Poesias

quinta-feira, 27 de maio de 2021

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 18

Com isso, Lourival continuou a contrabandear. Não bastasse isso, sequioso por obter uma posição de maior destaque na organização, o rapaz acabou atraindo a ira de seus comparsas, que furiosos com o fato dele ser protegido de Raul, planejavam intrigá-lo com o chefe.
Todavia, nenhum dos planos destes homens deu certo. Isso por que, ao contrário do que imaginavam, Lourival conseguiu se tornar o braço direito de Raul.
Desta forma, o rapaz conseguiu amealhar uma pequena fortuna em dinheiro. O suficiente para saldar sua dívida com Aliomar, que insatisfeito com sua demora em contar sobre o combinado com Elis, começou a pressioná-lo, nos últimos dias.
Contudo, agora, com o dinheiro em mãos, Lourival acreditava que finalmente havia conseguido livrar sua noiva, das garras de Aliomar. Por isso, satisfeito, assim que pôde, dirigiu-se a casa de jogos.
Aliomar ao vê-lo tão impecavelmente alinhado, foi logo perguntando se ele havia contado a moça, sobre a dívida.
Lourival, calmo, assim que ouviu a pergunta, pediu para conversar a sós com ele no escritório.
O homem, ao ouvir o pedido, prontamente o atendeu. Curioso, assim que entrou na sala, repetiu a pergunta que já havia feito.
Lourival, ao perceber o interesse de Aliomar neste assunto, comentou que havia levado até lá, o valor correspondente a dívida que fizera.
O homem intrigado, perguntou-lhe então, o que ele estava querendo dizer com aquelas palavras.
Lourival, percebendo que deixara o homem intrigado, comentou:
-- Aliomar. Sei que o senhor vive do jogo, e como já tinha dito antes: esta não é uma casa de caridade. Assim, quem perdeu tem que pagar. É o que eu pretendo fazer agora.
Surpreso, Aliomar perguntou:
-- Vai me dizer que já conversou com a moça a este respeito?
No que Lourival, constatando que não havia sido compreendido, respondeu:
-- Senhor, escute bem o que vou te dizer. Não, eu não conversei com Elis a este respeito.
-- Não? – perguntou novamente surpreso, Aliomar.
-- Não. Não foi preciso. Eu trouxe o dinheiro para pagar minha dívida. – respondeu Lourival, colocando um envelope pardo sobre a mesa.
Aliomar furibundo, indagou se Lourival estava brincando com ele.
O rapaz, surpreso com sua reação, respondeu:
-- Mas é claro que não.
No que Aliomar retrucou:
-- Pois se não está brincando, para quê este dinheiro em minha mesa?
O rapaz então, mais espantado ainda, perguntou:
-- Mas como pensa que eu iria te pagar?
Aliomar, notando que Lourival pretendia mudar o combinado, comentou:
-- Não acha que já é um pouco tarde para voltar atrás? Afinal de contas, não foi isso o que combinamos.
Lourival, percebendo que Aliomar não ficara nem um pouco satisfeito com o pagamento, comentou que havia mudado de idéia. Isso por que, como havia conseguido amealhar dinheiro suficiente para pagar sua dívida, Elis não precisava ser usada como moeda de troca.
Aliomar, ao ouvir as palavras de Lourival, respondeu que não fora isso que eles haviam combinado.
O rapaz, percebendo que Aliomar não aceitaria facilmente mudar os termos do acordo, comentou que Elis não vinha passando muito bem os últimos dias.
O homem ao ouvir isso, respondeu:
-- Curioso. Até onde sei, Elis está lépida e fagueira se encarregando dos preparativos do casamento.
Aturdido, Lourival ao ouvir o comentário de Aliomar, perguntou-lhe como sabia disso.
Tranqüilo, o homem respondeu:
-- Não se esqueça que eu tenho olhos por toda a parte.
Lourival ao ouvir isso, ficou gelado. Desesperado, tentou de todas as formas possíveis, convencer o homem, a aceitar o pagamento da dívida em dinheiro.
Mas Aliomar, não aceitou. Depois de ver a moça, ficou encantado com sua beleza. Assim não houve forma possível, de fazê-lo desistir da idéia de passar uma noite com Elis.
Lourival então, derrotado, finalmente concordou. Pedindo mais um prazo, prometeu que contaria a Elis sobre o acordo e que aos poucos, a convenceria a aceitar a idéia.
Aliomar, ao ouvir as palavras do rapaz, não satisfeito comentou:
-- Está bem! Eu vou te conceder mais um prazo. Até por que se eu já esperei até agora, não me custa esperar mais um pouco. Porém, preste atenção. Não pense que eu vou aceitar ser enganado desta vez. Ouça bem, eu vou ter homens vigiando atentamente sua casa e todos os passos de seus familiares, e tanto seus, quanto os dela. Estamos entendidos?
Sem ter alternativas, Lourival concordou.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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