Lourival então, constatando que sua vida estava mudando, cada vez mais distante de sua antiga vida de pescador e de seus amigos, passou a trilhar um novo caminho. Caminho este que se revelaria tortuoso. Todavia, num primeiro momento, foi só alegria e cor. Isso por que, Lourival, agora com dinheiro, vivia a passear na cidade.
Com seu paletó de linho, seu chapéu e seu semblante sempre feliz, Lourival, conheceu Elis.
A moça, filha de um rico comerciante da cidade, toda vestida de renda, atraiu logo sua atenção. Isso por que, além de bela, a moça era também, muito elegante. Tão elegante, que logo percebeu o garbo de Lourival, e igualmente se interessou por ele.
Elis, ao ver no moço tanto donaire e primor, ao tê-lo diante de si, logo o cumprimentou. Imaginando que o rapaz pertencia a uma família abastada, a moça educadamente passou a lhe falar.
Lourival então, animado, acreditou que havia encontrado a mulher ideal.
Isso por que, possuidora de grande beleza e de modos refinados, Elis, segundo ele era a materialização da perfeição. De tão grande perfeição que o rapaz fez de tudo para saber seu nome e onde vivia.
Assim, foi questão de tempo, para que um se enamorasse do outro.
Lourival, feliz com isso, passou a se dividir entre seu trabalho, e os encontros com sua namorada, Elis.
Felizes, os dois caminhavam de braços dados, pela famosa praia do Mucuripe. O mesmo cenário, onde tempos antes, ele estivera a pescar. Agora não. Lourival, posando de rico burguês, no momento só queria saber de mostrar a namorada, as belezas e os encantos da região. Tanto, que esquecido de sua humilde condição, sentiu-se em condições de igualdade em relação a moça.
E assim, sem se censurar, Lourival corria atrás de Elis, que escapando de seu alcance, deixava-o mais intrigado.
Certa vez, cansado destas carreiras, o rapaz, alcançando Elis, segurando-a pelo braço, jogou-a na areia. Em seguida, sentando-se ao lado da moça, Lourival passou a olhá-la fixamente.
Elis também, com os olhos fixos no rapaz, depois de um certo período de encantamento, perguntou:
-- Mas você vai ficar me olhando assim... até quando?
Lourival, percebendo que podia agir, resolveu se aproximar dela. Ainda olhando-a fixamente, o rapaz foi se aproximando cada vez mais. À certa altura, segurando com suas mãos, o delicado rosto de Elis, Lourival tomado de um ímpeto, beijou-a.
Permanecendo com as mãos no rosto da moça, Lourival comentou que nunca havia conhecido alguém igual a ela.
Elis ao ouvir isso, sorriu. A seguir, chamando-o debochadamente de mentiroso, perguntou se nenhuma outra mulher havia se interessado por ele.
Lourival afirmando que não, atraiu para si o sarcasmo de Elis, que não acreditou nem um pouco em suas palavras.
O rapaz, percebendo isso, relatou que nunca havia se encantado tanto por uma pessoa, como neste momento.
Elis ao ouvir isso, resolveu deixar de lado as brincadeiras e dizendo que devia voltar para casa, deixou o moço um tanto quanto desapontado.
Lourival então, pedindo-a para ficar, ouviu como resposta que estava ficando tarde e que ela tinha que ir.
Entendendo a situação, o rapaz resolveu acompanhá-la em sua jornada de retorno ao centro da cidade. Lá, ao deixá-la em frente ao portão de sua casa, tentou beijá-la novamente, mas Elis, repeliu-o.
Desapontado, Lourival perguntou a ela, por que ele não poderia beijá-la ali.
Ao se ver inquirida, Elis respondeu, que seus pais ainda não sabia do namoro dos dois, por isso, o melhor que ele tinha a fazer, era se comportar.
Lourival, ao ouvir, concordou com o cuidado. Todavia, o rapaz pediu insistentemente para que ela revelasse o relacionamento dos dois, o mais depressa possível à sua família.
Elis, percebendo a seriedade das palavras do rapaz, concordou. Em seguida, se despedindo de Lourival entrou em casa.
Nisso, o rapaz, voltou para sua morada.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
quinta-feira, 20 de maio de 2021
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 3
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