Poesias

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO

ANOS QUARENTAS – NAS ONDAS DO RÁDIO

Capítulo 6

Certo dia, ao passar em frente a casa onde morou com Natália, sentiu-se angustiado.
Lembrou-se dos momentos felizes ao lado da mulher, da filha.
Pesaroso, lembrou-se de uma música que lhe trazia boas lembranças de sua rotina doméstica.
Começou a cantá-la bem baixinho:
“Olho a rosa na janela
Sonho um sonho pequenino
Se eu pudesse ser menino
Eu roubava essa rosa
E ofertava todo prosa
A primeira namorada
E nesse pouco, quase nada
Eu diria o meu amor...

Olho o sol findando lento
Sonho um sonho de adulto
Minha voz, na voz do vento
Indo em busca, do teu vulto
E o meu verso em pedaços
Só querendo teu perdão

Eu me perco nos teus braços
E me encontro na canção
Ai, amor
Eu vou morrer, buscando
O teu amor!
Modinha - Composição: Sergio Bitencourt”

Tristonho, voltou para a casa dos amigos.
Natália também estava triste.
Presenciar pela segunda vez uma traição, era para ela um tormento.
Raivosa, ficava imaginando todas as vezes que fora traída, das infelidades que desconhecia.
Todas as traições que o marido cometia sem o seu conhecimento, e que provavelmente todos os
amigos dele sabiam.
Ao dizer estas palavras, Natália chorou copiosamente.
Celina, ouvia os lamentos da filha pacientemente.
Percebendo que a filha precisava de ajuda, revelou que Rômulo também não fora fiel, e que nem
por isto, deixou de ser feliz ao seu lado.
Ao ouvir tais palavras, Natália ficou perplexa.
Celina disse que também sofreu com as traições do marido.
Conformada, comentou que era da natureza humana a fraqueza, e que normalmente os homens
são mais frágeis do que pensam.
Dizendo que as mulheres, com toda a sua fraqueza eram o esteio da família, comentou que as
mulheres eram mais fortes do que os homens pensavam.
Celina revelou que depois de alguns anos, o homem acabou sossegando, e que depois de algum
tempo, passou a viver somente para ela.
Natália por sua vez, comentou que não agüentaria mais, passar que já havia passado em duas
ocasiões.
Celina argumentou que toda aquela ira passaria e que eles acabariam voltando as boas.
Revoltada, Natália disse que nunca mais aceitaria Francisco de volta, e que trabalharia para
sustentar a casa e a filha pequena. Humilhada, comentou que não queria nunca mais ver aquele
sujeito em sua frente.
E assim o fez.
Sem que Celina soubesse, Natália arrumou emprego como enfermeira em um hospital.
Com a desculpa de que precisava realizar uns exames, convenceu a mãe a cuidar de Lorena.
Quando porém, a mulher soube que a filha estava trabalhando como enfermeira em um hospital,
ficou furiosa.
Natália porém, argumentando que precisava pagar as contas, disse que Francisco vinha enviando
pouco dinheiro para ela, e que ela assim não fizesse, ela e a filha morreriam de fome.
Celina então, ofereceu dinheiro.
Natália retrucou:
- E a senhora acha que este dinheiro vai durar até quando? Não adianta não. Eu não me importo
em trabalhar.
Celina argumentou que as pessoas ficariam comentando.
Natália respondeu que as pessoas não pagavam suas contas.
Celina teve que concordar.
Nisto, ficou a cuidar da neta.
E assim, Natália continuou seu trabalho como enfermeira.
Em seu trabalho, a moça justificou a ausência do marido, argumentando que ele havia sumido em
uma missão militar, e que dentro em breve tomaria as providências legais cabíveis, para obter a
declaração de ausência.
Ao saber deste fato, o senhor Agemiro se prontificou em auxiliá-la no tocante a tomada destas
providências.
A moça agradeceu a oferta.

