Poesias

quinta-feira, 20 de maio de 2021

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 9

Lourival então, percebendo que maldizer o pai da moça não era a melhor solução, respondeu:
-- Está bem! Muito embora o que ele fez não tenha sido correto, nem bonito, ele devia ter seus motivos para assim agir. Afinal, com uma filha tão bonita, o que não deve faltar são pretendentes, cada qual com uma história duvidosa.
Elis ao ouvir as palavras do rapaz, sorriu.
Lourival, então, notando que a moça estava disposta a ouvi-lo, comentou que realmente se envolvera com um bando de contrabandistas, mas que estava disposto a mudar sua vida só para ficar com ela.
Elis ao ouvir isso, comentou desapontada:
-- Eu já devia imaginar! Meu pai não mentiria para mim. Você é um bandido. Por que mentiu pra mim? Por que me fez acreditar que você era uma pessoa honesta? Foi divertido brincar assim comigo?
Lourival constatando que Elis se decepcionara com ele, comentou que nunca tivera a intenção de brincar com ela, muito menos enganá-la. Dizendo que só não comentara sobre sua família por que tinha medo de ser rejeitado, atraiu para si a raiva da moça, que irritada comentou:
-- O que você pensa que eu sou?
Lourival ao ouvir a pergunta, respondeu que nunca fizera mal juízo dela, mas como sabia que o meio em que ela vivia não aceitava conviver com outras classes sociais, achou por bem omitir sua origem.
Elis então, respondeu que ainda assim, nada justificava o fato dele ter se tornado um bandido.
Lourival ao notar que a moça continuava reticente quanto a seu comportamento, revelou que sim, andara por caminhos errados, mas que agora estava disposto a se modificar.
Elis, desconfiada, respondeu:
-- Ah, sim? Pois eu não acredito!
Lourival então, disposto a convencê-la de que estava dizendo a verdade, comentou que não vivia mais em sua vila. Estando na cidade, agora poderia arrumar um emprego melhor e certamente, proporcionar-lhe uma vida de conforto.
Elis ao ouvir estas palavras, perguntou-lhe onde estava morando.
Lourival informou a moça sobre seu endereço.
Curiosa, Elis perguntou há quanto tempo ele vivia no centro da cidade.
Atencioso, Lourival respondeu que há pouco tempo. Além disso, comentando que estava procurando trabalho, respondeu que já havia feito algumas entrevistas de emprego, e estava aguardando resposta.
Elis ao ouvir isso, respondeu:
-- Que bom! Tomara que dê tudo certo para você.
Lourival curioso, perguntou então:
-- E nós? Como ficamos?
Elis ao ouvir isso, respondeu que precisava voltar para casa.
Lourival, insatisfeito com a resposta, segurando a moça pelo braço, reiterou a pergunta.
Foi então que Elis respondeu que precisava pensar. Alegando que Abelardo a esperava, respondeu que não seria nada bom deixar que seu pai desconfiasse dessa aproximação.
Lourival concordou.
Elis, então, respondeu que dali alguns dias iria visitá-lo.
O rapaz afirmou que esperaria ansiosamente pela visita.
Nisso, Elis foi ao encontro de Abelardo, que impaciente, já estava voltando para a rua onde a deixara a sós com Lourival.
Indócil, Abelardo comentou que ela se demorou em sua conversa.
Hábil, Elis comentou que não fora nada fácil convencer Lourival de que eles não podiam mais se falar.
Abelardo ao ouvir isso, ficou deveras satisfeito.
Nisso, a moça aproveitando o ensejo, pediu ao rapaz para que não comentasse nada com Bernardo a respeito do encontro casual que eles tiveram com Lourival. Elis, dizendo que não queria aborrecer seu pai, prometeu que no dia seguinte, passearia com ele.
Foi assim, que ela conseguiu comprar o silêncio de Abelardo.

Luciana Celestino dos Santos
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