Poesias

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO

ANOS SESSENTAS – NOS EMBALOS DA GUARDA GUARDA

Capítulo 1

Lorena, era uma garota alegre, estudiosa.
Embalada pelas jovens tardes de domingo, a moça adorava passar horas trancadas em seu quarto
ouvindo música.
Animada, não se contentava em ouvir as canções.
Também cantava:
“Sou a garota papo-firme
Que o Roberto falou
Dirijo em disparada
Pois eu sou um amor

Sou a garota que eles pensam
Que vão conquistar
Pois já pensei e nem bola vou dar

Sou a garota papo-firme
Que o Roberto falou
Estou por ai dentro da onda

Essa turma de cabeludo
Só pensam em cantar
Não pensam em se casar

Se tenho mil razões pra ser assim
A mini saia fica bem em mim
Eu vou deixar a turma toda louca
A turma toda com água na boca

Sou a garota papo-firme
Que o Roberto falou
Por isso sou um amor
Garota do Roberto - Waldirene”

Não contente em cantar, a moça também dançava.
Natália quando via a filha no quarto, brincando de ser celebridade, achava graça.
Lorena, adorava acompanhar pela televisão, os programas de música.
Nos últimos tempos contudo, andava dispersa.
Não estudava direito.
Não prestava atenção nas aulas.
Só tinha olhos e ouvidos para Marcos.
O casal se encontrava no intervalo das aulas.
Trocava bilhetinhos.
Neles o casal dizia que estava sentindo muitas saudades um do outro.
Marcos escrevia palavras doces, dizia que sentia sua falta, que ela era o seu brotinho, o seu mundo.
Dia desses, o moço aproveitou um momento de distração de Lorena, e colocou um bilhetinho
dentro de um dos livros da moça.
Ao chegar em casa, Lorena percebeu que um bilhete fora colocado entre as páginas de seu livro
de matemática.
Ao ler o conteúdo do mesmo, percebeu que se tratava de um convite para ir a um bailinho.
Feliz, a moça guardou o bilhete. Começou a cantar:
“Dentro do meu livro de leitura
Encontrei um bilhetinho que você me escreveu
Era um bilhetinho apaixonado
Que dizia estar gamado
Só por mim e por mais ninguém.

Dentro do meu livro de leitura
Encontrei um bilhetinho que você me escreveu
Era um bilhetinho apaixonado
Que dizia estar gamado
Só por mim e por mais ninguém.

Quase que chorei só em pensar que era meu
Pois meu coração também é seu e de mais ninguém.
Quase que chorei só em pensar era meu
Pois meu coração também é seu e de mais ninguém.

Dentro do meu livro de leitura
Encontrei um bilhetinho que você me escreveu.
Era um bilhetinho apaixonado
Que dizia estar gamado
Só por mim e por mais ninguém
E por mais ninguém...
Bilhetinho Apaixonado – Kátia Cilene”

Animada com a idéia de ir a um baile com seu namorado, Lorena insistiu para que Natália a
autorizasse a sair com suas amigas. Ana e Glória iriam juntas.
Ao saber disto, a mulher autorizou a saída.
Disse contudo, que iria telefonar para as mães de ambas para confirmar tudo.
Ao perceber isto, Lorena pediu para as amigas a acompanharem no baile.
Animadas, as amigas concordaram.
Lorena contudo, só contou metade da história.
Nisto Natália entrou em contato com a mãe das moças.
E assim, quando chegou o dia do baile, as três amigas estavam impecavelmente vestidas.

Ao chegarem no baile, Ana e Glória foram logo convidadas para dançar.
Animadas, deixaram Lorena sozinha.
A moça aguardava Marcos.
Dançaram ao som da música:
“Vejam só que Festa de Arromba!
Que noutro dia, eu fui parar...
Presentes no local, o rádio e a televisão;
Cinema, mil jornais,
Muita gente, confusão...

Quase não consigo
Na entrada chegar,
Pois a multidão
Estava de amargar!
Hey! Hey! (Hey! Hey!)
Que onda!
Que festa de arromba!...

Logo que eu cheguei,
Notei, Ronnie Cord com um copo na mão.
Enquanto Prini Lorez bancava o anfitrião,
Apresentando a todo mundo
Meire Pavão...
Wanderléa ria e Cleide desistia
De agarrar um doce que do prato não saia!
Hey! Hey! (Hey! Hey!)
Que onda!
Que festa de arromba!...

Renato e seus Blue Caps tocavam na piscina;
The Clevers no terraço;
Jet Black's no salão;
Os Bells de cabeleira, não podiam tocar,
enquanto a Rosemary não parasse de dançar...

Mas!
Vejam quem chegou de repente:
Roberto Carlos em seu novo carrão!
Enquanto Tony e Demétrius fumavam no jardim,
Sérgio e Zé Ricardo esbarravam em mim...

Lá fora um corre corre
Dos brotos do lugar:
Era o Ed Wilson que acabava de chegar!
Hey! Hey! (Hey! Hey!)
Que onda!
Que festa de arromba!...
Hey! Hey! (Hey! Hey!)

Renato e seus Blus Caps tocavam na piscina;
The Clevers no terraço;
Jet Black's no salão;
Os Bells de cabeleira, não podiam tocar,
Enquanto a Rosemary não parasse de dançar...
Mas!