A tarde, buscava Lorena, que estava na casa de Celina, a poucas quadras dali.
Cuidava da menina dando-lhe banho, preparando seu jantar, e a colocando para dormir.
Mais tarde, quando permanecia sozinha em seu quarto, ficava a se lembrar dos momentos felizes
ao lado de Francisco.
Nestes instantes, chegava até a sorrir.
Quando porém, lembrava-se das traições, sentia uma profunda amargura.
Magoada, começou a cantar para si mesma:
“Que Será
Da minha vida sem o teu amor
Da minha boca sem os beijos teus
Da minha alma sem o teu calor

Que Será
Da luz difusa do abajour lilás
Se nunca mais vier a iluminar
Outras noites iguais
Procurar
Uma nova ilusão não sei
Outro lar
Não quero ter além daquele que sonhei
Meu amor

Ninguém seria mais feliz que eu
Se tu voltasses a gostar de mim
Se teu carinho se juntasse ao meu
Eu errei
Mas se me ouvires me darás razão
Foi o ciúme que se debruçou
Sobre o meu coração
Que Será – Marino Pinto e Mário Rossi”

No hospital o trabalho de Natália era constantemente elogiado por seus superiores.
Em dado momento, o diretor do hospital, senhor Agemiro, resolveu chamar algumas funcionárias
para uma conversa.
Entre essas funcionárias, estava Natália.
Ao conversar com a moça, o diretor, comentou que estava deveras satisfeito com seus préstimos.
A moça agradeceu a confiança.
Agemiro, dizendo que estavam sendo convocadas voluntárias para trabalharem como enfermeiras
junto as tropas do exército, perguntou se ela não estava interessada em servir como enfermeira
voluntária.
Dizendo que ela era uma ótima funcionária, comentou que poderia passar o que havia
aprendido como enfermeira, para as outras voluntárias.
Surpresa com a proposta, a moça respondeu que precisava pensar.
Dizendo que tinha uma filha pequena para cuidar, comentou que precisava de alguns dias para pensar.
Agemiro dizendo que a moça tinha o tempo que precisasse para pensar, comentou que ela poderia
conversar com toda a família. Assim que tivesse uma resposta, poderia tornar a conversar com
ele.
Natália pediu então licença, e retornou ao trabalho.
Mais tarde, a moça conversou com sua mãe, e também com Clarisse.
Comentou que fora convidada para atuar como enfermeira voluntária junto ao exército brasileiro
na Itália.
Celina, ao ouvir tais palavras, recriminou Natália.
Dizendo que se ela não estivesse trabalhando fora, nada disto estaria acontecendo, comentou que
ela estava proibida de aceitar a proposta.
Natália então, dizendo que esta experiência poderia acrescentar algo em sua carreira, comentou
que estava pensando em aceitar a proposta.
Ao ouvir tais palavras, Celina ficou furiosa.
Natália contudo, dizendo que estava feliz, contou que estava gostando de seu trabalho.
Tentando convencer a mãe perguntou:
- Ora, ora! Não foi a senhora mesma quem disse tempo atrás que um guerreiro não pode fugir a
luta? Então como agora me diz que devo recusar o convite, desistir da batalha? Ora, ora, um
guerreiro nunca foge do combate. Então eu vou aceitar a proposta.
Celina argumentou dizendo que ela não era um soldado, muito menos um homem.
Alegando que a vida em um campo de batalha era muito perigosa, tentou de todas as maneiras possíveis,
demover a filha da idéia.
Natália porém, não estava disposta a desistir de seu intento.
E assim, acabou convencendo Celina a cuidar da filha, durante o tempo em que estivesse ausente.
Mais tarde, a moça conversou com o senhor Agemiro, confirmando a aceitação da proposta.
Iria atuar como enfermeira voluntária junto ao exército na Itália.
Ao saber da aceitação da proposta, por parte de Natália, Celina pôs-se a chorar.
A mulher acreditava que no último momento a moça acabaria desistindo da idéia e que
permaneceria com a família.
Natália porém, estava determinada a seguir viagem rumo a Itália.
E assim o fez.
No momento da despedida, Celina trazia os olhos cheios d’água.
Natália por sua vez, transbordava satisfação.
Usando um uniforme do exército, estava elegante, com sua saia e sua blusa.
Feliz, despediu-se da filha, de sua mãe, e da amiga Clarisse.
Junto com ela, vários homens saíam fardados de suas casas.
Mães desconsoladas, despediam-se de seus filhos, irmãos, maridos.
Na rua muitas, bandeiras do Brasil.
Felizes, os soldados cantavam:
“Você sabe de onde eu venho?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,

Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.

Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Você sabe de onde eu venho?
É de uma Pátria que eu tenho
No bojo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.

Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacarandá,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.

Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz!
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Canção do Expedicionário – Guilherme de Almeida”

Empolgada Natália, também cantou.
Despediu-se da família acenando.
Celina e Clarisse acompanharam os passos de Natália, até a moça e todos os soldados sumirem
no horizonte.
Cena triste para Celina.
Os voluntários, o soldados, as enfermeiras, todos seguiram para Santos, de lá partiram de navio
para a Itália.
Lá Natália ajudou a treinar as voluntárias para atender aos soldados feridos.
Também realizou atentimentos, fez curativos, ouviu conversas, escreveu cartas.
Conheceu várias cidades na Itália.
Conversando com os soldados nos momentos de folga, ouviu expressões curiosas como “a cobra
vai fumar” e “senta a pua”.
Natália achou graça nas expressões.
Os soldados lhe explicaram que as expressões queriam dizer que o Brasil iria realizar um grande
feito na Europa, que era mesmo para fazer tudo o que fosse necessário para vencer as batalhas.
Natália sentiu um certo orgulho em ser brasileira.
Em fazer parte de uma raça tão aguerrida.
No cuidado com os soldados feridos, Natália era constante alvo de assédio.
Os soldados convalescentes, adoravam lhe fazer elogios, convidavam-na para sair. Pediam sua
mão em casamento.
Natália achava graça em todo este assédio.
Considerava tudo uma brincadeira. Acreditava que os homens se comportavam daquela forma
por carência.
Contudo, não era somente Natália que era alvo de assédio, algumas enfermeiras também ouviam
gracejos dos soldados.
Nisto, Francisco e Cassiano, Glauco, Severo e André, continuaram a atuar em missões no
Atlântico Sul. Todos auxiliavam o Capitão de Fragata, senhor Clodoaldo.
Em dado momento, Francisco socorreu um dos soldados que havia sido atingido por um tiro.
Arriscando-se também a ser ferido, o homem foi socorrer seu colega.
Clodoaldo admirou-se do gesto de bravura.
Com isto, Francisco foi promovido a Primeiro Tenente.
Clodoaldo presidiu a cerimônia em que o militar adquiriu a nova patente.
Desta vez, não houve pompa e circunstância. Houve apenas uma pequena solenidade na marinha.
Em seguida, o homem rumou para São Paulo.
Curioso, foi visitar a casa onde vivera com Natália.
Enchendo-se de coragem, bateu na porta da casa.
Para seu espanto, foi atendido por Celina, que trazia Lorena no colo.
A esta altura, a criança já andava, e falava algumas palavras.
Surpreso, Francisco perguntou onde estava Natália.
Celina pediu para o moço entrar.
A mulher ofereceu um café ao genro.
Ansioso, Francisco perguntou novamente sobre o paradeiro de Natália.
Celina contou então, que a moça vinha trabalhando como enfermeira, já que os recursos vinha
escasseando, e a mulher precisava sobreviver.
Ao ouvir isto, Francisco ficou contrariado.
Respondeu que não vinha enviando a mesma quantidade de dinheiro, por que estava tentando
fazer com a moça deixasse de lado a zanga e voltasse para ele.
Celina retrucou:
- O senhor realmente não conhece minha filha! Natália jamais se reconciliaria convosco sendo
pressionada. Minha filha é muito independente! – respondeu a mulher com orgulho.
Francisco respondeu que as mulheres que trabalhavam fora precisam tomar cuidado com os
comentários maldosos.
Celina ficou irritada com a ironia do genro.
Dizendo que sua filha era muito qualificada, respondeu que Natália fora convidada para atuar
como enfermeira voluntária junto a um batalhão do exército.
Estava auxiliando na Itália, ajudando as tropas, cuidando dos soldados feridos.
Francisco levantou-se sobressaltado.
- Como assim? Natália está na frente de batalha?
Celina riu.
Dizendo que a filha não estava pegando em armas, respondeu que a moça estava apenas
auxiliando os soldados.
Percebendo a preocupação do moço, Celina pediu licença por um instante.
Retornou com uma carta nas mãos.
Francisco leu a carta.
Escrita com letras delicadas, Natália contava sobre seu trabalho, sobre o auxílio aos feridos, de
como treinava as enfermeiras que lá chegavam, do que conversava com os soldados. Relatou até,
que escrevia cartas para a família dos soldados feridos.
Natália dizia que faltava medicamentos, que tinham que improvisar ataduras. Dizia que os
soldados não possuíam armamentos adequados, andavam mal agasalhados, alguns estavam
