Poesias

sábado, 18 de abril de 2020

Os Principais Referenciais: Paranapiacaba: a origem do nome

Em 1907: a vila passa a se chamar Paranapiacaba
O termo vem da corruptela de pê-rá-ñái-piâ-quâba, que significa: "passagem do
caminho do porto do mar", de pê (superfície) e rá (encrespada), formando a palavra pê-rá (mar); ñái (porto); piá (caminho); quâb (passar), que com o acréscimo de a (forma no infinitivo a ação do verbo que significa passagem) – segundo o padre Luiz Figueira, em sua Arte de Gramática da Língua Portuguesa: "lugar de onde se vê o mar" ou "miramar", sendo a palavra decomposta nos seguintes vocábulos: parná (mar); apicac (ver); caba (sítio).
Paranapiacaba fica em Santo André – faz divisa com Santos (ao sul), Cubatão (oeste) e Mogi das Cruzes (norte), mas esta pequena vila se parece mesmo com a capital inglesa.
A aparência londrina pode ser percebida pela arquitetura vitoriana das casas, pelo fog (a neblina é constante) e também pela réplica do Big Ben.
Encravada na Mata Atlântica, com cachoeiras e muitas trilhas, a vila é uma boa
opção de passeios cultural e ecológico.
O lugarejo começou a surgir em 15 de maio de 1860, quando iniciou-se a construção da linha que ligaria as principais regiões produtoras de café, no interior do estado, ao seu terminal exportador, o pano de Santos.
Por iniciativa do barão de Mauá, a execução da obra e a concessão da ferrovia pelo prazo de 90 anos ficaram nas mãos dos ingleses, donos da São Paulo Railway Company.
A responsável pela construção da ferrovia, a São Paulo Railway Company, mais do que trilhos, deixou marcas no local: aspectos britânicos, principalmente na arquitetura.
Um exemplo é a velha estação do Alto da Serra, cuja torre lembra o Big Ben de
Londres.
A estação do Alto da Serra, com sua arquitetura de estilo vitoriano, foi desativada em 1977 e já estava em processo de demolição, quando foi parcialmente destruída por um incêndio em janeiro de 1981.
Dela, só restou a torre do relógio que, restaurada, foi integrada à atual estação.
Para quem vai a Paranapiacaba, vale conhecer o Museu Ferroviário, construído nos galpões que abrigaram os dois sistemas funiculares, desativados com a instalação, em 1974, de um sistema de tração mista denominado cremalheira.
O museu abriga o maior sistema funicular do mundo: a roda de inércia, movida a vapor, que puxava o cabo de aço de duas pontas.
Um veículo serra-breque acoplava-se a cada uma das extremidades do cabo e era o responsável por puxar ou frear a composição.
Veja também o Castelinho (1897), antiga residência do engenheiro-chefe da Railway, com estilo vitoriano.
Localizado no alto de uma colina da vila, permitia ao inglês observar os trabalhos no pátio ferroviário.
Atualmente, funciona no local o Centro de Preservação da Memória de Paranapiacaba, que reúne objetos e instrumentos de tralho da época dos ingleses.
Paranapiacaba também é procurada pelos adeptos de atividades ecoturísticas, como caminhadas, rappel, bóia-cross.
Paranapiacaba, em tupi-guarani, quer dizer: " Lugar de onde se vê o mar" era esta a visão que tinham os povos indígenas que passavam pela região rumo ao planalto.

A Vila começou a ganhar importância.
Até meados da década de 40, os moradores viviam como uma grande família.
A Vila era bem cuidada, com ruas arborizadas e casas pintadas.
Em 1946, terminou o período de concessão e todo o seu patrimônio foi incorporado ao Governo Federal.
Esse fato foi apontado pelos antigos moradores como o início de decadência da vila.
Em 1986, a Rede Ferroviária entregou, restaurados, o sistema funicular- máquina fixa a vapor que tracionavam as composições através de cabos de aço – , entre o 4° e o 5° patamar, e o Castelinho.
No ano seguinte, o núcleo urbano, os equipamentos ferroviários e a área natural de Paranapiacaba foram tombados pelo Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do estado de São Paulo.
Paranapiacaba, além de ter sido incluída entre os 100 monumentos mais importantes do mundo, pelo Word Monuments Fund – organização não governamental norte – que atua na área de preservação do patrimônio histórico –, é Núcleo da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo e integra a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida pela UNESCO como de relevante valor para a humanidade.

Calçada do Lorena – Estrada é o maior sítio histórico da região
A coleção de monumentos que existe no local, é o testemunho vivo de épocas e
comportamentos diferentes. A pavimentação, a primeira da América Latina, veio em 1926.
O sítio histórico Caminho do Mar representa a mais importante coleção de
monumentos histórico-culturais do Grande ABC, mesmo que uma considerável parte deste sítio fique em Cubatão.
Claro, a Vila Ferroviária de Paranapiacaba, criada a partir do final do século passado, é única em seu gênero.
A Capela do Pilar Velho, em Ribeirão Pires, erguida no início do século XVIII, é a marca religiosa mais importante e antiga do Grande ABC.
Mas os monumentos ao longo do Caminho do Mar são um testemunho vivo de épocas, estilos e comportamentos diferentes.
É nesse espaço que está a Calçada do Lorena, de 1792.
Dela escreveu ao governador Bernardo José de Lorena, idealizador da obra, a um estudioso da época, Frei Gaspar da Madre de Deus, que residia em Santos quando a estrada foi aberta e que tem o seu nome emprestado a uma das vias centrais de São Bernardo:
“Não havia de esperar o que nunca passou no pensamento de pessoa alguma que eu havia de ver (...) Uma ladeira espaçosa, calçada de pedras, por onde se sobe com pouca fadiga, e se desce com segurança.”
A Calçada do Lorena substituiu o primitivo Caminho do Padre José.
E foi substituída pela Calçada da Maioridade, aberta em 1841 na administração de Rafael Tobias de Aguiar.
Por causa da nova estrada, a Calçada do Lorena caiu no esquecimento.
Foi tomada pela mata.
Ganhou projetos de restauração, como o célebre Projeto Lorena, que São Bernardo apresentou em 1975.
Mas a Calçada só foi recuperada mesmo, num trecho de 1,3 quilômetros, no início dos anos 90, a partir do trabalho desenvolvido pela Eletropaulo.
Já a Estrada da Maioridade sobrevive.
É o Caminho do Mar em si.
Uma obra que foi reformada, reforçada e interditada várias vezes.
No seu início, era o caminho dos carros que transportavam mercadorias e que não podiam seguir pela Calçada do Lorena.
 Já no início deste século, a Estrada da Maioridade recebeu os primeiros veículos automotores que trafegaram na interligação Litoral-Planalto.
Nas décadas de 10 e 20 veio a modernização da estrada.
Arthur Rudge Ramos, que deu seu nome ao antigo Bairro dos Meninos, em São Bernardo, foi quem fez a primeira obra de fôlego de recuperação da via – afetada e esquecida por causa da passagem de trens da São Paulo Railway, que venceram outros trechos da serra.
Washington Luiz, presidente de São Paulo e futuro presidente da República,
determinou a construção dos monumentos ao longo da via, inaugurados em 1922, por ocasião das comemorações do Primeiro Centenário da Proclamação da Independência.
A imprensa da época traz farto noticiário a respeito.
O nome Caminho do Mar, em substituição ao de Estrada da Maioridade, surgiu em 1926, quando a via teve o trecho da serra pavimentado em concreto no governo Carlos de Campos, hoje, nome de rua no centro de Santo André.
Há uma placa no local que lembra esse acontecimento.

