Gabriela, intrigada com os sonhos que vinha tendo, comentou o novo sonho que tivera com o avô.
Mencionando que parecia estar assistindo um filme, comentou que a história que sonhara tinha começo, meio e fim.
Orlando só ouvia.
Ao término do relato da neta, Orlando comentou que Lúcia também já havia sonhado com com um assassinato.
Gabriela aproveitando o gancho, insistiu para que o avô revelasse o que havia ocorrido com Lúcia.
Orlando, incomodado com a insistência de Gabriela, comentou que aquela era uma história muito triste.
Gabriela comentou que já havia percebido um ar de melancolia nos olhos da tia.
Mas Orlando estava reticente em relatar a neta o acontecido com sua filha, Lúcia.
Gabriela porém, desconfiada, relatou que já ouvira comentários de sua mãe, a respeito do que teria ocorrido a tia.
Orlando, surpreso com as palavras da neta, perguntou a ela, o que Margarida dissera a respeito de Lúcia.
Gabriela então relata que sua mãe comentara com seu pai Cássio, que não se podia esperar nenhuma atitude nobre de Lúcia, tendo em visto o que havia acontecido entre ela e Hélio, de quem tivera um filho.
Orlando ficou chocado.
Como Margarida podia saber do ocorrido? E mais! Como tivera a leviandade de comentar isto com Gabriela?
Gabriela então confessou que Margarida não sabia que ela estava ouvindo.
Orlando, percebendo que não podia mais esconder de Gabriela o que havia acontecido a Lúcia, resolveu contar o ocorrido.
Orlando então revelou que a quase vinte anos, Lúcia fora assediada por este tal Hélio, que a raptou.
Aproveitando-se do fato que Lúcia costumava andar sozinha pelos arredores da cidade onde então morava, o rapaz resolveu segui-la.
Certo dia, aproveitou para se aproximar da moça.
Lúcia, que não queria conversa com Hélio, tentou se afastar. Em vão.
Mais forte, Hélio empurrou Lúcia para um matagal, onde mesmo diante dos gritos desesperados da moça, rasgou sua roupa e deitou sobre ela.
Lúcia tentou se defender do agressor, mas Hélio, percebendo a resistência da moça, a estapeou.
Minutos depois, levantou-se, se recompôs e saiu dali apressado.
Lúcia ficou deitada, chorando.
Minutos depois, desorientada, levantou-se e ficou vagando pela região, até ser encontrada por uma senhora que cuidou dela, até ela se restabelecer do ocorrido.
Esmeralda acolheu Lúcia em sua casa e auxiliou-a. Emprestou uma roupa ela vestir, deu banho, abrigo.
Envergonhada, a moça precisava encontrar coragem para voltar para casa.
Nisto Etevaldo e Júlia ficaram desesperados. Preocupados com o sumiço de Lúcia, procuraram a moça por toda a cidade.
A certa altura, chamaram a polícia.
Mas Lúcia não foi encontrada pela polícia.
Etevaldo e Júlia só voltaram a ter notícias de Lúcia, quando dias depois, a moça retornou para casa.
Abatida, a moça não queria revelar o que havia acontecido.
Seus pais ficaram deveras preocupados. Percebendo que algo de muito grave havia acontecido, tentaram fazer com que Lúcia revelasse o que havia acontecido.
Todavia, sempre que era questionada a respeito, a moça só conseguia chorar.
Com o tempo, Lúcia retornou ao colégio.
Sempre que passava pelo pátio do colégio, era observada por algumas garotas e rapazes.
Hélio, feliz da vida, comentou com alguns colegas que havia conseguido passar uma noite com Lúcia.
Empolgados, alguns garotos a partir daí, começaram a convidar a moça para passear de carro com eles.
Um deles chegou até a comentar que não sabia por que ela recusava tantos convites para passear, já que havia passado a noite com Hélio.
Ao ouvir isto, Lúcia, ficou arrasada.
Retornando do colégio, a moça chegou a pedir aos pais, para mudar de escola.
Etevaldo e Júlia, desconfiados do pedido de Lúcia, começaram a perguntar se alguém no colégio a estava incomodando.
Lúcia respondeu que não.
Mas ambos estavam desconfiados.
Certo dia, resolveram conversar com Cássio e Bruna, amigos de Lúcia, para quem pediram para que contassem o que estava acontecendo.
