Capítulo 7
Sônia despertou.
Em nova consulta com a psicóloga, a moça comentou que somente agora estava começando a
entender o que havia se passado.
Disse que sofrera uma crise existencial.
Que todo aquele sentimento de desengano, aquela tristeza inexplicável, aquela mágoa profunda
pelo mundo hostil que a maltratava, era resultado não apenas de uma insatisfação com a vida, mas
também, uma falta de entendimento do mundo.
Constatou que a crise por que passara, sua falta de memória, os seus modos errantes, foram a
resposta que sua cabeça encontrou, para digerir o sofrimento.
O que atrapalhou o processo, foi ter se chocado contra os acontecimentos.
Comentou que sua mãe descobrira uma foto sua nos jornais, segurando uma criança que fora
soterrada em uma enchente.
Ao ser perguntada se se sentia uma heroína por isto, Sônia respondeu que não.
Depois da sessão, mais bem disposta, a moça foi levada para a praia.
Lá, permaneceu contemplando o mar.
Cantou:
“Só eu sei
As esquinas por que passei
Só eu sei só eu sei
Sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar
Sabe lá
Sabe lá
E quem será
Nos arredores do amor
Que vai saber reparar
Que o dia nasceu
Só eu sei
Os desertos que atravessei
Só eu sei
Só eu sei
Sabe lá
O que e morrer de sede em frente ao mar
Sabe lá
Sabe lá
E quem será
Na correnteza do amor que vai saber se guiar
A nave em breve ao vento vaga de leve e trás
Toda a paz que um dia o desejo levou
Só eu sei
As esquinas por que passei
Só eu sei
Só eu sei
E quem será
Na correnteza do amor...
Esquinas – Composição: Djavan”
Caminhando sozinha, lembrou-se dos amigos Amilton e Rodrigo.
Onde andariam?
Perguntou-se.
Procurando se acertar com sua mãe, Sônia prometeu que faria o possível para se manter
equilibrada.
Lara prometeu que entraria em contato com seus amigos, e que dentro em breve eles iriam se
encontrar.
Sônia beijou o rosto da mãe.
Dias mais tarde, enquanto a moça caminhava pela praia, ouviu uma voz cantando ao longe:
“É bonito se ver na beira da praia
A gandaia das ondas que o barco balança
Batendo na areia, molhando os cocares dos coqueiros
Como guerreiros na dança
Oooh, quem não viu vai ver
A onda do mar crescer
Oooh, quem não viu vá ver
A onda do mar crescer
Olha que brisa é essa
Que atravessa a imensidão do mar
Rezo, paguei promessa
E fui a pé daqui até Dakar
Praia, pedra e areia
Boto e sereia
Os olhos de Iemanjá
Água, mágoa do mundo
Por um segundo
Achei que estava lá
Eu tava na beira da praia
Ouvindo as pancadas das ondas do mar
Não vá, oooh, morena
Morena lá
Que no mar tem areia
Olha que luz é essa
Que abre caminho pelo chão do mar
Lua, onde começa
E onde termina
O tempo de sonhar
Gandaia Das Ondas/Pedra E Areia – Compositores Lenine/Dudu Falcão”
Ao voltar-se, a moça percebeu quem era.
Era Rodrigo se aproximando.
O moço cumprimentou-a.
Sônia perguntou se ele estava ali há muito tempo.
Rodrigo respondeu que só o suficiente para perceber que ela estava entretida com aquele cenário
maravilhoso.
A moça abraçou o amigo.
Mais tarde, os dois voltaram para casa e Sônia pode ver Amilton.
Sônia agradeceu a ele e ao filho por a terem acolhido.
Lara e Rafael também agradeceram.
Cláudio, irmão de Sônia, também agradeceu os préstimos.
Almoçaram juntos.
Amilton chegou a comentar indiscreto, que Rodrigo não parava de perguntar por Sônia.
Mais tarde a dupla caminhou pela praia.
Rodrigo comentou com Sônia, que todos na cidade perguntava por ela.
A moça respondeu que estava bem.
Em seguida, o moço começou a assoviar uma canção.
Sônia começou a cantar a letra:
“É bom andar a pé
Sem sapato, sem direção à toa
Na cabeça o sol
Um boné
É bom andar a pé devagar
Devagar para aguentar o calor
E olhar a vista pro mar
Melhor
É bom andar a pé
Sem dinheiro, sem documento
A favor do vento
Semi nu
É bom andar a pé
Devagar para aguentar o calor
E olhar a vista pro mar
Melhor
Esqueça tudo
Que tudo sobrevive
Isto é tempo livre pra viver
É bom saber
Andar acompanhado de ti
Faz meu coração se sentir
Melhor
É bom andar a pé
Sem sapato, sem direção a toa
Na cabeça o sol
Um boné
É bom andar a pé
Devagar para aguentar o calor
E olhar a vista pro mar
Melhor
Esqueça tudo
Que tudo sobrevive
Isto é tempo livre pra viver
É bom saber
Saber não ocupa lugar
Andar acompanhado de ti
Faz meu coração se sentir
Melhor
Lara Lara larará...
Melhor
É Bom Andar a Pé - Wilson Simoninha - Composição: (novo CD - Melhor)”
Por fim, o casal passou a caminhar de mãos dadas.
FIM
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO CONTEMPORANEIDADE
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