Tombamento veio em 1972
O conjunto dos monumentos ao longo do Caminho do Mar, foi tombado (preservado oficialmente), em 11 de agosto de 1972, abrangendo-se todo o sítio histórico – de 1 quilômetro ao longo de cada margem do Caminho, o que inclui o próprio Caminho do Mar e a Calçada do Lorena.
Outras datas mais recentes podem ser citadas:
26 de agosto de 1975, a Protur, empresa de economia mista sob a responsabilidade da Prefeitura de São Bernardo, fez a primeira apresentação oficial do Projeto Lorena, baseado em estudo acadêmico do arquiteto Benedito Lima de Toledo.
A obra nunca sairia do papel e a própria Protur foi extinta.
Aos 14 de fevereiro de 1982, foram abertos à visitação pública os monumentos Pouso Paranapiacaba, Padrão de Lorena e Rancho da Maioridade.
O restauro dos três bens havia sido iniciado em julho de 1979.
No 3 de janeiro de 1985, foi reinaugurado o Caminho do Mar.
6 de setembro de 1986, a Eletropaulo anunciou a restauração da Calçada do Lorena.
Em 3 de julho de 1992, foi concluída a restauração da parte serrana da Calçada do Lorena.
Pesquisadores da memória visitaram as obras em agosto daquele ano, quando da realização do II Congresso de História do ABC.
Entre os anos 70 e 90, vários deslizamentos interditaram a passagem de veículos do Caminho do Mar.
Sua restauração anunciada é mais uma tentativa de oferecer aos estudiosos e população em geral a convivência com um espaço histórico dos mais importantes para a própria história paulista e brasileira.

Os monumentos - Constituem-se:
Da Casa das Visitas, junto ao Rio das Pedras, projetada pelo escritório de
engenharia e arquitetura de Ramos de Azevedo, em 1926; Da Calçada do Lorena, com 1,3 quilômetros de restauração, construída em 1792 e substituída pela Estrada da Maioridade, hoje Caminho do Mar; Do Monumento do Pico, no ponto mais alto da Calçada do Lorena, edificado na década de 20 no local onde, anteriormente, existira um outro, construído em 1792 pela Câmara de São Paulo em homenagem ao Governador Lorena; Do Pouso Paranapiacaba, de 1922, também conhecida como Casa de Pedra.
Seu projeto é do arquiteto Victor Dubugras, com azulejaria do artista José Wasth Rodrigues.
Estes azulejos foram restaurados no início dos anos 80 pela família Sarasá, de São Bernardo: O Pouso Paranapiacaba simboliza a era do automóvel e ali modernistas como Mário de Andrade vinham recitar poesias nos anos 20.
Muita gente confunde, erradamente, é claro, o pouso com o local dos encontros amorosos de Dom Pedro I com a Marquesa de Santos; Das Ruínas no Caminho do Mar, logo abaixo do Pouso Paranapiacaba.
Constituem um antigo pouso, contemporâneo aos demais existentes ao longo da estrada; Do Pouso Circular ou Belvedere Circular, no quilômetro 45.
Fica no primeiro ponto onde a Calçada do Lorena cruza com o Caminho do Mar; Do Rancho da Maioridade, de 1922, outro projeto de Victor Dubugras.
Evoca a construção da Estrada da Maioridade e a visita da família real a São Paulo, em 1846; Do Padrão do Lorena.
Fica no segundo cruzamento da Calçada do Lorena com o Caminho do Mar. Igualmente projetada por Dubugras, com azulejos de José Wasth Rodrigues; Do Pontilhão da Raiz da Serra.
Marca a presença do Caminho do Mar nos campos de Cubatão; Do Cruzeiro Quinhentista, de 1922.
Como os demais, também evoca fatos alusivos à história das antigas vias de comunicação entre o litoral e o planalto.
Foi construído no ponto de encontro do Caminho do Mar com o Caminho do Padre José.

Memória na Serra
Do requinte dos azulejos portugueses à vista privilegiada do litoral sul paulista, o visitante do Caminho do Mar, antiga Estrada da Maioridade, irá se deparar com um pouco da história do país a cada quilômetro; a cada curva; a cada pouso.
Caminho do Mar vai virar estrada-parque – Dersa quer apoio da iniciativa privada para reativar a via, projeto prevê a construção de três pontes em trechos críticos Descer a Estrada Velha em um trenzinho, tomar um café ou almoçar em um restaurante construído em plena Serra do Mar e poder observar umas das 19 cachoeiras escondidas no meio da Mata Atlântica, nos 32 quilômetros de extensão e curvas que ligam a região à Baixada Santista.
O roteiro faz parte do projeto da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) para
transformar a Estrada Caminho do Mar ou SP – 148, fechada desde 1982 para o acesso de veículos, em uma estrada-parque – como a existente no Parque Yellowstone (Estados Unidos), famoso por abrigar na TV a turma do desenho animado do Zé Colméia.
“O primeiro passo para a criação do parque, que será viabilizado com o apoio da iniciativa privada, é a recuperação do trecho mais crítico, localizado na Serra, entre os quilômetros 43 e 49,5”, informa o Diretor de Operações Rodoviárias da Dersa, Mário Fiamenghi.
No projeto de recuperação da Estrada Velha, já em fase de licitação, três viadutos
serão construídos para substituir o traçado original da via, danificado pelas chuvas e pela erosão.
O custo da obra, que inclui drenagem, sinalização, recapeamento e colocação de defensas metálicas (barreiras), além de cinco pontos de contenção de encostas, está orçado em R$ 15 milhões.
A previsão é que comece em 60 dias e deva durar de quatro a seis meses.
Para o motorista que poderá eventualmente subir a Serra pela estrada a 40
quilômetros por hora e sem fazer ultrapassagens, quando a Dersa acionar o esquema 5x2 (descida pela Imigrantes e pista sul da Anchieta e subida pela pista norte da Anchieta), cinco pontos de observação serão construídos próximos aos prédios históricos no Conjunto do Parque Estadual da Serra do Mar.
Eles estarão no Pouso de Paranapiacaba, no quilômetro 43; no Belvedere Circular, no quilômetro 45; no Rancho da Maioridade, no quilômetro 46; na Calçada do Lorena, no quilômetro 49 e no Cruzeiro Quinhentista, no quilômetro 51.
“Com essa etapa encerrada, vamos procurar apoio de entidades como a Fundação Boticário, Fiesp, Varig, para estruturar o parque”, disse o engenheiro da Dersa. “Queremos apoio daqueles que se interessam em desenvolver atividades turísticas e culturais.”
A idéia é criar uma infra-estrutura como sanitários, restaurantes e áreas reservadas à alimentação, segurança, ambulância e um espaço com recursos audiviosuais para que estudantes e visitantes possam ter acesso à história da flora e fauna do local, por meio de vídeos.
“É uma estrada romântica que merece ser reativada e está intimamente ligada a nossa história. Sou totalmente favorável a sua volta”, disse Wlastermiler de Senço, professor de Engenharia de Tráfego da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), de São Bernardo.

Viadutos terão vão livre
Para a recuperação de três pontos críticos da estrada, situados no trecho da Serra, a Dersa optou por instalar três viadutos, desviando o traçado original sem prejudicar o projeto arquitetônico da via nos quilômetros 46,4; 47,8 e 48.
Os viadutos serão construídos sem pilares para permitir que o vão livre deixe escoar as águas do sistema natural de drenagens, sem causar danos à pavimentação da via.
“O processo convencional, que prevê que os aterros sejam feitos, é mais demorado e complicado”, disse o engenheiro da Dersa, Mário Fiamenghi. “Seria preciso ter jazida e movimentação de terra, que não pode ser trazida da área tombada do Parque Estadual da Serra do Mar.”

A Reabertura
A Estrada Velha, será aberta para o turismo.
Possuí 32 quilômetros de extensão, inicia-se no quilômetro 30, no trecho de Riacho Grande – em São Bernardo do Campo – e termina no quilômetro 62, na Baixada Santista.
Este local será aberto para visita monitorada ou para melhorar o trânsito, quando estiver em operação o esquema 5x2.
A velocidade permitida é de 40 quilômetros por hora.
Os viadutos estão nos quilômetros 46,4; 47,8 e 48.
São nove os pontos de contenção entre os quilômetros 45,2 e 48,5.
As áreas para preservação são cinco, próximas aos patrimônios culturais tombados.

Extraído da internet
Fontes: Site da Prefeitura de Santo André, e Jornal Diário do Grande ABC.
Texto de Ademir Medici, é jornalista e colunista do Diário do Grande ABC.
Cláudia Roli. Matéria extraída do Jornal “Diário do Grande ABC”, do dia 06/07/1997, do Caderno “Setecidades”, p. 1 e 8.

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