Vejam quem chegou de repente:
Roberto Carlos em seu novo carrão!
Enquanto Tony e Demétrius fumavam no jardim,
Sérgio e Zé Ricardo esbarravam em mim...
Lá fora um corre corre dos brotos do lugar:
Era o Ed Wilson, que acabava de chegar
Hey! Hey! (Hey! Hey!)
Que onda!
Que festa de arromba!...(7x)
Festa de Arromba - Composição: Erasmo Carlos”

Nisto, Marcos se aproximou da mesa em que Lorena estava. Chegando de surpresa, cobriu seus
olhos, e perguntou:
- Advinhe quem é!
Lorena tocou nas mãos do moço, e retirando-as de seu rosto, disse sorrindo:
- Marcos!
O rapaz aproximou-se, e o casal se abraçou.
Ficaram se observando.
Quando tocou uma canção de Reginaldo Rossi, Marcos convidou a moça para dançar.
“Lembro com muita saudade
Daquele bailinho
Onde a gente dançava
Bem agarradinho
Onde a gente ía mesmo
É prá se abraçar...

Você com laquê no cabelo
E um vestido rodado
E aquelas anáguas
Com tantos babados
E você se sentava
Só prá me mostrar...

E tudo que a gente transava
Eram três quatro cubas
Eu era a raposa
Você era as uvas
Eu sempre querendo
Teu beijo roubar...

E por mais que você
Se esquivasse
Eu tinha certeza
Que no fim do baile
Na minha lambreta
Aquele broto bonito
Ia me abraçar...

Quando a orquestra
Tocava "Besame Mucho"
Eu lhe apertava
E olhava seu busto
Dentro do corpete
Querendo pular...

Eu todo cheiroso
À "Lancaster"
E você à "Chanel"
Eu era um menino
Mas fazia o papel
Do homem terrível
Só prá lhe guardar...

E tudo que a gente transava
Eram três quatro cubas
Eu era a raposa
Você era as uvas
Eu sempre querendo
Seu beijo roubar...

E por mais
Que você se esquivasse
Eu tinha certeza
Que no fim do baile
Na minha lambreta
Contente prá casa
Eu ia te levar...

E ao chegar em tua casa
Em frente ao portão
Um beijo, um abraço
Minha mão, tua mão
Com medo que o velho
Pudesse acordar...

A pílula já existia
Mas nem se falava
Pois nos muitos conselhos
Que tua mãe te dava
Tinha um que dizia:
"Só depois de casar"...

E tudo que a gente transava
Eram três quatro cubas
Eu era a raposa
Você era as uvas
Eu sempre querendo
Teu beijo roubar...

E por mais
Que você se esquivasse
Eu tinha certeza
Que no fim do baile
Na minha lambreta
Aquele corpo bonito
Ia me abraçar...

Tudo que a gente transava
Eram três quatro cubas
Eu era a raposa
Você era as uvas
Eu sempre querendo
Teu beijo roubar...

E por mais
Que você se esquivasse
Eu tinha certeza
Que no fim do baile
Na minha lambreta
Aquele corpo bonito
Ia me abraçar...
A Raposa e as Uvas – Reginaldo Rossi”

Enquanto dançavam, Marcos tentou roubar um beijo de Lorena.
Ana e Glória, por sua vez, conversaram um pouco com os rapazes com quem dançaram.
Sandro havia simpatizado com Glória.
Ana e Glória, comentaram entre elas, que Lorena não devia deixar Marcos ficar tão próximo dela.
Ao término da música, a moça voltou para a mesa, de mãos dadas com Marcos.
Feliz, Lorena apresentou o namorado às amigas.
Mais tarde, conversando a sós com a moça, longe dos olhares vigilantes das amigas, o moço
sugeriu que eles deveriam ficar a sós.
Lorena contudo, ciente das recomendações de sua mãe, respondeu que precisava voltar para casa
na hora combinada, ou nunca mais Natália a deixaria sair com suas amigas.
Contrariado, Marcos parou de insistir.
Nisto, levou a moça de volta para casa.
Ao se despedir da moça, Marcos tentou beijá-la, mas Lorena novamente se esquivou.
O moço ficou contrariado.
Ao notar isto, a moça perguntou:
- Nos veremos no colégio?
- Sim. – respondeu o moço secamente.
Antes de descer do carro, a moça deu um beijo no rosto do rapaz.
Nisto o rapaz deixou Lorena a algumas quadras de sua casa.
Irritado, o moço saiu em alta velocidade.
Ao ligar o rádio, Marcos ouviu a canção:
“As coisas estão passando mais depressa
O ponteiro marca 120
O tempo diminui
As árvores passam como vultos
A vida passa, o tempo passa
Estou a 130

As imagens se confundem
Estou fugindo de mim mesmo
Fugindo do passado, do meu mundo assombrado
De tristeza, de incerteza
Estou a 140
Fugindo de você

Eu vou voando pela vida sem querer chegar
Nada vai mudar meu rumo nem me fazer voltar
Vivo, fugindo, sem destino algum
Sigo caminhos que me levam a lugar nenhum

O ponteiro marca 150
Tudo passa ainda mais depressa
O amor, a felicidade
O vento afasta uma lágrima
Que começa a rolar no meu rosto

Estou a 160
Vou acender os faróis, já é noite
Agora são as luzes que passam por mim
Sinto um vazio imenso
Estou só na escuridão
A 180
Estou fugindo de você

Eu vou sem saber pra onde, nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim

O ponteiro agora marca 190
Por um momento tive a sensação
De ver você a meu lado
O banco está vazio
Estou só a 200 por hora
Vou parar de pensar em você
Pra prestar atenção na estrada

Vou sem saber pra onde, nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes, às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim
Eu vou, vou voando pela vida
Sem querer chegar
120...150...200 Km Por Hora - (Roberto Carlos/Erasmo Carlos)”

Marcos corria como um louco.
Furioso, perguntava-se por que as coisas não aconteciam do jeito que ele gostaria.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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