Preocupados, os dois revelaram que também não sabiam de nada.
Mas desconfiados de que poderia haver o dedo de Hélio em toda aquela história, prometeram que ficariam de olho em Lúcia.
Isto porém não foi o bastante.
A certa altura, depois de um longo tempo sem se aproximar da moça, Hélio aproveitou um momento de distração de Lúcia, para arrastá-la até seu carro e sumir com ela.
Ao perceberem o sumiço da moça, Cássio e Bruna, foram imediatamente ao encontro dos pais dela e relataram que havia mais de quarenta minutos que estavam procurando-a.
Etevaldo e Júlia perceberam que então que só poderia ser alguém do colégio que estava fazendo isto.
Nisto, Hélio carregou Lúcia desacordada para uma cabana. Lá amarrou a moça a uma cama.
Quando despertou, ao observar o lugar em que estava, Lúcia tentou gritar. Em vão.
Estava amordaçada.
Quando Hélio percebeu que Lúcia estava acordada, foi logo lhe dizendo que ela estava em sua nova casa, e que ali eles passariam a viver juntos.
Foi começo de seu martírio.
Freqüentemente era abusada por Hélio, e quanto a isto, nada podia fazer.
Humilhada, Lúcia só pensava em morrer.
Certa vez, aproveitando-se de uma distração de Hélio, a moça aproveitou para pegar uma faca que estava perto de sua cama.
Estava tentando se desamarrar das cordas que a mantinham presa.
Enquanto tentava se desvencilhar das cordas, notou a aproximação de Hélio. Percebendo isto, Lúcia mirou a faca contra o próprio peito.
Não fosse o rapaz tomar a faca de suas mãos, e a moça teria se matado.
Lúcia chorando, disse para que ele a deixasse morrer.
Hélio respondeu que ela não podia morrer.
Com o tempo, o rapaz passou a soltá-la. Deixava Lúcia percorrer a casa.
Abatida, a esta altura, a moça já estava grávida.
Um dia, Hélio deixou Lúcia caminhar pelos arredores desamarrada.
Foi neste dia, que Lúcia conseguiu fugir de Hélio.
Isto por que, a polícia finalmente encontrou-a.
A moça, enfraquecida e debilitada, por pouco não conseguiu escapar de Hélio.
Aproveitando-se do fato de estar livre, correu.
Hélio, ao perceber que Lúcia tentava fugir, começou a gritar.
Em dado momento, a moça caiu ao chão.
O rapaz percebendo isto, correu ao encontro da moça.
Sentindo um forte mal estar, Lúcia foi pega por Hélio.
Percebendo uma movimentação próxima, Hélio tentou fugir com Lúcia. Carregou-a em seus braços.
Contudo, percebendo que não daria tempo para se esconder com Lúcia no matagal, deixou-a sentada num banco e fugiu.
Não sem antes dizer que voltaria para buscá-la.
Quando os policiais encontraram Lúcia, a moça estava sentindo muitas dores.
Foi logo encaminhada para um hospital.
Lá deu a luz prematuramente a um filho, o qual, segundo lhe foi informado, nasceu morto.
Etevaldo e Júlia, ao tomarem conhecimento de que Lúcia estava grávida, perceberam que o primeiro sumiço da moça fora por causa de Hélio.
Em apuros, o rapaz fugiu do estado.
Lúcia, sem condições de continuar freqüentando o mesmo colégio, terminou seus estudos em casa.
Encerrando o colegial, Lúcia poderia sair da cidade.
Deprimida, não agüentava mais encarar os olhares, ora de piedade, ora de reprovação.
Com isto, após terminar os estudos, partiu com seus pais para São Paulo.
Lá foi descoberta por Nelson, enquanto caminhava pelas ruas da cidade.
Foi então que sua vida começou a mudar.
Gabriela ouviu a todo o relato atenta. Agora compreendida o ar de pesar de sua tia, e o quanto seu avô ficava incomodado e indignado com a história.
Dizendo que nunca sentira ódio de ninguém, Orlando comentou que sentia ganas de matar Hélio.
Revoltado comentou que cedo ou tarde o encontraria para acertar suas contas com ele.
Gabriela tremeu quando o avô proferiu estas palavras.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
quinta-feira, 6 de maio de 2021
AMARGAS LEMBRANÇAS - CAPÍTULO 8
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