desnutridos.
A moça comentava, em que pesasse a dificuldade, que os soldados brasileiros eram aguerridos,
lutadores, combativos.
Contou que durante as folgas, visitava a região.
Conversava com os soldados que estavam lutando nos campos de batalha.
Dançava com os soldados nas comemorações.
Natália contou que aquela estava sendo uma das experiências mais impressionantes de sua vida.
Ao terminar a leitura da carta, Francisco ficou perplexo.
Nervoso, perguntou a Celina como ela tinha deixado a filha partir, se arriscar indo atuar como
enfermeira do outro lado do mundo.
A mulher irritou-se.
Dizendo que Natália era uma mulher adulta, comentou que não possuía nenhuma ingerência sobre
a moça. Argumentou que a filha era uma mulher livre já que até o marido havia desistido dela.
Francisco ficou revoltado.
Comentando que não havia abandonado Natália, comentou que estava apenas esperando o
momento certo para se aproximar.
Nisto o homem brincou um pouco com a filha.
Durante o tempo em que permaneceu em São Paulo, ia visitar a filha todos os dias, brincava com
a criança, ajudava a alimentá-la.
Meses depois, o homem partiur novamente em missão na marinha.
Enquanto trabalhava como enfermeira na Itália, Natália recebeu uma correspondência do Brasil,
informando que Lorena estava adoentada, que a criança tinha febre, estava apática.
Celina escrevia aconselhando a filha a voltar ao Brasil.
Aflita, Natália tratou de conversar com o Coronel Gusmão.
Contudo, toda vez que se encaminhava para tentar conversar com o militar, a moça era sempre
advertida de que o homem se encontrava em reunião.
Impaciente, a certa altura, a moça irritou-se.
Dizendo que era a terceira vez que tentava conversar com o militar, comentou que sua situação
era delicada. Argumentou que estava com problemas de doença na família, e que precisava
conversar urgentemente com o Coronel Gusmão.
Percebendo a altercação, o militar saiu da barraca.
Irritado, perguntou o que estava acontecendo.
Natália contou então, que vinha enfrentando um problema de doença na família, e que por esta
razão, precisava voltar para o Brasil.
O homem, percebendo o nervosismo da moça, autorizou a sua volta ao Brasil.
Natália então, desculpou-se com o militar.
Gusmão respondeu que estava tudo bem.
Com isto, nas semanas que se seguiram, a moça retornou ao país.
Ao voltar para o Brasil, notou que Lorena estava bem, saudável, corada.
Celina comentou então, que Lorena teve um princípio de pneunomia.
Como a menina não melhorava, ficou preocupada.
Razão pela qual escreveu uma carta para a filha.
Disse porém, que neste ínterim, a menina aos poucos foi melhorando.
Por conta do problema de saúde da neta, Celina instalou a criança em sua casa.
Com a ajuda de um vizinho, montou o berço que fora de Natália, em dos quartos da casa. Era lá
que a criança dormia.
Como a casa de Natália ficaria fechada por muito tempo, Celina pediu a uma vizinha para abrir o
imóvel todos os dias. Afinal, a casa precisaria ficar arejada.
Cuidadosa, cobriu todos os móveis com lençóis brancos.
Nisto, Natália foi ver a menina, que dormia na casa da mãe.
Ao observar a criança no berço, percebeu que a Lorena dormia o sono dos justos.
Celina contemplou as duas de longe.
Sorriu para elas.
Mais tarde, Celina contou sobre o desvelo de Francisco, que cuidara da filha durante sua ausência.
Comentou que o homem brincava com a criança, caminhava com ela, dava-lhe papinha, banho,
cantava para ela dormir.
Quando precisou partir para uma nova missão no Atlântico Sul, a criança chorava copiosamente.
Carinhoso, o moço acenou para a filha.
Natália parecia entendiada com aquelas palavras.
Nisto Natalia retomou sua rotina de afazeres domésticos.
Cuidava da casa, passava roupa, lavava, cuidava da filha, varria a sala, passava pano nos móveis.
Ouvia o rádio.
Entediada comentou com sua mãe, que estava pensando seriamente em se voluntariar em uma
nova missão.
Celina, percebendo que seria inútil argumentar, aconselhou a filha a buscar aquilo que lhe
trouxesse satisfação.
Natália, então ao retornar ao hospital, comentou com o senhor Agemiro que estava disposta a
continuar servindo o país.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário