Ao adentrar a sala, seu pai, percebendo que ela sempre chegava acompanhada de um mancebo, mais uma vez quis saber quem era.
Elis, percebendo a curiosidade do pai, mais uma vez, desconversou. Dizendo que o rapaz era apenas um conhecido, alegou que ele a trazia sempre em casa, por que era muito insistente. O rapaz, dizendo que ela não devia sair desacompanhada, fazia questão de lhe pagear.
Bernardo, ao ouvir isso, comentou que era muito pouco comum um desconhecido se interessar em acompanhar alguém, sem nenhum motivo concreto.
Elis ao ouvir isso, respondeu:
-- Mas ele não é um desconhecido. Eu não acabei de falar que ele é conhecido?
Bernardo ao ouvir isso, retificou:
-- Está bem. É um seu conhecido. Muito embora eu não saiba de quem se trata, segundo você, ele é seu conhecido.
-- Sim, é colega meu. – respondeu ela.
Seu pai, ao ouvir isso, comentou:
-- Se ele é seu colega, então ele não é apenas um conhecido.
Elis, ao ouvir isso, logo percebeu que falara demais. Constatando o deslize, tentou consertar a situação:
-- Colega? Eu disse colega? Não é bem um colega, posto que mal nos falamos. Eu disse colega, por que ultimamente é sempre ele que tem me trazido em casa.
Bernardo ao ouvir, perguntou:
-- Curioso! Um colega que ultimamente tem andando muito com você, não é mesmo? Será que ele é apenas um colega?
Elis ao ouvir ao ouvir as indagações de seu pai, sentiu as palavras fugirem.
Seu pai, todavia, insistiu para que a filha, respondesse suas perguntas.
Elis então, perguntou, depois de se acalmar um pouco:
-- Ora papai! Que idéia o senhor faz de mim? Por acaso, o que eu poderia estar fazendo? Por que essas perguntas?
Bernardo percebendo que sua filha tencionava fugir do assunto, novamente perguntou:
-- Mocinha! A senhorita ainda não me respondeu a pergunta que fiz. Acaso tem alguma coisa nessa história, que eu não posso saber? Sim por que, se ele é apenas um colega, por que você faz tanta questão de escondê-lo de nós?
-- Mas pai! Eu não estou escondendo ninguém!
-- Está sim, e você bem o sabe. Agora eu me pergunto... Por que será? Acaso ele é mais um pretendente?
Elis ao ouvir isso, ficou aturdida. Sem saber o que pensar, começou a gaguejar:
-- N... não. Mas é claro que não! Papai, que idéia!
-- Por quê? Acaso o rapaz não é provido de atrativos? Jovem, porte altivo... Aposto que muitas mulheres devem ter se interessado por ele.
Elis, ao ouvir isso, não ficou nem um pouco satisfeita. Porém, procurando disfarçar sua contrariedade, tratou logo de encerrar aquela conversa. Dizendo que o pai estava sendo indiscreto ao comentar sobre a vida de uma pessoa que nem sequer conhecia, Elis alegou, que não cabia a ela, responder aquelas perguntas.
Bernardo então, percebendo que fora indiscreto, desculpou-se e deixou-a ir para seu quarto. Contudo, dizendo que aquela conversa não estava encerrada, tratou logo de avisá-la que mais tarde retomaria o assunto.
Elis, concordou.
Ao entrar em seu quarto, amplo e ricamente decorado, a moça, percebendo que não tardaria o momento em que contaria a verdade, passou a pensar de que forma contaria aos pais, que estava namorando. Angustiada, passou a pensar na melhor forma de contar a verdade.
Ensaiando um discurso, Elis passou horas e horas em seu quarto.
Durante o jantar, Bernardo então, relatando que precisava retomar um assunto com a filha, comentou que mais tarde eles conversariam.
Claudete, percebendo o ar de gravidade do marido, quis logo saber sobre o que os dois conversariam.
Bernardo ao notar a curiosidade da esposa, comentou que não era nada de mais. Dizendo que apenas, ficara intrigado com um fato, Bernardo respondeu, que não cabia a ela ficar preocupada.
