Poesias

domingo, 5 de abril de 2020

Processos Históricos


Quando da proclamação da República, teve início a República da Espada, sendo que os dois primeiros presidentes eram militares.
Depois veio a República das Oligarquias, a qual se denomina "Republica do Café com Leite", política adotada pelos cafeicultores.
O Governo Provisório foi dirigido pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que instaurou o regime republicano federalista, transformando províncias em Estados da Federação, e o país passou a se chamar Estados Unidos do Brasil. Este governo era uma composição entre militares, que ficaram com a presidência, e civis, a maioria nos Ministérios.
As crises entre os centralistas e federalistas, se expressaram dentro do próprio governo, pelo enfrentamento entre o Presidente e seu Ministério.
Autoritário e centralista, Deodoro despertou nos civis, o temor de uma ditadura militar.
Centralizar é controlar todo o país de forma central, ou seja, monopolizar o poder.
Federalizar é distribuir o poder entre os estados, descentralizando o poder.
O governo provisório terminou em 25 de fevereiro de 1891, com a promulgação de uma Constituição, sendo esta a Primeira da República.
Depois o governo passou para Floriano Peixoto, que anulou o decreto de dissolução do Congresso, assinado por Deodoro, e derrubou governos estaduais que apoiaram a tentativa do golpe.
Em razão disso, Floriano tomou decisões de forte apelo popular, para garantir sua sustentação política, ao mesmo tempo que apoiou os cafeicultores paulistas.
Enfrentou oposição no Congresso, que queria convocar novas eleições. Conseguiu terminar seu mandato, mas enfrentou motins e revoltas militares em todo o país.
Tratou seus opositores com violência, e ficou conhecido, como o Marechal de Ferro.
Quanto a Prudente de Morais, ele foi o primeiro Presidente civil, e também o primeiro eleito pelo voto direto.
Em 5 de novembro de 1897, o Presidente sofreu um atentado no cais do Porto do Rio de Janeiro.
Um soldado florianista, (opositor de seu governo, partidário do ex-presidente Floriano Peixoto), Marcelino Bispo, tentou atingi-lo, e acabou matando o ministro da Guerra, Marechal Carlos Bittencourt.
O incidente deu pretexto para o Congresso decretar Estado de Sítio.
Com poderes excepcionais, Prudente de Morais prendeu seus opositores, fechou jornais, e acabou com qualquer manifestação política.
Consolidou assim a presença de civis no poder federal.
Governo Campos Sales, representante da Oligarquia Cafeeira, governou até o fim do mandato.
Sucedeu no governo Rodrigues Alves, que derrotou Quintino Bocaíuva, nas eleições de 1902.
Depois governou o país Afonso Pena, que morreu antes de concluir o mandato.
Nilo Peçanha o Vice-Presidente assumiu o governo.
Hermes da Fonseca sucedeu Nilo Peçanha no poder.
Se afastou da "Política do Café com Leite", e deu importância a política de recuperação dos militares no poder, e apoiou intervenções militares nos governos estaduais.
Só que os militares só se aliaram ao poder local.
Foi um período marcado por revoltas, como a da Chibata, em que os marinheiros contestaram as chibatadas e os maus tratos, a que eram submetidos, e João Cândido foi o líder do movimento.
As exigências foram atendidas, só que os organizadores da Revolta da Chibata foram presos.
João Cândido só foi solto, porque acreditavam que ele estava louco.
Há alguns anos foi composto um samba em sua homenagem. Começa assim:

"Há muito tempo,
Nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu

Conhecido como navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala,
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas

Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas
E por batalhões de mulatas
Rubras cascatas

Jorravam das costas dos Santos
Entre cantos e chibatas,
Inundando o coração
Do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro

Gritava,então:
Glória aos piratas,ás mulatas
As sereias!
Glória á farofa,á cachaça,
Às baleias!

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais!

Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais..."
(João Bosco e Aldir Blanc)

Herme da Fonseca, foi sucedido por Venceslau Brás, que governou até o fim do mandato.
Durante o seu governo, eclodiu a Primeira Guerra Mundial na Europa.
A guerra provocou quedas das exportações e o presidente mandou queimar sacas de café, para aumentar o preço deste.
O movimento operário surgiu com força, e ocorreu uma greve geral em 1917, devido a morte de um trabalhador, o que causou comoção em toda a cidade de São Paulo.
Manifestantes saquearam lojas, depredaram construções e um contingente policial foi mandado, a fim de reprimir manifestações, no enterro do operário.
Foi nessa época que surgiu o anarquismo, movimento que tinha idéias trazidas de imigrantes estrangeiros.
Foi a forma encontrada pelos trabalhadores lutarem por seus direitos.
Epitácio Pessoa assumiu o poder, enfrentou conflitos e um amplo movimento
operário.
Por conta disso, fechou o jornal operário A Plebe, e expulsou do país os redatores e os principais militantes.
Nomeou um civil para ocupar o Ministério da Guerra, o que fez os militares se rebelarem.
Depois fechou o Clube Militar do Rio de Janeiro, sob protesto dos jovens oficiais.
Após, assumiu Arthur Bernardes, que governou, sob Estado de Sítio.
Nesse período em 1924, surgiu a Coluna Prestes, movimento de andarilhos que atravessou o país.
Seu governo passou por sérios conflitos.
Governo Washington Luís. Assumiu em 1926 e foi deposto na Revolução de 1930.
Considerava manifestações trabalhistas ‘caso de polícia’.
Promoveu a Lei Celerada, que permitia a repressão a atividades políticas e sindicais.
Revolução de 1930, movimento no qual Getúlio Vargas assumiu o poder, tirando o governo de João Pessoa, sendo que este foi assassinado.
Getúlio governou durante quinze anos.
Em 1932 ocorreu a Revolução Constitucionalista, movimento que visava uma nova Constituição.
Em 1937 planejou um golpe de estado que constituiu uma ditadura.
Em 1945 foi deposto.
E de 1946 a 1950, assumiu o governo o Ministro do Exército Eurico Gaspar Dutra.
Em 1950, Getúlio, voltou ao poder pelos braços do povo.
Suicidou-se em 24 de agosto de 1954, devido à pressões militares.
Nas eleições seguintes, assume Juscelino Kubitschek, que propôs uma política desenvolvimentista, não nacionalista.
Isso tudo para dizer, que a ameaça militar sempre esteve presente.
Alguns militares sempre quiseram assumir o poder.
Sempre interferiram na política do Brasil, seja entrando no governo, ou agindo de forma indireta.
Além do que um poder centralizado é sempre uma forma de perigo, pois isso indica poderes ilimitados a quem governa, constituindo um risco de poder totalitário, com atrocidades e abusos no governo.
Como o que ocorreu na ditadura, no Nazismo e em todos os regimes totalitários.
Pois a ditadura é um regime totalitário também de certa forma.
O Imperialismo é uma forma de governo no qual quem governa tem poderes ilimitados,absolutos.
Foram colocados estes governos todos para mostrar também que os militares
mantiveram pressão sobre os governantes, pois sempre almejaram o poder.
E o perigo de ser implantada uma ditadura no país sempre esteve presente.

