, resolveu reagir e substituiu o Comandante do 2º Exército, por um General de sua inteira confiança, Dilermando Gomes Monteiro, que estabeleceu pontes de contato com a sociedade.
Cessou a tortura nas dependências do DOI-Codi, embora a violência da linha-dura não tivesse terminado.
No ano de 1977, intensificou-se o movimento da sociedade civil pela recuperação dos direitos democráticos.
Em abril, o governo colocou o Congresso em recesso por duas semanas e baixou o Pacote de Abril, que alterou as regras eleitorais para garantir a maioria do partido governista, a Arena.
Manteve as eleições indiretas para governador, criou a figura do Senador ‘biônico’, eleito indiretamente pelas Assembléias Legislativas estaduais, e aumentou o mandato do Presidente de cinco para seis anos.
O General linha-dura Sylvio Frota foi exonerado do Ministério do Exército, por suas manobras contra a transição democrática.
Em setembro, a Polícia Militar, liderada pelo Coronel Erasmo Dias, invadiu violentamente a Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, onde milhares de estudantes se reuniram para tratar da reorganização da União Nacional dos Estudantes (UNE), na ilegalidade.
Em 1978, garantida a maioria parlamentar da Arena, o Presidente Geisel enviou ao Congresso a Emenda Constitucional, que acabou com o AI-5 e restaurou o habeas-corpus.
O Executivo já não podia mais colocar o Congresso de recesso, cassar mandatos, demitir ou aposentar funcionários segundo seus critérios, e privar os cidadãos de seus direitos políticos.
Abriu-se o caminho da esperada normalização do país.
O MDB voltou a ganhar as eleições.
No campo econômico, o governo amargou os efeitos da crise do petróleo, da recessão internacional e do aumento das taxas de juros, que colocaram a dívida externa brasileira em patamar crítico.
Foram proibidas as greves em setores considerados estratégicos para a segurança nacional, como energia.
E acabou a censura prévia a publicações e espetáculos.
No mesmo ano, os sindicatos, começaram a se reorganizar, e Luís Inácio Lula da Silva, liderou, como Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, a primeira greve do ABC paulista desde de 1964.
Em 1979, o General carioca João Baptista de Oliveira Figueiredo assumiu a
Presidência.
O crescimento da oposição nas eleições, acelerou a abertura política iniciada no governo de seu antecessor.
Neste mesmo ano, sancionou a lei, que concedeu anistia aos acusados ou condenados por crimes políticos, e centenas de exilados começaram a retornar ao país.
Em dezembro de 1979, o governo modificou a legislação eleitoral e restabeleceu o pluripartidarismo.
Em 1982, foi aprovada a emenda que garantiu eleições diretas.
A Arena transformou-se no PDS (Partido Democrático Social) e o MDB acrescentou a palavra partido a sua sigla, transformando-se em PDMB.
Foram criadas outras agremiações, como o PT (Partido dos Trabalhadores), que surgiu de movimentos populares, com apoio de parte do movimento sindical paulista, o PDT (Partido Democrático Trabalhista), liderado por Leonel Brizola, e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).
A crise econômica agravou-se, e multiplicaram-se as greves, e os movimentos de protesto.
No campo, ocorreram as primeiras ocupações de terra para pressionar o governo a fazer a Reforma Agrária, num processo que levaria a criação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).
Os Sem-Terra, eram, e são os trabalhadores rurais sem-terra, que começaram a se organizar no sul do país, no final dos anos 70.
Essa época foi marcada por um grande êxodo rural, em conseqüência da modernização da agricultura.
As grandes fazendas produzindo cada vez mais soja, cultura que permite a mecanização, e deixou um grande número de bóias-frias, sem trabalho.
Não bastasse isso, a pequena propriedade rural, encontrava cada vez mais dificuldade para produzir.
Surgiram acampamentos de trabalhadores sem-terra, como a da Encruzilhada em Natalino (RS), onde dezenas ou centenas de famílias reivindicavam a Reforma Agrária e uma política agrícola voltada para o pequeno produtor.
No Paraná, na mesma época, nascia o Movimento dos Agricultores Sem-Terra do Oeste do Paraná.
Em 1984, surgiu uma nova organização nacional: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
Além da luta política pela reforma agrária e pelo fim do latifúndio, centrada nas invasões de terra, o MST passou também a organizar as famílias que recebiam terra, em cooperativas de produção.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.    

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