Claudete então, percebendo que nenhum dos dois contaria o que estava se passando, resolveu deixar o assunto de lado.
E assim continuaram a ceia.
Mais tarde, depois do jantar, Bernardo, ansioso por retomar a conversa, mandou Elis, ir para o escritório – que ele possuía na residência.
Claudete, percebendo que o assunto era particular, resolveu ir até a sala, retomar seus bordados.
Nisso, Bernardo, entrando logo em seguida no escritório, fechou a porta e impaciente, disparou a seguinte pergunta:
-- Agora você vai me responder aquela pergunta que te fiz hoje à tarde, não é mesmo?
Elis, ao ouvir mais uma vez o questionamento do pai, bem que tentou desconversar, mas Bernardo, cansado de ouvir evasivas, foi logo dizendo que não aceitaria desculpas. Afirmando que estava cansado de ouvir afirmações vagas, Bernardo comentou que não sairia dali, enquanto ela não lhe contasse toda a verdade.
A moça ao ouvir isso, ficou bastante apreensiva. Tão apreensiva, que seu pai, preocupado, perguntou:
-- Se você está tão nervosa assim, é por que aquele rapaz é muito mais do que um simples conhecido, não é?
Elis, ao perceber que seu pai já desconfiava desta proximidade, perguntou:
-- E o que tem de mais nisso? Acaso eu estou proibida de namorar?
Bernardo ao ouvir estas palavras, tomado de espanto, sentou-se num dos sofás que havia no escritório. Surpreso, muito embora desconfiasse de que havia algo de estranho, jamais poderia imaginar que sua prevenção se tornaria realidade.
Elis, percebendo o ar estupefato de seu pai, perguntou surpresa:
-- Mas não era o senhor mesmo que estava desconfiado?
Bernardo ao ouvir a pergunta da filha, deveras preocupado, foi logo crivando-a de perguntas. Sequioso de saber tudo o que se relacionava ao rapaz, descobriu que ele se chamava Lourival, que fora criado por seus tios, e que seus pais morreram quando ele era ainda muito pequeno.
Bernardo ao ouvir isso, constatou que de posse dessas informações, já poderia descobrir qual era a origem do rapaz. Isso por que, desconfiado de que as boas roupas do rapaz e sua postura altiva, fossem mera aparência, Bernardo quis logo se precaver. Afinal de contas, não havia criado sua filha, para que ela se envolvesse com algum aproveitador.
Elis, que até então, não conhecia a família de Lourival, ao perceber a excessiva curiosidade do pai em conhecer detalhes sobre a vida do moço, comentou que ele possuía uma boa condição social. Dizendo que era ele quem bancava todos os passeios que faziam, Elis alegou, que ele estava sempre muito elegante. Extremamente educado, parecia um nobre, segundo ela.
Bernardo porém, nem assim se convenceu de que o rapaz poderia ser um bom partido. Desconfiado de tantas boas maneiras, comentou que nunca vira o rapaz antes.
Elis, tentando contornar a situação, respondeu, que havia muitos comerciantes na cidade que ele não conhecia.
Ao ouvir isso, Bernardo concordou.
Elis então, mais calma, parou de tentar convencer o pai de que seu namorado era uma boa pessoa.
Bernardo então, comentou que estava tudo bem.
A moça ao ouvir isso ficou surpresa.
Seu pai então, percebendo seu espanto, comentou que se o namoro dos dois era tão certo assim, não havia nada de mais nela convidar o moço e sua família para jantarem um dia desses com eles.
Elis ao ouvir isso, perguntou:
-- Pai! O senhor tem certeza disso?
No que Bernardo respondeu:
-- Mas é claro que eu tenho. Pode convidar o rapaz sem medo. Outra coisa... não se esqueça de que o convite é extensivo à família.
Elis ao ouvir isso, ficou exultante.
Bernardo então, desejando ficar um instante sozinho, pediu a filha para que saísse do escritório, para que pudesse trabalhar um pouco.
