Poesias

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO CONTEMPORANEIDADE

Capítulo 6

Nisto, Sônia ficou a caminhar pelos arredores de São Paulo.
A moça dormia cada dia na casa de uma família diferente.
Até ser encontrada por policiais, que a abordaram.
A moça tentou resistir, mas os homens a dominaram.
Ao chegar na delegacia, já em São Paulo, a moça foi reconhecida através de um retrato.
Lara havia mandado afixar cartazes com um número de telefone, solicitando informações sobre
o paradeiro da moça.
Mais tarde Sônia foi levada a casa da mãe, que a abraçou emocionada.
Nisto a moça foi submetida a um tratamento com uma psicóloga.
Em seus sonhos, Sônia lembrou-se de seu relacionamento com Francisco.
Lembrou-se do dia em que passou na praia e se encontrou com o rapaz.
O moço sentou perto dela.
Apresentou-se.
Disse que adorava acordar cedo como ela fizera, e ficar a contemplar o mar.
Comentou que não havia tristeza que não se dissipasse enquanto ficava a observar o ir e vir das
vagas, a espuma das ondas, o sol chegar de mansinho até tomar conta da praia.
Sônia ficou a ouvi-lo.
Continuou a contemplar o mar.
Disse que o mar lhe trazia uma sensação de grande paz e liberdade.
O moço começou então a cantar:
“Morena, dos olhos d'água,
Tira os seus olhos do mar.
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar.

Descansa um meu pobre peito
Que jamais enfrenta o mar,
Mas que tem abraço estreito, morena,
Com jeito de lhe agradar.

Vem ouvir lindas histórias
Que por seu amor sonhei.
Vem saber quantas vitórias, morena,
Por mares que só eu sei.

Morena, dos olhos d'água,
Tira os seus olhos do mar.

Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar.
Seu homem foi-se embora,
De partir ou de voltar.

Mas as ondas não tem hora, morena,
Prometendo voltar já.

Passa a vela e vai-se embora
Passa o tempo e vai também.
Mas meu canto inda lhe implora, morena,
Agora, morena, vem.

Morena, dos olhos d'água,
Tira os seus olhos do mar.
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar.
Morena dos Olhos D'água - Composição: Chico Buarque”

Mais tarde, os dois caminharam juntos pela praia.
Com o tempo passaram a namorar.
Frequentemente eram vistos andando de braços dados pela praia.
Namoravam.
Se beijavam.
De vez em quando a moça dormia na casa do rapaz.
Certa vez, observando a moça dormindo em seus braços, o moço começou a cantar:
“Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte...
Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema...

Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia...

O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos...

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão

Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Uh!

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem...
Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade...

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois...

Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora...

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão

Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Oh!

Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal!
E tal e coisa!
Uh! Uh! Uh!
Ai o amor!
Hum! O sexo!
Amor E Sexo - Composição: Rita Lee/Roberto de Carvalho/Arnaldo Jabor”

Certo dia, a moça foi até o litoral, acompanhada do rapaz.
Durante o trajeto, a moça se deslumbrou com a beleza da paisagem. A Represa se descortinava
diante de seus olhos, um mar de uma imensidade azul de profundo esplendor. Em torno, muito
verde, árvores.
Linda visão dos braços da Represa. Muito azul.
Encantada, a moça chegou a comentar que parecia um Nilo Azul, como o que vira em alguns
filmes antigos.
- Que beleza! – falava.
Ao chegarem na casa de praia, descarregaram as malas que estavam no bagageiro do carro.
Mais tarde a moça comentou que estava cansada de se desentender com seus pais.
Principalmente com sua mãe.
Comentou que ela não concordava com a liberdade de seu namoro.
Sônia disse também, que não via sentido nas coisas. Não entendia por que tinha que correr atrás
de sucesso, de dinheiro e de prestígio, e ao conquistar estas coisas, perceber o quanto elas são
vazias.
Triste, chegou a cantar:
“Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
E uma gente que não viva só pra si

Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi

Por uns velhos vãos motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor

E é por isso que eu preciso
De você como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor

Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se unem em versos à canção

Em que eu digo
Que estou morta pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos

Vem, vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se unem em versos a canção

Em que eu digo
Que estou morta pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos.
Universo no Teu Corpo – Taiguara”

Francisco abraçou a moça.
Mais tarde, a moça comentou que Francisco era o nome de seu bisavô.
O moço achou graça na coincidência.
Com isto, Francisco e Sônia caminharam de mãos dadas pela praia.
Um dia o moço convidou a moça para jantar.
Sônia vestiu um bonito e florido vestido frente única.
Francisco vestiu uma calça jeans e uma camisa pólo.
Foram a pé até um restaurante que ficava em frente a orla marítima.
Ao lá chegarem, um garçon ajudou a moça a sentar-se.
Primeiramente pediram um suco.
Conversaram.
Francisco comentou que a retomada do cinema nacional era muito alvissareira, já que ele gostava
de filmes nacionais.
Comentou que adorara assistir ao filme “Carlota Joaquina – Princesa do
Brasil”, “O Quatrilho”.
Sônia comentou que gostara de assistir filmes como “Meu Tio Matou Um Cara”, “Se eu Fosse
Você”, a tragetória do Barão de Mauá.
Concordou com o moço. Disse que o cinema nacional não
ficava nada a dever a outros países bons produtores de filme.
Mais tarde, o moço pediu o cardápio, pediu um vinho tinto, lula a dorê com molho tártaro, e
fritada de peixes.
O casal deliciou-se com as iguarias.
Serviram-se de arroz.
Francisco brindou a noite.
Mais tarde, o moço pediu ostras.
Sônia respondeu que não sabia comer ostras, e que aquilo lhe causava aflição.
Francisco ofereceu uma ostra com limão a moça.
Colocou o molusco na boca de Sônia, que sentiu o bicho escorregar por sua garganta.
- Gostou? – perguntou.
A moça respondeu que não era ruim.
Mais tarde ao voltar para casa, o moço contou que tinha um presente para ela.
Sônia perguntou o que era.
Nisto o homem mostrou-lhe uma caixa.
A moça viu de relance, que era um anel.
Nisto o moço puxou-a pelo braço, e começou a dançar no passeio.
Sônia pediu para ele parar, posto que todos os olhavam.
Francisco parecia não se importar.
O homem começou a cantar:
“Fonte de mel
Nos olhos de gueixa
Kabuki, máscara

Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias
Você é mãe do sol

A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
E não olha pra trás

Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz

Você é linda
Mais que demais
Vocé é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim

Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios

Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir

No Abaeté
Areias e estrelas
Não são mais belas
Do que você
Mulher das estrelas
Mina de estrelas
Diga o que você quer

Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz

Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim

Gosto de ver
Você no seu ritmo
Dona do carnaval
Gosto de ter
Sentir seu estilo
Ir no seu íntimo
Nunca me faça mal

Linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você É Linda – Compositor: Caetano Veloso”

Ao chegar em casa, o moço perguntou-se ela gostaria de se casar com ele.
Sônia, ao ouvir a pergunta do moço, comentou sem jeito, que ainda não estava preparada para se
casar.
Francisco ficou arrasado.
Mais tarde, o casal acabou se separando.
Para justificar o término da relação, o moço cantou-lhe uma canção:
“O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver
Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu

O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu
O nosso amor
A gente inventa
Inventa
O nosso amor
A gente inventa

Te ver não é mais tão bacana
Quanto a semana passada
Você nem arrumou a cama
Parece que fugiu de casa

Mas ficou tudo fora de lugar
Café sem açúcar, dança sem par
Você podia ao menos me contar
Uma história romântica

O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu
O nosso amor
A gente inventa
Inventa
O nosso amor
A gente inventa
O Nosso Amor A Gente Inventa - Composição: Cazuza/João Rebouças/Rogério Meanda”

O moço beijou as mãos da moça.
Despediu-se.
Nunca mais se viram.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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