Poesias

terça-feira, 29 de setembro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 3

E eis que surge uma nova manhã.
Como de costume, Paulina está atrasada para mais um dia de trabalho.
Aturdida, quase esquece sua bolsa em cima da mesa.
Não fossem os apelos de seu pai, Alor e ela teria que voltar correndo para casa atrás da bolsa.
Ê, mocinha distraída! Só não esquece a cabeça por que ela está grudada em cima do pescoço!
Ao sair de casa, despede-se dos pais apressadamente, e corre alvoroçada para o ponto
de ônibus.
Lá encontra Cleide e Marina conversando com a possibilidade de se tornarem
universitárias.
Paulina que nem de longe cogitava voltar a estudar, comentou:
-- Vocês são muito corajosas de a essa altura da vida voltarem a estudar! Imagine só,
conciliar trabalho e estudo. Não vai ser nada fácil!
-- Realmente! Mas a nossa vontade de progredir é maior do que as dificuldades. Além
do que, a vida já está difícil. Dificuldade por dificuldade, esse é o menor dos nossos
problemas. – respondeu Cleide.
Nisso o ônibus chegou. Ao verem o ônibus lotado, quase desanimaram.
-- Ah, meu Deus! E agora? – perguntou Marina.
-- Xi! Nesse horário é melhor encarar. Se nós ficarmos esperando outra condução,
nós não chegaremos a tempo no trabalho. Seja o que Deus quiser! – comentou Cleide.
-- Então, vamos que vamos. – emendou Paulina.
E entraram. Mas que sufoco! Mais espremidas do que costume, as três garotas
chegaram no centro da cidade cansadas. Ao adentrarem a agência o vigia ao vê-las, comentou
espantado:
-- Nossa! Mas que caras! Parece que chegaram até aqui em um comboio de guerra.
-- Pois foi quase isso, Seu Elias. O ônibus estava mais cheio do que de costume. –
comentou Marina.
-- É eu sei. Parece estão circulando em menor número. – comentou Elias.
-- E o senhor sabe por quê? – perguntou Cleide.
-- Parece que vai haver um protesto. – respondeu o vigia.
-- Minha nossa! Só faltava nós não termos como voltar para casa! – comentou
apreensiva Paulina.
-- Eu acho que não vai ter problema não. Até o final do expediente, tudo se resolve.
– respondeu Elias.
-- Assim esperamos. – disseram as três em uníssono.
Com isso, as três garotas trataram logo de começar o trabalho.
Como de costume, verificaram o caixa, ouviram algumas instruções do gerente, e logo que a agência abriu,
começaram a atender os clientes.
Ricardo, auxiliar administrativo, na mesma região, também saiu cedo de casa.
Já no escritório, começou a sua rotina de organizar papéis e realizar cálculos.
Mais tarde orientaria Claudionor para levar documentos para serem autenticados no cartório.
Zeloso com seu trabalho, Ricardo orientava os contínuos em sua rotina diária de levar
e trazer papéis.
Com isso, lá se ia Claudionor, com sua pastinha debaixo do braço, levar documentos
para serem autenticados. Mais tarde realizaria pagamentos por meio do malote.
Vidinha corrida essa, onde o vai-e-vem é uma constante!
São Paulo, em seu vai-e-vem, ao cair da tarde, finalmente concedeu o merecido
descanso aos nossos laboriosos e esforçados cidadãos. Era o momento da volta para casa.
Ônibus lotados, muita gente nas ruas. Até o merecido descanso.
Ao chegar em casa, Marina cumprimenta os pais e comenta sobre mais um dia de
trabalho.
Em seguida, janta rapidamente e se dirige à casa da amiga Cleide.
Lá encontra Cleide em meio a muitos livros. E mais uma vez as duas permanecem
por horas em meio aos livros.
Animadas estudam história. Relembram os tempos de escola e recordam-se de alguns
pontos de matemática.
Ricardo por sua vez, chega em casa e, enquanto sua dedicada irmã estuda, ele
aproveita para acompanhar o noticiário.
Eugênia, sua mãe, aproveita para levar a louça até o cozinha e lavá-la.
Na casa dos pais de Marina, a mesma coisa. Adélia retira pratos, talheres e panelas da
mesa e leva tudo para a pia.
Otávio também acompanha o noticiário.
Quando termina, é a hora da novela que Adélia acompanha assiduamente.
Otávio, que não vê a menor graça nisso, comenta:
-- Não sei como é que você pode gostar disso. Com tanta coisa acontecendo no Brasil,
as pessoas lutando para que tudo mude e você ai, grudada na frente dessa televisão como se
a história de uma novela fosse mais importante que a história do Brasil!
-- Grandes coisas! Como se a história do Brasil fosse realmente muito importante!
Não me amole, me deixe assistir minha novela. É uma das poucas distrações que ainda é
possível ter.
-- Está certo! Está bem! Depois não diga que eu não avisei. – retrucou ele amuado.
Com isso, finalmente terminou a novela. E Marina continuava na casa de Cleide.
Preocupado, Otávio perguntou a esposa, se Marina não estava demorando muito para
voltar.
Descontraída, Adélia respondeu:
-- Está sim! Mas espere um pouco mais. Daqui a pouco ela vai estar estourando por
aí.
Dito e feito. Não demorou cinco minutos e lá estava ela de volta. Cansada, ela
comentou que teria que levantar cedo para tirar novas vias de seus documentos.
-- Vou tirar uma segunda-via de todos os meus documentos. Isso vai me dar uma
trabalheira tão grande e uma canseira, que eu sinto preguiça só de imaginar.
-- Quer que eu vá com você? – perguntou Otávio.
-- Se o senhor quiser. – respondeu Marina.
-- Posto então, iremos juntos. – comentou ele.
E assim foi feito. Como de costume, ambos acordaram cedo e trataram logo de se
dirigirem aos órgãos competentes onde conseguiram solicitar a segunda-via de todos os
documentos.
Nessa brincadeira, levaram o dia inteiro.
Quando Cleide foi até sua casa para as duas estudarem, Marina comentou sobre sua
peregrinação.
-- Uma trabalheira danada! A minha sorte é que não estava com minha carteira de
trabalho. Já bem pensou, ter que tirar uma segunda-via e refazer todos os registros?
-- É verdade!
-- Em compensação, vai ser uma nova via do RG, do CIC, do Título de Eleitor.
-- Mas ainda bem que é só isso. – respondeu Cleide.
-- É agora é só aguardar. Haja paciência. Ainda bem que não preciso desses
documentos com tanta urgência. Senão, estaria perdida.
-- Ainda bem. Mas agora, mudando de assunto, vamos estudar? – sugeriu Cleide.
-- Assim, vamos.
E nisso as duas amigas começaram a abrir livros e a ler sobre os mais variados
assuntos. Também fizeram alguns exercícios de química e matemática.
Mais tarde, Marina e Cleide se despediram, e Ricardo finalmente chegou em casa.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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