Satisfeita, a moça saiu prontamente do escritório.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Elis, percebendo a curiosidade do pai, mais uma vez, desconversou. Dizendo que o rapaz era apenas um conhecido, alegou que ele a trazia sempre em casa, por que era muito insistente. O rapaz, dizendo que ela não devia sair desacompanhada, fazia questão de lhe pagear.
Bernardo, ao ouvir isso, comentou que era muito pouco comum um desconhecido se interessar em acompanhar alguém, sem nenhum motivo concreto.
Elis ao ouvir isso, respondeu:
-- Mas ele não é um desconhecido. Eu não acabei de falar que ele é conhecido?
Bernardo ao ouvir isso, retificou:
-- Está bem. É um seu conhecido. Muito embora eu não saiba de quem se trata, segundo você, ele é seu conhecido.
-- Sim, é colega meu. – respondeu ela.
Seu pai, ao ouvir isso, comentou:
-- Se ele é seu colega, então ele não é apenas um conhecido.
Elis, ao ouvir isso, logo percebeu que falara demais. Constatando o deslize, tentou consertar a situação:
-- Colega? Eu disse colega? Não é bem um colega, posto que mal nos falamos. Eu disse colega, por que ultimamente é sempre ele que tem me trazido em casa.
Bernardo ao ouvir, perguntou:
-- Curioso! Um colega que ultimamente tem andando muito com você, não é mesmo? Será que ele é apenas um colega?
Elis ao ouvir ao ouvir as indagações de seu pai, sentiu as palavras fugirem.
Seu pai, todavia, insistiu para que a filha, respondesse suas perguntas.
Elis então, perguntou, depois de se acalmar um pouco:
-- Ora papai! Que idéia o senhor faz de mim? Por acaso, o que eu poderia estar fazendo? Por que essas perguntas?
Bernardo percebendo que sua filha tencionava fugir do assunto, novamente perguntou:
-- Mocinha! A senhorita ainda não me respondeu a pergunta que fiz. Acaso tem alguma coisa nessa história, que eu não posso saber? Sim por que, se ele é apenas um colega, por que você faz tanta questão de escondê-lo de nós?
-- Mas pai! Eu não estou escondendo ninguém!
-- Está sim, e você bem o sabe. Agora eu me pergunto... Por que será? Acaso ele é mais um pretendente?
Elis ao ouvir isso, ficou aturdida. Sem saber o que pensar, começou a gaguejar:
-- N... não. Mas é claro que não! Papai, que idéia!
-- Por quê? Acaso o rapaz não é provido de atrativos? Jovem, porte altivo... Aposto que muitas mulheres devem ter se interessado por ele.
Elis, ao ouvir isso, não ficou nem um pouco satisfeita. Porém, procurando disfarçar sua contrariedade, tratou logo de encerrar aquela conversa. Dizendo que o pai estava sendo indiscreto ao comentar sobre a vida de uma pessoa que nem sequer conhecia, Elis alegou, que não cabia a ela, responder aquelas perguntas.
Bernardo então, percebendo que fora indiscreto, desculpou-se e deixou-a ir para seu quarto. Contudo, dizendo que aquela conversa não estava encerrada, tratou logo de avisá-la que mais tarde retomaria o assunto.
Elis, concordou.
Ao entrar em seu quarto, amplo e ricamente decorado, a moça, percebendo que não tardaria o momento em que contaria a verdade, passou a pensar de que forma contaria aos pais, que estava namorando. Angustiada, passou a pensar na melhor forma de contar a verdade.
Ensaiando um discurso, Elis passou horas e horas em seu quarto.
Durante o jantar, Bernardo então, relatando que precisava retomar um assunto com a filha, comentou que mais tarde eles conversariam.
Claudete, percebendo o ar de gravidade do marido, quis logo saber sobre o que os dois conversariam.
Bernardo ao notar a curiosidade da esposa, comentou que não era nada de mais. Dizendo que apenas, ficara intrigado com um fato, Bernardo respondeu, que não cabia a ela ficar preocupada.
