Capítulo 2
Lara estava assaz insatisfeita.
Achava sua vida desinteressante e monótona.
Nos últimos tempos não conseguia encontrar sentido em tantos sacrifícios e tão poucas
compensações.
Até a convivência com sua mãe, estava ruim.
Pensando nisto, começou a achar, que precisava experimentar coisas novas.
Estava ávida por descobrir novos mundos.
Um dia, conversando com sua amigas Clara, Clotilde, Alice e Iolanda, comentou:
- Estou cansada desta mesmice. Todo os dias sempre a mesma coisa. Às mulheres é sempre
imposta uma conduta incompatível com a liberdade já conquistada.
Clotilde comentou que não estava entendendo onde Lara estava querendo chegar.
Lara comentou que a mulher era escrava de um padrão de comportamento muito rígido, que não
lhe permitia fazer o que queria. Comentou que as mulheres haviam sido criadas para agradar os
homens, para fazerem tudo o que eles quisessem.
Clotilde e Iolanda, responderam que não concordavam com aquilo. Argumentaram que havia
mulheres que não aceitavam agir daquela forma. Disseram que elas ditavam as regras de suas
vidas.
Lara comentou:
- Eu não duvido. Mas nem todas as mulheres tem esta percepção e autonomia. As mulheres em
grande parte, estão procurando se adequar a um padrão estabelecido pelos homens.
Nisto, Alice respondeu:
- É só ver uma propaganda de cigarro ou de bebida alcoolica. Estão repletos de imagens de
mulheres bonitas, cheias de vitalidade, e longe do padrão de beleza da maioria das mulheres que
conhecemos. E todas, ou quase todas se espelham nestas mulheres, para tentar alcançar um padrão
de beleza inatingível.
Nisto Lara emendou:
- Pois então! O engraçado é que ninguém se lembra que as mulheres também bebem cerveja. Só
fazem comerciais para os homens. Seria interessante ver propagandas do mesmo nível, dirigidas
às mulheres. Será que os homens irião gostar de se verem na posição de objetos?
Clara, Clotilde, Alice e Iolanda bradaram em uníssono:
- Abaixo a tirania! Viva as mulheres!
Nisto, percebendo que as pessoas que passavam ficavam olhando o quinteto, Lara recomendou
que elas diminuíssem o tom de voz.
Todas riram.
Lara começou a cantar:
“Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Nada Será Como Antes - Composição: Milton Nascimento/Ronaldo Bastos”
Mais tarde, as amigas combinaram de irem juntas a uma boate.
Nisto, as amigas beberam, conversaram. Dançaram.
Lá, Lara conheceu Rafael.
Em dado momento, Lara despediu-se das amigas. Dizendo que estava com dor de cabeça,
comentou que elas não precisavam se incomodar, voltaria de táxi para casa.
Nisto, Lara aguardou o moço do lado de fora da boate.
Mas tarde o moço também saiu.
Passaram a noite juntos.
Empolgado, Rafael, começou a cantar no ouvido da moça:
“Vem amor que a hora é essa
Vê se entende a minha pressa
Não me diz que eu tô errado
Eu tô seco, eu tô molhado
Deixa as contas
Que no fim das contas
O que interessa pra nós
É fazer amor de madrugada
Amor com jeito de virada
Larga logo desse espelho
Não reparou que eu tô até vermelho
Logo o sono bate
Que no fim das contas
O que interessa pra nós
É fazer amor de madrugada
Pintura Íntima - Composição: Leoni/Paula Toller”
A moça ficou abraçada ao moço.
Lara e Rafael, passaram a noite juntos.
Beijaram-se, abraçaram-se e cairam juntos na cama.
Dormiram juntos.
A certa altura a moça acordou.
Vestiu-se apressadamente, calçou seus sapatos, e saiu sorrateiramente do quarto.
Antes de sair, observou o rapaz rapidamente.
Rafael dormia profundamente.
Quando despertou procurou a moça, tateando a cama. Surpreeendeu-se ao perceber que não ela
não estava mais no quarto.
Perplexo, o moço contou a história para seu amigo Lucas.
Irônico, o amigo comentou:
- Quem te viu quem te vê! O conquistador da Terra da Garoa caindo de amores por uma estranha?
Quem diria!
Nervoso Rafael pediu para ele não fazer troça de seu sofrimento. Dizendo que não sabia nem o
nome dela, comentou que seria praticamente impossível encontrá-la na imensidão que era São
Paulo.
Lucas ficou surpreso.
- Então você tem realmente intenção de procurá-la?
Aflito, Rafael pediu ajuda do amigo.
Ansioso, o moço não parava de falar da moça que o havia levado ao paraíso, elevando a sétima
esfera.
Lucas achou graça nas palavras do moço.
Rafael por sua vez dizia:
- Não brinque! Você não entende por que nunca amou ninguém de verdade!
- E você? Já amou? – retrucou Lucas.
Rafael desconversou.
Estava acabrunhado.
Lucas percebendo o desânimo do rapaz, começou a cantar:
“Seu coração tem algo que nunca muda
Mais que também não envelhece nunca
Seu coração
Vá e entre por aquela porta ali
Não tem caminho fácil não
É só dar um tempo que amor vem pra cada um
Fique feliz na boa e tudo vem
Mas nunca chove sem molhar
É só dar um tempo que amor chega até você
Seu coração tem algo que nunca muda
Mais que também não envelhece nunca
Seu coração
Sério eu vejo tudo melhorar
Lá é só bater na porta e abrir
Bem que eu disse pra você
Que o amor vem pra cada um
Fique feliz na boa e tudo vem
Mas nunca chove sem molhar
É só dar um tempo que amor chega até você
Seu coração tem algo que nunca muda
Mais que também não envelhece nunca
Seu coração
Sério eu vejo tudo melhorar
Lá é só bater na porta e abrir
Bem que eu disse pra você
Que o amor vem pra cada um
... o amor chega até você ...
... o amor vem pra cada um ...
O Amor Vem Pra Cada Um - Zizi Possi”
Rafael sorriu.
Lucas disse que ele tinha tanta vontade de reencontrar a moça, que acabaria encontrando-a.
E assim, o rapaz auxiliou o amigo.
Juntos passaram a frequentar a noite paulistana, com o intuito de encontrar a moça.
Por várias vezes, o moço avistou uma moça parecida, mas ao se aproximar, Rafael percebia
desolado, que não era ela.
Lucas, sempre que via o amigo desanimado, dizia-lhe palavras de incentivo.
Sozinho em seu quarto, Rafael contemplava as luzes da cidade, refletidas na janela de seu
apartamento no Centro da cidade.
Ao chegar em casa, o moço sentou-se na sala. Ligou a televisão. Ficou cerca de meia-hora
procurando algum programa bom na tevê.
À toa.
Desanimado, o moço desligou a televisão.
Foi para seu quarto, sentou-se em cama.
Começou a cantar:
“Eu fico quieto, no canto
Penso, medito e me espanto
A vida dá voltas, mistérios
O que é que eu vou fazer?
Sozinho num quarto fechado
Eu vejo a cidade ao longe
Procuro alguém que se esconde
Por onde começar?
Noite, há horas te espero
E você não chega, ai meu coração
Fogo aceso, corpo paixão
Sou todo explosão
Noite, há horas te espero
E você não chega, ai meu coração
Sou todo explosão.
Noite - Compositor: Nico Resende – Jorge Salomão”
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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