Poesias

terça-feira, 29 de setembro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 6

No sábado, conforme combinado, lá se foram Paulina e Ricardo passear.
Empenhado em impressionar a moça, Ricardo comentou que estava pensando em pedir uma promoção em seu trabalho, haja que vista que acumulava muitas funções e por isso fazia jus a um salário um pouco melhor.
Paulina, ao ouvir o rapaz, comentou que ele devia ter cuidado ao propor uma promoção, já que tudo tem o momento certo para acontecer.
Ricardo concordou.
Mas dizendo que tinha intenção de crescer na empresa, insistiu na idéia de promoção.
Paulina, por sua vez, dizendo que demoraria muito tempo para poder pedir uma promoção, comentou que ainda estava aprendendo seu trabalho.
Contudo, mesmo diante dos desafios, estava feliz por ter um trabalho.
Ricardo, disse:
-- Parece que este passeio está virando um segundo escritório. Vamos falar de outro assunto?
-- Tudo bem. – comentou Paulina.
-- Trabalhar é complicado mesmo. E eu tenho certeza de que, quando menos você esperar, vai estar ocupando um cargo de grande responsabilidade no banco. Não se preocupe.
-- Você também vai conseguir sua promoção. – comentou ela rindo.
Nisso, Ricardo perguntou-lhe se ela gostava de música.
Obviamente ela respondeu afirmativamente.
Ricardo, aproveitando essa oportunidade, resolveu convida-la para dançar.
Paulina aceitou prontamente.
-- Adoro dançar. – respondeu ela.
-- Eu também. A dança é uma válvula de escape, para todos os nossos problemas.
-- Concordo. É a maior manifestação da liberdade humana. Não existe nada mais livre do que o nosso corpo solto no ar, sentindo o ritmo da música.
-- Parece uma coisa primitiva.
-- Mas é bom. É uma sensação de liberdade muito grande. – reiterou Paulina.
Ricardo concordou.
Nisso, os dois continuaram a caminhar e a conversar.
Curioso, Ricardo queria saber há quanto tempo a moça morava no bairro, se estava gostando da vizinhança, do que gostava, etc.
Paulina, atônita com tantas perguntas, ia respondendo da melhor forma possível.
A certa altura, deixou escapar que Cleide e Mariana haviam perguntado insistentemente o que os dois haviam conversado.
Ricardo, ao descobrir a indiscrição da irmã, comentou que isso não ficaria assim.
Dizendo que Cleide ouviria poucas e boas, deixou Paulina desconcertada.
Isso por que a moça, ao proferir aquelas palavras, o fez sem intenção indispor Cleide e Marina com ele.
Apenas comentou por distração.
Dizendo que ele não precisava brigar com a irmã por conta disso, comentou que nada respondeu, e que sua vida não dizia respeito a ninguém.
Mesmo assim, Ricardo disse que tomaria satisfações.
Preocupada, Paulina insistiu:
-- Tudo bem. Mas não briguem por causa disso. Ela só me questionou por que estava preocupada com você. Ela não me conhece bem. Talvez tenha sido por isso.
-- Se bem conheço minha irmã. Não foi nada disso. Mas deixe estar.
Aflita, Paulina insistiu para que ele não brigasse com ela. Sentindo-se culpada, comentou:
-- Eu e minha boca! Se eu não tivesse falado nada. Você nem iria saber que isso aconteceu. Isso que dá falar sem pensar! Bem que meu pai vive me dizendo para ter cuidado
com o que digo!
-- Não! Você fez muito bem em me contar. Mas não se preocupe, eu não vou brigar com Cleide. Pode ficar sossegada.
Com isso, Ricardo mudou de assunto, e os dois voltaram a falar de amenidades.
Muito embora ambos estivessem incomodados com a atitude de Cleide, procuraram evitar falar novamente sobre isso.
A certa altura, Ricardo sugeriu a Paulina, tomar um sorvete.
A moça aceitou.
O dia estava quente, as crianças corriam pelo parque, e eles aproveitavam para conversar.
Por fim, depois de algumas horas, os voltaram para casa.
Gentil, Ricardo levou a moça até o portão de entrada de sua residência, onde se despediu.
Insistente, pediu para que ela não esquecesse do novo encontro dos dois.
Paulina prometeu que se lembraria.
Ricardo então, se dirigiu até sua casa.
Encontrando Cleide, comentou que não gostou de saber que ela havia inquirido Paulina sobre a conversa de ambos.
Cleide então respondeu:
-- Eu estava apenas preocupada. Afinal de contas, você nunca levou nenhum namoro a sério.
-- Mas isso não lhe dá o direito de se intrometer em minha vida, e muito menos envolver Marina nisso. Eu vou dizer só uma vez! Nunca mais faça isso, ou eu nunca mais
falo com você!
-- Ah é! E quem lhe deu o direito de falar assim comigo?
-- Você mesma! – respondeu ele de forma agressiva.
Cleide então, percebendo que ambos estavam se excedendo comentou:
-- Está certo meu irmão! Você tem todo o direito de ficar bravo comigo. Eu não agi direito. O que eu tinha que fazer era falar com você, e não ficar colocando Paulina contra a
parede. Coitada! Ela deve ter ficado muito constrangida com o meu comportamento.
-- Ficou. Mas ela não está aborrecida com você. Tanto que pediu para que eu não brigasse contigo.
-- Nossa! Muito legal da parte dela. Desculpe, Ricardo. Eu prometo que também pedirei desculpas a ela. Eu vou desfazer esse mal entendido, prometo.
Ricardo, constatando sinceridade nas palavras da irmã, aceitou suas desculpas.
E assim, esta questão foi resolvida.

Luciana Celestino dos Santos
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