Claudete então, percebendo que nenhum dos dois contaria o que estava se passando, resolveu deixar o assunto de lado.
E assim continuaram a ceia.
Mais tarde, depois do jantar, Bernardo, ansioso por retomar a conversa, mandou Elis, ir para o escritório – que ele possuía na residência.
Claudete, percebendo que o assunto era particular, resolveu ir até a sala, retomar seus bordados.
Nisso, Bernardo, entrando logo em seguida no escritório, fechou a porta e impaciente, disparou a seguinte pergunta:
-- Agora você vai me responder aquela pergunta que te fiz hoje à tarde, não é mesmo?
Elis, ao ouvir mais uma vez o questionamento do pai, bem que tentou desconversar, mas Bernardo, cansado de ouvir evasivas, foi logo dizendo que não aceitaria desculpas. Afirmando que estava cansado de ouvir afirmações vagas, Bernardo comentou que não sairia dali, enquanto ela não lhe contasse toda a verdade.
A moça ao ouvir isso, ficou bastante apreensiva. Tão apreensiva, que seu pai, preocupado, perguntou:
-- Se você está tão nervosa assim, é por que aquele rapaz é muito mais do que um simples conhecido, não é?
Elis, ao perceber que seu pai já desconfiava desta proximidade, perguntou:
-- E o que tem de mais nisso? Acaso eu estou proibida de namorar?
Bernardo ao ouvir estas palavras, tomado de espanto, sentou-se num dos sofás que havia no escritório. Surpreso, muito embora desconfiasse de que havia algo de estranho, jamais poderia imaginar que sua prevenção se tornaria realidade.
Elis, percebendo o ar estupefato de seu pai, perguntou surpresa:
-- Mas não era o senhor mesmo que estava desconfiado?
Bernardo ao ouvir a pergunta da filha, deveras preocupado, foi logo crivando-a de perguntas. Sequioso de saber tudo o que se relacionava ao rapaz, descobriu que ele se chamava Lourival, que fora criado por seus tios, e que seus pais morreram quando ele era ainda muito pequeno.
Bernardo ao ouvir isso, constatou que de posse dessas informações, já poderia descobrir qual era a origem do rapaz. Isso por que, desconfiado de que as boas roupas do rapaz e sua postura altiva, fossem mera aparência, Bernardo quis logo se precaver. Afinal de contas, não havia criado sua filha, para que ela se envolvesse com algum aproveitador.
Elis, que até então, não conhecia a família de Lourival, ao perceber a excessiva curiosidade do pai em conhecer detalhes sobre a vida do moço, comentou que ele possuía uma boa condição social. Dizendo que era ele quem bancava todos os passeios que faziam, Elis alegou, que ele estava sempre muito elegante. Extremamente educado, parecia um nobre, segundo ela.
Bernardo porém, nem assim se convenceu de que o rapaz poderia ser um bom partido. Desconfiado de tantas boas maneiras, comentou que nunca vira o rapaz antes.
Elis, tentando contornar a situação, respondeu, que havia muitos comerciantes na cidade que ele não conhecia.
Ao ouvir isso, Bernardo concordou.
Elis então, mais calma, parou de tentar convencer o pai de que seu namorado era uma boa pessoa.
Bernardo então, comentou que estava tudo bem.
A moça ao ouvir isso ficou surpresa.
Seu pai então, percebendo seu espanto, comentou que se o namoro dos dois era tão certo assim, não havia nada de mais nela convidar o moço e sua família para jantarem um dia desses com eles.
Elis ao ouvir isso, perguntou:
-- Pai! O senhor tem certeza disso?
No que Bernardo respondeu:
-- Mas é claro que eu tenho. Pode convidar o rapaz sem medo. Outra coisa... não se esqueça de que o convite é extensivo à família.
Elis ao ouvir isso, ficou exultante.
Bernardo então, desejando ficar um instante sozinho, pediu a filha para que saísse do escritório, para que pudesse trabalhar um pouco.
Satisfeita, a moça saiu prontamente do escritório.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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