Outro dia, assisti um Globo Repórter, que tratava das guerrilhas urbanas e contava a história de vários participantes desse momento na história do país, e que morreram nas mãos da polícia, inclusive a história do pai de Marcelo Rubens Paiva que foi militante durante o governo militar.
Para ver seu filho, tinha que observá-lo à distância, e não podia se identificar.
Geralmente os militantes eram jovens estudantes brasileiros, sendo que muitos nem sabiam porque estavam lutando, (entraram de gaiatos no movimento).
Durante o regime militar foram instituídos vários atos institucionais, que deixaram de assegurar os direitos constitucionais.
No período militar a Assembléia Constituinte foi dissolvida.
Um dos atos institucionais o AI-1, de 9 de abril de 1964, transferiu o poder político aos militares.
Serviu como para legalizar ações políticas não previstas, e contrárias à Constituição.
Determinou-lhes a linha dura, que defendia a pureza de princípios revolucionários, e excluía qualquer vestígio do regime deposto.
Pressionaram o Congresso para aprovar medidas repressivas, como por exemplo, a emenda das inegibilidades que tornava inelegíveis, alguns candidatos que desagradam os militares.
Em 27 de outubro de 1965, Castello Branco edita o Ato Institucional nº 2 (AI-2), que: dissolveu os partidos políticos e conferiu ao Executivo, poderes para cassar mandatos, e decretar o Estado de Sítio, sem prévia autorização do Congresso.
Estabeleceu eleição indireta para a Presidência da República, transformando o Congresso, em Colégio Eleitoral.
Com o AI-3 as eleições para governador passaram a ser indiretas.
Em novembro de 1966, Castello Branco fechou o Congresso, e iniciou uma nova onda de cassações de parlamentares.
O AI-4 atribuiu poderes ao Congresso para que aprovasse o projeto constitucional, elaborado pelo Ministro da Justiça, Carlos Medeiros Silva.
O AI-5, institucionalizou a ditadura.
Incorporou as decisões contidas nos Atos Institucionais na Constituição.
Aumentou o poder do executivo, reduziu poderes e prerrogativas do Congresso.
A Nova Constituição, entrou em vigor em janeiro de 1967.
Em 1968, ocorreu uma greve dos metalúrgicos de Osasco, São Paulo,e de Contagem, Minas Gerais, ambas em 1968, sendo as últimas mobillizações operárias dos anos 60.

Durante os anos sessentas, ocorreram os Festivais da Canção na Record, e num desses festivais Beth Carvalho cantou, acompanhada do conjunto vocal Golden Boys, "Andança" que não foi a primeira colocada. Começa assim:

"Vim tanta areia andei
Da lua cheia eu sei
Uma saudade imensa

Vagando em festa andei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho
Onde andei

Olha a lua mansa ao se derramar
A lua descansa
Meu caminhar
Seu olhar em festa
Me fez feliz

Lembrando a seresta
Que um dia eu fiz
Por onde for
Quero ser seu par

Já me fiz na guerra
Por não saber
Que esta terra encerra
Meu bem querer

E jamais termina o meu caminhar
Só o amor me ensina onde
Vou chegar
Por onde for
Quero ser seu par

...Vagando em verso sei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho
Onde andei

Olha a lua mansa ao se derramar
A lua descansa o meu caminhar

Vim milhões de léguas
Vivendo assim
Lembrando a seresta
Que um dia eu fiz

Por onde for
Quero ser seu par..."

Os festivais dos anos sessentas e setentas foram importantes para divulgar a nossa música para todo o país. Chico Buarque foi revelado com a "Banda":

"Estava a toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar..."

Nara Leão, a musa da Bossa Nova também chegou a cantar essa música.
Chico Buarque era o garoto bem comportado, o bom rapaz.
Por não fazer música política, foi criticado por setores radicais da MPB a dita "Música Popular Brasileira".
Foi rotulado de alienado, antipatizado por Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Chico Buarque não compunha músicas ácidas, como os compositores acima falados.
Sua música "Sabiá" feita em parceria com Tom Jobim, foi vaiada no Festival da Canção.
Compôs "Carolina" em 1966.
Durante os anos setentas, um grupo da Jovem Guarda chamado Os Incríveis, foi cooptado pelo governo e fez músicas nacionalistas onde exaltaram o amor a pátria como na música "Eu te amo meu Brasil".
Uma dupla da Jovem Guarda chamada Dom e Ravel também fizeram essas músicas ufanistas.
Esse foi o tempo do lema "Brasil ame-o ou deixe-o", período de exageros nacionalistas.
Tempo de manifestações sindicais, que ajudaram a trazer alguns benefícios para o trabalhador.
Alguns deles foram despedidos mas ainda assim, essas greves trouxeram benefícios.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.   

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